Apesar de ter tido pouco contato com a nova membro da Virtuum, tinha certeza que se tratava de uma boa menina. Yoshiro era um pouco tímida, mas demonstrava ser uma treinadora preocupada com seus Pokémon e com todos ao redor, algo essencial para quem quisesse fazer parte da Sociedade. Mas enfim... Com tudo resolvido só me restava partir, por isso deixei o Centro Pokémon e saí pela ensolarada cidade em busca de um lugar para comer, com a Mey em meu ombro, é claro! De todo modo, eu só sabia mesmo sobre um grande restaurante na cidade, o Senkyo Cabaret. Ele pertencia à Avengers, uma Sociedade localizada em Slateport e que crescia bastante nos últimos meses. Uma boa opção de almoço, mas... Eu queria comer carne e lá era um estabelecimento essencialmente vegano. Sendo assim, teria de continuar a minha busca um pouco mais.
Ouvindo murmúrios de Mey sobre o Sol escaldante em nossas cabeças, fui até a sombra de um prédio e retirei o PokéNav do bolso. Lá no Zap da Virtuum a conversava rolava solta e eu tive de interrompê-los para perguntar sobre um local para comer. A maioria não sabia de nenhum restaurante interessante, mas me recomendaram buscar barraquinhas próximas do Mercado Municipal, local para onde iniciei uma caminhada imediatamente, mas sem deixar o aplicativo de lado. Até porque Natalie estava na conversa e finalmente pudemos nos falar, mesmo que momentaneamente. Queria perguntar detalhes maiores sobre todo esse tempo em que ficamos sem nos falar, mas achei que seria muita... invasão de privacidade, talvez? Deixei então para um outro momento, de preferência quando estivéssemos frente a frente. Mantive então a conversa por mais alguns metros e me despedi de todos, guardando o aparelho, pois já estava praticamente na praça informada.
Já passava da hora do almoço, então o movimento por lá havia diminuído. Alguns comerciantes limpavam o espaço ao redor de suas barraquinhas, alguns tiravam um cochilo e outros pareciam ainda focados no trabalho. Ser dono de um empreendimento desses não devia ser fácil, então eu tratei de valorizar aquele que ainda parecia mais disposto ao trabalho, aproximando-me com um sorriso e questionando sobre as opções de cardápio — Boa tarde! O senhor está servindo o que? Sei que está um pouco tarde, mas... Quais as opções disponíveis? — Questionei, pedindo por um menu, que logo foi me dado. Curiosamente, havia ainda tudo disponível e o Chef logo me explico o motivo. Ao que parecia, era um dia de Festa naquela pracinha e por isso, a maioria dos proprietários havia reforçado o estoque. Seria uma noite longa, por isso também é que muitos haviam tirado a tarde para um descanso, com o fim do movimento natural do almoço.
— Entendi! Um Festival Praiano, então? Eu até gostaria de ficar, mas preciso me apressar para a Força Voluntária de Tohjo. Acho que os barcos para lá com os Voluntários vão partir no final da tarde, né? Não posso perder, vão ser os últimos. E bem, já me decidi! — Expliquei com calma, enquanto folheava o menu e escolhia um prato — Eu vou querer essa Milanesa e Salada Verde com brotos... Um Suco de Pinap e para os Pokémon, essa ração de frutas da estação... São seis, ok? — Informei ao senhor do balcão, que gentilmente anotou tudo e me pediu para aguardar. Deixei então que todos os Pokémon saíssem das suas Poké Bolas e se esticassem por lá: Lenora e Toggy aplumaram-se próximos da mesa a espera da ração, enquanto Mey dormia no meu colo. Florisbela brincava livremente pela área das mesinhas, aos saltos quase desesperados. Já Buddy e Ume passeavam pelo lugar conversando provavelmente sobre coisas de Gramíneos.
Aproveitei a espera para conferir o PokéNav mais uma vez e confirmar a hora da partida. Daria tempo para almoçar com tranquilidade e depois dar um passeio tranquilo até a região do Porto, fazendo uma parada de leve pela praia. Finalizei o aplicativo de horários, finalmente decidindo-me, bem na hora da chegada do almoço, que rapidamente reuniu todos os Pokémon ao redor da mesa. O comerciante colocou meu prato primeiro, desejando bom apetite e depois foi buscar os pratos de ração. Deliciei-me com o bife e a salada, da mesma forma que meus companheiros pareciam alimentar-se com voracidade, até saciar-se totalmente. Tendo atingido esse estado, deixei que descansassem um pouco, enquanto ia até o Caixa pagar. Entretanto, fui surpreendido quando o vendedor me deu um desconto de 90%, dizendo que os Voluntários de Tohjo mereciam isso e muito mais. Fiquei sem jeito, mas agradeci prontamente e prometi fazer um excelente trabalho, chamando os Pokémon e caminhando até a praia próxima do Porto para passar um tempo.
Atravessar a cidade até a praia me tomou um bom tempo, mas eu ainda cheguei no meu objetivo restando pouco mais de uma hora para que o Transporte saísse. Tirei os calçados e amarrei os seus cadarço na mochila, deixando-os pendurados. Depois botei uma toalha no chão e repousei a mochila sobre ela, indo molhar os pés na água e deixando meus companheiros livres para brincar ou descansarem. Com certeza Florisbela, Toggy e Lenora foram os mais interessados em se divertir, enquanto Mey, Ume e Buddy só pegavam Sol. Particularmente os voadores sobrevoavam as ondas apenas para sentir os estalos da água salgada voando no rosto e eu podia dizer que sentia uma leve inveja dessa facilidade com que brincavam sobre o mar. Já a mim, restava apenas um pouco de tempo para a nostalgia ao assistir o acelerado pôr-do-Sol no horizonte, enquanto o céu assumia uma cor púrpura das lembranças tão sedosas quanto as coloridas nuvens. Fechei os olhos e deixei a brisa me arrebatar um pouco e salgar até a minha alma, mas não deixei de ficar atento ao horário.
Antes mesmo das luzes das ruas acenderem-se, indicando que a noite finalmente se instalava, recolhi os Pokémon e iniciei a caminhada até o Porto. Uma fila chegava já ao fim, aparentemente para identificação dos voluntários. Apressei-me então a ser o último colocado, enquanto buscava a documentação que me haviam informado ser necessário apresentar. Não demorou muito até chegar a minha vez, quando autenticaram minha Pokédex e tiraram uma foto, entregando um Kit de roupas limpas, quase como um uniforme. Essa noite dormiríamos em Sienna e na manhã seguinte receberíamos as instruções para partir ao trabalho de fato. Fui então em direção ao convés, unindo o saco de roupas ao topo da minha mochila para atá-lo duas vezes. Achei um espaço vago e me sentei, observando o mar que se abria na minha frente trazendo ares e terras que jamais havia visto, pelo menos não pessoalmente. Entre lembranças e saudades, um horizonte de possibilidade se abria e me coração, por um instante, mantinha-se aquecido pelas surpresas que haveria de ter.
Resumo escreveu:
- Apesar do textão. Apenas TRANSPORTE PARA SIENNA/TOHJO.