Depois de altas aventuras com o Noah, derrotar um pokemon Mega com a Kath e ajudar o membro da sociedade Lukas, estava na hora de retornar para sua segunda casa, Aztlán. Parecia que haviam se passado anos desde que saíra para tratar da questão do festival. A cidade parecia bem animada mesmo, tudo estava indo muito, pelo menos nas aparências.
Todavia, dessa vez Katakuri não vinha apenas entregar o que havia feito com a velha Oona...havia bem mais em jogo. O rapaz estava decidido em exigir, isso mesmo, exigir de Carlos um trabalho à altura dele, um treinador de dragões que aos poucos galgou seu lugar ao sol e conquistou muitas coisas. Cuidar de roupa pra um festival é coisa de secretário, não de um aprendiz.
Apesar de querer isso, estava incerto se conseguiria enfrentar seu mestre em tão pouco tempo de aprendizado ou mesmo se Carlos iria aceitar o desafio. Katakuri era problemático, ele sabia disso, mas era determinado e sempre se esforçava ao máximo para ter seus dragões na melhor forma. No Centro Pokemon, aproveitava para comer um lanche gostoso e comprar algo para seus pokemons comerem, mereciam bastante. Organizava seu time e logo subia para se deitar um pouco. Não iria no ginásio ainda...tinha que descansar e se prepara bem.
Tomando seu banho, escovando o dente, colocando o pijama de dragonite, preparava seus pokemons para dormir. Deixava Kingdra na banheira, já que adorava água. Noivern se pendurava de cabeça pra baixo no teto, fincando suas garras no concreto. Druddigon e Flygon deitavam no sofá-cama. Grovyle e Nefarian deitavam no colchão com Katakuri...sua grande amiga precisava de muito amor e carinho depois de ser exigida tanto e o dinossauro parecia se sentir bem à vontade com a gramínea.
Todos aconchegados, era hora de pegar no sono. Katakuri tentou de tudo. Contou Axews pulando a cerca, clarear a mente, pensar em sua cama em Opelucid com diversos posters do Lance e da Clair... nada adiantava. A imagem de Carlos o derrotando ficava voltando para sua mente o tempo todo. Desistindo, suspirava forte e se levantava, tomando todo o cuidado para não acordar Maiev que dormia profundamente ou mesmo Nefarian que estava dormindo...mordendo a folha larga que saia da cabeça da Grovyle.
Caminhando devagar, afinal estava escuro, e se precavendo para não pisar em ninguém, desviava de Noivern e ia para a varanda. Queria muito uma bebida naquele momento. Vendo o horário em seu pokenav: “2h30”. Soltava um palavrão e se escorava na parede, observando a vida noturna da cidade que era até movimentada, mesmo Azltlán não sendo um grande centro urbano, muito pelo contrário. Provavelmente o grande festival estava fazendo as pessoas trabalharem até tarde... não tinha como prever. Sem uma bebida para ajudar, resolvia, em uma loucura de sua cabeça, ligar para sua avó. Tinha quase certeza que ela estava no décimo sono a essa altura e não iria lhe atender...mas em sua mente, tinha que tentar, mesmo sabendo da resposta.
Para sua felicidade ou infelicidade, depois do quarto toque, uma voz de idosa que havia acabado de acordar parecia espantar o rapaz – Katakuri? Está tudo bem meu filho? Eu tinha acabado de acordar pra fazer minha caminhada e vi sua ligação – Katakuri logo estranhava aquilo. Sua avó acordava 5h30 para fazer...o maldito fuso horário. Como ele podia ter se esquecido?
Meio sem graça, o jovem arrastava as costas na parede até se sentar naquela pequena varanda. Ali não cabia ele com as pernas esticadas, então as juntou enquanto apoiava seu queixo nos joelhos – Oi vó...desculpa ligar cedo assim...aqui é 2h30 ainda hehehe. Só queria alguém para conversar sabe... – a velha, conhecendo o rapaz que criara por toda a breve vida dele, já sabia que havia algo errado. Katakuri era como um livro aberto para ela em que as folhas passavam sem nem que ela se esforçasse.
Não adianta fazer isso comigo...você sabe que eu te conheço bem...deve ta agora com as costas na parede, em um canto do quarto ou em uma varanda, com a cabeça entre as pernas...se perguntando o motivo de, apesar de ser um rapaz confiante, ter tantas dúvidas ou receios – o treinador de dragões apenas dava um breve sorriso meio triste. Visenya Dawn, a melhor avó do mundo.
Como eu lhe falei quando você me deu os presentes, eu virei aprendiz de um líder de dragões aqui...mas ele fica me dando uns serviços de pessoa qualquer, muito abaixo do que eu penso ser meu potencial. Eu poderia estar fazendo tantas coisas...criei coragem para desafia-lo...mas agora, nessa noite, a imagem dele me derrotando e me chamando de fraco não saia da cabeça... eu so queria mostrar pra ele que eu tenho mais valor do que um serviçal qualquer...derrotando em uma batalha é, pra mim a mel – o rapaz começava a chorar de leve, com os olhos inchados. O medo de ser incapaz, de falhar feio diante de seu mestre, de se achar grande quando na verdade ainda era bem pequeno! O jovem desabava ali para sua avó, a pessoa que lhe criou...perder um Gible assim, que estava em suas mãos, era demais para ele. A pressão para vencer de Carlos somada ao pokemon que ele mais amava não poder ser seu...pesado para qualquer um. Todavia, não iria falar do pokemon...ele foi apenas a gota que faltava.
Com uma voz bem gentil, sua avó tentava falar algo para a mente atribulada de seu neto – Oh meu querido! Não fique assim...você é jovem – mas rapidamente ela percebia que essas palavras vagas não iam adiantar...ela precisava tocar no coração do rapaz – Sabia que quem escolheu seu nome fui seu avô? É. Todo mundo, até eu, estranharam aquilo. Ele quase nunca se envolvia em nada...mas quando lhe viu, pequeno como os bebes sempre são, ele ficou tocado. Ninguém sabia o que significava e ele mentiu dizendo que era um nome que ele achava bonito...mas nos dias que seguiram a sua jornada, quando foi para Hoenn, ele me contou, alegre enquanto olhava suas fotos – aquelas palavras calmas da senhora Visenya atraiam bastante a atenção do garoto que agora somente soluçava as vezes.
É uma junção de pequenas partes de palavras do dialeto draconid. Significa “Aquele que é contemplado pelas asas do Rayquaza” – os olhos do jovem se arregalavam, ficando boquiaberto – Para o povo draconid, segundo seu avô comentou, os nomes eram sagrados e deveriam sempre significar algo, como uma esperança de bençãos para aquela pessoa. Uma declaração, daquele ou daquela que colocava o nome, para o mundo inteiro que ali estava um ser especial. Você, meu filho, com seu nome sagrado, é como se seu avô tivesse chegado aos átrios de Rayquaza e lhe “batizado” perante o deus dos dragões, criando uma aliança entre você e o todo poderoso.
Depois daquilo, o silêncio imperou por alguns minutos. Nenhuma palavra dita, nenhum som além dos do ambiente e das respirações. Katakuri enxugava as lagrimas e agora...sorria para sua avó, recebendo o mesmo dela – Meu querido Katakuri...se Rayquaza é por você, quem poderá ser contra? Um líder de ginásio de Hoen? Você nasceu para grandes feitos. Vitórias, derrotas, desafios...são todas oportunidades que Rayquaza lhe dá. Seja grato e dê o seu melhor...ele vai estar olhando por você. Quando esse líder for lhe enfrentar, você não vai estar sozinho. As asas do deus dragão vão estar sobre você.
Voltando a chorar, mas agora de alegria, Katakuri agradecia por tudo e prometia mandar uma foto quando ele tivesse vencido. Depois, ficou conversando sobre como estava sua avó e as coisas por lá. Quando desligaram, já estava amanhecendo. Mesmo sem dormir, Katakuri não se sentia nada cansado...inclusive, naquele céu rosa, com o Sol começando a aparecer no horizonte, ele fechava os olhos e falava com o deus dragão – Rayquaza...obrigado por ter colocado em mim a vontade de ligar para minha avó. As palavras dela tranquilizaram as chamas dentro de mim antes turbulentas. Gratidão. Essa é a palavra por tudo que me tem acontecido. Consegui o pokemon dragão que mais queria e adquiri outros em minha jornada que até hoje não sei como consegui mesmo sendo tão ruim hehehehe. Obrigado por acreditar em mim e estar comigo nessa jornada. Nada me para, nada me segura, não me derrota. É assim que se sente quem te tem como padroeiro? Porque é desse jeito que me sinto agora! – abrindo os olhos, as chamas roxas dracônicas estavam queimando em sua íris... provavelmente alguma reação com as luzes solares naquele começo de manhã.
Preparado & Determinado, Katakuri ia se assear e escovar os dentes, vestindo seu traje tradicional bem punk, voltando até a botar suas pulseiras de espinhos e sua pluma de Altaria...só aquela vez. Passando a mão pela sua grande tatuagem do Rayquaza, se sentia pronto. 06h30, Katakuri acordava seus pokemons bem gentilmente – Vamos lá turma...hoje vai ser um grande dia! Quem está preparado para vencer o líder de dragão? – todos usavam seu cry e olhavam para seu treinador com determinação, principalmente Alex, a máquina de luta. Saindo com sua trupe do quarto, botando medo em quem passava no corredor, o garoto dos olhos em chamas roxas descias as escadas para tomar seu café no refeitório ainda pouco povoado. Conversava com seus pokemons, vendo se estavam bem mesmo. Por fim, passava no Storage e depositava Tyrunt, trocando-o por Haxorus, seu pokemon mais poderoso. Estava de partida para o ginásio agora, retornando todos os seus, exceto Kingdra e Noivern que voava pelos céus da cidade.
As festas pela cidade toda já pareciam se iniciar. Pessoas vestidas com trajes diferenciados. A cidade respirava ainda mais cultura do que antes...como se isso fosse sequer possível! O policiamento também parecia ter aumentado desde o último incidente onde Katakuri salvou o ginásio e a abertura do Museu que Carlos tanto queria. Ainda se lembrava daquele Carbink desgraçado...mas agora apenas um mero incômodo. Tinha pokemons que destruiriam a fada em um piscar de olhos.
Kingdra observava tudo aquilo com muita admiração. Nunca tinha ido em uma cidade tão diferente. Os transeuntes pareciam gostar do pokemon dragão marinho...infelizmente, o mesmo não podia ser dito de seu treinador. O pessoal ali não ia com a cara de Katakuri. O jovem não se vestia com as roupas típicas do local...mas não era por mal, ele apenas gostava de seu estilo próprio – Malygos...quero eu esteja pronto, ok? Hoje é seu dia de brilhar muito! O Sableye foi um passo importante...mas agora vem o grande desafio – Katakuri sabia que o principal pokemon de Carlos no ginásio era o temido Kingdra...pois bem, iria derrotar seu mestre com a sua versão do Kingdra. Mais poderoso, mais rápido, mais mortal.
Noivern, como sempre, sobrevoava com alegria Aztlan. Quando Katakuri o trouxe ali pela primeira vez, era apenas um pequeno Noibat que olhava admirado para tudo aquilo. Hoje em dia, sobrevoava a cidade como um verdadeiro dragão imponente, olhando aquelas pessoas e construções que um dia eram tão enormes para o pequeno Noibat...agora não passavam de pequenos pontinhos. Usava seu grande poder sonoro para avisar a todos “estou aqui” que o Haru não veja isso.
Katakuri observava seu morcegão se anunciando com bastante felicidade – Você está certa, querida filha...nós estamos aqui para ficar e vamos mostrar do que somos feito! – com um alto assobio, Katakuri chamava Sindragosa. Já estavam se aproximando do ginásio e era hora de se comportarem. Depois da vitória, iriam voar loucamente por esse céu.
Chegando no ginásio, logo se apresentava para a secretária – Voltei da missão e gostaria de falar com o Carlos antes do Festival, se possível! – Kingdra observava aquele “palácio” cheio de esculturas de dragões para todo lado e uma aura diferente dos outros lugares por onde Katakuri andava. Ali era um santuário para todos os treinadores desse grande e maravilhoso tipo! Nem mesmo a noticia que parecia uma apunhalada no coração, de que não teria seu Gible, poderia abalar o treinador naquele momento. Sua fúria, sua dor...tudo seria canalizado para aquela luta! Carlos iria respeita-lo como um verdadeiro treinador de dragões!