[Akai Ito] – Doll Fanfest –

Dizem que o amor é cego - então, o pobre unoviano certamente deveria estar bem encantado, considerando a maneira como errou de maneira trágica o alvo que mirava inicialmente. A própria ruiva também sofria com esse efeito colateral, visto que mesmo tendo que se abaixar para não tomar um "tiro" na cara (graças aos céus tivera reação suficiente, ainda que acabasse tomando alguns respingos de água pelos cabelos), ainda simplesmente achou encantadoramente hilário o jeitinho como o desastrado criador acertava uma caixa completamente desprevenida e devolvia, daquela maneira sem graça que tão bem conhecia, a arma para o dono da barraca.

Óbvio que sempre existia alguém para sobressai-los e, com um timing perfeito, a vilã surpresa do Togepi mais uma vez mostrou suas garrinhas, exibindo um belíssimo Beldum prata e dourado que, particularmente, quase fez com que a moça salivasse - ou talvez fosse efeito colateral da convivência com Karinna nos últimos tempos, considerando que se sentia um pouquinho mais gananciosa que o normal, mas... Enfim, o fato era que era bem difícil de acreditar que existia um prêmio daquele nível em uma simples atração de Tiro ao Alvo, mas a ruiva se convenceu de que as peninhas que descobrira no interior de sua caixinha já eram mais que ótimas até porque, bem... Elas eram bonitinhas, né?

— 'Cê sabe se isso serve pra alguma coisa? — Perguntou, franzindo o cenho com suavidade ao erguer uma das penas brancas, fitando-a por alguns instantes - um sorriso traquina, então, brincou por seus lábios, e os orbes acinzentados cintilaram quando a atenção voltou na direção do companheiro. — Ah, pera! Acho que já sei... — Disse, logo antes de avançar a mão e "atacar" o pescoço do unoviano, agora desprotegido, com o objeto macio, fazendo-lhe algumas cócegas bobas. — Aaah, perfeito! — Gargalhou quando foi afastada, e se pôs na ponta dos pés para dar um beijo estalado na bochecha de Valassa, guardando a peninha na caixa e esta, por sua vez, na mochila. — Ei, Flora, mas você chegou a ganhar alguma coi- — E a pergunta foi interrompida pelo celular da menina, que respondeu rapidamente (seria Lisanna?) antes de simplesmente acenar, sorrir e dar no pé. Chase piscou algumas vezes, balançando a cabeça e acenando brevemente para a lojista. — Manda um abraço pra Lisanna, Flora! Também foi bom te conhecer! — Disse, um sorriso ameno no rosto. — Vê se vocês não se matam, viu?! — Aconselhou, pouco antes de vê-la sumir na multidão.

...

— E você! — Disse, de repente, girando os calcanhares na direção do rapaz. — Agora você é todo meu de novo, há! — Gracejou, franzindo a ponte do nariz e apertando com suavidade as bochechas do moreno, mordendo com delicadeza o próprio lábio inferior, quase tímida. — Vem cá... Eu tenho certeza que vi um jogo de pesca ali atrás, 'cê quer ir comigo? — Pediu, entrelaçando os dedos aos do rapaz. — Um de Psyduck, eu acho, sei lá... Vai que a gente encontra algo legal, né? — Sugeriu, dando alguns passos na direção da tal barraca e puxando com delicadeza o braço do companheiro, incentivando-o em silêncio. — ...Aliás, cê acredita naquele Beldum lá, que a menina tirou? — Comentou, balançando a cabeça com suavidade. — Parece até pegadinha, né? Acho que ela tem uma sorte que não dá nem pra falar, ou então tem alguém seguindo a gente com câmeras e aposto que vamos aparecer no Pokétube ou algo assim! — Riu, com um dar de ombros sereno.

Vejamos, vejamos, vejamos...
Pesca de Psyduck's, cadê você?

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Foi com um riso manso que a ruiva recebeu o espirro do rapaz - mas as sobrancelhas foram as primeiras a se franzir diante da afirmação do moreno, a cabeça balançando com suavidade diante do comentário do aviário. Ora, não era lá muito surpreendente que o rapaz houvesse construído um, sinceramente; Afinal, não era ele quem tão íntima relação havia desenvolvido com aves de praticamente todo e qualquer tipo?

— Alergia a pena, você? — Questionou, balançando de levinho a pena contra a ponta do nariz do unoviano, uma última vez. — Isso eu duvido, viu? Acho que não tem nem como! — Riu, espiando-o de cantinho. — Sério? Mais rápidos? — Perguntou, erguendo as sobrancelhas em surpresa; Bom, não tinha costume de sair testando penas por aí em seus pokémons, mas talvez deveria começar a fazê-lo, se elas fortificavam os atributos dos monstrinhos... — Será que, tipo, é um lance de "transferir" a energia de voo ou algo assim? Ou será que é viajar demais pensar nisso? — Ponderou, franzindo com discrição a ponte do nariz. — O que você acha? — Perguntou, enquanto se encaminhavam na direção da barraca de pesca. Durante o caminho, a moça percebeu o Pokénav vibrar mais uma vez - e checou a verificar rapidamente para ver se não se tratava de alguma resposta atrasada e envergonhada de Karinna, sorrindo com certa traquinice diante da ideia, mas acabou apenas se surpreendendo com um projeto de "propaganda" de Flora nas suas mensagens privadas. Rápida, teclou um simples "Pode deixar!" para a morena, enviando-o para logo guardar de vez o aparelho alaranjado e poder se concentrar na companhia que tanto sentira falta durante os últimos tempos.

— Olha, não me parecia de brinquedo não, mas eu posso tar errada, né? Talvez fosse algo super realista ou algo assim. — Comentou, o olhar correndo em volta por uns instantes em busca da atração que tencionavam se dirigir. — Eu não conheço muito das evoluções dele, na verdade, mas acho que eu gostaria de treinar algum bicho assim. Mas eu sou suspeita, porque não passo praticamente nada! — Gracejou, ajeitando brevemente uma das madeixas por detrás da orelha. Não demoraram muito para encontrar a barraca dos Psyducks, felizmente, e a maior sorte era que a atração estava momentaneamente vazia - talvez muitas pessoas ainda estivessem pelos lados das barracas de captura, né? — Oi! Boa tarde! — Cumprimentou, um sorriso afável na direção do idoso, enquanto se inclinava um pouco sobre a bacia d'água onde os brinquedos giravam e giravam, prontos para tomar uma bela de uma fisgada a qualquer momento. — Tem problema se a gente for junto? — Sugeriu, apoiando-se brevemente sobre a ponta dos pés. Independente da resposta, esperou que o homem estendesse as varas - e a moça a girou nos dedos por um instante, mordendo com discrição o lábio inferior. — Faz muito tempo que não pego direito numa dessas, viu... — Comentou, deixando um riso breve escapar, o indicador empurrando com suavidade o ímã na ponta do anzol. — Desde a última vez que estive em Johto, na verdade, eu acho. — Comentou, num breve encolher de ombros.

...É.
Sabe-se lá quanto tempo fazia, né?

— Quer apostar quem pega mais rápido? — Atiçou o unoviano, empurrando com suavidade a lateral dos quadris contra a dos seus. — Mulher do padre, um sorvete, um beijinho... Pode escolher! — Brincou, dando uma piscadela, logo antes de tentar estender o ímã na direção de algum dos patinhos boiantes da atração. Meio atrapalhada, de fato - até o vento não ajudava muito, empurrando a linha e fazendo-a franzir com sutileza a ponte do nariz, mas...

Não era tão difícil!!
Né?

Né???

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E tinha de admitir que ainda que a ideia de aposta fosse inicialmente e tecnicamente sua, a reação do unoviano para tal possibilidade fê-la praticamente perder a firmeza do objeto nas mãos, a vara tremulando entre os dedos em acidental movimento escorregadio que quase fez com que o alongado item fosse parar direto dentro da bacia - como se já não fosse difícil o suficiente de manusear aquela coisa sem nenhum tipo de interrupção externa, tsc.

A ruiva sentiu as bochechas queimarem e, num primeiro momento, sua única reação se resumiu em lançar um olhar de canto na direção do companheiro. Ainda sentia um discreto formigamento no começo do pescoço, causado pelo impacto de sua respiração quente durante a aproximação para firmar as recompensas daquela pequena disputa pessoal de ambos - e, oh, admitia que precisou de alguns segundos para estabilizar mais uma vez a varinha entre os dedos, atrapalhada, num nervosismo bobo causado pelas possibilidades repentinamente estendidas diante de si.

— ...P...Parece ótimo, pra mim. — Vacilou, num tom baixo, se permitindo um tímido sorriso ao rapaz - os arrepios ainda deslizando por sua nuca por conta da proximidade de outrora. Sem jeito, precisou de um tempo para conseguir manipular adequadamente o item de pescaria, pendendo-o acidentalmente para lá e para cá enquanto tentava, quase que como um inseto tonto, prender o ímã na boca de um dos patinhos que boiavam. Até julgou ter conseguido um tempo bom, na verdade - isso é, até o moreno esmagar todas as suas esperanças ao arrematar um dos brinquedos azulados com um invejável timing que, para si, foi quase record.

— ...Uuugh, não vaaale! — Reclamou, num tom manhoso, o beicinho escapando quase que automaticamente enquanto o senhor estendia os prêmios. — Você fez de propósito! — Acusou, numa birra boba diante do resultado adquirido pela própria atrapalhada. Mesmo assim, porém, a moça se deu ao direito de colar o corpo às costas do rapaz, abraçando-o por trás por um breve momento, os braços se acomodando com gentileza em torno de sua cintura. — ...Bem... — Disse, em baixo tom, a ponta do nariz roçando com delicadeza pela linha de sua coluna. Discreta, uma das mãos se soltou para encontrar a lateral dos quadris do maior, afagando-o com invejável delicadeza com as pontas dos dedos. — ...Acho que perdi. — Sussurrou a própria sentença, pressionando com delicadeza os dentes no próprio lábio inferior, se afogando no odor do perfume do rapaz. Apertando o abraço por um breve segundo, não levou muito tempo antes de soltá-lo mais uma vez, permitindo que o jovem escapasse de seus braços para que pudesse tomar as premiações que o senhor a estendia. — ...Obrigada! — Agradeceu, as bochechas ainda coloridas pelo rubro pincelado. Naquele momento, sinceramente, não deu muita atenção para o fato de que haviam perdido também um belíssimo Gible na atração. Bem, talvez não fosse seu dia, né?

Se preparou para ir embora, girando nos calcanhares - mas ainda parou ao lado do unoviano, se pondo nas pontas dos pés - a mão capturou sua bochecha oposta para que pudesse trazê-lo um pouco mais para si, os próprios lábios praticamente roçando no lóbulo do companheiro.

— ...Mais tarde eu pago a aposta. — Prometeu, num tom rouco, mordendo com discrição o lábio inferior - os orbes passearam pelo rosto do acompanhante e, suave, depositou um beijo demorado em seu maxilar antes de, por fim, deixá-lo; Ali, seguiu seu caminho, embora sem saber ao certo para onde iriam daquela vez.

E, sinceramente?
Não era como se se importasse.

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Se tivesse de ser sincera, não se lembrava ao certo das últimas vezes que seu coração batera forte como o fazia naquele momento - quer dizer, pelo menos, era difícil de fazê-lo se tivesse de levar em consideração uma circunstância… Boa, por assim dizer. Mesmo com as bochechas coloridas com um tom próximo ao dos cabelos e as pontas dos dedos tremulando (fosse por vergonha ou simplesmente antecipação), era aconchegante o sentimento que pulsava em seu peito, cálido; E era por ele, aliás, que o sorriso breve ainda pincelava os lábios, avoado, cúmplice, independente da timidez, da falta de jeito que absorvesse seus trejeitos e atitudes, ou mesmo da derrota não tão infeliz na aposta pessoal de ambos durante a atração da pescaria de patos.

— ...Hmm… Tá bom, a gente pode, sim. — Concordou, um sorriso tímido, quando o unoviano mencionou a possibilidade de seguirem apostando durante o restante das atrações do festival. Era uma pena, se parasse para pensar, que não tinha sugerido esse tipo de brincadeira mais cedo mas, enfim, agora já era tarde para chorar o leite derramado, né? — ...Mas não vale reclamar se começar a perder. Você me pegou desprevenida! — Acusou, numa brincadeira mansa, os braços se enrolando aos do moreno enquanto a bochecha repousava em seu tríceps, devagar. Não botava fé, particularmente, que ele realmente reclamaria de algum resultado daquelas pequenas apostas e, bem, válido dizer que aquela não era uma crença que necessariamente vinha do nada.

…

Caham.

— ...Mmm... — Murmurou, ainda com certa manha, a atenção voltando-se ao panfleto nas mãos do companheiro. — ...Mega Sableye… Você acha que a gente consegue? — Perguntou, mordendo com discrição o cantinho do lábio inferior. Aquele tipo de forma sempre trazia um pouco de complicação na hora de enfrentar e, bem, ainda tinha um tempo limite para que pudessem derrotá-lo… Não parecia exatamente uma tarefa fácil, né? — Eu quero ir. Gosto da ideia de tentar um desafio pro Cryogonal. — Comentou, serena, os orbes passeando por um instante na direção do fractal gélido que se ocupava observando as pessoas passando de cá para lá nas atrações pelo meio do caminho.

Então, foram. Não precisaram andar muito, ou tampouco de muita atenção para encontrar a atração - ora, seria difícil precisar, considerando a cor fosforescente que emanava do local. Os orbes acinzentados engoliam, curiosos, o ambiente que lhes era apresentado - e estaria mentindo se dissesse que, quando a porta se abriu de repente e os dedos apertaram com discrição o braço do companheiro, não era susto a sua motivação.

— ...Acho que não posso dizer "espero que não tenha fantasmas aí", né? — Comentou, um riso nervoso enquanto observava a escuridão que os aguardava através da entrada. Chegava a ser engraçado pensar sobre como, mesmo tendo enfrentado tantos tormentos e pesadelos, ainda era capaz de estremecer diante de uma simplória casa mal-assombrada. — ...Mmmwn… Os cavalheiros primeiro? — Sugeriu, com um sorriso amarelo.

De qualquer jeito, acabaria entrando no lugar. Precisava fazê-lo, ainda que desejasse reunir um bocado de coragem antes de arriscar se aventurar no lado de dentro.

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