Antes mesmo de sermos liberados para o almoço senti que meu estômago agia como um reloginho, murmurando não tão silenciosamente sobre a fome que sentia enquanto me instigava em partir na direção da tal Cozinha improvisada na Base Avançada. Brooklyn e os gêmeos também seguiriam para lá com os irmãos prontamente retornaram seus Pokémon antes de partir. Já Brooklyn retornou quase todos, com exceção de Naville, que era extremamente próxima da garota e mantinha-se ao seu lado com um "ar de guarda-costas". Eu, por outro lado, deixei todos livres para me seguirem como um exército de esfomeados, numa sinfonia de reclamantes "buchinhos" — Eu sei pessoal, tá difícil, mas já estamos quase lá! Eu já até sinto o cheirinho de um Sopão! — Comentei em alto tom com as criaturinhas, chamando inevitavelmente a atenção de Brooklyn. que se aproximou sorrateiramente com a Sneasel agora em seu ombro.
— Sopão feito com o tutaninho dos últimos Voluntários, provavelmente. Eu sinto cheiro de Trabalho Escravo à distância, meu querido... — Disse ela, jogando os cabelos para o ar, propositalmente lançando fios no meu rosto a alguns muitos centímetros de altura acima — Não seja dramática e nem precisamos nos preocupar, olha como a gente tá magrinho e nem vai deixar o caldo suculento — Comentei, de maneira jocosa, dando uma risadinha "marota" em seguida e esbarrando de leve contra o ombro da garota enquanto caminhávamos. É claro que a atitude não deixou Naville contente, mas felizmente ela foi controlada pela garota, ao mesmo tempo que Mey já se punha entre nós dois, também subindo em minha cabeça. Sim, uma guerra visual de unhas sendo mostradas de todos os lados! Mas enfim, nada que fosse chegar de verdade nas "vias de fato", assim eu esperava...
Quando finalmente chegamos a tal Cozinha, fiz o de sempre, tratei de achar alguma ração para os Pokémon primeiro antes de pensar em comer e depois tratei de adentrar a fila do Bandejão, logo atrás de Brooklyn — É a hora da verdade... Sente o cheirinho! Sente... — Disse no pé do ouvido da garota, que surpresa pela aproximação nada sutil, me deu um tapão no rosto, sonoro e dolorido, além de vergonhoso é claro — NÂO FAZ MAIS ISSO SEU OGRO! — Disse ela, mantendo sua pele branca agora avermelhada por causa de todo o sangue que subiu ao seu rosto de supetão. Eu pensei em responder, mas na verdade só ri e sacudi negativamente a cabeça, levando a mão até a bochecha com marca de dedos. Minha tentativa de expressão foi inclusive atrapalhada pelo soar o PokéNav que me fez "deixar tudo pra lá" para poder ler e responder. Afinal, não era uma notificação qualquer... Era uma mensagem... DELA!
Pedi um momentinho, saindo da fila e indo para trás da Tenda para tentar ficar sozinho um pouco. Havia um longo texto e eu não conseguia ler sem pensar na voz e Natalie, felizmente ainda viva em minha memória. Foi uma verdadeira inundação de sentimentos que eu tinha uma certeza quase óbvia da existência, mas que jamais me permiti ser esperançoso demais. Ou será que secretamente sempre fora? Enfim... O sorriso estampado em meu rosto e tornando-se cada vez maior e mais "bobo" a cada parágrafo falava por si só até finalmente terminar a leitura e passar a escrever:
Luch Drac escreveu:Naty, você está viva! Está bem! Eu sempre confiei de que você não me abandonaria... Jamais! Sei que nos separamos em um momento delicado. Você não parecia estar tão bem e eu, bem... Eu estava enciumado durante todo o Teatro, não vou negar. Mas o que mais me doía é saber que estava sendo injusto com esses ciúmes e enquanto pensava na justiça ou não de meus sentimentos acabei te perdendo. Ou achando que havia perdido... Meu coração explode de felicidade em saber que estava errado e que ainda temos muito o que nos afogar de amor no coração um do outro.
Tenho certeza de que não está passando por momentos agradáveis agora, mas eu sei o quanto é forte! Você chegou até onde chegou, conquistou o que conquistou com suas próprias pernas e forças! Eu poderia dizer que quero ir te salvar agora mesmo, mas além de estar distante a milhas e milhas além do mar. Veja só... Na sua Terra Natal! Eu também não acharia justo me colocar numa posição tão engrandecida, afinal você é a heroína da minha vida e dos meus sonhos. Lembre-se que no final dessa escuridão está a luz do meu amor por você, sempre a te esperar. Te juntarei em meus braços, pedacinho por pedacinho se precisar e vamos embarcar nessa roda gigante de gelatina, sem hora pra descer! Que nossos pés não sintam o chão da mesma forma que se perdem em cada beijo seu,
Viva Naty, viva por nós dois e venha me encontrar logo depois!
Eu te amo, bebê! <3"
E enquanto finalmente terminava de digitar o "textão", fui surpreendido pela aproximação abrupta de Brooklyn com duas grandes bandejas de comida. Será que ela tinha roubado? Ou "convenceu" a lhe darem a minha também? Enfim... Talvez não quisesse de fato saber os detalhes sórdidos. Simplesmente peguei a que ela me oferecia e sorri, agradecendo em seguida — Valeu, eu tava lend.. — Comecei a dizer, sendo interrompido pela menina de cabelos azuis, que fechou os olhos e colocou o dedo indicador na minha boca — Caladinho, "bebê gelatina", eu já li sua conversa antes de aparecer. Achei tão.. ... Como se diz? Sem graça? Enjoativo? Ah não, Fofo! HAHAHAHAHA! — Comentou a menina, gargalhando em seguida e então atacando a salada de sua bandeja. Sem reação adequada, simplesmente sorri bem calmamente e tratei de começar a comer também. Estava anestesiado de bons sentimentos e sensações e teria um agradável almoço, por mais estranho que fosse aquela refeição. Enfim, vejamos o que a tarde traz de trabalhos para "afogar" a saudade com um pouco e suor.
OFF :
Foi ótimo Bed! o/ E desculpe pela demora em postar, eu estava terminando algumas coisas da Administração e acabei deixando minha rota pra trás.