[And in the end, peace... Or not?] - Route 4 -

OFF: Não fui em nenhum CP antes dessa rota, porém, os pokémons que estão comigo possuem HP cheio e States normais, então não foi necessário.
O Artie estará encarregado da narração dessa rota.

Depois de inúmeras complicações consecutivas, com direito à uma derrota pública seguida de um reencontro com uma pessoa de sua infância (e uma briga a seguir), um Rocket enamorado, uma visita à uma cidade amaldiçoada, um quase furto bem sucedido no Friend Safari (sem contar o pesadelo ocorrido nele) e outras coisas menores entre estas, parecia que tudo finalmente tornaria a se estabelecer sob a calmaria. Uma de suas melhores opções fora a Rota 4: Além de poder ter a chance de passar pelo Mt.Moon pela primeira vez, ouvira diversos comentários de que aquela estrada onde bifurcações simplesmente não existiam era predominantemente tranquila. Sinceramente, isto era o que mais necessitava no momento, após tantos estresses pelos quais havia sido obrigada a suportar. Então, caso sua adorável onda de azar não prosseguisse além de Pewter e Cinnabar, talvez pudesse ter paz por pelo menos uma única estrada.

Naquele momento, tinha consciência: Parte de sua defesa estaria bem fragilizada se fosse considerar que ainda havia um longo caminho para percorrer (três rotas inteiras até Pewter) e que só estava com metade de uma equipe em mãos, por optar em fiscalizar os ovos que detinha em posse até que eles se chocassem e revelassem o espécime que jazia por detrás da casca. Decisão que poderia se mostrar estúpida em breve, porém, estava disposta a arriscar daquela vez. Pior do que estava - esperava - não ficava.

Para pesar na balança, devia ficar duplamente mais atenta - o que em suas condições era praticamente impossível - para que algo estúpido não ocorresse a qualquer segundo. Duvidava que tal coisa ficaria em sua mente por todo o trajeto, mas de todo modo, não custava nada tentar, não é mesmo?

Mesmo que fosse uma atenção do tipo aperceber-se de qualquer criatura quando ela já estivesse a três metros de distância de si.

Acho que isso acabaria sendo patético, se fosse julgar que não faziam nem cinco minutinhos que refletira sobre estar atenta em relação à qualquer pessoa ou coisa que se aproximasse. Não poderia ter jeito melhor de iniciar uma estupidez maior - e agora era começar a rezar para que não fosse nenhuma enrascada do tipo "Matar ou morrer"; "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".

A garota recuou uns três passos assim que sentiu o impacto do corpo ao alheio e o som do baque do espécime que o tal ser carregava nos braços contra o solo. Seria exagero afirmar que havia sido ofuscada pelo dourado dos fios opostos? Provavelmente. Mas, bem, sinceramente, quem liga?

Ela não.

Os ombros se retesaram quando os orbes se cruzaram - e os dedos lentamente apertaram os tecidos da roupa. Sim, tinha receio; Como não ter? Após tudo o que passara, desconfiava até mesmo que aquela aparência poderia ser falsa e acabaria tendo que enfrentar, sei lá, uma Hydra. Se fosse para sair correndo loucamente de volta para Cerulean, queria ter a consciência se deveria fazer isso já ou pra ontem.

Era engraçado como alguém maior - mesmo que fosse uma diferença de centímetros ou milímetros - poderia carregar consigo um temor tamanho no olhar perante uma desconhecida que supostamente poderia se passar como uma adorável pessoa.

...

Talvez a garota já houvesse sido ludibriada o suficiente por meras aparências.

Se o coração da ruiva já havia parado com a mera percepção de presença alheia junto a si, imagine como seu sangue não gelou ao que aquela expressão pesada virou-se de encontro a si junto de tal aura frustrada? De fato, ela considerou dar meia-volta e sair correndo dali - fato que poderia ter sido realizado caso suas pernas não houvessem resolvido colaborar para plena estaticidade. Os ombros retesaram-se ao extremo assim que seus sentidos captaram a fúria do pequeno gramíneo que ali jazia - a garganta seca engoliu o puro ar. Sim, aquilo era tudo que faltava para dar continuidade à seu abismo com uma belíssima chave dourada.

Ou, pelo menos, ela esperava que assim seria.

Devo dizer que acabou perdendo completamente as chances de reação quando as palavras alheias buscaram servir-lhe de conforto e calmaria; Tanto para si, quanto para o animal que acompanhava a estranha dos cabelos de ouro. Seu estado agravou-se quando a pequenina figura metamorfoseou sua ofensiva em caretas diversas que não tinha certeza se deveria temer ou guiar-se pelo simples desejo de retorno à calmaria e, com sorte, um pouco mais.

Não tenho certeza se foi vontade ou coincidência quando o pulso se chocou tenuamente contra uma parte em específico da bolsa e, embora o objeto não se revelasse, um feixe esbranquiçado cruzou a atmosfera e se impactou sob as costas do quadrúpede esverdeado - momento em que todos os músculos da jovem ficaram tensos de repente, por puro temor a uma possível reação brusca da dupla à frente.

Foi então que um formato molenga se apoderou das costas daquele que, talvez, no futuro, fosse digno de se exibir como uma adorável montaria terrena. A flexibilidade torta que enlaçou o pescoço de Luke veio primeiro - e as cores vieram num baque repentino de vermelho e bege, demarcando orbes espirais que vigiavam atentamente aquela folha sob a cabeça de um novo conhecido, além do infantil sorriso crescente na face do coelho-panda, cujas orelhas pendiam num balanço imprevisível.

Natalie tentou tomar ar outra vez: O momento único que o fio de voz arranjou coragem de escapar-lhe a garganta.

- ...E-Eu... D-Desculpe...

E se antes o pequeno fazia caretas, agora a ruiva detinha o temor de que ele acabaria fazendo Spinda de jantar. Ela receou por alguns segundos, porém, não importando tudo o que acontecera até o momento, o cambaleante pokémon normal não poderia sofrer mais. Por tudo que já havia presenciado, ela recusava-se a permitir tal fator. Não aprisionou-o, mas agarrou o espécime bicolor nos braços e o pressionou suavemente contra o próprio corpo, recuando alguns passos e encarando o estressado à frente.

Não que tirasse a razão do menor; Mas faria qualquer coisa para defender seu ingênuo coelho-panda. Ela respirou fundo e encarou a loira caída, expressando, quem sabe, uma das únicas reações que poderia deter em todo o trajeto que pretendia percorrer, a depender exclusivamente de como as ações se guiariam a partir dali.

- Sinto muito. Ele não quis fazer mal à ninguém. - E apoiou o pequenino com uma das mãos, tendo os atos interceptados por alguns segundos quando o adorável companheiro esfregou suavemente as bochechas pintadas contra a própria. Por fim, estendeu a mão para a outra, encolhendo suavemente os ombros - Você está bem?

Foi quando sua linha de raciocínio foi cortada por uma brisa gélida ao longe - e a face se virou com suavidade apenas para que se deparasse com o amontoado tempestuoso que se acumulava e lentamente corria na direção de seu trajeto.

E mais essa agora.
Precisaria correr para não enfrentar um temporal?