[Evento] Capitulo 7 - Fazendo um bico de ator

- Spartos, continue com esse ataque mais duas vezes, está funcionando. - Eu não tinha muitas opções para escolher, então decidi continuar com o que estava dando certo. Mas o que eu faria depois que essa batalha acabasse, eu não estava em posse dos meus pertences. Sendo assim, eu não tinha como curar Spartos, e nós provavelmente perderíamos a próxima batalha.

Eu dei uma rápida olhada para a plateia, e vi Nagisa sentado em uma das cadeiras do canto. No colo dele estava a minha mochila, que ele devia ter colocado no chão, já que era muito grande. - Droga... Devia ter ficado com algum item. - Eu pensava enquanto voltava a dar atenção a batalha.

- Isso não deve demorar muito mais. Nós vamos te derrotar, e você vai me levar até onde minha irmã está presa!

Ao fim, o guarda ordenou mais duas sequências de Bubbly enquanto Wallace ordenara dois Twisters. Ambos os golpes aliados (Dragon Rage e Twister) foram pioneiros, nocauteando o pokemon gramíneo sem que Charmeleon tomasse mais danos. A batalha fora custosa para a dupla, mas haviam ganhado; logo os dois tombados eram retirados de cena e o andarilho gritara para ele:
- AGORA DIGA ONDE ESTÁ GISELE - Ordenou - ONDE VOCÊS A PRENDEM? - Indagou, mostrando tanta raiva quanto deveria.

Claro que o guarda não dissera de primeira, desta forma, o andarilho mandou Milotic prendê-lo e ela assim o fez, fingindo apertá-lo; atuava muito bem. Ameaçou-o muitas vezes e fizera a cena, e o clima, ficar um tanto quanto pesado e, reparando que não dava para enrolar mais, o guarda soltou a língua alto, para plateia ouvir:
- As mulheres ficam presas no subsolo - Explicou o rapaz - Mas não pense que será fácil. Os guardas certamente ouviram esta gritaria toda.
- Oh não, vá na frente rapaz, cuidarei para que os guardas daqui não te incomodem! - Falou o ladino - Inclusive, meu nome é Wallace, espero que nos encontremos mais vezes.

Dito isso, o rapaz saiu de cena com um pulo, junto com o guarda e seu Milotic. Um holofote deu enfase a Allan, que estava parado bem ao meio do palco; só precisaria descer as escadas para chegar à sua irmã.

Finalmente havíamos vencido a batalha. O homem que me ajudava, logo mostrou sua raiva, questionando o guarda, sobre paradeiro de Gisele. O guarda não soltaria tão fácil a informação, ele apenas ficou calado. Depois de uma breve cena de tortura, o homem finalmente falou.

- Obrigado Wallace. Meu nome é Allan. Pode deixar que vou resgatar minha irmã sem mais problemas. - Eu bati continência e me virei para o outro lado.
- Spartos, vamos descer aquela escada.

Era obvio que não havia nada ali, mas eu fingi que havia uma escada à minha frente. E eu fingiria descer alguma a escada imaginária, para poder trocar o cenário. Spartos me seguia novamente, sem entender muito bem o que ele deveria fazer.

Spartos estava bastante exaurido, mas é como dizem; o show tem que continuar! Desceram as escadas imaginárias e o holofote fora se apagando, neste meio tempo de jogos de luzes fora colocado algumas correntes no chão do cenário e, ao iluminar tudo de novo, pode-se ver uma moça, ao chão, deitada, entre as correntes, sem movimento algum. Era Gisele? Bem, ninguém disse isto, talvez era dever de Allan descobrir. Wallace já havia saído de cena, junto com o guarda e todo o resto do cenário, restava apenas o protagonista e a donzela ao chão. Spartos estava tão perdido quanto cansado. Andara atrás de seu mestre esperando alguma dica do que fazer, mas nada viera por hora, então apenas observara a moça.

A plateia estava em silêncio, tão curiosa quanto os outros personagens para saber a decisão do garoto. Aquela seria ou não Gisele? O que está fazendo no chão gelado? O que são estas vestes que esboçam um vestido amarrotado, bege, rodado e longo? Bem, não sou eu que lhe dou as respostas aqui.

- Gisele? É você? - Eu perguntava sem certeza. O cenário havia mudado de novo, e agora uma moça estava deitada no chão à minha frente. Será que era a irmã que eu procurava? Eu não tinha como saber, se ela não me confirmasse.

Olhei ao redor, estava meio perdido, e Spartos também parecia se sentir como eu. Haviam correntes pelo chão ao redor dela, e ela não se mexia. "Será que está morta?" Pensei.

- Você está bem? - Dessa vez eu me aproximei, tentei ir o mais rápido possível, para parecer desesperado, mas tomando cuidado para evitar pisar nas correntes. Ao chegar perto dela, eu a pegaria em meus braços, para dramatizar a cena.

A moça nada dissera nem nada reagira; ou estava morta ou bastante inconsciente. A atriz não havia dado um tremelique sequer para ajudar Allan no seu papel. Não houve falas nem aparições especiais, a cena só continuara com a moça ao chão e Allan a observando. As luzes começaram a se apagar aos poucos e os dois holofotes ligados - um ao chão e outro no protagonista - estavam cada vez mais opacos, mas não iam se apagar.
O garoto correu e pegou a moça pelos braços; ainda nenhuma reação. Seu rosto estava surrado e seus braços marcados por chicotes grossos. Ela sofrera algo que ninguém no mundo merecia mas, para além disto, esta é Gisele mesmo?

Eu estava no meio de uma pegadinha ali. Não tinha como eu saber se aquela personagem era ou não a irmã que eu procurava. A moça deitada, não fazia um movimento sequer, para que eu pudesse ter alguma dica se era ou não quem eu esperava que ela fosse. Eu não tinha muita escolha, eu deveria continuar de alguma maneira.

O rosto dela estava bastante surrado, e por toda a parte descoberta do corpo, era possível ver marcas de chicote. A pouca luz que agora estava no palco, juntamente com a condição da moça, me deram uma ideia.

- Ei, acorde! - Eu tentava balança-la devagar. E deva leves tapinhas em seus ombros. - Você precisa me dizer o que aconteceu aqui. Seu rosto está todo desfigurado... Quem fez isso com você?

Eu esperava mesmo ter alguma resposta dessa vez. Eu olhei ao redor do palco, e nada parecia diferente. Spartos aguardava ao meu lado, com uma cara de tristeza. Ele parecia estar se emocionando com a encenação.

Para a felicidade - ou não - de Allan, a moça então abre os olhos e tose quatro a seis vezes; o máximo que conseguira atuar até enfim abrir a boca e dizer as poucas palavras que teve tempo:
- I-I-Irmão... - Começara, gaguejando um pouco e bem rouca - Você finalmente chegou - Animara um pouco, mas não muito.
Fora o tempo dela dizer tais palavras que passos eram ouvidos por trás da cortina, em pouco tempo um senhor muito bem vestido entrara na sala;
não era o rei, não era o príncipe e muito menos qualquer outro nobre, era o Warlord de Greenleaf! Isto mesmo; chefe de segurança eu diria, que não deixaria em hipótese alguma o protagonista ir a frente com a mocinha. Pegou nas mãos uma esfera e jogou-a a campo, revelando o próximo oponente do intruso, que já estava quase derrotado.

Finalmente eu recebia a resposta que esperava. Era ela, Gisele. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, uma outra figura entrou em cena. Sem dizer uma única palavra, o homem enviou seu pokémon. Só podia ser ele, o Warlord.

Eu continuei segurando a atriz em meus braços, e virei meu rosto para ele. - Gisele, não se preocupe, eu vou te tirar daqui. – Spartos já estava preparado para a última batalha, mesmo sabendo que nossa chance de vitória era bem baixa. - Duplo Ember! Vamos com tudo! - Era a única coisa que eu podia fazer no momento.

O Warlord então deu uma gargalhada forte e apontou para Allan sem piedade alguma, mostrando não só sua força como seu poder no palco; bradou em voz alta e lhe disse palavras sinceras e pesadas:
- Queres me vencer com isto??? - Indagou, ainda rindo - Acabe com ele com um só Aqua Tail.

As palavras do senhor fora como profesia; Serperior apenas levantou sua cauda e acertou em cheio Chameleon com um golpe super efetivo, que caiu no chão nocauteado. Todos na plateia suspiraram assustados; aquilo se tratava de uma tragédia então? Não esperavam por isso. Gisele, ao chão, precisava manter o papel; mantinha-se baqueada e mostrando-se confusa, sem nada entender.



Campo: Palco de Sootopolis. Espaço limitado e delicado.

Com o fim rápido da luta, o ator inimigo olhara para o protagonista e como quem já sabia de sua vitória, apontou o dedo e lhe disse com bastante rispidez:
- Você poderá viver com sua irmã agora - Avisou - No inferno!!! Serperior, sufoque essa escrava e faça o favor de fazê-lo na frente dele - Finalizou as ordens com uma gargalhada tão malvada quanto a primeira.