[BROOKLYN - SECUNDÁRIA] 001 - Começando do Começo

Serenidade.

Durante o breve momento que havia se mantido no Centro Pokémon para organizar algumas pequenas coisas, a moça era incapaz de não permitir que os pensamentos vagassem em direção aos momentos que, felizmente, tivera a oportunidade de aproveitar com o rapaz unoviano de madeixas escuras. Veja, não exatamente raras eram as situações caóticas nas quais caía de cabeça ao longo de toda a sua jornada - e, fosse por acaso ou garantia do destino, eram justamente os períodos em que passava acompanhada de Valassa que os pesadelos e demônios pareciam se afastar não só de seu coração, como dos próprios arredores que a envolviam e espreitavam, hostis, tal qual um predador enamora a presa antes do abate final.

Recordava-se, então, das carícias; Mansas, gentis, apaixonadas - entre a brisa da maré e as cobertas, na viagem e no destino. Do toque ameno, com a mesma suavidade do voo de uma garça ao poente, e do roçar dos lábios sobre a pele alva, morna, contato este o responsável pelo palpitar apressado e inquieto do coração dentro do peito, acelerado. Ora, e como não poderia sê-lo, quando a saudade e a ternura se mesclavam em um só, inflamadas ao desejo que há tempos corroía o peito solitário?

Ardia, e via-se em fogo ao menor contato realizado pelo moreno, sobre o vai-e-vem delicado da maré que separava Johto de Hoenn - juntos, mais uma vez, por uma longa e tranquila viagem sem interrupções, sem fantasmas, sem medo; Onde poderiam ser só eles, só com eles, só por eles. Ser um para o outro, sussurrando promessas e segredos um para o outro em melodia discreta, íntima, que cantava pelos desejos e partilhava sinfonia com avanços ousados de dígitos curiosos, de corpos úmidos velados entre quatro paredes que, silenciosas, guardavam entre si o segredo do baile sensual que conduzia-se por um, por outro, e recusava-se de encontrar um fim, enfim.

E por que não recusaria, com a paixão berrando um lamento só ouvido pelos enamorados?

...

O pensamento nublou-se, então, quando uma pluma branca delicada soprou-se contra o próprio rosto; A ruiva piscou, serena, enquanto ainda refletia sobre a maneira como tão intrínseco o odor do companheiro se encontrava, agora, no próprio âmago; As pupilas acompanharam o movimento delicado do acessório e, por um instante singelo, cruzaram-se, pouco antes que a moça apertasse as pálpebras e movesse a cabeça num balanço delicado. Ali, também tomou consciência mais uma vez do peso sobre as madeixas avermelhadas, e um sorriso ameno brincou no rosto quando a treinadora liberou uma das mãos (que se ocupavam em abraçar o amável e sonolento Togepi contra o peito) para afastar o objeto pálido da frente do rosto, movendo-o para o lado e afagando com gentileza o corpo da pequena Cleffa que se acomodava acima das madeixas.

A interação com a pluma também fê-la recordar, inevitável, da realizada há pouco com o exótico cigano da sociedade no Centro Pokémon - e, pela segunda vez, as bochechas avermelharam-se, tímidas, não só pelas palavras doces (e... Uh, charmosas, até) cantadas pelo albino, mas também por conta dos gestos delicados e da maneira galante que parecia tão natural à ele; Ora, doa a quem doer, mas infelizmente ainda não era o tipo de pessoa que sabia lidar direito com aquele tipo de situação - caos por caos, tudo o que tinha maestria de solucionar se resumia justamente às diabólicas e putrefatas situações para as quais era arrastada, titereada por um criador sádico de um universo pútrido mas, hah, como se blindar contra o charme delicado de alguém que nada mais, ou nada menos é, do que simplesmente gentil?

Pelo próprio bem, optou por não pensar muito a respeito.

De volta à realidade, olhou de um lado para o outro, os orbes acinzentados em busca do parceiro que havia se distanciado para respirar um pouco - e, felizmente, não precisou ir muito longe. A poucos metros do Centro, o moreno se dependurava contra uma cerca, espiando sabe-se lá o que por detrás do muro de madeira; O cenho se franziu, delicado, e uma das sobrancelhas se ergueu diante da estranha atitude do companheiro. A cabeça se inclinou, os olhos se apertaram... E, pé ante pé, de um jeito quase travesso, a moça acomodou melhor o bebê em seus braços e se encaminhou na direção de Drac, aproximando-se até que estivesse quase colada em seu corpo; Felizmente, a atenção do unoviano parecia desviada o suficiente na direção do terreno do outro lado da cerca, o que serviu para que conseguisse se aproximar sem ser notada.

O corpo se inclinou, o queixo quase se apoiando em seu ombro, a moça apoiada nas pontas dos pés; Aproximou, então, os lábios de seu lóbulo, prendendo a repsiração por um instante curto, apenas para que passasse despercebida por alguns milésimos a mais.

— ...BU! — Disse, de repente; Não tinha certeza se arrancaria a reação desejada, mas a tentativa por si só já era válida o suficiente - ora, tinha que relembrá-lo que ele não poderia esquecer completamente os arredores! Estava só fazendo um favor, não? Haha! — Que que cê tá fazendo aí, seu xereta? — Brincou, franzindo a ponte do nariz num gesto de graça, divertida. — Espiando alguém de biquíni? — Provocou, com a plena consciência de que a ideia sequer era uma alternativa. A própria moça, para falar a verdade, acabou espichando um pouco o pescoço, tentando descobrir o que raios acontecia no terreno que havia tragado a atenção não só de Drac, como da própria Meo-Mey. Alguma batalha, talvez? — Vamos indo pra Devon, ou como é? Desculpa a demora. Levei um tempinho pra ajeitar as coisas... — Explicou, bem na hora que a gorducha bebê rósea saltava de sua cabeça para o ombro do unoviano, agarrando-lhe pela nuca com seus bracinhos e espiando a cena que se desenrolava além da cerca amadeirada. O fato, bem, fez com que a treinadora segurasse um riso ameno, ajeitando uma das madeixas avermelhadas e, consequentemente, a pluma entremeada entre os fios.

De um curioso, pra dois, pra quatro; Pobre Togepi era o único disperso ali, repousando com serenidade nos braços de sua treinadora... O que, de certa forma, era até melhor para o coitado. Afinal, no mínimo do mínimo, ficaria "longe" de qualquer confusão que pudesse estar rolando por ali, não?

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Broo era uma pessoa bem esquentada, aquilo era óbvio. Mas ao se deparar com uma situação como aquela as coisas só se complicaram, a jovem nem mesmo pensou em sua segurança, se o rapaz estava acompanhado com mais alguém ou se havia algo de errado acontecendo nos arredores... Apenas se jogou, usou de toda a sua força de intimidação para tentar fazer com que o rapaz recuasse de suas acusações, contudo aquilo fora apenas reprimido quando o intimidativo Houndour grunhiu com raiva e ameaçou abrindo a boca mostrando os grandes dentes afiados.

Uma mordida seria fatal, mas a jovem tinha outras ideias contra aquele Pokémon. Nada mais justo do que resolver aquilo com uma batalha, não é mesmo? Josivaldo foi o primeiro a se juntar, ficou no meio dos dois e concordou com a jovem. – Tamo junto, eu vou ver caso alguém faça algo errado. – Josivaldo, mesmo falando em geral sobre as influências externas e roubalheiras, falava aquilo olhando diretamente para o rapaz mal encarado, deixando claro que suas palavras eram para ele.

O homem estava um tanto encurralado, por isso não correu, afinal, estava em jogo sua masculinidade também. Já pensou como ele seria chamado se soubessem que ele havia fugido de uma garotinha?

- Ai princesa, tu ta muito confiante. – Ele falava. – A gente vai te amassar. Houndour, use Frustration e logo depois Bite!

Ainda que estivesse em uma situação complicada, talvez fosse mais fácil para Broo lidar com aquilo do que Josivaldo. Mas enfim, enquanto uma batalha iria se iniciar dois curiosos treinadores observavam por entre as cercas aquela movimentação toda. Natalie não se atentava com o fato de que a pessoa que batalhava do outro lado se tratava de uma pessoa conhecida de Drac, contudo, o desejo de permanecer junto daquele que ama lhe fazia admirar a moça tanto quanto ele.

Parecia estar tudo tranquilo com a dupla observadora, até que a pequena Cleffa resolveu querer olhar mais de perto. Pulou da cabeça de Luch e passou por um espaço bem apertado da cerca, obviamente a ruiva e seu amado não conseguiriam passar por ali, mas para o Pokémon fada aquilo servia perfeitamente.

Será que seria perigoso para a frágil fada ficar tão perto de uma batalha real? Eles deveriam fazer alguma coisa para que nenhuma tragédia ocorresse por ali.

Era fato: Ao botar a cabeça pelo espaço da cerca, uma parte de si já esperava por alguma batalha que estivesse ocorrendo do outro lado e, bem, não é que estivesse errada - mas admitia que em nenhum momento a moça esperava pela visão da treinadora de madeixas cerúleas no meio daquele pequeno projeto de confusão. Por conta disso, acabou que sequer deu tanta atenção para o resultado de sua tentativa de susto no unoviano, embora a pequena parcela de foco que ainda se mantinha no rapaz se deu bem por satisfeita com a espontânea reação do bendito.

— ...Brooklyn? — Deixou escapar, erguendo as sobrancelhas em uma surpresa quase silenciosa. O olhar, então, volveu na direção de Valassa, balançando a cabeça em negativa com discrição. — Se ela tá fazendo confusão ali dentro, tenho medo do que aconteceu. — Disse, encolhendo os ombros com suavidade, incerta. Sinceramente, já estava quase perguntando se deveriam ir embora antes que a possível briga ali acabasse caindo nos seus braços mas, hah, o destino não parecia disposto a colaborar - e a moça só se deu conta desse "detalhe" quando enxergou uma bola rosa se arremessando dos ombros do moreno na direção do terreno baldio, bem pela fresta que não poderia utilizar para recuperá-la.

— CLEFFA! — Exclamou de repente, os instintos fazendo-a se encolher contra o espaço da cerca em uma tentativa frustrada de passar - óbvio, sem muito sucesso, considerando que não tinha nenhuma finura de papel. — Ai, deus, segura aqui! — Impôs ao unoviano, passando de imediato o sonolento Togepi para os braços até então despreparados do moreno. Sinceramente, já se preparava para tentar pular para o outro lado mas, felizmente, antes de qualquer cena patética, percebeu que a cerca não se estendia por muitos metros - então, o que fez foi virar para o outro lado e correr para contornar a dita cuja, invadindo o terreno baldio e se jogando de cabeça no meio da batalha sem parar para pensar duas vezes. — Volta aqui, sua danada!!! — Disse, tentando chamar a atenção da bebê - felizmente, porém, era bem mais rápida que a recém-nascida, principalmente considerando suas perninhas curtas, então provavelmente não teve muito trabalho em agarrar a pequenina e trazê-la aos próprios braços, num acolher imediato, apertando-a com delicadeza e puxando bem de leve uma das orelhas da pequenina. — Você, hein! Que história é essa de sair pulando por aí? — Reclamou, balançando a cabeça com suavidade, deixando escapar um "tsc, tsc".

...Mas, então, como era? Invadir o campo, né? Pois é.
E lá estava, no meio da bagunça e com um bebê no colo. Er...

— ...Hã... — Disse, devagar, a atenção se voltando na direção do trio, desajeitada. — ...E aí, galera? — Um sorriso amarelo. Será que ainda dava tempo de virar e ir embora? Porque, particularmente, parecia uma boa ideia, sei lá...

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A batalha de Broo estava começando finalmente, Sneasel era indiscutivelmente mais rápida do que o adversário do tipo fogo. Aquilo lhe fava uma vantagem extremamente alta, fazendo com que ela pudesse correr com suas garras e atacar com toda a sua fúria por exatas cinco vezes. Sim, a jovem havia dado sorte de Sneasel ter stamina para aguentar cinco garradas no Pokémon noturno lhe deixando bem comprometido. (7x5)

O Pokémon frustrado, literalmente, investiu no Pokémon de gelo da jovem de Unova com um poderoso bater de corpos, lhe deixando comprometida parcialmente, mas isso apenas fez com que ele se afastasse um pouco.(-13) Mas ainda assim, Sneasel não se deixou abater e, com isso, acertava um grande ataque de garras que, devido a batida de antes lhe deixava um tanto cansado e por isso somente acertava duas vezes(7x2).

Por fim, o grande Pokémon de fogo acertava uma mordida estratégica na pata do Pokémon de gelo que o jogava longe nos pés de sua treinadora(-11). Sneasel levantava com dificuldades, mas se via que houndour estava com mais dificuldades ainda.

Para a surpresa dos três que estavam ali, eles foram surpreendidos por uma fadinha que passeava no meio do campo fazendo com que eles tivessem que parar por um momento a troca de golpes e chamava atenção deles. Logo Natalie chegava junto e todos prestaram atenção nela e no rapaz que estava atrás da cerca observando.

- Hey garota, sai dai. Não ta vendo que ta tendo uma batalha por aqui? – O rapaz mal encarado dizia. – Quer ser a próxima a ser surrada é?

Enquanto isso Josivaldo se mantinha calado e Broo... Bem, Broo tinha assuntos para resolver com o rapaz que observava da cerca.