[Friend Safari Flying] Yuno-chan

Um degrau atrás do outro, subia com certa lentidão para aplacar o medo de Ditto, o problema era que dois metros após, o rosado parecia muito bem. Bem até demais, já que não parava de incitar desafios.
- Eu não vou dançar macareña. - segurou com firmeza a alça da mochila, olhando para o céu em busca de algo maneiro. A visão não estava clara e as nuvens condensadas inqueriam mais do que davam. 

- Di-di-Ditto. - exclama o pequenino.
- Se eu começar a dançar aqui no alto, você vai cair da mochila, se estabacar no chão e virar geléia. Não que você não seja uma, mas deu pra entender. - deu de ombros, fazendo a mochila se remexer e o rosado, por fim, entrar nela; mantendo apenas o "rosto" para fora. Segurou com firmeza o corrimão de madeira, sinceramente, deveria ter malhado mais os glúteos. Aquela subida era de matar, dude!

- Para de rir, coisa gorda. Vou te tacar daqui. - implicou com o Ditto que lamuriava-se. A escadaria não era das melhores, o pior mesmo veio após esta, a voz alta e repleta de gaguejos. O cara da administração não havia falado que era um treinador por vez? Que loucura.
E se encontrasse um monstrinho maneiro e a outra pessoa também o quisesse? Ia rolar tiro, porrada e bomba. Mergulhou a mão no bolso da calça, sentindo as outras esferas como sinal de confiança. Iria ter com quem estivesse batalhando, talvez a pessoa já estivesse indo embora e não complicaria a situação.

Ou seria melhor voltar pra plataforma e caguetar tudo? Perguntou ao Ditto, mas este estava mais concentrado em roubar os doces que já havia roubado da limousine. Tomando coragem, seguiu na direção das vozes.

Ali estava algo que não se vê todo dia, com tantas espécies no safari, havia se deparado com o Mc Gaguinho, até que ele tinha um ritmo maneiro. Ditto dentro da mochila, remexia-se seguindo o som do "Passim do Pikachu", como intitulou o rap. Possivelmente a ave escutou o treinador anterior na área artificial e o imitava agora.

Sacou a pokedéx do bolso, rubra e com um arranhão na parte de trás - feito pelo bico do Wingull. Apontou na diretriz do cantor, recebendo as informações básicas referentes a espécie.

- Um Chatot. É bem legal, né, Dio? - subiu mais alguns degraus, reparando na penugem azul, um tom forte. Parecia saudável e bem animado - já que não parava de mexer as asas -, mas não tinha grande interesse na espécie. Poderia até usufruir os dons de falar a língua humana do Chatot, realmente, seria algo legal de se trabalhar, um pokémon falante não é lá muito fácil de encontrar. A angústia bateu sobre os pensamentos de Yuno: o que faria?

Olhou para a árvore onde o azulado continuava a cantar, os olhos fechados e uma alegria nata que impulsionou a criadora a continuar andando. Não o capturaria, apesar de apreciar o show.

Ao chegar no cume, parou subitamente, colocando as mãos nos joelhos e tragando o ar como se estivesse se afogando poucos segundos após, precisava urgentemente ser menos sedentária. Se bem que estava acostumada a correr por aí, perigos eminentes sempre a espreita.

O por do sol fez tudo valer a pena. Ou quase tudo, ficaria no escuro, bro! Maravilha, estava num fucking penhasco, logo o breu tomaria conta e não possuía nenhum pokémon de fogo que pudesse iluminar o caminho, tudo bem que o Spinarak tem uma boa visão, mas bah. Um pequeno cleptomaniaco em meio a um monte de coisas diferentes.

Com um suspiro lânguido, Yuno colocou a palma aberta rente as sobrancelhas, diminuindo um pouco da incidência solar para poder observar melhor ao redor. E a caixinha estranha não passou despercebida, poderia muito bem mexer nela, estava sozinha. Mas a mãe lhe deu educação.

E o mundo lhe deu uma curiosidade exacerbada. Cutucou a caixa com a pontinha da unha, ouvindo os resmungos do Ditto que parecia tão curioso quanto, incitando a criadora a abrir e futricar. O bilhetinho não explicava muita coisa, conferindo um tipo de charada.

Deveria soprar um dos apitos para chamar um pokémon? Que complicação. Coçou a testa, remexendo no interior da caixa, sentindo a textura e vendo as cores destoantes. Soprar um só não faria mal, era o que esperava, escolheu um entre tantos, levando aos lábios gélidos. O ar saiu um tanto nasalado pelo esforço, a Onigawa guardou a caixa contendo os demais artefatos na mochila, o que meio que apertou o Ditto folgado.
- Tudo bem, melhor continuarmos antes que escureça de vez.