Dias II

Depois de alguns segundos de tremedeira da esfera alvirrubra, ela parou indicando a captura da ovelha.

"Será útil na jornada" - Pensava o aventureiro enquanto recolhia a pokebola e a colocava no bolso.

Após algum tempo caminhando em busca de algum lugar em que pudesse se proteger da chuva, Mandíbula e Oddy acharam um declive que aparentava ter no final uma espécie de caverna. Poderia ser o lugar em que o ruivo passaria um tempo até o tempo melhorar, ele só esperava que não fosse o lar de nenhum pokemon muito forte. Com Totodile paralisado e Mareep nocauteada não seria muito fácil superar algum obstáculo, até Dias cego com sua superioridade conseguia ver isso. Então os dois começaram a descer o declive lentamente evitando de se machucar por causa do terreno molhado.

Naquela altura as roupas de Oddy já estavam encharcadas, seu tênis estava inundado e sua calça jeans colava no corpo por causa da chuva. Fatores que se não corrigidos posteriormente poderiam custar ao aventureiro um resfriado ou algo pior. Precisava chegar ao abrigo logo.

Após descer sem problemas o declive, Dias deu uma espiada na caverna e percebeu uma luz estranha que parecia distante do chão, seria aquilo um pokemon? O jovem não fazia ideia mas sabia que seus pokemon não estavam em perfeitas condições e qualquer decisão precipitada poderia colocar todos em risco. Com a chuva ainda caindo forte, Oddy decidiu entrar na caverna sem fazer barulho e observar a luz, embora arriscado permanecer na chuva não era uma opção mais para o ruivo que já estava encharcado.

O aventureiro entrou olhando fixamente para a luz e parou esperando alguma reação, porém seu plano desmoronou.

- Dile!! TO-TO-DILE!

O crocodilo sereno de antes havia desaparecido, a entrada na caverna fez Mandíbula voltar a ser como era antes, puramente raivoso. Ele já estava com seus olhos mais vermelhos e gritava para todos os lados como se quisesse chamar atenção, algo que com certeza traria problemas. Dias esqueceu da personalidade de seu inicial e não levou a falta de chuva em consideração no seu plano, agora estava exposto. No entanto, sua preocupação com a saúde de seu crocodilo sumiu, se ele mesmo estava pronto para uma batalha, Oddy poderia passar por qualquer problema.

- Tem alguém ai?! - Gritou Dias.

A chama se aproximava cada vez mais até se mostrar ser uma tocha, erguida por um homem muito exótico. Usava uma máscara com um formato de fóssil que Dias não se lembrava exatamente qual era, achava eles muito parecidos. Suas roupas eram tão esquisitas quanto e ainda carregava um bastão. Ele chegou bem perto e disse que estava esperando pelo aventureiro.

Inicialmente Dias achou graça daquilo tudo mas com um tempo de silêncio começou a estranhar. Enquanto tentava achar palavras para argumentar com o homem, Mandíbula partiu em direção ao mascarado como se fosse atacá-lo. Oddy recuou seu pokemon imediatamente para a pokebola.

- Ele não gostou de você. Quem é você e que história é essa de que estava esperando por mim?

Dias não gostava muito de conversar, e normalmente acharia uma perda de tempo argumentar com um homem vestido daquele jeito no meio de uma caverna. Mas até a chuva parar não havia muito o que ele pudesse fazer então seguiria o homem em seus contos de fadas.

O homem misterioso descartou a ideia de se apresentar e levou Dias a um lugar mais misterioso ainda. Caminharam um pouco pela caverna que parecia moldada com mãos humanas até chegarem em uma porta. O mascarado proferiu algumas palavras como se fossem uma senha e então outro ser abriu a porta que levava a uma sala de mármore que continha mais três portas.

"- Este é o culto da verdade. - Depois de parar de andar e olhar para Oddy, ele continuou. - Daqui combatemos a vil influência do demônio Helix e seu falso profeta, somos o culto de Dome e você foi escolhido por nosso grande lorde para servi-lo e destruir Helix. É esse o seu destino divino.
"

Dias não encontrou sentido nenhum na frase dita pelo homem, deixando um sorriso irônico escapar. O aventureiro estava quase gargalhando diante daquilo tudo. Mas teve que concordar que a atuação do homem, a caverna e a sala de mármore deixavam tudo um mistério muito engraçado.

- Vamos com calma fera, Culto de Dome? Nosso lorde? Destruir o demônio?

Oddy olhou para os dois homens estranhos e em seguida falou novamente com o que falou anteriormente.

- Vou ter que fazer umas tatuagens com símbolos mágicos também? - Dias riu. Realmente estava achando muita graça daquilo, sua ironia escapava sem que ele fizesse esforço.

Aquilo tudo tinha sido muito confuso, desde a caverna até a história mirabolante. Dias achava muita graça do que tinha acontecido, mas os seres continuavam sérios como sempre, realmente pareciam acreditar no que diziam. Após explicar que um dia o aventureiro compreenderia aquilo tudo, o responsável por abrir a porta veio com um saco como se oferecesse um presente e abriu a porta que levava de volta a rota. Era uma despedida um tanto estranha.

- Que isso? Uma espada anti-demônio? Haha! Vamos fazer o seguinte, você não tem meu celular, se conseguir se comunicar comigo mesmo assim eu começo a levar fé nesse seu conto de fadas. - E saiu.

Enquanto essa história ficava cada vez mais bizarra o telefone do ruivo toca e ele lê uma mensagem de Larissa, sua namorada distante. Ela falava sobre um torneio em Hoenn onde ele poderia mostrar para uma platéia enorme sua superioridade sobre os demais. Oddy adorou, e se inscreveu no campeonato através de seu celular. Bastava agora chegar em Hoenn a tempo.

Então ele caminhou pela caverna em direção a rota esperando que a chuva forte tivesse amenizado, tinha que chegar na próxima cidade logo para poder viajar para outra cidade e depois então, para Hoenn. Dias dava passadas rápidas para não perder tempo enquanto dava uma espiada na sacola misteriosa.