- Ora, veja! Alguém aqui ainda tem coragem para falar... Vejamos até quando. - Dissera o rapaz, rapidamente levando suas mãos até sua mochila, sem sequer abaixar seus olhos a ele, vez que os mesmos encontravam-se focados diretamente sofre a figura do homem. Surpreendentemente o jovem retirara quase que instantaneamente de sua mochila os itens que buscava; claramente o tempo que gastara supostamente procurando por sua caneta fora o suficiente para aprontar aquilo que iria necessitar. Os itens retirados foram: Um pedaço de tecido qualquer, razoavelmente cumprido, e um punhado de abraçadeiras de Nylon. - Segure as mãos dele, Pangoro. - Dissera o rapaz, enquanto já preparava o tecido para silenciá-lo. Uma vez que o grande urso já o tivera em segurança, Lysander iria então amarrar o tecido ao redor da cabeça do homem, dificultando assim sua fala, silenciando-o. No momento seguinte, utilizara algumas das abraçadeiras para deixar as mãos do homem para trás e imobilizadas. - Super versátil, estas coisinhas. - Brincara o rapaz. Ora... Sempre julgou serem aquelas abraçadeiras de grande utilidade, mas jamais pensara em usá-las para tal utilidade antes daquele momento, e definitivamente serviriam bem a seu propósito, vez que usara diversas dela, apenas para garantia.

No momento seguinte, Lysander apontou para o centro da sala, onde Pangoro o deixaria. Aproximou-se do homem com um largo e sórdido sorriso em sua face. Aproximou-se o suficiente para quase encostar a lâmina de seu canivete em seu pescoço. - Ora! De que adiantaria seu pescoço rasgado? Eu apenas disse que o faria caso não cooperasse... E realmente o farei... Mas não por agora. - E ao fim de sua frase, levantou um pouco o canivete, e com um rápido movimento de seu punho, tratou de realizar um corte na bochecha do homem. Não se tratava de um corte profundo, apenas o suficiente para provar que não estava brincando. - Opa!! Perdão! Foi sem querer... Acho que apenas me deixei levar pelo seu "Não fale... Faça!"... Quem sabe o próximo alvo não seja um dedo... Ou talvez algo pequenino mais ao sul. - Continuou ele, com um sorriso maligno em sua face, apontando para as partes baixas do homem. Contudo, logo tratou de erguer-se e desmanchar seu sorriso. - Temos de sair o quanto antes daqui... - Pronunciou ele para Pangoro, dando uma última vistoria no cômodo, apenas para verificar se havia algo que estava se esquecendo. Eis que o rapaz enfim notou que o pequenino Meltan havia escapado de sua armadilha e agora parecia rumar até um canto da sala, evidentemente acuado mas ao mesmo tempo preparado para uma batalha. - Cuide deste traste, Pangoro. Eu irei ajudar Meltan.- Sendo assim, Lysander logo tratou de caminhar suavemente até sua direção.

- Oh, pequenino... - Pronunciara ele em um tom preocupado e afetuoso. - Estou aqui para lhe proteger e resgatar, prometo. - continuava ele a dar passos lentos e suaves para não acuá-lo ainda mais. - Não se preocupe, não sou o vilão desta história... Este homem... Ele é mal... Por causa dele e de seus parceiros uma criança inocente fora assassinada... - Seu tom de voz parecia cada vez mais emotivo, como se compartilhar aqueles sentimentos para a criaturinha realmente lhe estivesse fazendo bem. - Uma criança inocente que salvou a minha vida... É por isso que vim até aqui... Corrigir a tudo que foi feito e acabar com este lugar. - Continuava ele, uma única e discreta lágrima a escorrer por sua face, quase que oculta à pouca iluminação que se fazia presente naquele ambiente estranho. - E veja o que ele fez com você... Aprisioná-lo assim... Isso é muito errado... - Seus olhos observavam-no atentamente a cada palavra que era dita. - Venha comigo... Irei protegê-lo, a todo custo, até que volte à liberdade, eu lhe prometo que farei o possível para isso. - E ao fim de sua fala, abriu seus braços, de forma a recepcioná-lo, como se o convidasse para vir consigo.

Uma vez que tenha conquistado a confiança do pequenino, Lysander tinha então de dar início à sua fuga... Claramente Pangoro teria participação ativa em tudo, afinal, ele quem teria de abrir passagens, nem que fosse tendo de destruir paredes de concreto. E o homem proprietário daquele lugar também viria consigo, nem que tivesse de carregá-lo em suas próprias costas... Não planejava matá-lo... Mas entregá-lo à polícia, isso certamente ele faria com suas próprias mãos. Havia jurado vingança, e havia de concretizá-la. Além disso, não ousaria deixar Meltan para trás também, e caso após seu discurso falhasse, teria de planejar outra coisa para tirá-lo daquele lugar.

Lysander compreendia perfeitamente o que o pequenino Meltan parecia sentir diante da situação... Estava entre dois estranhos, estranhos estes que lhe pareciam perigosos, afinal, um o prendera naquele lugar, e o outro, Lyander, estava a prender o primeiro e ainda a ameaçá-lo. Pois é, não parecia ser uma escolha fácil de ser feita, mas ao final ele optara por render-se às palavras de Lys, mesmo que um tanto relutante, pois talvez chegara à conclusão que não tinha outra escolha que poderia ser melhor que aquela, mesmo que tudo pudesse dar errado. - Irei fazer o possível para ajudá-lo. - Sussurrara o jovem rapaz, enquanto pegava o pequenino em seus braços, uma tarefa ligeiramente complexa diante ao corpo aparentemente líquido de Meltan. - E... Bem... Me desculpe... - Continuara o jovem, um tanto abatido, sentindo um enorme peso em seus ombros ante a tudo que estava a ocorrer.

Eis que, Lysander levantou-se e caminhou até Romero, agora com o Meltan em seus braços. - Alias... Me juntar a vocês? - Repetira o rapaz ao homem, um olhar duvidoso e ao mesmo tempo abatido estampado em sua face. - Acho que você ainda não entendeu... - Continuara ele, passando Meltan para seu braço direito, deixando assim o braço direito livre para levantar seu canivete e apontá-lo ao homem. - Jamais me juntaria à pessoas como você... Pessoas que matam crianças inocentes... Isso é imperdoável! - Falava o jovem, em um tom de fúria e ressentimento enquanto continuava a apontar a arma branca ao homem, desta vez, contudo, sua mão parecia trêmula, como se lembrar-se da jovem garota assassinada ainda o torturasse. - Eu tenho é NOJO de você...

Eis que, em meio à sua fala, o jovem pudera ouvir estalos vindo de fora, estalos muito semelhante a tiros, o mesmo som que a algumas horas atrás passara pelos ouvidos de Lysander, que ainda podia sentir o zumbido bem ao fundo, ainda mais agora que sua mente reconhecera o som de tiros. Imediatamente o aprendiz pôs-se a ficar ereto e levantou seu olhar a Pangoro. - Temos de sair daqui. Agora. - Dissera ele concluindo que não tinham mais tempo para perder. Com um rápido gesto, o jovem rapaz acenara ao homem imobilizado e então Pangoro logo compreendera. O grande urso o agarrara com suas duas mãos, e após brincar com ele por alguns segundos, jogando-o ao ar, o colocou em seu ombro, e pôs-se a segurá-lo com uma de suas grandes mãos. - Bote fogo nesse lugar com seu FIRE PUNCH, vá, Pangoro! - E com a mão livre, bastou que Bacchus tocasse nos restos da mesa anteriormente quebrada para que logo ela fosse tomada por chamas, pondo-se a arder como uma grande fogueira. Tocou ainda em alguns outros cômodos para que as chamas aumentassem ainda mais rápido. O grande urso divertia-se com a missão que lhe fora dada.

E seria agora que a verdadeira ação se daria início...

Uma repentina empolgação, muito provavelmente pela adrenalina sendo liberada por todo seu corpo, tomava conta de Lysander. - Vá na frente, Bacchus. E caso pressinta qualquer tipo de ameaça, não hesite em usar seu PROTECT. E não se esqueça... Quebre tudo o que ver pela frente! - Sorrira o jovem ao final para o grande urso, que em sua parcial inocência achara engraçada a ideia de poder sair quebrando a tudo que encontrasse em seu caminho. É... Quais obstáculos o jovem rapaz encontraria em seu caminho? Mantinha-se o mais próximo possível de Pangoro para ser envolto de seu Protect caso o momento demandasse seu uso.

Agora sim, Lysander estava encrencado... Havia avançado diretamente ao local em que mais se encontravam os capangas do homem que mantinha prisioneiro, o que por si só já era motivo o suficiente para que fosse baleado por todos eles. Em verdade, uma das balas já o atingira, manchando parte da manga de sua camisa. Contudo, aquele ferimento não parecia de grande importância ao jovem, vez que, por haver ainda uma grande quantidade de Adrenalina a percorrer todo seu o corpo, Lysander praticamente ignorara o ferimento por hora, apesar de estar ciente que aquilo demandaria algum tipo de cuidado em breve, mesmo que emergencial. No entanto, mesmo que o ferimento atual não lhe causasse tanta dor, sabia que se permanecesse naquele lugar por muito mais tempo, seria ridiculamente atingido por no mínimo umas 15 balas... E cá entre nós, o aprendiz não estava disposto a permiti-lo.

Imediatamente, com um rápido pensamento, levou sua mão até o interior de sua pasta. Segundos depois, com um rápido gesto apressado jogou a Pokéball a frente, ao mesmo tempo em que já bradava. - MARTE, HAZE! - Sua voz ecoara em seus ouvidos, a ignorar o som de todas as balas que já haviam sido disparadas contra si até o momento. E ao fim de sua fala, a esfera liberara um forte brilho rubro que, sentindo a emergência do tom de voz de seu treinador, rapidamente tomara a forma de seu corvo, Honchkrow. A ave abrira suas grandes asas e rapidamente examinara o ambiente. Os comandos à ave já haviam sido dados, e ela sabia perfeitamente o que tinha de fazer, e fazer bem, sem resmungar. Desta forma, ligeiramente abriu seu bico, tendo seu corpo envolto em uma aura negra, e dali uma forte neblina densa e escura começaria a ser liberada ao local, utilizando-se de suas grandes asas para ajudar a espalhar a cortina de fumaça. O que o jovem planejara com aquilo? Claramente seu objetivo era ocultar sua real localização, dificultando ataque exterior.

Contudo, isso não parecia bastar... Sim, talvez lhe renderia alguns segundos, mas tinha de agir. Tinha de sair dali, e com isto em mente, disse a seus parceiros. - Corram em frente, para a saída. Marte, mantenha o Haze! Bacchus, levante o Protect e abra o caminho para a rua, nem que tenha de destruir a porta! - E com um tapa nas costas do grande urso, este sabia que era esta a deixa para que iniciasse seus comandos. - AGORA! - Bradaria ele, uma vez mais a adrenalina sendo descarregada em suas correntes sanguíneas enquanto suas pernas começavam a levá-lo na direção da saída. Aquela seria sua única saída... Vez que também não tinha para onde recuar, vez que havia botado fogo na sala em que estivera a instantes atrás... Péssima ideia, Lysander...

Quanto pudera perceber, Lysander já havia sido agarrado por aquelas misteriosas mãos e lançado contra uma parede de caixas. Tudo acontecera tão rapidamente que tivera tempo suficiente apenas para apertar o abraço dado em Meltan para que ele não escapasse de si. Eis que, caído sobre as caixas, que por um lance de sorte amorteceram, Lysander ainda pudera sentir a dor de seu braço baleado ao entrar em contato com as caixas. Mas ainda assim, o jovem rapaz ainda tinha mais coisas com o que se preocupar fora aquele braço ferido... Apesar da cortina de fumaça dificultar o campo de visão de muitos, havia uma espécie em particular que parecia mais que apta a rastrear seu alvo em meio aquele ambiente: Golbat. O som de suas ágeis asas e de seus estralidos próprios pareciam cercar Lysander, que por si só também tivera sua visão afetada pela cortina de fumaça.

- Droga! O que fazer... O que fazer? - Pensava o jovem consigo mesmo enquanto tratava de continuar mantendo o pequenino Meltan bem preso a seucorpo. Honchkrow não poderia parar com seu Haze, não se o jovem pretendesse sair daquele lugar sem ser alvejado por dezenas de balas... E sem conseguir ver quem seria o dono das misteriosas mãos, Pangoro também não poderia reagir adequadamente. Pois é... Onde quer que Lysander olhasse, o risco e o caos ali se encontrava... Mãos, Golbats, Armas, Sevipers... Todos prontos para, aparentemente, tirar-lhe a vida. A mais íntima vontade de Lysander naquele exato momento era render-se às lágrimas que umedeciam seus olhos, contudo, ainda assim não poderia deixar-se a sucumbir por tal vontade. Afinal, seus parceiros também estavam em risco, e fora Lys que os colocara nesta situação, além de que tudo aquilo ainda tratava-se da vingança de Lys por conta do assassinato de sua protetora.

- MARTE, MANTENHA-SE O HAZE! - Fora seu rápido e direto comando a Honchkrow. - PANGORO, AGARRE ESTAS MÃOS E DERRUBE-O COM UMA DESCARGA ELÉTRICA DE THUNDER PUNCH! - Terminara o jovem, ironicamente não liberando nenhum comando para que o livrassem daqueles Golbats. Apenas julgara que cada um deles tinham tarefas mais importantes a fazer do que vir a seu resgate. Tinha de manter-se firme e dar conta daquilo sozinho. Quer dizer... Em parte. - CLOYSTER! SUPERSONIC! - E de sua mochila, um lampejo avermelhado imediatamente surgira, atingindo o chão em sua frente e rapidamente tomando a forma de sua grande concha azulada. A concha então se abrira, revelando assim o sorriso travesso de seu núcleo negro, que imediatamente iniciara a execução de seu movimento, liberando ondas supersônicas. Seu plano era simples... As ondas sonoras iriam confundir a geolocalização dos Golbats, assim possibilitando a fuga de Lysander, para o local em que se encontravam seus demais parceiros. Uma vez longe o bastante dos Golbats, retornaria Cloyster para sua esfera.

Quanto a seus demais parceiros, Lysander tinha apenas de esperar para que seus comandos fossem bem executados. Honchkrow tinha de manter aquela cortina de fumaça pelo maior tempo possível, afinal, sua vida dependia disso. Enquanto a Pangoro, esperava que, como lá no beco o fizera, o grande urso emparelhasse com a criatura, seja qual ela fosse, e quando no embate corporal, liberasse uma forte corrente elétrica sobre o monstro com seu Thunder Punch.

Apesar da chegada de todos aqueles agentes da lei, a situação de Lysander continuava a ser de legítimo perigo. Porém, desta vez, o cenário era muito menos complexo que a instantes, vez que, ao menos agora não haveria mais daqueles capangas armados a lhe apresentar perigo. Desta vez seu único perigo estava bem diante de seus olhos, e não estava nem um pouco disposto a permitir que de seu campo de visão eles saíssem. Contudo, além disso, o jovem aprendiz parecia enfim   sentir a dor de seu braço retornar, tanto que uma expressão de dor e agonia parecia enfim surgir em sua face. Aproveitara ainda para passar a segurar o pequenino Meltan apenas com seu braço direito, vez que considerou melhor deixar de carregar peso com seu braço esquerdo, onde se encontrava o ferimento. - Você está bem, Meltan? Eu disse que iria lhe proteger...- Prosseguia o jovem, liberando por um breve instante um fino sorriso em sua face ao pequenino.

- Bobalhão, é? - Retrucava o jovem rapaz àquele homem estranho. Sua face, de tempos se contorcia em uma careta de dor, mas nada semelhante à dor que Romero parecia sentir em sua perna, afinal, a bala atingira Lysander apenas de raspão, enquanto no líder dos bandidos, o tiro fora certeiro. - Pobre coitado... - Continuava ele, a olhar com desprezo para aquela criatura horrenda que se colocava à sua frente. Sua mão livre movia-se para o interior de sua mochila, de onde logo surgira um lampejo avermelhado que imediatamente tomara forma de Grovyle. Rapidamente o rapaz puxara a Expert Belt do monstrinho e a entregara a Honchkrow, de quem o rapaz então retirara seus Black Glasses. - Escute aqui, sua criatura horrenda... - Continuava ele, ainda a conversar com aquele homem distorcido. - Se é do lado dele que você pretende ficar, eu lhe desejo boa sorte! Vai precisar! - Terminou ele, liberando um sorriso sarcástico que logo desaparecia, fazendo surgir uma pequena pontada de dor.

- Honchkrow, duplo WING ATTACK em Machoke! Use de sua velocidade superior para derrotá-lo! - Bradara o rapaz à ave, que imediatamente liberara um forte e agudo grito que ecoara por todo o salão; naturalmente, Honchkrow estava animado para enfim entrar em uma batalha. Em meio a seu grito, a ave abrira suas imponentes asas, de forma que estas foram imediatamente tomadas por uma intensa aura branca que logo tomara conta de toda a extensão de sua asa, reforçando-a. No momento seguinte, a ave logo partira ao ataque. - Pangoro, Grovyle... Fiquem alerta. - O rapaz terminava por indicar a seus outros dois parceiros para que recuassem e mantivessem proximidade a si. Indicava ainda o homem à sua frente, como se claramente entendesse que o homem parecia apresentar maior perigo que o próprio Machoke. Uma vez que os dois se encontrassem a seu lado, o rapaz então lhes sussurraria:

- Caso ele venha até nós, não hesitem. Revidem. - Enquanto lidaria com aquela criatura, Lysander deixava a tarefa de imobilizar e apreender os demais capangas, bem como o próprio Romero, com a polícia. Apenas para caso de segurança, Lysander sacara uma vez mais seu canivete, mesmo que bem ele soubesse que, caso entrasse em uma luta corporal com aquela criatura, o canivete não lhe seria de grande ajuda. - Se tentar qualquer coisa, saiba que estamos preparados... E olhe a todos estes policiais...