Estava distraída interagindo com a pequena raposa, principalmente rindo de seus desjeitos enquanto corria e tropeçava em alguns galhos no caminho. Era bom ver e sentir toda essa ternura e leveza que o Pokémon me trazia, principalmente após dias conturbados como os que antecederam o de hoje. Sentada no chão, fitei o céu por alguns segundos, lembrando de um tempo em que meu coração também era assim. Não antes do assassinato da minha família — já que eu possuía a pureza de qualquer criança — mas após. Um período da minha vida que achei que tinha alguém, alguém que poderia aliviar a dor tão pesada que carregava comigo com um dos maiores presentes que se pode ter: a verdadeira amizade.
Ou ao menos eu achei que fosse.
Fechei os olhos, aproveitando a leve brisa que dançava entre minhas loiras madeixas, deixando escapar um leve sorriso ao me lembrar das diversas tardes em que nós duas corríamos pela praia em Olivine City durante nossa adolescência. Sem mencionar quando contávamos nossos sonhos e devaneávamos nas areias à luz da lua, imaginando que exploraríamos o mundo inteiro juntas quando finalmente saíssemos daquela cidade. De Kanto até Alola até o infinito. Uma ao lado da outra.
Sempre.Tsc.
Foi a segunda vez que percebi que essa palavra não existe na minha vida.
Engoli seco, com o sorriso que enfeitava meu rosto desaparecendo completamente, já que como tudo que orbita minha existência, nada possui um final feliz. Lembro-me vividamente do último dia que a vi: estávamos sentadas sobre as rochas que introduzem Olivine City à rota 40, a maré estava alta e um pouco revoltada, com algumas ondas que quebravam à distância e atingiam nossos pés, como se a água já soubesse a dor que estava prestes a me atingir e tentasse me confortar. Nos despedimos como de costume e a garota nunca mais apareceu.
Mais uma vez eu perdia alguém repentinamente. Mais uma vez eu perdia alguém sem poder me despedir. Minha melhor amiga... Natalie. Não sei se ela sumiu, se morreu, nada. A casa dela estava vazia, com tudo fechado. Neguei por muito tempo a mim mesma, mas a realidade era que ela simplesmente havia ido embora. Diferente da minha família, ela havia escolhido sequer se despedir.
Balancei a cabeça algumas vezes, já que sempre que tendo a pensar sobre isso me aborreço. Respirei fundo, somente para tomar um susto com Daisuke, que chegava sorrateiramente.
— Que susto, homem! — abri os olhos, colocando a mão direita sobre o coração que palpitava, mas logo ficando estática por alguns segundos após ouvir o nome que o moreno pronunciava
— Ha... O-Obrigada. — minha voz falhou e meu estômago se revirou por inteiro, como se tivesse ido quarenta vezes seguidas em uma montanha russa
— Aceito uma revanche, mas... — antes que pudesse completar, percebo o ovo ao meu lado começando a chocar
— Arceus do céu, o Woobat vai nascer! — olhei empolgada para o rapaz de olhos esverdeados, levantando imediatamente e segurando seu braço enquanto contemplava a vida nascendo.
O morceguinho psíquico finalmente saía de sua incubadora natural e não poderia estar mais feliz! Assim que chocou e ficou um pouco desnorteado por conta da iluminação, peguei-o no colo, lhe dando o primeiro abraço de sua vida.
— Olá, amiguinha. — sorri
— Eu sou Karinna, sua treinadora e também parte da sua família! — apontei para meus psíquicos
— Esses são Sushi, Mochi e Manju, seus irmãos e irmã. — apontei para os monstrinhos de Daisuke
— Aqueles são seus... tios? — ri, voltando atenção agora para o rapaz
— E esse é o Daisuke, o anjo que me deu você. — sorri agradecida, com os olhos lacrimejando
— Obrigada. — limpei as lágrimas com a mão direita
— Quanto a revanche da revanche, eu aceito! — olhei mais uma vez para Woobat
— Seu nome será Nigiri!Rin, pode colocar, por favor, o nome da Manju (Eevee) e da Nigiri (Woobat)? Obg <3