[In the fresh air, a ghost returns] - Route 120 -

Para seu pleno desagrado, apesar de não ter subestimado a tal gramínea e ter tido a consideração de parar para pensar direito numa batalha, parecia que a atrevida bípede fazia exatamente o oposto do que tentara até então. Se ela já não estava contente com tal postura, imagine então como não ficou a raposa noturna? Não apenas por já ter levado alguns machucados, apesar de quase insignificantes, mas também por não ter desferido nada realmente sério contra aquela planta estúpida. Um rosnado escorreu pela sua garganta e as patas pressionaram-se com uma leve força extra na relva viva, o olhar estreitando-se e as orelhas se abaixando com suavidade.

O animal não estava feliz.
A treinadora também não.

A garota não tinha dúvidas que poderia ter reagido de forma idêntica à sua companheira, caso possuísse tais partes de corpo necessárias. Como não seria possível, restou-lhe cerrar suavemente os punhos e cruzar os braços, trincando os dentes e estreitando de leve o olhar. Algumas pessoas dizem que, geralmente, “o cão é a cara do dono”. Bem, talvez essa frase pudesse se encaixar bem em tal situação... Mas não é essa a parte interessante, não é mesmo? Afinal, subestimado ou não, ainda existe um confronto ocorrendo entre dois espécimes que contrastam-se bem um do outro.

Respirando fundo, tentou voltar a concentração para o combate.
Não precisava se enfurecer, sabia disso. Apenas... Mostrar.
Então, sorriu. Aquela planta achava que não ia fazer nada demais? Pois que continuasse assim.

- Mwn... Zorua? Continue com as intruções anteriores; Tome cuidado com as plantas. Mas vamos esquecer os status, sim...? Invista com dois Feint Attacks. – Soprou as ordens para o Pokémon que, ao ouvi-las, conquistou a sombra do sorriso da dona.

Agora sim, aquela rosinha estúpida ia ver.

Realmente, mesmo que tentasse compreender aquela planta maluca, não seria capaz de fazê-lo. O mesmo movimento o tempo todo, sem parar uma só vez, praticamente? Ou era muita ousadia ou ela simplesmente não era lá essas coisas sem algum tipo de guia. Preferindo desconsiderar essas opções, a garota balançou de leve a cabeça – no entanto, um pequeno tique fez sombra num de seus olhos ao perceber a leve estática roçando no corpo e impedindo parcialmente os movimentos de sua pequena raposinha.

Realmente, aquilo era algo que a perseguia para todo lugar.

Ela receou por meio segundo. Poderia tentar forçar o fim do embate ou mesmo correr o risco de que sua raposinha não fosse capaz de se movimentar naquele turno, coisa que poderia acabar trazendo alguma derrota acidental ou forçá-la a utilizar o resto das poções de cura que ainda detinha em posse. Era questão de curá-la ou não daquela coisa estúpida que travava o corpo de seus pequenos... Definitivamente, era um status que a detestava.

Mas, bem... Confiou em sua raposinha e resolveu arriscar.

- Zorua... Eu sei que vai ser meio complicado, mas tente fazer isso uma última vez, ok? Feint Attack! Caso não consiga, tente outra vez; Veja se consegue finalizar isso!

Não entendia.

Ela piscou algumas vezes ao ver a derrota da gramínea. Quer dizer... Sério? Era só aquilo? Esperava bem mais, pode ter certeza – porém, não tinha nada a reclamar. Pelo visto, teria que treinar muito aquele bichinho quando resolvesse utilizá-lo... Mas, antes de pensar nisso, primeiro teria de realizar a captura, certo? Bom, ela suspirou de leve (afinal, estava crente que seria uma luta mais interessante) e primeiro se abaixou perto da raposinha escurecida – retirou um dos frascos amarelados que comprara recentemente e esguichou de leve o líquido amarelado por seu corpo. A pequenina merecia, afinal, e também ainda pretendia passar mais um tempinho ali antes de abandonar o lugar... Não ousaria fazê-lo com os membros da noturna a desobedecendo aqui e ali, não é? (Usar 1 Paralyz Heal)

Feito isso, ela aproximou-se também do corpo do bípede caído. Pelo menos na captura, tinha quase certeza que ele daria trabalho. A ruiva não percebeu que, ao repousar a mochila na relva, o objeto deslizou com suavidade para deitar-se na grama e, visto que não estava fechada, uns certos formatos ovais rolaram com sutileza para se aninhar no esverdeado... Mas, uh, Zorua percebeu. E não avisou à garota, mas aproximou-se curiosamente daquelas coisinhas estranhas e cutucou-os com a pata. O que seriam...?

Voltando para a garota, esta focou-se em retirar umas certas esferas bicolores vazias do bolso. No total, foram três; Caso não utilizasse todas, era só guardar novamente, certo? De todo modo, ia por ordem; O primeiro objeto sem morador se impactou de leve na superfície esverdeada do animal caído e tentou uma oportunidade de tê-lo para si. Se este falhasse, outro já viria a seguir, huh?

Se tinha uma coisa que não esperava naquele momento, seria que mal teria tempo de se virar e respirar a captura recém-concluída antes de reparar na aproximação dos demais para com alguns formatos ovais que brilhavam com suavidade na relva macia. Por alguns segundos, a mais velha só pôde ficar confusa e franzir de leve as sobrancelhas. Foram questões de segundos e alguns brilhos extras antes que ela, enfim, pudesse ser capaz de perceber o que o evento ali significava – então não é surpresa no projeto de enfarte que a ruivinha sofreu, muito menos o projeto de voo imediato que ocorreu quando seu corpo se impulsionou na direção daqueles pequeninos que esperara o nascimento com tanta ânsia e medo de perdê-los ou qualquer outra coisa do tipo no caminho. Fora um balanço psicológico constante e, agora que finalmente teria a chance de vê-los nascer, não estaria ali do lado?! Mas nem pensar! Por meio de tropeços e passos em falso na grama, a garota acabou chegando ao meio do grupinho com um escorregão – felizmente, nenhum dano aos ovos. Infelizmente... Bom, não tinha essa parte. Ela poderia até ter sentido a dor de cair sentada em outra ocasião, porém, a adrenalina que se libertou em sua corrente sanguínea fora o suficiente para que pudesse ignorar um simples tombinho bobo. O coração estava apressado dentro do corpo e a respiração, num curto espaço de tempo, ficara ofegante. Mesmo com a correria, era inevitável perder os primeiros momentos da situação; então, restou-lhe lamentar quando o pequenino dragão esverdeado rompera a casca antes que fosse capaz de alcançá-lo.

No entanto, apesar deste pequeno deslize, não teve problemas em sentir o coração aquecido quando fitou aqueles curiosos orbes avermelhados – com suavidade, os dedos afagaram a pele do animal... E, bem, ela sentiu as pontadas de ciúmes quando o dragãozinho abraçou a garota ao lado; Nada comentou, entretanto. Permitiu o momento de carinho, já que ainda existiam dois pequeninos que ainda precisariam de atenção... E foi justamente no segundo que ela não pôde evitar um riso suave com os giros quase infindáveis do pequenino. Antes que intercedesse por ele, a raposinha noturna o fez por si, parando o animal esverdeado com uma de suas patas macias. A ruiva tomou a dianteira a partir daí... Porém, qual não foi sua surpresa ao apoiar as mãos no corpo diminuto? Era miúdo o suficiente para se apoiar em suas mãos, era relativamente leve e também tinha uma superfície agradável ao toque. Um sorriso já resumia tudo – aproximou o filhote do rosto e o fitou em silêncio, os orbes acinzentados expressando os sentimentos que palavra nenhuma seria capaz. O contato de seu corpo com os dedos também era algo engraçado e bom, por assim dizer; Sentia vontade de manter aquilo pra sempre, mas também não poderia mantê-lo nas mãos para o resto da vida... Infelizmente.

Até tentou dar atenção para Victória quando ela se aproximou, mas seu terceiro filhotinho recusou que isso acontecesse. Não só a criança; A própria ruiva se assustou com o “sumiço” da casca e o pinote de um pequeno raio (ou algo assim?) pra lá e pra cá, em movimentos frenéticos que seus olhos não podiam acompanhar, quase. Piscou algumas vezes e sacudiu de leve a cabeça, tentando acompanhar o animal e...

- Ei, Ei! Calma, meu bem! – Tsc. Quase morreu de vez com outra parada cardíaca quando o elétrico estacou instantaneamente na frente de seu rosto. Os olhos grandes e o sorriso simples foram o suficiente para um susto suave, mas que logo foi esquecido. Ela sorriu – instintivamente, a tentativa de um contato físico foi feita... Sem sucesso, claro. O divertido faiscante ia para lá e para cá e não parecia ser capaz de realmente tocá-lo... Não no momento, pelo menos. Se alguma hora poderia, aí já seria outra história.

Tinha uma leve ideia da espécie do esverdeado – o primeiro a nascer -, visto que fora um presente... Mas não tinha certeza em relação aos outros. Ou seja, apesar de querer realmente só curti-los naquele instante, acabou se inclinando um pouquinho para que pudesse alcançar a mochila e recuperar o eletrônico tão avermelhado quanto os olhos do pequenino com presas – silenciosamente, mirou a lente em cada um dos bichinhos e aguardou pelo menos o básico de suas informações. Afinal, tinha que começar por algum lugar – e não parecia sensato que simplesmente aceitasse que os ovos haviam chocado, pronto, morreu, acabou, guarda os bichos e volta a treinar a Zorua.

Nem pensar!

Até mesmo Zuby se aproximou bem mais do grupinho e, bem, pareceu bem mais interessado no pequeno Axew. As patas arroxeadas roçaram suavemente, quase medrosas, nas costas do dragãozinho e ele piscou algumas vezes, quase inconformado daquelas coisinhas redondas terem virado aqueles bichinhos legais.

...Aquilo nos braços da treinadora era de comer?

Como pensar não mata ninguém e não custava nada tentar, o espécime arroxeado se inclinou de leve para dar uma mordidinha naquela gelatina verde fofinha e... Não. Bem, a ruiva já enfrentara uma situação daquela com Swirlix (ou seja, já estava com um olho no recém-evoluído) e não pretendia permitir que Zuby aproximasse aquela boca de seu filhotinho. Não no momento, pelo menos – olhou repreensiva para o maior, que fechou a boca sem nem ter a chance de colocar algo dentro e encolheu os ombros, tristonho. Com um suspiro suave, ela afagou de leve a face do companheiro e prometeu compensar-lhe depois... Mas nem por isso soltou o esverdeado ou o deixou sob os cuidados do ...ex-roedor...? Afinal, vai que ele tentava uma dentada enquanto não estava olhando, não?

Anyway, foi só se distrair um pouquinho que seu dragãozinho e a raposa já estavam tentando ir embora. Ela piscou de leve e, por alguns momentinhos, ficou sem reação. No entanto, como não foram realmente muito longe, limitou-se em observar apenas; Não é de se estranhar a surpresa que teve quando a dupla voltou com dois oponentes idênticos aos anteriores (que tão rápido caíram nas mãos de Zorua) – muito menos quando o recém-nascido se posicionou para uma batalha. Pretendia treiná-los, mas também não esperava que seria tão rápido e muito menos que seria por “pedido” do animal.

Ela hesitou por alguns segundos e correu os olhos entre o quarteto – não soube como resolver aquilo por uns longos segundos, mas... Acabou sorrindo. Manteve o espécime gelatinoso entre os braços e riu quando o elétrico resolveu brincar de rodear Victória com movimentos rápidos e circulares. Talvez não estivesse tão interessado na batalha, visto que não era sua?

- A-Ahn... Er... Ok. Zorua, use um Leer e invista com Feint Attack no Electrike. Axew...? Uhn... Foque o Zigzagoon. Dois Scratchs. – Tentou, apesar de não ser um movimento tão complexo ou algo do tipo. E nem tentaria algo difícil, afinal, apesar de tudo, o pequeno acabara de nascer!

Mas, era problemático.
Não era como se tivesse um grande leque de movimentos... Então, né?