Back to Nomad Routine

Ok, dessa vez Vicent deu sorte. Além de conseguir se incluir na história toda, deu um passo para evitar aquela guerra, agora nós dois tínhamos passagens direto para o acampamento dos Myghtyenas, o que significa que nenhuma dessas crianças precisará ir entrando fazendo baderna. Podemos ser civilizados. O segundo ponto que eu quero tocar é que, mesmo sendo bem mais velha que os escoteiros, eu me identificar como criança me tornou um "membro" não oficial instantaneamente, era visível que falar isso deu a eles um ar de confiança muito maior, prova disso é que pediram para que eu fosse a barraca, e não Vicent, mas será que ele pode ir comigo? Preferia que fosse.

Assenti com a cabeça o pedido, confirmando que eu poderia sim ir lá por eles, de forma pacífica descobriria o que aconteceu e tomaria um lado (ou não) nessa história toda. Arranhei a garganta, tentando puxar um vocal mais alto e tentei falar como uma líder, sem sucesso, é claro:
- Eu vou lá - afirmei, sumindo com o tom infantil da minha voz - Se importam se meu irmão for comigo?

Vicent aproximou-se de mim, mostrando que concordava com a ideia, não seria inteligente da parte dele ficar aqui sem nenhum informação, me deixar sozinha no acampamento da pré-escola não aparentava se perigoso, sua vontade de participar, na realidade, partia do princídio de uma inutilidade dele no processo, ele queria fazer algo, senão não teria mentido. Além disso, caso fosse um pouco perigoso, era bom que estivesse comigo, né? Pensando assim, o mais velho, já decidido, olhou para as crianças e disse:
- Eu vou lá com minha irmã, talvez seja perigoso para uma criança entrar sozinha - Disse, aproveitando a oportunidade para debochar de mim - Não é Winnie?

Ignorando a brincadeira sem graça, confirmei com um breve "uhum", esperando apenas o consentimento do grupo, não poderia passar por cima da opinião de tantas crianças, pelo menos não agora que conquistamos a confiança delas. Assim que confirmassem, eu avançaria a fortaleza mirim dos escoteiros noturnos.

Dito isso, os pequenos nos deram passagem, abrindo caminho e ficando à margem durante um trecho, passado ele comecei a reparar melhor no clima sombrio que havia ali. Um calafrio me tomou por inteira, encostei de Vicent para ter certeza de que ele estava ali. Ok, ele está, vamos. Avancei a trilha até duas mesas de metal, mantive-me a diante sem muitas pausas, somente agora uma incógnita importante me veio a cabeça: Por que o simbolo deste acampamento é um pokemon evoluído e por que os Zigzagoons tem tanto medo deles? Comecei a raciocinar algo que Vicent já tinha pensado a tempo atrás mas não me contou, talvez estes aqui não sejam crianças. Respirei fundo e prossegui, de qualquer forma, eu seria civilizada e educada, querendo ou não são humanos e entendem o que eu falo.

Aproximei-me das barracas pelo lado oposto da bandeira principal, bati palmas uma, duas, três vezes e falei delicadamente:
- Tem alguém ai? - Perguntei, em um tom mediano e à uma distância segura - Eer, queria lhes perguntar algo.
Enquanto me preocupava em não incomodar e não correr perigo, Vicent por sua vez já chegava mais perto, tentava enxergar melhor o maço com a bandeira para ver se achava alguma coisa, ou pelo menos ver se a fogueira foi utilizada recentemente ou não. Este também parava para ver o que tinha em cima das mesas articuladas e nos baldes, procurando as tais berries em lugares óbvios, porém possíveis de estar.

OFF: Post feito do celular D: Sry se ficou ruim. E outra, eu não sei se a fogueira está acesa ou se é só a estrutura apagada, então coloquei Vicent para investigar.

Repreendido no grito, Vicent deu um pulo para trás, assustado, e foi andando devagar em minha direção, de cabeça baixa e ombros caídos, já sabia que fizera um caos sem tamanho, e não seria fácil resolver aquilo. Quando chegou até a mim, sussurrou a palavra "fudeu" e deu um risinho, sabia que o chefe dos Myghtyenas era, provavelmente, o pai daquela menina, e não acho que um homem desses seja fraco ou impotente. Suspirei, lá vamos nós de novo, não sei dizer se realmente sentia saudades desses problemas.

No momento, não faria nada, nem Vicent, espero, até o homem mais velho se apresentar, era ilógico tentar debater com uma criança assustada que já berrara e acordara todo mundo, então apenas esperaria para ver quem mais vai aparecer, enquanto isso, encarava meu irmão mais velho com um olhar de negação de reprovação bem nítidos, queria que ele se sentisse culpado, e aparentemente, estava funcionando.

OFF: Fiz um post muito bonito e sem querer apertei "backspace" sem estar selecionado, ou seja, saiu da página e deletou tudo. Então refiz +- ):

Dez vezes mais forte que Vicent era o homem que saiu da barraca, junto com seu lobo negro - este pelo menos era menor que arcanine -, os dois combinavam o semblante de irritação, que somados com o da filha e seu mini-lobo, faziam um quarteto de pessoas mal-humoradas. Sorri torto, meio sem graça, meio perdida, encarei os dois a frente e tentei falar algo, mas a única coisa que saia dos meus lábios era um "éer" constante e que não dava continuidade a nada. Cocei a cabeça, o queixo, mexi na cabeça, acertei a blusa, balancei a perna, engoli seco. Fiz tudo que poderia fazer, menos falar algo útil. Vicent poderia me ajudar nessa, né? O menino parecia ter lido minha mente. Deu um passo a frente e tomou voz, falando como o líder, que não era, novamente. Tentou consertar o que fizera antes.
- Bom dia, não queríamos incomodar, mas precisamos de algumas informações sobre certas Berries, denunciaram um furto por aqui - atuou como policial - Você poderia explicar ou falar sobre essa história toda?

Enquanto o menino arranhava a garganta para conseguir aquele tom de voz, tentei entrar no papel e parecer menos nervosa, era óbvio que se eu chamasse a polícia, ela ficaria do nosso lado, visto que um homem que usa crianças para tal furto ou para formar um "exército" e incentivar a guerra, não podia ser bom moço. Peguei uma das minha esferas da bolsa e joguei no ar, dela materializou-se Vili, minha Furfrou, a usaria para ganhar tempo. A morena pousou no chão meio guenza, torta, estava um pouco longe da confusão e nem prestava atenção nos dois lobos negros rosnando ali. Andou em círculos e balançou o rabo de maneira infantil, feito isso, começou a me encarar como filhote pedindo carinho, mas este não podia ser meu papel agora, ela estava ali por dois o motivos, o primeiro, ganhar tempo, o segundo, descobrir se, o que o homem tentou proteger na barraca, era as tais Berries que os Zigzagoons tanto falaram.
- Bom dia Vili, você pode farejar para mim? Preciso da localização de algumas Berries - A canina assentiu com a cabeça e tentou. Bem, quando o assunto é comida, Furfrou entende muito bem.

Aproveitando o tempo que conseguiria, me afastaria um pouco da multidão e ligaria para a polícia, seriam sim a melhor instituição para pedir ajuda. Vicent já havia entendido, provavelmente pensou na mesma coisa quando atuou como policial, então ele contribuía para as sutilezas do plano.

Fui recebida do jeito que achei que seria, mesmo tentando mudar todo o plano, de nada adiantou. Assustados com a ideia de policiais em sua área, a menina já gritava ordens para seus pokemons, não havia nem tempo de Vili fazer o que eu mandara. Não queria colocar Furfrou nessa batalha, acontece que esta é a primeira vez que entra em campo comigo ao lado, e por algum motivo, não acho que este Poochyena seja o melhor adversário disponível para uma "estreia" da canina, porém, não fui eu que comecei isso tudo. Bufei e olhei para Vicent, meu olhar diziam "deixa que eu cuido disso", e por hora, eu pretendia cuidar. Ouvi os movimentos inimigos com atenção e abri a Pokedex com o pouco tempo que tinha, e como imaginara, a velocidade da minha pokemon era infinitamente superior.
- Ok, vamos tentar parar essa briga antes que fique pior, Vili - pedi - Comecei usando Swagger, tente pará-lo, após isso, jogue-o para longe com um Headbutt.

Por mais que eu tenha usado um golpe ofensivo, meu plano era principalmente afastar, não continuaria aquilo se houvesse escolha, e a última coisa que queria, era que aquele homem apoiasse aquela batalha.
Antes de qualquer movimento, meu irmão deu um passo para trás e me puxou, tentando manter-nos em uma distância segura, ele não exitaria em soltar Arcanine se necessário, e nem evitaria uma briga com o homem-chefe, devo adimitir, este não parecia boa pessoa e até mesmo eu queria entrar nesta batalha, mas lutar com essa criança e seu poochyena infantil, eu não tinha desejo nenhum.