002 - QUAERERE

Após mais algumas informações, ficamos sabendo como poderíamos ajudar. Sequei minhas lágrimas, me recompondo aos poucos.

Iriamos conseguir ajudar nossa terra natal. De alguma forma! Minha emoção se transformou em felicidade, e eu comecei a me sentir melhor. De repente, Tyrant me deixou para fazer algo.

De repente, vários bichinhos que eu nunca havia visto nascem de ovos. Ele guarda todos e devolve logo após abraçar eles.

- Nossa. - Foi a única coisa que consegui dizer.

Tyrant me convidou para ir com ele. Eu sabia que meus Pokémon não seriam fortes o suficiente para fazer tudo sozinhos. Arthur era forte, mas Percy era um bebê, e meus dois ovos nem haviam chocado... Mesmo assim, eu faria o possível para ser útil e ajudar Saffron!

- É claro que eu vou, bobo! - Respondi, sorrindo.

Era minha cidade natal. Minha casa. Eu precisava ajudar, mesmo que Tyrant não fosse. Mas eu sabia que ele iria, pois é uma boa pessoa.

Tyrant parecia bem mais animado. Estava mais alegre do que há alguns minutos atrás. Acabei ficando feliz de ver que o rapaz estava se recompondo. Ele disse que iria pegar algo para me ajudar..

- T-tudo bem! - Comentei, meio na dúvida do que seria. - Vou estar te esperando aqui. - Disse, acenando para ele.

Tyrant tinha voltado em pouco tempo. Ele trazia com ele um disco, muito parecido com o que Senhor Zumbi tinha me dado. Não fazia ideia do que era aquilo, mas acreditava que não era para ouvir músicas. Quando o rapaz me explicou, consegui entender melhor.

- Oooh. - Falei, surpresa.  - Isso faz muito mais sentido agora. Obrigada, Tyrant. - Peguei o "TM" das mãos do garoto. Em seguida, coloquei a outra mão dentro da minha bolsa e de lá tirei a Pokedex. Inseri o disco dentro do apetrecho e comecei a assistir o vídeo.

Fiquei algum tempo assistindo, tentando entender o que era suposto eu fazer com aquilo. Bem... Eu era uma treinadora agora, não é? Supostamente, eu tinha que treinar meu Pokémon de alguma forma.

- Tá bom... Eu acho. - Dei uma última olhada naquele pequeno curta sobre o golpe. Seu movimento era parecido com o que eu já tinha visto em alguns filmes de ação, e, na verdade, era relativamente clichê; acho que alguns lutadores tentavam quebrar tábuas de madeira ou coisas assim utilizando o golpe. Já tinha visto em algumas ocasiões aleatórias, mas fiquei em dúvida de como ensinaria aquilo para Arthur...

Olhei para o Passimian, que apenas me encarou de volta, com seu coco em mãos, como sempre. Eu já estava meio cansada de descrever isso, mas é sempre bom ressaltar que ele não larga isso.

- Venha cá, Arthur. - Falei, chamando o Pokémon, que veio para perto rapidamente, curioso com o que eu gostaria de falar com ele.  - Vamos... Tentar uma coisa nova...? - Perguntei.

O Passimian assentiu. Ele sempre estava pronto para alguma brincadeira nova, e eu esperava que realmente fosse algum tipo de brincadeira para ele, pois não queria que ele ficasse machucado ou coisa assim. Me virei para Tyrant.

- Ty, acho que é melhor eu fazer isso lá fora. Se quiser me acompanhar, está convidado! Vem, Arthur.... Ah. - Não lembrava onde estava Percy, então olhei para baixo e vi o pequeno ali no chão, saltitando com sua cara de "saco" de sempre. Balancei a cabeça e peguei sua Pokebola, devolvendo ele para sua... Casa? Eu nunca tinha parado pra pensar muito nisso. Enfim...

Fui andando com a companhia de Arthur até a parte exterior do Centro Pokémon. Andei mais um pouco para longe, procurando... Bem, algum lugar menos movimentado. Não queria machucar ninguém no processo, também.

- Certo, Arthur! Eu quero que você repita o mesmo movimento que eu, tá bom? Acho que é um bom início... - Comentei, colocando a mão no queixo, pensativa.

O Passimian deu de ombros e colocou a mão no queixo também.

- B-bem... Esse não precisava, pra ser honesta, mas tudo bem. Agora... Tente isso!

De pé, tentei aumentar a distância entre minhas duas pernas, abrindo-as um pouco, como se estivesse imitando um daqueles profissionais de karatê, ou algo assim.  Cerrei um dos punhos de minha mão e coloquei ele na altura de minha cintura, criando uma pose bem característica e clichê. Com a outra mão, fiz um formato parecido com uma "faca", abrindo bem a palma e juntando os meus dedos. Em seguida, ergui minha mão para o alto, acima de minha cabeça.

- E depois isso! - Disse, realizando o golpe mais forte e rápido (no ar) que meu corpo permitia, levando minha mão de cima para baixo, da forma mais veloz que meu corpo conseguia, que provavelmente não era muita.

Depois de fazer o movimento, me dei conta que pessoas em minha volta poderiam estar me observando. Logo voltei para uma pose mais natural e coloquei a mão na cabeça, meio sem graça.

- Hehe... Algo... Algo assim. - Disse, encarando Arthur.

Arthur começou a repetir meus movimentos. Fiquei aliviada que ele entendeu a ideia do golpe. Bem... Eu não tinha certeza se a força que ele estava usando era suficiente. Ele era um Pokémon forte, então eu tinha suposto que ele possivelmente iria simplesmente golpear algo e conseguir usar sua força máxima, mas... Talvez eu precisasse ver ele tentando destruir alguma coisa "de verdade", ao invés de simplesmente golpear o ar...

Nos vídeos em que eu assistia, os lutadores sempre quebravam coisas como tábuas de madeira, sendo que eu já vi uma pessoa uma vez quebrando um tijolo. Bem, eu não iria ser tão drástica assim, acho que algumas tábuas seriam suficiente. Entretanto, não sei onde eu iria arranjar alguma coisa dessas...

Comecei a percorrer a cidade com os olhos, procurando por alguma tábua ou tronco velho. Em um canto ao lado do Centro Pokémon, vi alguns pedaços de madeira colocados. Provavelmente seriam jogados fora, então acho que não tinha problema. Me aproximei deles e peguei alguns. Tomei cuidado, não queria nenhuma farpa nas minhas belas mãos, obviamente. Só consegui pegar duas por vez, então fiz algumas idas e vindas até conseguir empilhar elas como uma pequena torre, com todas deitadas do meu lado...

Mas, acho que não ia dar muito certo se elas ficassem no chão. De alguma forma milagrosa e com recursos de narração duvidosa, encontrei uma lata de lixo, que parecia ser feita de metal ou coisa do gênero. Decidi pegar a lata, mas era meio pesada demais para mim.

- Uma ajudinha aqui, Arthur. - Pedi, acenando com a cabeça para a lixeira enquanto agarrava ela.

O símio assentiu e se aproximou, pegando a lixeira facilmente e levando ela até onde estávamos treinando. Eu só esperava que isso não quebrasse a lixeira; queria apenas utilizar sua "boca" como um vão em que eu pudesse dispor os pedaços de madeira em cima, de forma que elas ficassem sem algo duro por baixo.

Veja bem, eu poderia simplesmente segurar as placas na minha frente e pedir que ele golpeasse, mas isso iria pedir outro tipo de movimento e posição. Além do risco de eu me machucar, é claro. Acho que assim seria melhor.

Coloquei uma tábua em cima da lixeira, como sua tampa. Por enquanto, utilizaria apenas uma. Não era um objeto muito grosso, mas ainda sim, era um tipo de golpe diferente do que Arthur costumava usar; ele talvez não estivesse acostumado com atacar daquela forma. Me afastei.

- Ok, Arthur, isso é um teste. Quero ver se você tem força para quebrar essa tábua com aquele mesmo movimento que fez agora há pouco, ok?!

O símio parecia ter força o suficiente para quebrar uma tábua e madeira sem problemas. Isso me acalmava, mas ainda deixava uma pequena dúvida no ar. Ok que era uma tábua relativamente grossa, mas pelo que pude ver, o movimento buscava quebrar coisas bem mais resistentes que madeira...

- Hum, Arthur... Acho que vou tentar aumentar o desafio. - Falei. Porém, vendo que a lixeira poderia ser destruída com mais golpes como aquele, decidi que iria deixar ela de lado.

Idealmente, eu precisaria de algo como tijolos para apoiar mais placas de madeira. Para minha sorte da minha narração duvidosa, acabei encontrando dois, exatamente a quantidade que eu precisava. Espero que não seja de algum tipo de obra ainda em andamento... Coloco os dois tijolos em pé e em seguida três placas de madeira em cima.

Péssima ilustração aqui

Me afasto novamente e encaro Arthur. Se ele conseguisse quebrar essas três tábuas, eu talvez pudesse usar mais, os próprios tijolos ou... Não sei, pra ser honesta.

- Vamos lá! Quero que concentre sua força e tente realizar o mesmo movimento. Acredito que desta vez não vai ser tão fácil como da outra. - Falo.