Oh shit, here we go again

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Mu Island não era o que se poderia esperar de uma cidade escolhida à dedo para um evento oficial. Chegava a ser engraçado o contraste gritante entre ela e Forina, por exemplo, na época do Teatro, com suas ruas tão coloridas e personalizadas com inúmeras decorações que arremetiam à obra de Alice: Naquele lugar poluído e a fama horrenda da ilha a respeito dos constantes crimes que rastejavam pelas vísceras da localidade, chegava a ser difícil de acreditar que o governo sequer parecia interessado em tentar mascarar o ambiente para o Battle Tower, como se sequer se preocupasse com a imagem que os treinadores visitantes poderiam ter (ou experienciar) da área - para os mais informados, seria assombroso até mesmo considerar que aquelas ruas podres também abrigavam um dos ginásios avançados de Hoenn e, bem, mais frustrante ainda seria para aqueles que chegassem a se deparar com a personalidade duvidosa de Christina.

Mas, oh, não é este o ponto principal de toda essa situação. O protagonista da vez não era a própria cidade e seu estado deplorável, mas sim o treinador que se arriscava aventurar pelas esquinas e ruas sujas de Mu. O objetivo do moreno era justamente preparar-se para a única circunstância que o havia arrastado até aquele local: A competição de batalhas que muito em breve se desenrolaria por ali que, por incrível que parecesse, parecia chegar a oferecer até mesmo uma passagem para um novíssimo continente - e, por mais que não fosse necessariamente o almejo do jovem, era inegável falar que a atratividade da situação era um contraste enorme com a própria sede do evento.

A ilha não era um lugar silencioso. Pelo contrário: O som dos carros e buzinas eram constantes, os murmúrios de habitantes (ou turistas) e gritos originados de confusões e, pasme, até mesmo barulhos distantes de tiros poderiam ser casualmente ouvidos ecoando pelos bairros pútridos da cidade. A quietude ocasionalmente se apoderava das esquinas da constante periferia (?), claro, mas certamente era o mais difícil de acontecer por ali: Talvez exatamente por isso Paula não parecia ter tido a menor vontade de acompanhar Wilkerson em sua empreitada pelas ruas, recusando-se até mesmo a abandonar o Centro Pokémon embora, bem, fosse compreensível se o jovem considerasse que recém haviam se libertado das amarras de confusão do Monte Pyre.

Como já mencionado anteriormente, era difícil encontrar um momento de paz naquele lugar: Mas, entre tantas ocorrências que se perdiam entre gritarias pelas ruas, sempre existe alguma que chama a atenção. Esta em específico se desenrolava justamente nas proximidades da enfermaria da ilha - um rapaz, de talvez não mais que vinte anos, que discutia acaloradamente com um insectoide de enormes chifres. Por outro lado, também não era difícil ignorar o ocorrido - afinal, seria necessária um pouco de atenção de Thomas caso desejasse descobrir qual era o problema por ali -, então restava que o treinador decidisse o que fazer. Se aproximar, deixar pra lá?

Oh, bem, isso é algo para os próximos posts capítulos.

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Ainda que não fossem as existências mais espalhafatosas e chamativas do lugar, era inevitável que o trio chamasse pelo menos um pouco de atenção por onde passava: Não somente pelo exemplar brilhante e raríssimo que era a fada da lua, considerando suas cores diferenciadas do natural do espécime, mas também por conta de seus companheiros completamente evoluídos e, talvez mais importante, a bisbilhoteira Weavile que insistentemente se afastava sempre que alguma coisa nova parecia chamar-lhe a atenção. Levando tudo isto em conta, não chegava a ser realmente surpreendente o fato de que casualmente alguns olhares acabavam atraídos na direção do trio, de interessados até hostis: Talvez não eram um detalhe grotesco o suficiente para alarmar o jovem Winkerson mas oh, bem, antes atento que desprevenido.

De todo modo, não é essa a parte importante. Outra situação atraíra a atenção do treinador, afinal, e era justamente a dupla de companheiros que tão abertamente discutia em área pública. Uma aproximação discreta foi aquela tentada pelo moreno, que tentava arrancar informações ao se aproximar e "passear" despretensiosamente aos arredores do desconhecido e do inseto que o acompanhava: Como já anteriormente mencionado, os ânimos por ali já estavam exaltados e, bem, tudo o que se pode dizer é que ainda bem que o poderoso bípede amarronzado não parecia propenso a descontar a raiva em seus, huh, arredores.

— Eu simplesmente não entendo como você não sabe! — Exclamou o loiro, provavelmente mestre do estressado pokémon. — Eu deixei na sua mão! Como que tu consegue perder as coisas assim?! — Perguntou, largando os braços pra cima e os cruzando de maneira frustrada em frente ao peito, batendo o pé contra o concreto sujo. — Como inferno você acha que vamos encontrar ele, agora? — As pinças do animal se bateram sobre a cabeça, induzindo um franzir de cenho do treinador. — E tu não vem com isso pra cima de mim, não! — Reclamou, empurrando os grossos chifres para mais longe, arrancando um barulho irritadiço do pokémon. — Um irresponsável que tu é, isso sim! Não basta tar nesse lixo de lugar, ainda tenho que passar raiva por tua culpa!

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Apesar de ter permitido que a curiosidade falasse mais alto anteriormente - talvez por conta da influência da própria Weavile -, Thomas não chegou a realmente se intrometer na discussão travada avidamente entre treinador e inseto. Considerando que os dois já não estavam de bom humor, sua intromissão poderia só ser responsável por piorar ainda mais as coisas, e pisar em ovos não eram exatamente os planos que o rapaz desejava para aquele projeto de dia de treino; Então, retirou-se, principalmente depois de recordar (por conta das palavras do jovem, até, quem sabe?) que havia marcado encontro com um dos membros de sua sociedade, acomodando-se em um dos bancos próximos à entrada do Centro e mexendo distraidamente em seu pokenav.

Em outro ponto da cidade - não muito longe, sinceramente -, um jovem coordenador também era cumprimentado pela paisagem desleixada da ilha. Como qualquer um que pisava os pés em Mu Island, não muito tempo era necessário para perceber que a decisão de permitir que o local sediasse um evento do porte de Battle Tower (e até mesmo de um contest próximo, que havia sido adiado!) era, no mínimo, estranha. A impressão que ficava carimbada inevitavelmente se tratava daquela que os organizadores simplesmente não se importavam o suficiente para reformar (ou mesmo aumentar a segurança, vejam só!) o contexto paisagístico da área tão conhecida por sua altíssima criminalidade.

Ao lado do rapaz de madeixas avermelhadas, seu dueto de raposas; O finíssimo graveto eternamente carregado pelo inicial evoluído incumbia-lhe no papel discreto de maestro, e era exatamente esse o papel que o bípede almejava - e havia sido encarregado de - performar. Uma decisão sábia por parte de Odayakana, considerando a personalidade amena do quentíssimo espécime e a maneira como o enérgico novo integrante da equipe necessitava da tutoragem de alguém mais experiente não só para se adaptar à fazer parte da pequena família de contesteiros, mas também para lidar com a própria personalidade e encontrar oportunidades de se fortalecer e evoluir apropriadamente.

Entretanto, aquele tipo de trabalho não era programado para ser realizado em um dia só; Querendo ou não, a astuta raposa era agitadíssima e, acima de tudo, curiosa. Era difícil saber se por talvez ter sido criada em cativeiro - teria? - até ter sido entregue aos cuidados de Haruki, mas o quadrúpede parecia ter dentro de si uma bateria que simplesmente não esgotava. Corria em círculos, ao redor de Myrtil e seu treinador, saltitava, rolava no chão. Apesar, isso não chegava a ser realmente um problema, afinal, o tipo normal ainda se mantinha próximo e, acima de tudo, alegre.

...Ou, bem, não seria.

Era difícil dizer exatamente o que havia chamado a atenção do canino amarronzado quando suas patas pararam de repente, o olhar focando-se em um ponto distante que finalmente o deixava estático, como se houvessem desligado à força o botão de On/Off de sua maquinaria. Foi por algum tempo que o pequenino se manteve daquele jeito, sequer reagindo à possíveis tentativas de interferência de Braixen ou mesmo de Haruki; Então, disparou.

Veloz, o jovem Eevee traçou uma rota invisível, atravessando ruas e alguns curtos quarteirões, em uma constante linha reta. Sem olhar para trás, o canídeo seguiu em seu trajeto imaginário por algum tempo até que, finalmente, parou. Latiu, latiu e latiu de novo - e novamente começou a saltitar ao redor de... Weavile?

Oh, sim, era uma Weavile aquela que aparentemente o havia feito se movimentar para perseguir - uma que, inclusive, havia novamente se afastado sem aviso do distraído Wilkerson. A noturna observava com interesse o arranjo de flores preso na pelagem castanha de Laelynn, as garras se movimentando vagarosamente (tentadas à mexer no acessório) enquanto o olhar carmim acompanhava as voltas infinitas do canídeo. De longe, era difícil dizer se planejava ou não atacar mas, bem, eis definida a cena que aguardava os respectivos treinadores.

E então?