#01 - Deixa acontecer NATUralmente

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Se o treinador não tivesse equipado uma Oran Berry ao seu Pokémon, com certeza não teria durado muito mais. Isso o fez pensar que certamente o destino e as forças maiores do universo estavam ao seu lado, um evento tão pequeno como uma breve pausa próxima a uma árvore frutífera mudou completamente o rumo do seu dia. Parando pra passar, os últimos momentos de sua vida estavam recheados de coincidências como esta. A visita de Jamie à Madame Creuzodete, sua taróloga, cartomante e conselheira espiritual, havia lhe avisado: grandes coisas aconteceriam daqui pra frente.

- Natu, você está bem? - Preocupou-se o treinador, o Pokémon havia sido acertado em cheio pelo adversário, Jamie não ia deixar aquilo barato. Ele atentou-se aos comandos utilizados por Victoria e disparou um contra-ataque para frustrar os planos da garota. O Pokémon voador respondeu às preocupações do treinador com um aceno de cabeça, ou corpo, já que ambos eram praticamente a mesma coisa e era difícil distinguir. - Parceiro, vamos mostrar pra ela que não dependemos de truque alguma para vencer: Utilize dois Peck seguidos e não mostre misericórdia!

Jamie estava mais nervoso do que começou, o calor da batalha subiu à sua cabeça, a sua determinação em vencer crescia a cada ordem que disparava ao seu Pokémon. A confiança de Victoria fazia o treinador pensar que ela tinha uma carta na manga, não poderia deixar ela utilizar, era seu dever vencer.

A primeira batalha de Jamie contra outro treinador havia sido um sucesso, o rapaz não pode evitar de comemorar junto com Natu, a cada momento que passavam juntos o laço entre os dois parecia se estreitar mais. O pequeno pássaro havia crescido muito, mal parecia que começou a ser treinado mais cedo nesta manhã. Após Victoria curar os dois Pokémon, o rapaz se aproximou do Pokémon voador e lhe deu um forte abraço, o corpo de aproximadamente 20 centímetros do pássaro foi completamente espremido pelos braços de seu treinador, que estava muito feliz com o que tinha acontecido.

Natu agradeceu fazendo alguns barulhos com seu bico, que se assemelhavam ao nome de sua espécie, exprimindo o estado de felicidade que também estava sentindo, ele se livrou do abraço com um pulo e retornou ao chão, observando a interação entre Jamie e Victoria. Seus olhos exprimiam curiosidade, estava realmente interessado em ver o que iria acontecer.

- Obrigado, pela batalha, Vic. Posso te chamar assim? - Dizia Jamie, com um sorriso no rosto, estendendo seu braço para um aperto de mãos. - De qualquer forma, me diverti muito nessa. Agora, não queria cobrar, mas pode me passar a quantia que apostamos? Eu estou quebrado e preciso da grana para viajar pelo continente. Estou planejando performar junto ao Natu em alguma cidade de Hoenn que realmente valorize a arte, você sabe de alguma coisa?

O monotreinador estava tão aliviado graças a presença da garota, que se esqueceu completamente, mesmo que por pouco tempo, que estava perdido. A batalha pode ter lhe dado um pouco de dor de cabeça e preocupação, mas o entretenimento proporcionado falou mais alto no final. Ele olhou para o céu e agradeceu ao universo por todas oportunidades que havia recebido no dia de hoje, estava tão grato a tudo que jamais esqueceria.

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O jeito que Victoria se dirigiu a Jamie o afetou muito, o fez repensar todas atitudes infantis que teve desde que a conheceu, e olha que isso nem fazia tanto tempo assim, talvez tivesse errado sua primeira impressão sobre a garota, desde o princípio ela só queria ajuda-lo. Ele associou a resposta da garota com a maneira que ele a tratava, a partir de agora ele teria que engolir todas provocações que havia pensado em soltar e passar a ser mais educado com a moça. Não era a primeira vez que isso acontecia, o rapaz sempre tenta ser engraçado e recebe a reação contrária ao esperado, em sua cabeça, não era tão séria a maneira como falava.

- Desculpe, eu não queria ser rude com você. Fico muito grato por você ter me dado esses presentes, vão ser de grande ajuda no futuro. - Jamie dizia, enquanto guardava os itens em sua bolsa. - Pra que serve esse disco? Ele tem uma cor muito bonita.

O monotreinador esperava que assim ele pudesse se desculpar com Victoria, ele tinha gostado bastante dela, acreditava que poderiam ter bons momentos juntos, se ela permitisse. Ele não iria conseguir nenhuma resposta se não fosse sincero com o que estava pensando, então resolveu fazer um pedido:

- Você disse que tinha vindo aqui treinar seus Pokémon, não é? Posso te acompanhar nisso? Bem, agora que você mencionou, eu não tenho outros Pokémon, adoraria ter mais um psíquico na minha equipe, então, enquanto você treina, eu procuro outro Pokémon para capturar, o que acha? Assim poderemos voltar a Mauville juntos no fim

Enquanto caminhava em direção ao rochedo, Jamie prestou atenção ao caminho que faziam e se sentiu burro ao ver que a Rota 118 não era tão grande assim, na verdade, parecia mais uma linha reta até dar próximo à uma praia, com uma porção de água do mar ao final. A medida que se aproximava dos rochedos , ele passou a sentir o cheiro do mar e também a ouvir um pouco o barulho da água, mas esta estava ainda a uma distância considerável. Como estava tentando se dar bem com a Victoria, tentou pensar em inúmeros assuntos para conversar, mas garota andava tão rápido que ele estava mais concentrado em acompanha-la do que falar algo, então, por um bom tempo o silêncio reinou.

- Err... Vic, como você decidiu treinar Pokémon? Você parece muito boa pra idade que aparenta ter, você deve ter...no máximo 16 anos. - Especulou o rapaz.

Jamie se sentia inseguro quanto ao que fazer de sua vida daqui pra frente, ele havia jogado toda sua vida para o alto em busca de algo novo, não sabia exatamente o quê. Havia chegado ao novo continente achando que viveria como artista, mas já não tinha tanta certeza, pois não era mesma pessoa de quando chegou. Talvez a experiência da garota poderia lhe dar uma luz, o monotreinador tinha gostado de batalhar com ela, pensou que talvez pudesse encontrar uma intersecção entre treinador e artista, seria muito útil pois renderia bastante dinheiro.

Na velocidade que estavam, não demorou pra chegaram a área com rochedo, que já estava visível, algum Pokémon que morava ali em abreve faria parte da equipe de Jamie e também se tornaria um companheiro ao Natu. O monotreinador se perguntava que tipo de criatura morava ali, seriam parecidas com o Natu ou uma espécie completamente diferente?

Jamie apertou os olhos para conseguir enxergar a figura sentada no alto dos rochedos, mas estava muito difícil, tudo que ele via era um borrão disforme. O garoto havia desistido de usar óculos desde a adolescência por achar que não combinava com eles. Abdicou de uma boa visão à distância para manter uma boa aparência, e devido ao estado de beleza em que se encontrava no momento, certamente não foi uma boa troca.

Conseguiu distinguir que o Pokémon estava sentado, mas a silhueta era um pouco confusa, não conseguia captar a aparência por completo, portanto, sacou o dispositivo chamado Pokédex, que havia posto no bolso de sua calça, para poder alcançar mais facilmente. O aparelho iniciou assim que foi apontado à criatura, revelando a sua imagem e informações.

- Irei aproveitar que ele está ocupado, o que acha? - Perguntou o treinador, esperando a aprovação de Victoria. Depois, se virou ao seu Pokémon, para se referir a ele. - Natu, você consegue subir até ali com saltos? Se conseguir, tente desferir dois golpes de Peck para chamar a atenção dele, assim começaremos uma batalha!

Natu se aproximava com pequenos pulos da base da rocha em que sua "presa" estava. Parou um tempo o observando, para entender como iria subir, Jamie cochichou para o passáro tentar não chamar atenção, não antes de ser a hora perfeita para atacar.