#01 The First Steps

Around the Neighborhood

Mauville Streets

Tendo a reposta positiva de Serph, o rosto de Eggbert iluminou-se. Parecia realmente grato por saber que poderia contar com o jovem para que tentassem ajudar o seu filho. — Obrigado rapaz, de verdade. Aqui, tome. — disse ele, separando alguns biscoitos e colocando-os em uma sacola. Embrulhou um especialmente para o albino, e tornou a ouvir o que este tinha a dizer.

— Bem, eu não acredito que alguma de minhas palavras vá ajudar. Acredite, já tentei. Diga o que seu coração sentir, rapaz. Eu imploro. — pediu o homem novamente, passando rapidamente a mão em seu bigode volumoso, verificando se ainda estava molhado com suas lágrimas. Era preciso tomar cuidado com os pelos faciais, para que ficassem belos, não?

— Ele costuma passar o tempo mais pelos subúrbios da cidade. — disse apontando para a direção na qual o punk fora. Realmente, ela ia no sentido contrário ao do centro. — Não tenho exatamente um endereço em mãos, mas suponho que deva estar em um daqueles becos malditos. — dissera, enfatizando a palavra "malditos". Parecia não ser o maior fã de becos.

Antes que Serph pudesse perguntar alguma coisa a mais, um casal chegou na bancada, pedindo para ver os pães. Eggbert lançou um último olhar para o rapaz, como quem diz "por favor", e foi atender os dois. Era isso, então. O albino e sua pokémon tinham uma mini missão para realizar.

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Pois então eles começaram a procurar o jovem Aiden. Tomando o caminho indicado pelo confeiteiro, afastaram-se cada vez mais do centro de Mauville, seguindo pela direita. Havia uma pequena pressão sobre Serph e Hope, mas provavelmente, nada que não poderiam lidar. Era estranho pensar que o albino havia passado toda sua vida naquela cidade, mas ainda assim, esta lhe era tão estranha.

O treinador refletiu brevemente sobre as reações do outro rapaz, que não foram lá muito positivas para um primeiro encontro. Tentava manter o otimismo ainda assim, apesar de não ter certeza do que esperar. Bem, estamos falando de um jovem rebelde que há pouco tempo estava destruindo coisas com seu pokémon, não? Talvez fosse bom, de fato, manter uma certa cautela.

Bem, definitivamente não estavam mais em uma região tão abastada da Grande Mauville. As construções pareciam ser um pouco mais simples, não tão bem-edificadas, e as pessoas com certeza não eram mais tão simpáticas e de bem com a vida, como uma moça e sua Snubbull que passavam pela rua carregando uma sacola de compras fizeram questão de demonstrar, com suas carrancas imutáveis.

As pessoas que ali viviam não moravam lá por que queriam, e sim por que precisavam. É uma triste realidade das cidades grandes. Havia os privilegiados e havia aqueles explorados pela hierarquia econômico-social. Ah, as belezas do capitalismo. De qualquer forma, enquanto andava, Serph pôde notar que nem tudo em Hoenn era um mar de rosas, uma pena.

Talvez fosse mesmo por aquela região que Aiden estaria. O pai do rapaz dissera que este estava passando um tempo nos subúrbios, não? Talvez fosse bom o albino investigar um pouco. Tinha um parque próximo de onde estava, em condições um pouco precárias, mas ainda assim, poderia ter algo. A rua estava estranhamente deserta, mas ouvia-se sons vindos das casas e construções próximas.

Até então, nenhum sinal de beco aparente, apenas as ramificações normais que uma rua costuma ter. Mas bem, o garoto não conhecia aquela área, qualquer coisa poderia ser possível. Como eu disse, buscar por informações parecia ser uma boa ideia. Entretanto, uma pergunta podia, inclusive, deveria ser feita: De que forma?

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Serph resolveu tomar uma atitude mais simples e interativa. Apesar de já fazer algum tempo desde que vira a mulher com seu Snubbull, falar com ela podia ser beneficente. Isto é, caso ele conseguisse falar com ela, uma vez que não parecia ter lá uma cara de muitos amigos. Mas bem, se eles corressem, poderiam tentar, ao menos. Isso já era melhor que nada, certo?

Após lutarem um pouco para cobrierem uma boa distância, Serph e Hope finalmente viram a silhueta da mulher mais uma vez. Prestando mais atenção, pôde-se notar melhor os detalhes. Tinha os cabelos na altura do queixo, de uma coloração um tanto quanta estranha, quase que verde. Seus olhos avermelhados carregavam aquela tal cara não amigável que o treinador vira antes.

Mulher:

Bem, já tinham ido até lá, não? Ela não se virou quando Serph gritou por ela, apesar de Snubbull tê-lo feito. Ainda assim, ela não tivera opção senão fazê-lo quando o garoto continuou gritando ao vento. Virou-se subitamente, claramente irritada, e andou até o rapaz com os pés batendo no chão. — O que pensa que está fazendo, garoto?!!!

— Não complique as coisas para mim. Não sei de que mundinho você veio, mas aqui ações têm consequências. Inclusive ficar calado: você pode ter a chance de sair sem muitos ferimentos. — disse ela de maneira abrupta. Parecia até que, além de ter um gênio forte, a mulher também era força por algo, ou alguém, a "manter-se na linha". Mas pelo que, ou por quem?

— Além disso, a descrição que você me deu caracteriza muitos dos mocinhos da região. — dissera ela, enfatizando a palavra "mocinhos", dando uma conotação ligeiramente negativa. — Tome cuidado com nomes também, rapaz. Não vai querer ficar gritando por aí o nome de alguém que não vai ficar muito feliz em ouvi-lo.

A ironia era fortemente notada em seu semblante. Definitivamente, não era a moradora mais alegre e sorridente de toda Mauville, e nem sua Snubbull era a cadela mais mansa. A pokémon fada rosnou com a última frase de sua dona. — Mais alguma pergunta?

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Serph não parecia compreender muito bem o que era ironia. Ou se o fizesse, então apenas não se importava com esta. Continuou com sua abordagem passiva, que fez a mulher revirar os olhos. — Céus, quanta teimosia! Procure pelo parque, costumam estar por lá. Quando não, costumam deixar lá indícios de onde foram. — respondeu ela ríspida, apontando para a direção pela qual o treinador viera.

— Só não consigo entender ainda o que um jovenzinho como você vai fazer no meio deles, doçura. — ótimo, mais sarcasmo era tudo que o albino e sua Venonat precisavam. Voltar ao lugar que haviam vindo, então. A mulher virou de costas, parecendo pronta para retomar seu caminho, e deixar Serph fazer o mesmo.

Após dois passos, no entanto, ela parou, e ainda de costas para o jovem, disse: — Rapazinho? Se encontrar uma garota chamada Dalila... Diga a ela que estou esperando por ela. — era isso. Depois, fizera questão de deixar Serph para trás, lidando com seus próprios pensamentos. Hope não vira nada que pudesse ser muito útil, ainda.

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Missão talvez soasse como algo grande demais. A mulher parecera apenas... Pedir um favor. Não se dera ao trabalho nem de dizer seu nome, e muito menos oferecera uma "recompensa" ou história comovente como Eggbert. Não, ela apenas perguntara se Serph, caso viesse a encontrar alguém chamado Dalila, avisasse. Como? Não sei. Bem, não adiantava mais lamentar. Haviam, finalmente, chegado ao parque.

Devo ter citado as condições do lugar. Tenho quase certeza. E agora reitero minhas opiniões em relação à ali. Ocupava um quarteirão inteiro, bastante espaçoso. Tinha a calçada que lhe envolvia quebrada ou rachada em várias partes, além da imensa sujeira que os moradores locais parecia despejar (eu tomaria cuidado para não pisar em nenhum chiclete perdido por aí).

Uma grade férrea cercava todo seu perímetro de entre calçada do quarteirão e parque de fato, como que em uma tentativa de protegê-lo. Bem, tentativas falham, e esta também. Estava todo esburacado, e notava-se um desgaste razoavelmente grande em seu topo, como se pessoas pulassem por cima dela o tempo todo. Atrás de um arbusto deveras fétido, havia uma abertura grande o suficiente para o jovem passar sem demais problemas.

O interior também não era muito bonito. A grama e plantas cresciam deliberadamente, amarelas e completamente não saudáveis. Havia um balanço velho e enferrujado jogado no chão, completamente inutilizável. Até então, nada que pudesse chamar muita atenção. Apenas patrimônio público destruído, mau-cheiro, plantas rebeldes e sem muita vida, além de arbustos balançantes.


Arbustos balançantes? Exato. Nada suspeito. Não era como se um passarinho enlouquecido fosse pular dali assim que Serph e Hope aproximassem-se, como que pronto para enterrar seu bico em alguma coisa, era?