Passou batido toda a fisionomia do homem a sua frente, Onigawa só queria saber de Bulbasaur.
- Você pode ajudar? Pode curar ela? - Vociferou, a voz saindo mais alta que o normal. - Por favor, ajude.
Postou a pequena sobre a mesa, esparramando os papéis para locais diversos. Estava angustiada, nunca havia se preocupado tanto em sua vida, mesmo quando encontrou o Marill Shiny.
- Por favor... - A entonação ficou baixinha, quase como um sussurro. Ditto parecia tão melancólico quanto, arqueando o corpo miúdo.
Um chuvisco irritante... Em meio a rota 32 Acompanhada de uma tristeza ainda desconhecida.
- Hmmm... - O homem olhava dos pés a cabeça a garota a sua frente, até notar os joelhos machucados da jovem, balançando a cabeça negativamente, exclamou - Esta bem, mas nunca lhe vi por aqui, quem é você?
Enquanto esperava uma resposta, o homem se levantou, empurrando a cadeira em que estava sentado para trás e então se aproximando da jovem, pegando a bulbasaur, de forma bem rude, do colo dela. Erguendo o pokémon para o alto, contra luz, analisando superficialmente o seu estado.
- Se passar dessa noite é um milagre, nesse estado... - Balançou novamente a cabeça, depois virou-se para a visitante - Você. Esta ficando tarde e acho que não deve ter lugar para ficar, um dos meus quartos para pacientes esta livre, é só subir no andar de cima, última porta a esquerda. Durma e volte amanhã, bem cedo.
Incomodou-se com o olhar do homem, calando o sentimento dentro do peito. Desde que parou para notar, não havia gostado nada das feições do dito médico. Uma intuição leve, mas latente, dizia para não confiar plenamente.
- Vivi boa parte da minha vida em Goldenrod, mas venho muito para Violet. - Ditou, a voz calma e suave, apesar da raiva pelo modo que o homem pegou Bulbasaur. - Falando nisso, qual o seu nome?
O cenho franzido, não deixava margens para uma conversa prolongada. Ouviu o que o homem ditara após, pensando nas opções que possuía. Estava realmente cansada, precisava de um descanso, sem falar nos joelhos que doíam horrores.
Seguiu cada instrução mencionada, liberando Spinarak de sua pokébola ao chegar ao quarto.
- Apure os sentidos, não quero surpresas. - Sentou sobre o leito, dispersando Hoppip em conjunto. - Faça vigília com o Spina, fiquem atentos.
Encostou a cabeça no travesseiro, teimando em fechar os olhos.
Um chuvisco irritante... Em meio a rota 32 Acompanhada de uma tristeza ainda desconhecida.
A garota ia para o quarto sem obter respostas satisfatórias, mandando seus pokémons para ficarem de vigia durante a noite, mal soubera a ingênua que estes depois de algumas horas também haviam caído no sono mais pesado de todos, provavelmente por serem preguiçosos e ainda um pouco mal-treinados.
Na manhã seguinte, ao acordar, poderia sentir que seus joelhos não estavam doendo tanto quanto antes, porém estavam pesados e até um pouco ardidos, se ela tivesse o lençol, que agora estava em cima desta, notaria que tratava-se de curativos com uma mancha amarronzada neles, provavelmente algum remédio, mais especificamente o merthiolate que estava no criado-mudo ao lado.
Como já era de manhã cedo, poderia esperar algum resultado do tratamento do doutor, ainda de nome desconhecido, bastando procura-lo naquela casa.
Despertou lentamente, sacolejando o rosto ao sentar-se sobre o leito. Parecia mais sonolenta do que quando foi dormir, ao perpassar o olhar sobre o quarto, notou a massa viva que se tornou Geodude e Hoppip deitados no canto. Ditto estava sobre um travesseiro no chão, o que deveria ser o que Yuno usou durante a noite.
Continuou a vasculhar a área, notando que ao dobrar os joelhos para saltar cama, não pareciam tão doloridos. Uma camada de gases estava sobreposta em cada região machucada, assustando Onigawa à primeira vista. Não lembrava de ter feito algo do tipo antes de dormir, e foi com total descontentamento que percebeu que realmente não havia feito nada.
O médico entrou ali e fez os curativos.
Não foi algo que agradou a criadora, mas por hora, ficaria quieta. Deveria ir procurar a pequenina e por tabela o tal doutor. Resguardou tudo na mochila, retornando com Pip e Geodude para suas pokébolas, ambos ainda adormecidos.
- Acorda, Di. - Confeccionou um chute leve no travesseiro onde o pokémon ressonava, acordando-o em meio ao susto. A criatura rosada subiu para a mochila de Onigawa, transformando-se em uma manta. E com total falta de senso, a garota rumou para fora do cômodo.
Um chuvisco irritante... Em meio a rota 32 Acompanhada de uma tristeza ainda desconhecida.
Direcionando até o dito corredor de ontem, notava que as outras portas, antes fechadas, estavam abertas, ou pelo menos entreabertas, permitindo que a garota pudesse xeretar alguns quartos que possivelmente estariam vazios ou talvez ocupados.
Haviam no total, três portas para cada lado do corredor, direito e esquerdo, o quarto de Onigawa era o terceiro e último da esquerda. Os outros dois do lado esquerdo, estavam com as portas bem abertas e não havia ninguém. Já no último da direita, estava fechado, porém não trancado, enquanto os outros dois do mesmo lado se mantinham entreabertos, sem nenhum som vindo de deles, pareciam vazios ou pelo menos haveria alguém dormindo ali dentro.
Por fim, no outro lado do corredor, estava a escada que levava ao andar inferior e ao consultório, junto da recepção, aonde pareciam estar com uma movimentação mais agitada que o normal, algumas vozes de crianças eram escutadas do andar inferior.
A curiosidade estava latente, quase se tornando uma sensação agonizante. Desde pequena era categorizada como uma perfeita pestinha, e daria jus ao apelido. Foi em direção a última porta, a entreaberta. O coração a palpitar no peito, o som parecia retumbar nos ouvidos de Onigawa.
Cada passo soando de modo estrondoso para a criadora. Poderia se dar mal em meio aquela "exploração".
Segurou o batente da porta com lentidão, segurando a madeira ao empurra-lá contra a parede, tão lenta que podia contar os segundos pausadamente. Entrou.
Um chuvisco irritante... Em meio a rota 32 Acompanhada de uma tristeza ainda desconhecida.
Adentrou então ao quarto, dando de frente a um cômodo que parecia vazio, até olhar mais atentamente e ver que um daqueles postes de metais que seguravam soro, estavam ligados a um braço para fora da cama, olhando ao mesmo tempo, tratava-se de uma criança, um pouco mais magra que o normal e careca. Ao seu lado, havia um criado-mudo havia uma cabeça de plástico, que era usada como suporte para uma peruca de cabelo castanho longo.
Quando iria dar mais um passo, Onigawa era surpreendido por uma garota de cabelos castanhos curtos, com rosto extremamente belo, nariz e lábios finos, junto de grandes olhos castanhos, estava vestido de enfermeira, com calças e camisa de botões verdes, com chinelos brancos. Ela tocava seu ombro, falando.
- O doutor Morrison esta esperando você no andar de baixo, queira me acompanhar por favor - A garota dirigia a escada, esperando ser seguida.
Ao se deparar com a criança, encolheu os ombros por puro impulso. Já havia visto pessoas naquela situação, e a lembrança parecia amargar a boca de Onigawa. Tossiu, uma, duas, três vezes antes de conseguir se acalmar. Pensou em se aproximar do leito, sobressaltando-se ao distinguir a voz no ar.
Girou nos calcanhares, tendo um rubor a adornar as maçãs do rosto.
- Ah, claro, claro. - Não entendeu bem o que a mulher dizia, mas notando sua beleza imponente. Ainda angustiada, rumou para o andar inferior junto com a, talvez, assistente do médico.
Um chuvisco irritante... Em meio a rota 32 Acompanhada de uma tristeza ainda desconhecida.
Quando ambos desciam a escada, davam de frente com uma situação bem estranha, tratava de um rocket com seu enorme Tyranitar, o mesmo de ontem, que usava uma coleira de choque, conversando pacientemente com o doutor de ontem a noite, enquanto crianças brincavam ao redor do enorme ''godzilla''.
- Oh, Kaoru, meu garoto, vejo que já esta aqui e nossa visitante... Onigawa, certo? Dei uma olhada na sua identidade quando estava dormindo - Disse o médico, esperando uma resposta da garota - Está melhor?