Dias - I

"Corro, corro, corro mas não consigo escapar. Subo no carro pulo na varanda do segundo andar, entro na casa e saio pela porta dos fundos. Acho que a despistei. Despistei. Caminho de vagar olhando para os lados e quando viro a esquina a ruiva me acerta um soco na barriga e um golpe na cabeça."

- Ah! - Dias acorda no susto com os meliantes o chamando.

Que sonho louco, tudo escuro numa espécie de condomínio de casas e uma perseguição incessante de uma mulher ruiva de cabelos ondulados atrás de Oddy. Por mais que o aventureiro conseguisse correr a mulher sempre o alcançava, mas Dias não conseguia ver o rosto dela. Enfim, a noite estava só começando e não era hora de ficar sonhando.

O grupo o chamou para conversar e disse para estar no mesmo local de antes em 20 minutos. Saíram em seguida.

Dias pegou suas coisas, lavou o rosto e ajeitou a gola de sua camisa. Ao olhar para o espelho lembrava do sonho e tentava ver o rosto da ruiva mas não conseguia. Ao pensar nisso, percebeu que não podia assaltar uma loja com o rosto descoberto. Precisava de uma máscara.

Olhou para todos os lados e viu a almofada do sofá, puxou o forro vermelho da almofada e pôs no rosto, serviu. Tirou e guardou na mochila.

Saiu andando calmamente e pediu seu Totodile para o jovem que estava de plantão, ele avisou que ele estava bem e que tinha aprendido o golpe. Algo que poderia ser muito útil mais tarde.

Saiu do centro de descanso e percebeu que estava escuro. Era madrugada como Dias suspeitava. Por sorte ele dormiu cedo e estava pronto pra uma dose de adrenalina. Abriu um chiclete de morango enquanto caminhava em direção ao beco de antes.

O plano estava feito. O jogo tinha começado, os 4 jovens eram os jogadores, a loja o tabuleiro, e as berries o objetivo, estava na hora de jogar. O jovem líder explicou o plano, íriamos até um beco calmamente e depois entraríamos nos fundos da loja com a ajuda de certos pokemons. Lá dentro seria puro improviso e correria, Dias imaginava.

O jovem que Oddy tinha derrotado mais cedo enfatizou o fato de que ninguém voltaria para salvar o aventureiro. Dias sabia disso, também não correria nenhum risco a mais para tentar salvar alguém.

- Tá tudo certo. Não se preocupem comigo. Vamos fazer isso logo e sem cometer erros.

Dias se sentia um pouco incomodado por esta seguindo alguém... Seu senso de superioridade faz com que ele sempre queira estar no comando da situação, mas nesse caso era melhor seguir o cara.

O plano tinha começado. Todos cobriram seus rostos e foram até a esquina do beco, quando um dos meliantes liberou seu Glaceon.  Pokemon de gelo muito elegante e aparentemente forte. Ele entrou lentamente no beco e com um raio de gelo congelou as duas câmeras que ali estavam. Depois foi a vez do derrotado entrar em cena com seu Cyndaquil, mas dessa vez ele incinerou a fechadura com um poderoso golpe de fogo. Provavelmente um TM ensinado depois da luta contra Dias. As coisas estavam ficando interessantes.

Lá dentro encontraram uma sala com três portas, uma a direita, uma a esquerda e a que eles entraram. O líder separou o grupo e os dois que já haviam liberados seus pokemon foram para a porta da direita, cabia a Dias entrar na da esquerda para procurar o depósito. Aparentemente era 50% de chance de acertar.

Oddy seguiu as ordens e abriu vagarosamente a porta da esquerda. Não queria fazer barulho. Procurou observar tudo na sala, desde possíveis câmeras até as próprias berries. Sua intenção era se guiar pelo cheiro, berries normalmente possuem aromas e num depósito delas o cheiro deveria ser intenso.

Adrenalina de Dias estava altíssima, seu coração pulsava rápido como não fazia a tempo.

Ao entrar no cômodo Dias logo percebeu onde estava. Na parte de atendimento ao cliente, o balcão para pagar denunciou. O jovem até pensou por um momento em tentar saquear a caixa registradora mas parecia não ser uma boa ideia, esses aparelhos costumam ter mecanismos de segurança contra assalto.

Oddy devia focar somente nas berries, e falando nas frutinhas... Elas estavam logo ali, em estantes vedadas com portas de vidro, saqueá-las produziria um grande barulho. Coisa que o jovem só arriscaria em caso de emergência.

Olhando mais à direita continha outra porta. Talvez a do depósito de berries onde seria mais fácil de pegar as frutas sem fazer barulho... Dias precisava pensar, aquela sinuca poderia marcar o rumo das coisas.

Preferindo deixar o vidro como última opção, o aventureiro resolveu abrir a próxima porta vagarosamente, qualquer barulho poderia acabar com o plano de todos.

A porta abriu lentamente mas Dias não conseguiu ver nada, teve de acender a luz. Aparentemente era um depósito. Um freezer trancado parecia ser o local onde estariam o resto das frutinhas. Mas para a felicidade do aventureiro a chave não estava lá.

Aquela luz acesa incomodava Oddy, sabia que podia dar algum problema se alguém visse. Tinha que resolver isso logo, então pensou rápido.

- Saia! Mandíbula, preciso que você saia por aquela porta e ache os outros jovens mascarados. Traga-os aqui. - Sussurrou Dias enquanto liberava seu crocodilo e dava as instruções.

O plano do jovem era simples, com os outros ali seria mais fácil de abrir o freezer. Talvez Glaceon seja capaz de usar um ataque de gelo na fechadura e moldar uma chave para abri-la, Cyndaquil poderia incendiar a fechadura ou até usar seu focinho apurado para achar a chave. No pior das hipóteses eles seriam inúteis assim como estavam agora.

Totodile não conseguiria arrombar o freezer sem fazer barulho então também seria um pouco inútil enquanto o plano fosse em silêncio. Com isso Dias teve a ideia de pedir para o crocodilo para chamar eles enquanto ele mesmo tentava achar a chave o mais rápido possível. Aquela luz acesa realmente o incomodava.

- Qualquer problema faça barulho que eu vou até você Mandíbula.

- Dile! - Respondeu Totodile antes de cuspir um pequeno jato d'água para o lado.

Mandíbula deve ter aprendido water gun depois da luta contra cyndaquil e estava mostrando para Dias. Agora ele possuía 4 golpes e com certeza seria bem útil posteriormente.

Então o crocodilo ficou de quatro e correu no estilo réptil em direção à porta que dias passou primeiro. Enquanto Oddy se virava para a sala a procura da chave. Talvez nas estantes vazias.