Part 1 - ♡ Chikorita ♡

“Querido diário, New Bark é uma cidade bonita e diferente, mas ao mesmo tempo comum. Por ser a cidade onde treinadores pegam seu primeiro Pokémon, é constantemente cheia de Treinadores e aspirantes a treinadores que estão prestes a começar sua jornada, mas eu não estava na cidade para começar minha jornada, para falar a verdade eu estava sim, mas não era uma jornada em busca de fama, gloria, dinheiro, insígnias ou fitas e sim uma jornada em busca de autoconhecimento. Sinceramente eu me sinto mais clichê do que nunca quando penso ou falo alguma coisa dessas, mas no final é o clichê o comum e o imaginário que me salva desse mundo cruel.

Andando sobre as ruas da cidade de New Bark, qualquer pessoa podia perceber que eu não era uma nativa da cidade, mesmo com a pequena cidade não tendo um tipo predominante de pessoas, todas eram praticamente iguais e sumiam no meio da multidão com suas vestes comuns, seus hábitos comuns e com sua vida comum. E eu não tinha nada de comum, minhas roupas eram fora de meu tempo, meu comportamento também, e meu estilo de vida não podia ser descrito já que eu não seguia nenhum, mas uma coisa eu tinha em comum com todas essas pessoas que estão aqui, um Pokémon e era com esse Pokémon que eu começaria e terminaria o resto da minha vida.

Tirava Chikorita de sua pokebola, e com um pouco de timidez – sentimento que demonstrava apenas por dentro – tentava me socializar com ela. - Oi amiguinha, como você ta? Vamos ser realistas e chegar ao ponto logo e sem demoras, meu nome é Mia, o sou é Chikorita e a partir de agora eu sou a sua nova dona, okay? Então é melhor você ter uma opinião forte sobre mim, para ver se iremos nos dar bem ou não. Dizia com um sorriso, e me perguntando internamente porque falei assim com meu Pokémon.

Chikorita parecia não ser atingida pelo meu “mau comportamento” e com um sorriso a Pokémon gramíneo me respondia. Talvez eu devesse parar de camuflar na vida e ser simplesmente feliz, parar de ser um robô e começar a ser real, e não uma verdadeira farsa.

A vida para mim nunca foi fácil, e acho que foi isso que fez com que eu me tornasse tão fria e cínica, pois eu realmente acho que quando você não esta feliz com você mesmo, uma crosta de cinismo e ignorância te protege de tudo e todos, deixando você fechada e não mostrando ao mundo que você no final é totalmente vulnerável, e mesmo que tenha vindo de um lar sem amor, não significa que tenho que repetir esse ciclo em minha vida, eu estava prestes a mudar e finalmente me libertar da solidão e ser feliz.

Mas, como a vida é cheia de pequenas pegadinhas e injustiças, quando eu estava prestes a voltar a falar  com minha pequena Chikorita um cheiro diferente tomava conta do local e a mesma saia correndo em direção a alguma rua. Tava tão sedo, 8:00 da manha e eu já tinha que correr atrás de Pokémon. Corria em direção a Chikorita, pois não seria agora que eu perderia o Pokémon que eu acabei de ganhar.

Sinceramente essa Chikorita, só podia estar brincando com a minha cara, tinha menos de algumas horas que eu estava com o ela e já pude perceber que a mesma tem uma grande impulsividade, e isso não era nada bom, legal ou interessante, ainda mais para uma treinadora iniciante como eu. Um Pokémon com aquela coisa chamada atitude seria bom, mas apenas quando for necessário. Seguia a Pokémon até uma casa onde uma velha senhora estava a acariciando, e com uma voz doce e suave dizia para eu entrar. Tudo bem que eu estava 100% nem ai para a casa da senhora, e também não estava interessada em entrar em nada, mas a mesma estava com minha Pokemon, sem contar que eu estava com fome, e casa de velhos sempre tem comida.

-Senhora me desculpe pela minha Pokemon, eu sou uma nova treinadora e é muito difícil tomar conta de um Pokémon tão impulsiva como a Chikorita, mas tudo bem a vida segue. Prazer, Mia. Dizia para a velha, esticando minha mão em sua direção e com um sorriso esperava a mesma dizer seu nome.

Era tão estranho entrar na casa de alguém que eu mal conhecia, que uma sensação de “descoberta” e de medo afloravam sobre mim, em minha vida, eu nunca fui muito de sair de dentro de casa, e quando saia era apenas para ir para a escola – mesmo eu apenas ter freqüentado a primeira serie na escola – Dentro de casa eu sentia que eu tinha tudo que eu precisava e que o mundo exterior era apenas um bônus sem importância, e é tão estranho, porque agora nesse momento, eu não consigo mais me ver presa dentro de casa, eu sinto que minha necessidade de afeto e de conhecer pessoas e coisas novas, agora é tão grande que simplesmente ultrapassou a minha “timidez”. E a única coisa que posso dizer sobre isso é: Amem.

Meninas devem ser impulsivas, mas não muito... Meninas devem ser impulsivas, mas não muito... Essa pequena frase ficava rondando minha cabeça por um pequeno tempo, e fazendo-meeu pensar se ela realmente era uma frase verdadeira e se meninas realmente deveriam ser impulsivas, mas com moderação, após pensar um pouco, a única coisa que meu cérebro pensou, foi: Okay... Ta. Aquilo poderia significar muita coisa, mas quem se importava? Eu mesma estava nem ai para os pensamentos estranhos e sem nexo que eu tinha de 5 em 5 minutos.

A senhora parecia ter lido os meus pensamentos, e antes de pensar em falar que estava com fome a mesma já indo em direção a cozinha pegar um pedaço de bolo, no tempo em que a senhora pegava o bolo para mim, eu pude ver varias fotos belíssimas de apresentações de Contest, e exatamente cinco Fitas, que são dada aos vencedores de tal competição. A beleza das fitas era algo clássico, e algo que estava presente até os dias de hoje, mudando apenas pequenos detalhes nessas belas “lembranças” da vitoria do passado.

Quando a senhora voltava com o bolo, eu via o quão enorme era, e mesmo eu estando com fome, aquele único pedaço dava para ser meu café da manha, almoço e jantar, mas ao mesmo tempo parecia estar realmente saboroso. Quando dava a primeira garfada no bolo, a senhora perguntava que carreira eu iria seguir, e nesse momento meu apetite foi embora – momentaneamente eu espero.

- Senhora, eu realmente não sei o que eu quero fazer a seguir. Eu apenas sai em jornada por que eu não agüentava mais ficar em casa, e eu sentia que eu precisava de algo pra animar minha vida entende? Melhor, eu acho que eu sai em jornada para me auto-conhecer.