004 - Lucky Choice

lucky choice

A preocupação de Cyord era compreensível, ele estava a ponto de simplesmente perder dois Pokémon por motivo algum, já que o fogo poderia queimar seu Lombre e seu Pikachu poderia já ter sido sequestrado; contudo, situações desesperadoras pedem medidas desesperadas, e nisso ele se apoiou. Gritou para que alguém viesse ajuda-lo, e apesar de não ter uma resposta imediata, estava crente que poderia ter a floresta salva se clamasse por socorro; era realmente uma atitude um tanto... covarde, mas a esse ponto o moreno sequer pensava nisso visto a dificuldade que teria para afagar as chamas por contra própria. Respirando fundo e retornando seu monstrinho para a devida pokébola, finalmente distanciou-se do tronco ardente para ir atrás de seu roedor.

O ato do garoto no momento seguinte ainda fora bem afobado, ele gritaria pelo nome de seu amarelado e isso poderia revelar sua posição para os inimigos caso eles desejassem encontra-lo; era de uma fato uma situação nada tranquila, mas ele daria seu jeito. Outro grito veio e a grama alta ao seu lado direito pareceu se mexer, de lá (e depois de um tempo) um pequeno som pôde ser ouvido e em pouco tempo o elétrico aparecia com uma expressão de confusão. Ele não sabia exatamente o porquê do desespero provindo de seu treinador, mas não se queixaria; correndo na direção dele e subindo em seu ombro, o Pikachu proferia seu nome algumas vezes e tentava explicar ao jovem que não havia encontrado nada em sua busca mas poderia continuar se ele quisesse. Agora, com os dois Pokémon sãos e salvos, mas com uma floresta prestes a pegar fogo e uma garota sequestrada, Graeme teria de ser mais corajoso e enfrentar tudo aquilo de uma vez por todas.

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Ver seu Pokémon são e salvo era um alívio de fato, e Cyord agora queria certificar-se de que não o perderia de vista novamente, retornado-o para sua pokébola sem demora e assim ficando sem opções. Ele podia voltar e tentar apagar o fogo novamente, ou ir atrás do casal e assim salvar a garota, afinal apesar de tê-la conhecido agora, já tinha certo apreço e não queria que ela fosse roubada, sequestrada ou qualquer coisa do tipo; ninguém merecia uma coisa dessas não é? Se acalmando ele pensaria sobre a situação e analisaria exatamente o que deveria fazer, enquanto que no meio de tudo isso a árvore de antes parecia arder ainda mais forte e não demoraria para suas chamas se espalharem por toda a floresta, aliás, já era possível enxergar uma fumaça negra de onde o garoto se encontrava.

Diante do perigo, o jovem tomara a decisão mais apropriada para alguém de sua idade, diferente do que os outros irresponsáveis fariam, ele começou a correr pela rota, passando meio a floresta em busca de algum adulto ou treinador mais forte que pudesse ajudá-lo; aliás, algum Ranger também seria de grande ajuda e poderia resolver a situação com mais facilidade se fosse o caso. Bem, seria difícil achar qualquer pessoa no meio de todo aquele matagal, mas com toda aquela fumaça, alguém provavelmente se sensibilizaria e entraria ali para ver, principalmente alguma autoridade; não demorara muito mais do que vinte minutos para que, próximo a uma casa nada parecida com a primeira encontrada, o moreno visse uma figura de costas com roupa vermelha e um chapéu na cabeça, uma vestimenta típica de Rangers. Ao se aproximar e pedir ajuda, o rapaz se virou, revelando suas características; não devia ter mais do que vinte e cinco anos, tinha um cabelo bem preto por baixo do chapéu e sua pele era num tom queimado de sol, provavelmente consequência de seu emprego.

O policial ouviu a história de Graeme e assentiu com a cabeça, sorrindo de volta para ele. - Seria ótimo, se me ajudasse. Imagino que sua namorada deva estar em apuros, e mal consigo pensar como você se sente. - Ele passou a mão na cabeça do jovem, bagunçando seus cabelos e então seguindo com ele para onde ele apontara. Não demoraria para logo eles encontraram a árvore em chamas e o rapaz entregar uma pequena máscara comum para que ele usasse, correndo o risco de inalar gás carbônico era uma ferramenta e tanto; depois disso, notando que o incêndio se agravara desde a última olhada de Cyord, o rapaz virou-se para ele, certo do que tinha que fazer. - Bem, preciso de uma ajuda aqui. Tem um lago próximo daqui, ao leste, e lá temos dois Pokémon que podem apagar esse fogo: uma Marill e uma Goldeen. Você pode capturar se quiser, mas se não conseguir, pode me contatar com isso que eu irei até você e então pedirei a ajuda deles com minhas habilidades. - Por fim, ele entregou um walkie talkie amarelo para o rapaz e depois liberou seu Swellow, que começou a abanar o fogo para contê-lo, pelo menos até que ele voltasse; agora, tudo dependia do inexperiente treinador.

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Cyord parecia realmente interessado em ajudar, e o Ranger via isso em seu olhar. Mesmo não sendo o herói típico ou imprudente o suficiente para se tornar um, ele ainda era bondoso e alguns malfeitores não ficariam no seu caminho para salvar Kim. Afinal, como citado antes, ela não merecia ser sequestrada, ninguém merecia isso, e se o jovem pudesse impedir isso, ajudaria o máximo que conseguisse para realizar tal feito; e ainda, se isso envolvesse capturar dois novos bichinhos no caminho, seria ainda melhor.

Saindo de perto do guarda, o jovem seguia pela trilha de terra batida, adentrando ainda mais a floresta que parecia bastante convidativa, o contrário do que se deveria esperar de um local como esse. As flores eram belas e estavam bastante desabrochadas, exibindo suas belas pétalas e prontas para serem polinizadas pelos Combees, que deveriam passar por ali em breve; as árvores por sua vez eram grandes e pomposas, tapando quase todo o sol e escondendo outros Pokémon que passavam correndo ao notar o jovem, buscando abrigo nos troncos e nas gramas altas.

Depois de um certo de busca ele poderia encontrar finalmente o lago, com sua margem e comprimentos grande o bastante para ser considerado uma baía, mas sem as condições necessárias para tal. Lá, tudo parecia tranquilo, como deveria estar, alguns Pokémon andavam tranquilamente pelo local, se alimentando de frutas caídas de um pé qualquer, ou bebendo da água alcalina ali presente, que enfeitava ainda mais a paisagem. Em meio a esses monstrinhos, havia um pequeno ratinho azulado, bastante rechonchudo e com detalhes em branco e vermelho que pareciam bastante chamativos para Graeme; num impulso igual ao quando encontrar Electrike, ele levantou sua pokedex para o bicho, esperando a resposta da máquina.

Marill, o Pokémon Roedor Aquático

O pelo desse Pokémon repele a água, o mantendo seco mesmo em contato com ela. A esfera na ponta de sua cauda expele um óleo que eh mais leve que a estrutura da água, permitindo que ele flutue com ela.

O resultado era o esperado, e aquilo confirmava as suspeitas do rapaz; era o monstrinho que ele precisava. Agora, restava saber como ele faria para conseguir a ajudar de tal bichinho. Era claro que ele poderia partir para o jeito simples, batalhar com ele e capturar ao final, mas valeria a pena? Pensando em como um Ranger agiria, ele provavelmente apenas conseguiria a amizade do ratinho e o traria consigo para usar seus poderes, libertando-o em seguida, mas isso era Cyord quem decidiria, afinal era ele quem tomava as decisões que o levaram até ali, não é?

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A estratégia agora era a mais apropriada para a situação, Cyord aproveitaria de sua boa lábia para conseguir ajuda dos bichinhos selvagens e assim salvar a floresta. Bem, isso era inspirado no próprio Ranger que o ajudara anteriormente afinal era exatamente isso que as pessoas de sua classe faziam; grandes guardiões de todas as regiões que usavam tanto o poder da amizade quanto o poder dos Pokémon para serem auxiliados em missões de resgate e coisas parecidas. Sinceramente? Um grande e inútil clichê. Aquela profissão tinha tantas hipocrisias que chegava a ser comparada diretamente com os Rocket; os maiores membros eram corruptos e até ajudavam os criminosos contanto que também recebessem uma parte do material furtado. Fornecendo proteção contra prisão e outros policiais, isso gerava um grande ciclo de impunidade que causava indignação até mesmo no mais puro dos membros.

Mesmo assim, eles eram necessários. Nem todos os Rangers eram corruptos e isso era um fato, alguns deles realmente lutavam para tornar Hoenn melhor e isso talvez fosse o caso daquele anterior, mas não dava para garantir. De qualquer forma, o centro das atenções ali era Graeme, e assim seria quando ele se aproximasse do pequeno roedor aquático; Marill não estava tão confortável com a presença do rapaz, deu uma breve recuada ao notar sua aproximação e o que veio em seguida foi inesperado. O selvagem não parecia querer ajudá-lo, do contrário, queria batalhar contra o treinador e assim garantir sua liberdade na marra; talvez não fosse o melhor dos cenários para o que o rapaz havia planejado, mas era o que poderia usar por agora. Restava saber se ele se renderia ao desejo da fada, ou se partiria para outro Pokémon que estivesse por ali.

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A vontade do garoto não era a de lutar, mas o pequeno roedor pouco se importava com isso. Marill queria lutar, queria mostrar sua força e mais importante que isso, queria testar o garoto; ele ajudaria, mas queria que antes o jovem se mostrasse digno de tal ajuda, e isso seria testado em batalha. Nem que fosse para ele ser capturado, o pequeno azulado era justo e sabia que sua ajuda poderia ser crucial para o salvamento da floresta, mas isso não significaria que ela se renderia facilmente, e estava bem claro tal fato. Com isso, e já percebendo a real intenção do bicho, Cyord liberou seu monstrinho também aquático para o embate; mas não só isso, o Pokémon também era do tipo grama, o que deixava tudo mais fácil e ajudaria o rapaz a derrotar com menos dificuldade o rabo de bolha.

Não demorou muito para que o pobre ratinho tivesse seu turno inutilizável já que uma vez no campo. o Lombre bateu seus dois braços contra o rosto do pequenino, deixando-o completamente tonto. Mesmo assim, logo o segundo turno se iniciava e o gramíneo tornava a atacar, sugando parte da energia de Marill; era um ótimo ataque, combinado com a tipagem dos dois Pokémon que tornava fácil a ofensiva por parte de Graeme. O pequeno não deixou barato dessa vez, concentrou na água dentro de si e disparou uma rajada de bolhas contra o oponente que sofreu levemente; não era tão efetivo visto a resistência do monstrinho para com golpes aquáticos, mas poderia ser bastante potente se ele usasse do jeito certo. Bem, era um início tranquilo que trazia poucos resultados expressivos para o combate, mas que já ditava a maneira que tudo seria executado.

Campo: Margem de um lago com terra batida e grama alta. Árvores circundam o local e um cheiro de fumaça invadia levemente as narinas de todos ali.