Primus
O tempo estava bom.
Bom, bom bom não estava, mas estava bom!
Fazia calor, então eu não precisava vestir nenhum casaco. Isso em si era algo positivo.
Tinha acabado de desembarcar em Hoenn. Não fazia ideia de onde estava, mas tudo bem. Eu sabia que, no final de contas, qualquer lugar era melhor que capinar e plantar berries com aquele velho... Mas vou sentir saudades de mamãe.
Tudo bem, vai passar...
- Hum... Supostamente, ele morava nessa cidade... Eu... Acho...? - Falei para mim mesma.
É, agora eu estava sozinha pra valer.
Dou de ombros. A liberdade é uma sensação realmente incrível! Tenho certeza que vou conseguir me virar.
Começo a passear pela cidade, sem pressa. Mamãe tinha me dito que era uma vida descompromissada, enquanto papai me falou que era uma vida vadia. Tanto faz, o velho não entende de nada, mesmo.
A pequena cidade era muito bonita, de fato. Oldale. Acho que era esse o nome...
Os bairros eram relativamente vazios, e todas as casas eram bonitas. Encontrava com algumas pessoas, todas desconhecidas, óbviamente. Fitava todos os rostos que cruzavam por mim, procurando algum semelhante ao da foto que mamãe me mostrara antes de partir. Acredito que, sendo uma cidade pequena, eu não vá ter dificuldades em achar aquele senhor, que é meu tio ou algo assim.
Ele tinha uma aparência relativamente genérica, então eu estava começando a confundir todos os idosos com ele... Esse é um problema. Para piorar, me esqueci do seu nome. Senhor... Betovein? Pelo menos eu não era a única a sofrer de "nome feio", haha...
Continuo meu caminho pela vizinhança do local. Vejo alguns jovens, adultos, e até idosos com Pokémon. Eu me pergunto nessas horas; será que eles imaginam onde vão chegar seguindo essa vida? Ou apenas estão nela para fugir, como eu?
Desde cedo, nunca me importei muito com essas coisas de batalha, enquanto todos meus coleguinhas eram extremamente animados com a ideia. Não sou do tipo que acha errado batalhar ou coisa do gênero, é só que... Não sei, não me parece ser muito divertido. Mas é melhor que plantar e colher berries, com certeza.
Nadando em pensamentos enquanto ando, acabo me esquecendo do último fator e trombo com alguém. Bato minha cabeça em suas costas, já que ele era bem mais alto do que eu. Dou alguns passos para trás, e começo a esfregar minha testa com a mão.
- Ai, ai, ai... - É claro que eu gostaria de dizer que é errado ficar vegetando pela cidade, e que ele iria causar vários acidentes e trombos bobos com isso. Mas eu estava errada, também. - Perdão, senhor. - Falo.
- Olhe melhor por onde anda, pirralha! Estou esperando- - Diz o velho sem educação, fazendo uma longa pausa logo em seguida, e me encarando profundamente. - E-eh?
- Bem, me desculpe novamente então, senhor sem educação! - Continuo passando a mão na minha testa. - Isso vai deixar uma marca beeeem feia, sabia?
Bem, tanto faz, eu tenho que achar o velhinho da foto.
- Agora, com sua licença, eu tenho mais o que fazer.
- E-espere! - Ele tira o seu chapéu. - Me desculpe. Você seria Karemachena?
- Eu gostaria de não ser.
- Então é você, mesmo! - Ele começa a rir. - Perdão. Sua mãe tinha razão, seria fácil reconhecer você. Eu sou Betovein, o seu tio! Ela me pediu que te ajudasse a começar sua jornada.
- A-ah... - Eu estava meio sem jeito, depois de ter sido rude com ele. Mas como ele parece ter deixado isso de lado, vou fingir que não aconteceu. - Entendo, tio Betovein. Ou senhor? Enfim... O que o senhor poderia fazer por mim?
- Eu sou ajudante do professor de uma cidade próxima. Tenho algumas coisas que podem te ser úteis nessa jornada! Perdão por nosso começo ruim, vamos, venha até minha casa, vou te mostrar uma coisa!
Não sei não, mas aquilo me pareceu bastante suspeito. Bem, como foi a mamãe que me falou dele, acredito que não exista nenhum problema em seguir ele.
- Ok. Vamos, então. Vou te seguir.
E assim eu e o senhor Betovein começamo a andar em direção a sua pequena e humilde casa, que era bem próxima dali onde estávamos.
Assim que chegamos, ele abre a porta e oferece que eu entre. Ainda meio relutante, aceito o convite. Entrando no recinto, me deparo com uma... Pokeball? Acredito que seja esse o nome. Ela estava em cima da mesa, dentro de uma caixa forrada com almofadas, extremamente chique.
- Uh... Ok. Como você pode me ajudar, exatamente? - Pergunto, me virando para o senhor.
- Bem, como ajudante do professor, eu posso te auxiliar dando alguns itens e um Pokémon inicial, para você utilizar nessa sua jornada. Você gosta de algum Pokémon em especial? - Ele indagou, entrando na casa e fechando a porta.
- Qualquer coisa fofa é bom. Eu não ligo muito para os fortes ou coisa do gênero. Na verdade, eu nem sei o nome da maioria...
- Entendo! Já que esse é o caso, que tal uma pequena sugestão?! - Disse ele, notavelmente mais animado. O homem então se aproxima da mesa com a Pokeball e pega ela. - O quanto você sabe de Pokémon?
- Bem pouco, na verdade. Por quê?
- Este aqui é um Pokémon que capturei pouco antes de me aposentar, por assim dizer. Ele nunca foi treinado ou utilizado, mas é um dos meus favoritos simplesmente por ser do tipo Lutador.
- Pokémon tem tipo? - Indaguei, virando a cabeça levemente para a esquerda.
- O quão iniciante você é...? - Perguntou Betovein, desapontado.
- Hum... Eu já vi meus irmãos lutando com eles, mas nunca me falaram de tipos! Bem, tanto faz. Prossiga.
- Certo. Quero que você se lembre de uma coisa, Karemachena.
- Karen.
- Os Pokémon Lutador são os mais fortes de todos! Gostaria de pedir para que você seguisse uma jornada em que treina apenas eles, e se especializa em seu tipo! Creio que vá ser um desafio divertido. Sua mãe me disse que você não tinha muita ideia de como seria sua jornada, então te sugiro continuar meu legado!
- Tá bem... Mas, tipo "Lutador" não me parece muito fofo. Aliás, como vou saber se um Pokémon é tipo Lutador? - Pergunto.
- Com isso! - Ele tira de seu bolso um objeto vermelho que eu não faço ideia do que seja. - Pela sua feição já entendi que você não sabe do que se trata. Bem, essa é uma Pokédex. Ela funciona como uma enciclopédia de Pokémon, e te diz tudo que você precisa saber durante sua jornada. É bem útil. - Ele estende o apetrecho em minha direção.
- Oooh... - Seguro cautelosamente a Pokédex, com medo de apertar algum botão errado ou coisa do gênero.
- Para utilizar, você só precisa apontar a Pokédex em direção ao Pokémon que você está batalhando... E pronto! Sabendo as informações, você pode capturar ele ou...
- Capturar? Ah, espera. Aquela coisa de trancafiar em uma esfera, a Pokeball, como um prisioneiro, né?
- D-de certa forma, sim...
- Entendi. É, legal. Acho que posso tentar. - Falei, guardando a Pokédex em meu bolso.
- Bem, já que você aceitou, fique com algumas Pokeball extras também, para te ajudar a montar um time. E leve este aqui com você. - Diz ele, estendendo o braço e me entregando a Pokeball que estava dentro da caixa.
- Certo... - Pego as Pokeball, mas fico sem saber onde guardar. - Você... Teria uma mochila para me emprestar?
- Sim, tenho! - Ele corre para dentro de sua casa, em algum cômodo secreto. Alguns segundo depois volta de lá com uma bolsa surrada. - Não está em ótimas condições, mas espero que sirva!
- Obrigada... - Realmente, a bolsa estava acabada. Era bem feia, mas fazer o que. É isso ou levar esse monte de coisa na mão. -Obrigada novamente por tudo, senhor Betovein. Agora, acho que vou indo.
- Não quer ficar mais um pouco, para conversar? - Ele pergunta.
- Definitivamente não. Tchau tchau!
- T-tudo bem... - Disse o senhor, cabisbaixo.
Aceno para ele e me retiro da casa em seguida. Começo a andar em direção ao inicio da cidade novamente. Agora era pra valer. Finalmente começaria... Guardo as Pokeball e as outras coisas que ele me deu na bolsa. Começo a pensar em qual bichinho existiria dentro daquela Pokeball que estava na caixa. Espero que seja algo bonitinho, pelo menos...
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20% de bônus de experiência - Especialista Lutador II
15% de bônus de experiência em batalhas - Aprendiz de Líder de Ginásio B (Lutador)
O Arthur não faz parte da Virtuum :