n.2 Snake Oil

Johan teve que rir de prazer após notar como o tecer do destino pode ser ocioso. Os eventos ocorreram da pior maneira que Johan poderia ter tentado previsto. Pelo que parecia, o tiro havia saído pela culatra, e acabou que Kecleon resolveu aproveitar a chance e atacar Scizor com um movimento coringa. Foi um baque forte para Scizor, que utilizou suas rubras garras metálicas para infligir o golpe "quase-misericordioso". Acabou que não o finalizou, somente o fez com que ficasse próximo a dar o último suspiro. No fim, o que realmente o matou fora a corrosão que lhe percorria o corpo. O veneno de Gastly foi mais do que o suficiente para fazer com que o organismo de Kecleon viesse à óbito. Scizor retornou, indiferente, era somente mais um selvagem. Não havia real desafio naquele cotidiano de sobrevivência. Johan teve de rir. Havia subestimado a força de alguns selvagens. Os instintos primordiais parecem ser os mais resilientes.

Adensando à selva, Johan finalmente chegava à vista das portas, mas foi interrompido por uma peculiar espécie que nunca havia entrado em contato. A PokéDex em seu bolso revelava as informações sobre o, até então, desconhecido. Spinda, Pokémon peculiar, cada qual com diferentes manchas no corpo. Será que elas seriam visíveis se fossem petrificados para venda? De qualquer maneira, o dançarino não parecia vacilar. Johan suspirou. Não havia muito o que fazer. Quem sabe o que haveria atrás da próxima porta? Não demorou para pegar sua Great Ball e lançar Scizor, o Triunfo Escarlate. Mesmo injuriada das batalhas passadas, ela não vacilava, seu brilho intenso ainda era bem visível. Johan, não demorando, já começou a lançar suas ordens.

— Scizor, ao combate! Comece com um Focus Energy e prossiga com um Metal Claw — Ordenava Johan, aguardando o que fosse feito.

O treinador, adotando uma postura mais límpida e fria de seu ser, esperava. O que poderia reservar essa batalha?

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O combate se transcorria normalmente. Scizor já estava bastante fadigada, era verdade, embora ainda se mantivesse como um monumento, uma soldada inabalável. Em continuidade, conseguiu infligir algum dano contra o corpo colorido de sua oponente, mas em troca, recebeu o famigerado golpe misericordioso. Spinda, com uma sacudida de braço, desferiu um soco na mandíbula da soldada escarlate. O ecoar de um oco era ouvido no campo de batalha, a selva floresta que não parecia dar aberturas. Scizor jazia ali, em meio ao campo, inconsciente. Caiu por terra. Spinda continuava sua dança maluca pelo campo, esperando pelo próximo desafio.

Johan fez alguns segundos de silêncio em respeito à Scizor e então retornou-a para sua Great Ball. Olhou para Spinda, tropeçando em seus próprios pés. Sua aparência, sua postura, sua existência, eram peculiares. Suspirando, Johan acabou por levantar as mãos na altura da cabeça. Aquela era sua punição, por ter subestimado o Pokémon anterior. Johan fez sinal para Spinda como se estivesse pedindo por calma, representando a maneira como se rendia à batalha. Por mais que olhasse por todas as opções, não via maneiras de derrotar aquela Spinda. E não era pelo fato de Scizor ter se derrotado. Era pelo fato de que ele reconhecia sua resiliência e o seu tempo de vida, não era uma selvagem fraca. Era melhor render-se naquele momento do que levar todos os seus Pokémon em direção à humilhação, e ele sabia disso pois praticar o ato de humilhar.

— Não tenho mais nada para tratar aqui, acabei por perder no Battle Pike. Solicito minha saída. — Dizia Johan, em alto e bom tom.

Observava Spinda e seus passos tortos e desconexos uns dos outros. Spinda continuaria a dançar ou resolveria atacar Johan? Ele, contudo, apesar de ter se rendido à batalha, não iria recuar fisicamente caso Spinda resolvesse atacar o seu corpo. Faria qualquer coisa que fosse necessário caso a mesma tentasse saltar sobre si. Se a mesma não o fizesse, Johan simplesmente não faria nada, e esperaria alguma deixa para sair de cena. Havia reconhecido que não vencera o Battle Pike. Reconhecia também que ainda não era tão forte. Precisava crescer mais. O Battle Pike foi um ótimo instrumento para pesquisar até onde os seus próprios Pokémon conseguiam atingir. Os resultados... interessantes.

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Era isso. O fim do desafio. Foi bom enquanto durou, mas o Battle Pike já se tornava um marco, e não uma realidade do presente de Johan. Ao ouvir a voz estática e esperar o silêncio se quebrar, seguiu as instruções e passou pela porta. Havia perdido para um mero Pokémon selvagem. Era plausível. Quando era um poderoso treinador, não havia tido alguma dificuldade em passar por desafios naturais. Seus Pokémon já eram naturalmente fortes, pelas fontes com as quais havia conseguido. Estes, estavam com Johan desde o seu novo início. O novo início... que interessante, não? O Imperador do Inferno jogou tudo fora após enlouquecer, e, acreditando estar no pedestal, não suportou o seu próprio peso. Era bom. Interessante. Realmente, aquelas novas experiências faziam com que ele começasse a realmente crescer, para se tornar um real imperador. Não passava de um posante para aqueles que viviam no submundo, junto dele. Havia conseguido tudo com contatos...

Sim. Foi realmente por isso que havia criado um novo início. Havia entendido o porque de ter sido derrotado várias e várias vezes. Não conseguira tudo com o seu próprio sangue, seu próprio suor, e seus próprios culhões. Era ali que o real jogo existia. O Battle Pike? Ele mal se importava em não ter conseguido chegar até o fim. Não era importante. A competição não passara de uma pesquisa para ver a capacidade de seus Pokémon. Os resultados haviam sido... satisfatórios. Os de Scizor, principalmente. Gastly e Tentacool não ficaram para trás. Somente o patético Magnemite é que não vai conseguir passar pela famosa seleção natural. Aproximando-se da moça que distribuía os prêmios, via os dois únicos itens que o seu único Battle Point poderia arrecadar.

— Essa Great Ball está de bom tamanho. — Diria Johan, esperando o seu prêmio e ignorando a atendente. em seguida.

Agora, precisava utilizar o resultado de suas pesquisas, de sua experiência. A próxima parada seria logo onde o próximo navio o deixasse. Não se importava muito onde seria. Sem um pingo de hesitação, subiria ao navio, partindo para o próximo destino.

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