Capítulo IV - Um recomeço verde

Quando tinham lhe dito que havia uma floresta perto de Pertalbug, Laura mal fora capaz de conter sua alegria. Florestas eram um dos tipos de locais que a garota mais gostava de ir, principalmente pelo contato com a natureza que lhe era permitido nesses lugares. Não obstante, eram perfeitos para treinar Ace, que, por acaso, estava realmente com a necessidade de ficar mais forte.

Assim que pisou na grama que cobria praticamente toda a área próxima, Laura inspirou profundamente, aspirando os cheiros da floresta. O aroma era outra coisa que adorava nesses lugares. Adoraria se deixar levar pelo clima tranquilo dali, apenas divagando, como normalmente fazia, mas tinha objetivos a cumprir com seus companheiros. Caminhou, então, até um local perto e pegou as pokébolas dos seus pokémons, jogando-as no alto e libertando os mesmos. Todos estavam visivelmente curiosos sobre o lugar, afinal, nunca tinham visto o mesmo, mas sua atenção logo foi atraída para a ave de metal que se encontrava entre eles - Mankey era o único que não se mostrava surpreso, pois presenciara a captura.

— Certo! Pessoal, esse é o Skarmory que eu capturei na Rota 3! Como vocês podem perceber... Ele não está em condições muito boas. Ele estava viciado em uns produtos que corriam metal e por isso ele acabou assim. Mas agora ele é nosso companheiro, e por isso devemos ajudá-lo. Obviamente não vou usá-lo em batalhas agora, mas vou treiná-lo e fazer com ele volte a ser como era antes! Ah, isso me lembra que está na hora de te dar um nome! Hmmmmm.... Difícil... Ah, já sei! Vai ser Jellal! — o pokémon sorriu para a treinadora, feliz tanto com o nome quanto com a dedicação dela em querer que ele se recupere — Então.... Eu contarei com vocês para ajudarem na recuperação dele, ok? — os outros pokémons concordaram, virando para o novo amigo e cumprimentando-o — Ok, agora a outra coisa que preciso avisar.... Estamos em outra região! Eu deixei Kanto e vim para Hoenn, achei que seria uma boa recomeçar a nova vida do Skar... digo, Jellal, em outra região. — dito pokémon, emocionado com o gesto da garota, se aproximou dela e acariciou seu braço com o bico, um gesto de agradecimento e carinho — Hmm... Vou considerar isso um obrigado. De nada, Jellal! Agoraa, vou deixar só o Ace fora da pokébola, ok? Preciso treinar ele primeiro. Mas não se preocupem, vocês ainda terão o momento de vocês.

Mankey, obviamente, não gostou dessa ideia, mas mesmo assim concordou em voltar para dentro da pokébola. Já Jellal e Poseidon, em oposição ao lutador, atenderam prontamente o pedido da garota, que retornou-os para dentro da esfera bicolor em um raio de luz vermelha. Com os esclarecimentos feitos, Laura deu inicio a sua aventura pela Petalburg Woods, Ace seguindo-a, animado para treinar - ou seja, batalhar contra alguns pokémons selvagens e treinadores.
 

Laura havia se deparado com três trilhas distintas, o que era quase o suficiente para lhe fazer chorar: era bastante indecisa e sabia que demoraria para decidir em qual iria continuar andando. Cada uma parecia ter suas próprias vantagens, mas as que mais chamavam à atenção da treinadora eram a trilha do meio e a da direita, uma levava para o coração da floresta, o que significa mais chances de encontrar pokémons, e a outra levava para uma que parecia menos visitada, o que indicava que algo ali poderia estar afastando os treinadores. Um pokémon talvez?

Após algum tempo refletindo sobre as opções, Laura decidiu ir pela trilha mais silenciosa, sua curiosidade em descobrir o por que dela ser menos usada pelos treinadores motivando-a. — Vamos, Ace! Tenho um bom pressentimento! — o pokémon de fogo se animou com a fala da garota, confiando no instinto dela e a seguindo com alegria.
 

Ao ouvir a voz repentina vindo de um arbusto, Laura se assustou, olhando para o local de onde ela viera com um pouco de medo. Mas, ao perceber que era de uma pessoa, alguns segundos depois, seu medo foi substituído por curiosidade: o que será que a pessoa estava fazendo atrás de um arbusto? E quem seria Baku? "Eu devia ignorar, não é problema meu... Mas talvez a pessoa conheça essa floresta bem e possa até batalhar comigo... Mas eu não quero atrasar mais ela...", a garota pensou, sua indecisão novamente atacando. "Uhhhh... Tá, já sei!"

— Com licença! — falou em um tom alto, visando fazer com que a pessoa lhe ouvisse — Desculpe atrapalhar... Mas estou meio perdida na floresta, será que poderia me ajudar?

Laura sabia que era idiotice o que estava fazendo, não sabia quem estava no arbusto, podia ser alguém "do mal" e, além disso, pelo que ouvira, ela estava atrasada para encontrar com alguém, porém, queria acelerar logo as coisas. Se soubesse mais sobre a floresta, poderia até mesmo encontrar algum pokémon que quisesse capturar.

 

Laura ficou boquiaberta, olhando completamente confusa para o estranho ser que se encontrava do lado de Ace. Parecia um pokémon, mas isso não diminuiu a surpresa, afinal, nunca vira ou ouvira falar de um pokémon que falasse do mesmo jeito que os humanos (afinal, os pokémons pareciam ter uma espécie de língua própria).  

— Qu... Quem é você? Ou melhor, o que você é?— indagou a treinadora, tentando obter respostas — Espera... Como assim meu tempo está acabando?! Eu vou morrer??

A garota olhou assustada para o que lembrava um Buneary, aceitando aos poucos a situação em se encontrava, pois tinha medo de que sua vida dependesse disso. Já Ace, ao ouvir o que Laura havia falado, olhou do mesmo jeito para o talvez-pokémon, visivelmente preocupado com sua treinadora.

 

Laura começou a estalar seu dedos, uma mania que fazia sempre que estava nervosa ou se encontrava desconfortável numa situação. Se não tivesse tão distraída com o fato de que suas decisões iriam custar tanto sua vida quanto a de Ace, ela teria parado para aproveitar a neve que caia sobre ela - foram poucas as vezes que tivera a chance de presenciar um evento gelado como aquele -, mas, infelizmente, sua mente estava ocupada apenas com o peso que passava a carregar.

— Kikuri... Eu sei que você tem apenas que me guiar, mas se algo acontecer comigo... Tente ajudar os meus pokémons, ok? Eles não tem culpa de terem uma treinadora que se mete em coisas tão malucas assim. — falou com o pokémon, uma expressão de seriedade em seu rosto. Se arrependia de ter tomado aquele caminho: jamais colocaria a vida de seus companheiros em risco. Porém, a garota sabia que não havia mais volta, e, se tinha aprendido algo durante as várias leituras que havia feito na infância, era que não podia desistir tão facilmente.

— Certo... Vamos ver... — Laura olhou para os dois caminhos, o medo de cometer um erro rastejando até ela, sua respiração fria como a morte em seu pescoço. "Afinal, o que cada símbolo significa? Seria um caminho positivo, bom e outro negativo, ruim? Ou talvez signifique que um tem mais alguma coisa e outro significando que tem menos... UGHHHH, qual eu escolho?", pensou. — Quer saber? Vamos pelo caminho negativo! Seremos reis e rainhas das trevas!

Com essa fala sem lógica alguma, a treinadora seguiu pelo caminho da placa com "-", Ace acompanhando-a, ainda preocupado e não confiando mais tanto na capacidade de escolhas de Laura.