[EVENTO] - Desventuras do Reino de Fogo

O coringa ficara em silêncio por muito tempo, mas não era agora que iria fazê-lo. Ao fim da luta, Joul bradou seu improviso e, quando conseguiu enfim consertar sua gafe, os dedos do centro estalaram e a cena era pausada de novo, já introduzindo uma fala pertinente:
- O teatro poderia acabar aqui... - O coringa parou para coçar a cabeça - Porém se estão cercados por dentro do castelo, como derrotar Manny salvaria a vida do rei? - Indagou.

Bem, era certo - e óbvio - que não sairiam dali tão fácil. Joul não era capaz de lutar contra um exército inteiro de infiltrados, ainda que na vantagem de tipo; a batalha contra Manny não fora fácil, mesmo sendo única. Nada de fácil tinha isso e, graças ao príncipe mirim, criaram uma trama quase impossível de resolver.
- Enquanto sair da sala significa ser pego pela emboscada, ficar nela significava manter-se em cárcere. Há o que fazer? - Informou - É claro que pós uma vitória em guerra, provável que a maioria externa ao castelo erga a bandeira ígnea, mas a como contatá-los? - Perguntou, tando a plateia quanto aos atores.
- O príncipe está morto - Respondeu o diplomata - Onde está Hector? Nosso único refém útil fora embora e Manny agora é só um peso morto.
- Ele não é um peso morto, ele deve ter ao menos informações - disse a majestade - Agora só precisamos tirar isto dele.

Claro que o modo mais óbvio de se tirar informação de alguém na era feudal era por torturas e chantagens; mas aquela ainda era uma peça livre para todos os públicos, teriam que ser mais criativos; ninguém tinha uma ideia concreta de como prosseguir, menos o diplomata, que vinha ferrenhamente negociar um trato:
- Diga o que sabe e polpamos sua vida - Informou de modo clichê.
Tão clichê quanto a atitude do negociador fora a resposta de Manny, que revirou os olhos e cuspiu no chão, sinalizando resistência.

O ideia de Joul pareceu ótima porém nada mais era que um presente rechonchudo à Manny, que reluzira seus olhos na hora; ele aceitaria aquela proposta sem dúvida alguma, porém a majestade nem precisara falar nada para que seu incomodo fosse botado em jogo:
- Achas justo um traidor que ficara anos vivendo as custas do rei sair desta melhor do que entrara??? - Indagou o diplomata, logo passando a deixa para o filho do rei.
- Não achas que isto pode mover pessoas por ambições bobas? Imagine se isto ocorre de novo, temos que tirar informações dele, porém não podemos reforçar estes atos de blasfêmia - Disse a criança, que mais parecia um adulto bem informado.
- Além de que... - Começou a majestade, enfim replicando Joul - Não confiaria nele para dar-lhe um pedaço de minha terra e trabalhar com meu povo. Não confiaria nele nem ao menos para comer lama.

Ao fim disto a ideia de Joul parecia recusada, porém ainda havia Manny para dar uma tréplica à coisa, e usar na sua manga a carta mais importante que tinha; ou melhor, a única carta que tinha:
- Se seu filho não voltou ainda, sabes que a situação fora do castelo se encontra feia. Não estás dando um presente a um traidor. Está trocando sua vida pelo meu futuro. Vocês estão em uma posição tão ruim quanto eu; a diferença é que se me ajudarem posso salvar todos - Informou Manny - Além disso, não precisa confiar em mim; desejo apenas que me der dinheiro. Não quero trabalhar em tal governo corrupto e horrível. Pague-me e deixe-me vivo; o suficiente para viver como andarilho - tal proposta era já tentadora ao rei; ele era conhecido por sempre pagar suas dívidas! Por tratar-se de um caso tão delicado, ignorara as ofensas sobre o seu reino e deixou que Manny continuasse - Não trocaria minha lealdade pela minha vida, como o diplomata ofereceu, pois fazer isto só me faria ser morto no reino de Chrysalia. Não ficarei aqui sendo cuspido na rua também. Preciso manter-me longe desta guerra; só quero recursos para isto. Para manter-me vivo até quando precisar

Manny facilitara um pouco as coisas; o quanto era este dinheiro deveria ser resolvido após o salvamento, de acordo com suas consequências. Felizmente o rei era sensato ao ponto de permitir que tal ideia fosse cogitada sem que a morte de seu filho influenciasse em seu cognitivo. Ainda assim, ninguém disse nada; esperavam que Joul tivesse algo a acrescentar na negociação, fora o que mais acrescentou até então.

Manny ouviu a observação de Joul com bastante astúcia; não era de toda certeza que ganhariam do mais forte soldado de Chrysalia, porém a força de Joul e a vantagem de tipo era inegável; tinham vantagens muito boas para tratar do caso e poderiam as utilizar, mas isto não significava que esta seria uma batalha fácil.

- Vocês estão cercados; apenas sair só causará revolta e guerra, assim estarão em desvantagem - Informou o soldado - A única forma de desestruturalizar a estratégia deles é deslocando o Warlord até aqui e derrotando-o isoladamente. Não é difícil fazê-lo; direi que ganhei a batalha de Joul e o chamarei para a diplomacia; ele é responsável por decidir o castigo dos infiéis ao rei - Explicou o plano, bem simples por sinal - Bem, é isso, se me permitirem...

O plano fora exposto e, antes de responder a Manny, o rei e o diplomata discutiram um tempo sobre a possibilidade de fuga do prisioneiro; óbvio que podia haver uma traição ou uma fuga, mas poucas eram as chances de Manny sobreviver a segunda e, bem, se houvesse seguridade da força de Chrysalia, Hector já teria voltado com seus soldados; a fuga dele demonstrou medo, e deve ser assim que o reino inseto deve estar. Discutido isso, decidiram por aceitar o plano de Manny que, por mais que falho, era o único e o melhor que tinham.

As luzes então se apagaram e o holofote ficara apenas no traidor, que correra para um lado e para o outro, simulando uma troca de cômodo e, sozinho, gritou para plateia:
- Fora uma das vitórias mais ardorosas que tive, porém está tudo pronto meu rei, podes vir! - Clamo Manny - Eis aqui seu servo cumprindo o dever; o rei está a espera da justiça. Corte-lhe a cabeça! - Finalizou.
- Oh, parece que alguém aqui fizera seu trabalho - Bradou uma voz fina do fundo do palco - Vamos acabar logo com isso.

Ao fim da frase responsória, o tal Warlord apareceu em cena, quebrando toda e qualquer expectativa do público; não era um homem padrão lorde da guerra, não era forte, nem alto, muito menos com traços grosseiros, mas sim um oriental de olho extremamente puxado, lábios e narinas finas, cabelo baixinho, sobreposto de um chapéu esquisito e pele extremamente branca. Seu sobrepeso era aparente e seu modo de caminhar era no mínimo cômico. Se juntara ao holofote de Manny e juntos deram uma segunda volta pelo palco e, só então, a luz acendeu.

Agora com a luz acessa era possível ver apenas Joul na mesma posição, com seu Darumaka recém restaurado. Tanto a majestado, quanto seu diplomata, encontravam-se caídos no chão, simulando uma vitória de Manny, enquanto seu filho se encolhia num canto. O cenário estava caótico! A decoração ao chão, o tapete bagunçado e o fundo trêmido; enfim um cenário de guerra.

O warlord então se aproximou e gritou com sua voz aguda e bastante irritante:
- Sou Yoshimoto e vim trazê-lhes a oportunidade de submissão ao nosso reino, assim polparemos suas vidas - Afirmou - Com exceção do rei, que será dado como blasfemo independente de suas escolhas.

O homem demorara um pouco para entender a fala de Joul; ou melhor, ele entendeu? Bem, acho que não, sem explicação alguma achou que aquele era só mais um soldado resistente e aceitou o desafio com felicidade. Não entendera nem um pouco o que queria dizer, jogou um de seus pokemons em campo e esperou para ver no que daria, apenas disse simples palavras:
- Não sei o que tu chamas de cilada - Indagou - Mas se um mero soldado acredita ser possível ganhar de mim, devo assumir o papel de quebrar suas esperanças.

Ao fim de suas palavras uma esfera desceu, revelando o primeiro (ou terceiro, se preferir) oponente do protagonista. Nesta hora o coringa já se sentava ao canto do palco, não julgava necessário intervir.


A aranha amarela de Alola impressionara todos naquele teatro! O pokemon era completamente incomum naquele continente e ninguém ali havia visto algo como aquilo; com exceção de Joul, é claro, que havia passado por uma experiência um tanto quanto interessante com outra a pouco tempo atrás.

Vendo a audácia do jovem ator, o Warlord do reino de inseto clamou seus movimentos com teatralidade, porém não mais excêntrico que Manny, apenas ecoara sua voz fina por todas as paredes do local em um cantarolado bobo:
- Swaaaaaagger... e depois Waterfall - Instruiu ao pokemon

Fora com esta simples frase que a batalha final começou; Charizard bradou pelo palco limitado e iluminou todo o local. Não importava mais holofotes ou qualquer outra luz artificial, tinham consigo o poder do sol dentro do próprio evento! Isto claramente animou a plateia, que gritava de medo e euforia por ali. Era um pouco cômica a ideia de um confronto entre um grande dragão contra uma gigantesca aranha, ainda mais sob o pequenino palco de Sootopolis; ainda que possível e funcional, a peça se tornava uma espécie de ficção cientifica famosa, Alien vs Predador, Godzilla... Algo assim.

Agora com a forte luz no palco, o próximo movimento fora um grito escandaloso de Araquanid, que não só enfureceu Charizard como também toda a plateia; alguns ameaçaram ir embora se não fosse pelo cessar rápido do movimento, outros simplesmente foram. Agora Charizard estava mais forte, porém completamente confuso, o que não o impediu de juntar forças aéreas e golpear a aranha de modo super efetivo; dera um dano relativamente alto, porém nem se comparava com o que estava para vir; literalmente uma cachoeira inteira!

Para ilustrar o quão estranho estava o palco de Sootopolis, digo a vocês que toda a plateia que sentara ao menos nas cinco primeiras fileiras sentiu-se na obrigação de sair de lá. Os atores? Bem, nenhum mais se arriscara a ficar pelo palco. O rei estava já lá em baixo, sentado bem ao lado da escola primária Joaquim da Silva, que fizera um dia de passeio apenas para ver aquela peça. O diplomata, Manny e Hector estavam de pé, apoiados na parede, juntos da audiência que outrora estavam sentados na primeira fileira. O mini príncipe e seu irmão mais velho nem sequer podiam ser vistos; quiçá já foram embora.

O coringa era o único ao palco com os dois, e este estava posicionado estrategicamente atrás de Joul, gritando palavras inúteis como "vamos lá", "acaba com ele", "caralho isso ta muito doido" e sendo completamente ignorado. Enfim, este era o cenário quando Araquanid resolveu soltar a tal cachoeira que, teoricamente, era reduzida graças ao Sunny Day... O que Joul não contara era o Watter Bubbly da usuária, que tornava o golpe tão poderoso e quanto; como um banho de água fria. Deste jeito Charizard fora presenteado; com uma rajada de água sob sua cabeça, seguido de dois murros da pokemon inseto. Óbvio que Joul e o Coringa não sairiam dessa sem se molhar, o treinador principalmente! Agora o protagonista da história estava completamente molhado e com frio.


Campo: Palco teatral de Sootopolis City. Espaço limitado e sensível. Sunny Day (2/5)

Com uma risada bastante megalomaníaca, expressando bem os sentimentos de quem estava na vantagem, Yoshimoto tomou frente na peça e apontou para Charizard com sagacidade; quase menosprezando seu adversário:
- Duplo Waterfall, vamos acabar com ele logo! - Anunciou.