[Friend Safari Fairy] Shianny

OFF: CP
o3o Bom, eu não sei quem vai me narrar, mas, primeiramente, oi! ^w^
Espero que possamos ter uma boa rota juntos e que meu estilo de narração não o/a entedie ou decepcione. o3o
E... Piedade! ;A;

Não se tratava no nascer do dia, tampouco de sua morte, quando o corpo abandonou o transporte que a guiara até aquele campo longíquo das aterradoras lembranças que transpunham-lhe os nervos. Embora o firmamento não plenamente fosse contemplado graças às nuvens que demarcavam a atmosfera como grandes borrões tingidos por um delicado cinza perolado, feixes da luz suave do Sol repousavam em diversificados pontos na extensão que seus orbes focavam ao longo do horizonte e uma brisa agradável acariciava-lhe a pele pálida.

Já há algum tempo o martírio de sequer ousar checar se tudo estaria bem com um certo integrante oculto entre as seis esferas bicolores que mantinha consigo lhe rondava a mente, tal como o predador que monta o cerco contra a presa mais indefesa. Embora viesse tentando manter tal ponto afastado da própria linha de pensamentos, tinha a consciência - mesmo que não fosse explícita - de que uma hora ou outra acabaria se deparando com a mais terrível das fatalidades ou, quem sabe, com o pequeno animal alegre e doce que auxiliara-lhe nas horas que tanto necessitou nem que fosse de um simplório abraço ou sorriso. Aquela inocência genuína que a acertava no fundo da alma com os mais sublimes e sutis atos.

Aquela mesma característica e existência que tinha medo de ter se perdido para sempre nas profundezas de um espelho amaldiçoado.

Quando os passos se iniciaram, ouso afirmar que eram vagos e sem rumo certo - uma movimentação realizada meramente pela impossibilidade de se manter em estática por um bom tempo. Pela incapacidade humana de parar totalmente e permitir-se mergulhar em profundo estado de reflexão sobre todos os ocorridos que perpassam uma vida qualquer. Mesmo que os orbes cinzentos cruzassem o solo num auxílio sutil para o desvio do corpo de quaisquer obstáculos insignificantes ou potentes, a mente vagava em considerações desconexas em relação aos fatos recentes - marcados à ferro e fogo na essência de sua alma.

"Você possuía alguma dúvida em sua vida, ou presenciou algo que te afetou de forma negativa, e então se permitiu ser devorada pelo objeto.", foram as palavras daquele exilado. E estas ecoavam constantemente em sua cabeça, como as badaladas do sino de uma Catedral. Quer dizer, se aquilo realmente estava correto, a causadora de tudo aquilo havia sido apenas ela mesma? E creio que não é necessário frisar ainda mais que, com esta possibilidade vindo-lhe à mente, um abalo emocional ainda mais profundo corria por seus poros e células nervosas.

Uma gota de suor escorreu pela face em contínuo silêncio, porém, aposto qualquer preço que não era por calor. Na verdade, o corpo tremulava com sutileza. O coração pulsava dentro do peito, buscando uma rota de fuga daquelas apertadas correntes ilusórias - criadas por um carrasco existente apenas em suas lembranças e noções críticas sobre si mesma. Ela já há muito havia perdido a noção de realidade ou tempo, mas continuava andando. Passo a passo, o horizonte se embaçando numa imagem de fundo de garrafa que formava-se à medida que as gotas salgadas se acumulavam pouco acima das pálpebras inferiores da tão insignificante ruiva naquele extenso mundo de fatos e devaneios.

Então, cedeu.

Não sentiu quando as pernas perderam as forças para as emoções, porém, o baque dos joelhos no solo foi realístico o suficiente para sugar-lhe novamente à realidade que a aprisionava constantemente. A respiração descompassou; O tronco subiu e desceu com os pulmões que repudiavam e acalentavam o ar em velocidades quase alarmantes - e então, parou. Os dedos se pressionaram contra as gramíneas em silêncio de túmulo e a consciência obrigou-lhe a fazer o único ato que mais desejava evitar naquele momento: Guiou-a como uma marionete. Não fez questão de a erguer ou qualquer outra coisa do tipo, mas não hesitou ao retirar a esfera bicolor certeira do desajeitado panda - Spinda. Foi um sufoco convencer a si mesma a obedecer - até que o objeto partiu-se em duas metades praticamente idênticas, se não fosse pela tonalidade contrastante entre elas. O raio esbranquiçado rasgou o próprio ar em velocidade alarmante para o preparo psicológico da garota, até encontrar o solo, poucos centímetros à frente.

Algumas coisas precisam ser enfrentadas o mais rápido possível. Aquela era uma delas.

Acredito que tamanho alívio que estourou no peito da adolescente seria capaz de derrubar um exército com facilidade sublime. O pequeno animal não apenas surgiu inteiro em seu campo de visão, mas também pôde demarcar aquele sorriso amigável sob a face. Admito que a felicidade não foi suficiente para impedir-lhe de ficar meio zonza ao que os orbes acompanharam os passos tortos do pandinha, porém, que importância aquilo teria perante uma restauração quase instantânea por ter recuperado seu adorável companheiro? Bem, creio que deve ser claro que ela não perdeu tempo algum na hora de agarrar o pequenino e o envolver num abraço suave - afinal, ainda detinha em mente o temor do mais simples sopro desmantelar aquele corpo molenga.

Passaram-se alguns minutinhos a mais antes de finalmente decidir-se por se erguer - junto com o pequenino - e prosseguir aquela caminhada quase vaga, que agora era condecorada com o suave afeto entre pokémon e treinadora. Então, os orbes se inundaram com uma paisagem nova: As gramíneas lentamente se metamorfoseavam para uma trilha firme de pedras encaixadas e constantes cerejeiras passavam a decorar a partir das margens que delimitavam a estrada lisa - um caminho artificial perante a floresta que passava a se erguer.

Não só a ruiva admirava o local; O pequeno animal em seus braços remexia-se constantemente, virando a cabeça para lá e para cá enquanto capturava as imagens da área naqueles orbes-espirais. Talvez ela até continuasse naquele caminho infindável - isso se uma certa coisa não a chamasse a atenção: O fato da estaticidade abrupta do pequenino em seus braços e seu foco constante em um ponto específico. Não só isso: Ele simplesmente se jogou no chão e levantou de uma maneira torta, cambaleando para o... Nada.

Quer dizer, ao menos foi o que a garota pensou a princípio. Até franziu o cenho e chegou a seguir o pequenino - o momento em que notou para onde ele se dirigia e, ali, reparou no espécime semi-camuflado na paisagem. Piscou algumas vezes e estancou no lugar, os cachinhos rubro-alaranjados insistindo em fugir vez ou outra para os lados.

E ficou encarando aquele bicho.

Que não conhecia.

Ergueu suavemente a sobrancelha; Apelou para o óbvio: A velha agenda eletrônica avermelhada foi retirada de suas posses e a lente transparente capturou o foco do animalzinho bicolor que servia de espectador. Então, a voz robótica soou no ar em um tom monótono; Eis ali as informações daquele curioso ser.

Mas aquilo seria útil?

A ruiva piscou por alguns segundos quando as informações básicas foram liberadas pelo aparelho. Não extremamente úteis, na verdade, porém era melhor que se guiar por absolutamente coisa alguma. Ela retornou a olhar ao espécime - porém, retesou vagamente os ombros quando apercebeu-se de sua aproximação. A julgar por suas atitudes a segundos atrás, nem sequer chegou a imaginar que o pequeno pudesse tentar uma aproximação; Talvez houvesse sido tolice de sua parte.

De todo modo, a precaução falou mais alto e os dedos se aferraram à uma nova esfera bicolor: Objeto este que logo se partiu e o raio esbranquiçado partido deste impactou contra as pedras firmes, tomando a forma de um quadrúpede arroxeado de grandes orelhas e espinhos a decorar-lhe as costas. Ela torceu suavemente o cantinho do lábio antes de se abaixar, apoiando uma das mãos no chão.

- Hm, olá?

Os lábios se torceram suavemente graças à ignorância completa por parte do pequeno animalzinho que mais parecia uma nuvem fofa. Ela se levantou e cruzou suavemente os braços, acompanhando os movimentos e expressões do diminuto com o olhar.

Spinda não poderia estar mais contente. Não só pelo intrigante residente daquele lugar maravilhoso, como também pelo interesse que parecia o atiçar. O panda reclinou o corpo para a frente, quase encostando o tronco no chão, apoiando suavemente uma das patinhas sobre os lábios curvados num sorriso abobalhado. Naquela posição ficou por alguns segundos, acompanhando em passos circulares no mesmo lugar a movimentação do bichinho ali presente. Não tenho certeza se este foi o erro, mas ele aproximou-se em alguns passinhos e abruptamente se jogou contra o espécime, agarrando-o em um abraço apertado e esfregando a bochecha sob a pele grudenta do animal.

...Restava saber se Swirlix se divirtiria tanto com aquilo quanto o panda bicolor...

Os ombros da garota gradualmente relaxaram com a amigável reação e interação entre ambos os animais. Um sorriso suave brotou de seus lábios e seu corpo se encostou na árvore próxima. Bem, supostamente, tudo ficaria numa paz quase inacreditável a partir dali...

Isso se ela houvesse reparado no roedor arroxeado que encarava a bolinha de algodão com uma fixação indescritível. Bastaram quatro giros do panda e de Swirlix para que os passos lentos iniciassem a aproximação do recém-evoluído. Devo dizer que era óbvio sua presença quando ele encostou o nariz na cabeça do amigável espécime e começou a cheirá-lo - um franzir de cenho vindo da garota.

Mas, quando chegou a pensar no que poderia acontecer a seguir, já era tarde demais. Bem, devo dizer que não devem existir milhares de pokémons que detestam coisas doces - Zuby definitivamente não era um deles. E o que Swirlix parecia?

Exatamente.

Então, a boca se abriu - e os dentes se cravaram contra o corpo do pequenino esbranquiçado, causando um sobressalto tanto na garota, quanto em Spinda.

Oh-Oh.