Interlude

interlude

Depois de longas horas de viagem, finalmente terra firme. Minha mãe havia mandado que eu viesse para Hoenn, se quisesse de fato sair em uma jornada; afinal era terra de seus pais e também seu lar de nascimento; a família Specter era pouco influente em Mountrock, Walter (meu avô), era um senhor aposentado na casa de seus 60 anos, e vivendo sozinho desde o falecimento de minha avó. Tinha pouco contato com esse lado da família, não só pela distância geográfica mas também por mamãe nunca contar muito sobre seu passado; meu pai dizia que ela não gostava muito de sua mãe, e por isso nunca nos deixou aproximar como deveríamos. Contudo, agora sem ela, talvez eu tivesse certo apego a meu familiar idoso.

A viagem fora longa, passei por Slateport, onde parei de barco do porto de Castelia, e depois andei por horas dentro de um ônibus até chegar na grande cidade, que ficava a quilômetros da parte metropolitana de Hoenn; ainda assim, era um grande atrativo. Extremamente bela e muito bem decorada, eu andava admirado pelas ruas entre a rodoviária e a casa de meu avô, que ficava bem no centro, próxima até de um Centro Pokémon que avistei durante o trajeto. Sem parar, caminhei até encontrar o número que minha mãe indicara, e bati na porta esperando que um senhor mais debilitado fosse abrir, mas me surpreendi com o que realmente apareceu ali: um senhor atlético vestido com roupas de ginástica, com direito até mesmo a um elástico ao redor da testa.

Tentei não rir com toda a cena, e logo engoli aquilo, partindo para algo mais formal. - Com licença, o senhor é Walter? - Questionei, erguendo uma sobrancelha e sorrindo de forma simpática. - Me chamo Lukas, sou filho da Nora. - Estendi uma mão para o senhor, esperando que ele retribuísse, mas ele logo bateu nela e fez um toque maneiro que eu a princípio não cogitei que ele soubesse, mas que de fato me fez rir. - Netinho! - Ele exclamou, me apertando. Eu ri ainda mais, abraçando-o de volta e deixando que ele me levasse para dentro da casa.

O que se procedeu a seguir foram horas e horas de conversa, conhecendo meu avô a tanto distante, e que agora parecia de fato bastante comigo; tirando o porte atlético, é claro. Quem diria que Walter Specter era um brincalhão que parecia mais meu pai do que a própria filha dele, huh? Pois bem, depois de tanto tempo trocando histórias de minha infância com as de minha mãe, contadas das maneiras mais cartunescas possíveis, o velho disse que tinha um presente para me dar, sendo este o meu primeiro Pokémon. Eu mal me aguentei e comecei a chorar de alegria, já havia me conectado cm ele mesmo em tão pouco tempo de convívio, e realmente seria uma pena partir. Ainda assim, passaria a noite ali com ele, jantaria, tomaria um banho e trocaria de roupa, deitando apenas depois dele cansar de me contar mais histórias, e assim me direcionar ao quarto de hóspedes para um descanso mais do que merecido.