[GYM BATTLE] Vs. Flannery #016

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Admitia: Embora fosse ótimo para economizar tempo, o movimento literalmente imediato do recepcionista de levantar e começar a se encaminhar para o suposto campo de batalha ao se dar conta de que pretendia desafiar a líder era, para dizer o mínimo, estranho. A primeira reação do corpo foi que os pés recuaram alguns passos, hesitantes, como se se preparassem para fugir de uma emboscada construída cuidadosamente, cujo algoz aguardava há sabe-se lá quanto tempo que um mosquitinho indefeso cedesse aos encantos da atrativa isca mascarada em forma de ginásio. Os orbes acinzentados se demoraram na imagem do recepcionista, e a ruiva engoliu saliva silenciosamente antes de, enfim, oferecê-lo um sorriso banhado de receio, a consciência tentando convencê-la sobre o quão exagerada era aquela ridícula teoria da conspiração.

Ainda que o coração não quisesse acreditar nessas palavras - mesmo que parte de si reconhecesse que talvez aquele temor fosse apenas produto de um patético trauma tentando ganhar terreno sobre seu corpo e atos, a julgar pelos infelizes acontecimentos recentes -, a ruiva se forçou a seguir os passos da rapaz ao longo do (não tão) estreito corredor. Quando o homem requisitou seus dados, pokénav em mãos, mais uma vez uma breve insegurança sacudiu seu coração mas, após alguns segundos, Chase limitou-se a repassá-los sem se dar ao luxo de contestar.

Quer dizer, não era como se fosse possível um ginásio tão conhecido se resumir à armadilha de rato, né?

— ...Ah... Olá. — Cumprimentou, sem jeito, diante da energia estampada na cara da ruiva que, ao que tudo indicava, iria adversar. As pupilas passearam pela imagem do jovem que, agora, tomava posição de juiz na lateral do campo e, observando a tartaruga escolhida tão firmemente por Flannery, ponderou que tipo de cartas o simpático monstrinho fumegante teria para lhe sabotar. — Espero que possa dar um desafio para você, então. — Disse, retirando do bolso uma das esferas que carregava. Revirou-a entre os dedos, silenciosa, e respirou fundo antes de enviar seu companheiro arroxeado ao combate, incerta se aquela seria a melhor decisão que poderia tomar. — ...Natalie. — Apresentou-se, os braços cruzando nervosamente em frente ao peito, o olhar assistindo enquanto o terrestre se materializava na arena por meio de um ofuscante feixe de luz esbranquiçada. — Zuby, tome cuidado com ele. Não sabemos o que pode fazer. — Alertou, engolindo saliva e ajeitando uma das madeixas rubras por detrás da orelha. — Comece com Earthquake e siga com Toxic. — Instruiu, então, ao bípede venenoso.

E esperou pelo melhor.

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Um incômodo nocivo foi o que roçou pela coluna da ruiva quando se deu conta de que o avanço de Nidoking, ainda que fosse normalmente um tanto quanto monstruoso, malmente havia arranhado a carapaça de Torkoal, que o envolvia tal como uma invejável muralha. Balançando a cabeça em negativa, foi aquele o exato instante que a jovem percebeu que o confronto dentro daquela sauna aparentemente amigável lhe traria muito mais problemas do que havia imaginado inicialmente.

— Chega, já está ótimo. Retorne, Zuby. — Decidiu, estendendo a esfera bicolor do espécime bípede e retornando-o para tal, ponderando por meros segundos antes de arremessar em campo seu amável fantasma elétrico. Talvez fosse uma jogada arriscada, mas não faria sentido para si perder o poderio venenoso do terrestre antes mesmo que o segundo pokémon da agitada adolescente fosse revelado. — Rotom, é com você; Confuse Ray! — Pediu. Tinha consciência de que precisaria contar com a sorte naquele espaço de tempo que a máquina de lavar entrasse em campo, mas não acreditava ter muitas opções naquele momento.

Restou-lhe, então, aguardar.
Será que havia cometido um erro ao desafiar a líder de Lavaridge?

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— Talvez não me garanta muita coisa, mas não custa nada tentar, não é? — Foi o que respondeu, se permitindo um brevíssimo sorriso para a líder do ginásio de fogo. A partir dali, em silêncio, Chase se limitou a assistir a nova rodada que se iniciava, torcendo o canto da boca diante do atordoamento até então inútil para o combate e, principalmente, do grotesco avanço realizado pela tartaruga contra sua preciosa máquina de lavar. Não seria uma batalha fácil, percebeu logo de cara; De qualquer maneira, não era como se tivesse muita sorte naqueles tipos de enfrentamento, não é? Seu histórico que o dissesse. — Aguente firme, Rotom! — Pediu, respirando profundamente e cruzando os braços em frente ao peito, apertando com delicadeza as pontas dos dígitos sobre a pele desnuda. — Thunder Wave e Thunderbolt. Não se deixe intimidar!

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Um profundo suspiro de alívio foi segurado pela moça quando, sem mais nem menos, seu fiel companheiro fantasmagórico fez questão de devolver, na mesma moeda, a violenta ofensiva anteriormente utilizada pela tartaruga de fogo. Chase limitou-se a exibir um sorriso discreto no canto da boca, o aperto já discreto nos próprios braços se suavizando e, então, os ombros perderam um pouco da tensão que carregavam desde antes do início do combate, quando ainda estava se apresentando na recepção em busca de um desafio.

— Obrigada. — Respondeu, franzindo a ponte do nariz num gesto de graça, permitindo que uma respiração profunda escapasse ao término da rodada que há pouco havia se iniciado. — Nós... Passamos por bastante coisa juntos, sabe como é. — Comentou, com um breve dar de ombros, assistindo pacientemente a mangueira do eletrodoméstico que sacolejava para lá e para cá, inquieta. — Seu Torkoal também é bem trabalhoso, não é? — Riu, sem jeito, com a consciência de que já havia perdido uma boa tacada durante a permanência do espécime em campo. Esperava poder se livrar logo dele e, principalmente, que os próximos pokémons não lhe dessem tanto trabalho quanto - embora tivesse consciência de que aquela não era uma esperança apenas tola, como também vã. — Rotom, duplo Thunderbolt. — Instruiu, com simplicidade, e esperou para ver como os próximos turnos se desenrolariam.

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Um suspiro engolido foi o que a moça segurou na garganta quando, com uma única ofensiva a mais, o espécime de dura carapaça cedeu diante do poderio elétrico de seu companheiro. A nova escolha da líder, entretanto, não permitiu que o peso em seus ombros ficasse mais confortável; Discreto, o canto os lábios se torceu, e a ruiva segurou os braços em frente ao peito enquanto lamentava, em silêncio, a brutalidade física da qual os adversários titereados por Flannery eram capazes de apresentar - infelizmente, aquele ali não seria diferente, e a treinadora não tinha certeza se teria condições de lidar com muitos que seguissem no mesmo naipe.

— ...Rotom, Confuse Ray e Thunder Wave. — Instruiu, a respiração falhando por um singelo instante; Tinha consciência de que a atitude poderia acabar voltando como um tiro no pé mas, naquela situação, acreditou que arriscar as cartas que tinha era bem melhor do que simplesmente lamentar e ponderar possibilidades que não era capaz de prever, independente de quantas vezes tentasse e por quantas ocasiões idênticas acabasse passando.

— ...Você consegue, Rotom. — Sussurrou, para ninguém em específico, as pálpebras caindo por alguns centímetros e o peito enchendo e esvaziando em ritmo tão intimamente ligado à própria respiração. — Eu confio que sim. — Disse, a afirmação se perdendo no vapor que inundava a arena tal como uma sauna que, por algum motivo, havia tido o luxo de apreciar.

Dizem que esses lugares são relaxantes, não é?
Rezou - embora não houvesse para quem - para que sim.

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