(010) — hidden springs/call it what you want

No primeiro momento que Karinna ameaçava jogar minha camisa fora eu me adiantava e tirava um lenço de papel de um dos bolsos para limpar o catarro da blusa. Em seguida, abria a sacolinha que eu havia guardado na lateral da mochila e depositava o lenço lá. - Não é pra tanto. Isso deve bastar. - Falava com ela, enquanto amarrava a sacola. - Não é como se suas lágrimas fossem radioativas e fossem me matar. - Dizia, rindo. Em seguida, eu falava em tom mais leve com a garota. - Está tudo bem. A gente não tem que ser forte o tempo todo. - Falava sorrindo. - Eu sei bem como é se sentir impotente também. As vezes acontece. - Dizia esfregando a nuca meio sem graça.

Eu não sei exatamente se Karinna havia escutado alguma coisa do que eu disse, porque enquanto eu a respondia, a garota parecia longe. Como se refletisse sobre contar algo pra mim, e aquilo a tirava de órbita, lhe tirava da minha companhia. Eu até cheguei a erguer uma sobrancelha pra ela, e quando me chamou pelo nome eu sorria, respondendo. - Sim, sou eu. - Mas em seguida ela desistia. E eu ficava meio incomodado. - Ta tudo bem? - Dizia tentando entender a situação que a loira se encontrava. - Tipo, você parece meio distante enquanto a gente ta junto. Tem algo te incomodando? - Perguntava, transparecendo meio inseguro na voz.

Bem, é claro que tem né seu imbecil. A garota toda encontra algum gatilho nesse bendito parque de diversões, e você sequer consegue mantê-la aqui contigo. Antes de perguntar por algo assim, você deveria situar ela em relação a suas questões. Tu não é facil mesmo de se lidar Fernandez. Mas, olha, cada segundo que se passava, eu percebia que tinha uma conversa inadiável com Bley pra acontecer, e ela parecia se sentir da mesma forma. Afinal, como ela poderia se sentir confortável estando vulnerável se nem eu mesmo lhe conto sobre o que me acontece.

Resisti a um suspiro. Uma vez que fui interrompido por um barulho que me chamou a atenção, não só a minha, mas como a de Brave e Teriyaki também, que nos chamavam e nós prosseguíamos até a direção do barulho, comigo sendo puxado pela loira. O que estava acontecendo?

Indo até a origem do barulho, eu me surpreendia com o que encontrava. Aparentemente, um pássaro e um Pokémon espada brigavam pela posse de um objeto, e honestamente, eu até queria interromper o conflito e tentar media-lo, mas eu começava a me preocupar com o tempo que passava. De baixo, eu apenas olhei para Brave que imediatamente entendeu o que eu queria dizer: iríamos lutar. Ele pediu para Teriyaki descer e então o Gloom descia das costas do psiquico. Eu soltei a mão de Karinna brevemente para puxar a Pokédex e descobrir que os pássaro se tratava de um Fletchling, e o Pokémon espada era um Honedge. Rapidamente, eu procurava a numeração que brilhava no topo da arma e eu via um três, o mesmo número que correspondia no corpo do Pokémon. - Bem, esses aqui parecem legais. - Falava com Karinna. - Acho que o meu é aquela espada... ao menos, de acordo com os números. - Dizia, forçando a vista para tentar ler o número desenhado em seu corpo. - Ele também ta segurando alguma coisa, ou é só impressão minha? - Perguntava para a loira e esperava sua resposta, antes de prosseguir com meu movimento.

- Certo, Brave, nosso alvo é o Pokémon espada. - Falava para o Gloom, que assentia com o corpo. - Ele tem resistência a maioria dos nossos golpes, então tente derrubá-lo com dois Giga Drain. - Afirmava para o gramíneo.

Eu não sabia se um Giga Drain derrubaria o Honedge, por isso ordenei dois, só pela via das duvidas. Assim que o Pokémon fosse nocauteado, eu endireitaria minha postura e atiraria com a arma de Park Balls nele, visando sua captura.

Se eu era besta, Karinna era a Rainha de todo o besteirol. Assim que acertava o Fletchling com sua Park ball, ela se vangloriava do tiro de forma extremamente exagerada, tirando boas gargalhadas de mim e de Brave, até o momento em que ela dizia que eu não era sua vítima. Eu mudei minha expressão para uma mais séria. - É mesmo? Uma pena... - Dizia, soltando a arma e me aproximando aos poucos, até chegar bem próximo da loira. - Porque você é a minha! - Dizia antes de rapidamente começar a fazer cossegas na loira. - QUE COISA FEIA, RAFIKI! TU É UM MENTOR, NÃO UM ASSASSINO. - Falava aos gritos enquanto me esforçava pra me fazer ouvido em meio as risadas da monotreinadora.

Talvez eu tenha exagerado um pouquinho, mas não demorei para solta-la e lhe roubar um selinho, antes de solta-la para que cada um pegasse sua esfera. No processo, eu acabava, além de pegando a esfera de Honedge, pegando um dos objetos que ele levava consigo e guardando na mochila para dar uma olhada nele depois, e de longe, eu via Karinna subir numa árvore. - Ei, não faz isso. Tu vai machucar sua mão! - Gritava com ela, mas era ignorado com sucesso. Depois de algum tempo, eu me aproximava e via a loira sentada num galho, fingindo que estava tudo bem. - ...os seus pontos abriram, né? - Perguntava pra ela, estando de baixo e já esperando uma resposta positiva. Suspirei. - Que ideia, ein Karinna! Tu quer ajuda pra descer? - Falava, procurando algum jeito de trazer ela a volta.

Na verdade, eu só me apoiei na árvore que ela estava olhando e fiquei olhando de um lado pro outro, mas eu estava esperando mesmo era que ela pedisse para Teriyaki descê-la de uma vez. Não sei o que ela esperava ver lá de cima, mas esperava que conseguisse o que queria.