Lucky Boy

Seu próximo destino estava tão cheio quanto a maioria das atrações, mas ele conseguiu ser atendido rapidamente. A menina que o recepcionou o reconheceu, deixando-o um pouco encabulado por mal lembrar dela em tão pouco tempo. A ansiedade para ir nas atrações fora tanta que ele não gravava os rostos das pessoas, com exceção do senhorzinho sem noção de espaço da arqueologia. – ah ah ah Você é bem rápida em... Está trabalhando duro, espero que consiga um Pokémon legal no parque. – Ele tentou disfarçar seu constrangimento e logo emendou no motivo de estar ali, coçando a cabeça preocupado com sua inexperiência. – Será que consigo? Eu nunca costurei nada antes na minha vida. Só sei dar nó, será parecido?

Com o catálogo em mãos ele sorriu ao perceber que os materiais que tinha adquirido foram feitos para montar a Pelúcia da Dama do Lago. Aquela ali ele não tinha e seria bem útil. – Alguém vai me ajudar? É sério, se eu fizer sozinho vou acabar criando um monstro. – Depois de algumas instruções ele colocou a mão na massa e começou a costurar a Dama do Lago. – “Espero que fique aceitável, pelo menos” - Zweilous, entediado por não poder ajudar, deitou ao lado do treinador e cochilou, ronronando baixinho.

Quando julgou ter terminado, chamou por Plushie. – Acho que acabei. Você pode conferir? Também tenho algumas outras pelúcias comigo que “ganhei”. Vocês têm acesso a um Storage para que eu possa pegar meus outros Pokémon?

Por demorar tanto em ir ali, o jovem perdeu a oportunidade de sair do Park com algumas técnicas novas. Se tivesse ido primeiro na Tenda de Capturas, talvez tivesse conseguido. – Uma pena, mas não faz mal. Assim que puder irei até vocês. – E não é que ele conseguiu fazer uma boneca aceitável. Seu olhar crítico lhe dizia que tinha muito a melhorar, mas para uma primeira vez, sentia que tinha feito uma obra prima de arte abstrata. – Obrigado!

Will levantou da cadeira de trabalho bagunçando o cabelo das duas cabeças do Zweilous para acordá-los e, como sempre, teve que tirar a mão com agilidade para se esquivar de uma mordida do Algol. – Uma hora você vai ter que parar com isso, Algol. Não é nada bonito você tentar me morder – Ele suspirou, cansado da cena repetida, animando-se logo que pensou no próximo lugar para ir. - Vamos indo, garotos! Ouvi dizer que tem um Mestre treinando Pokémon por aqui. Bora lá conferir.

Com o mapa em mãos, o trio foi atrás dos serviços daquele artista marcial.

Aquela parte do parque era bem atrativa, os serviços ali prometiam bastante. Will não parou de virar a cabeça de um lado para o outro nem por um instante... Mas uma barraca em especial lhe chamou a atenção, antes de ir para o seu destino seguinte, parou e esticou o pescoço para ver o trabalho em uma tenda, eles estilizavam Pokébolas para coordenadores dando um toque pessoal em cada uma. Por um momento não ficou por ali, mesmo que não fosse um coordenador, pintar suas Pokébolas era um desejo antigo, um luxo caro do qual ele ainda não se permitiria ter.

Antes que cedesse ao desejo, saiu dali, seguindo em frente até o lugar que procurava. Ao esperar na fila, viu outra tenda muito interessante, decidindo que após o treino, iria direto ver se conseguia adquirir alguns TRs.

- Isso mesmo, Mestre! – Saudou o homem inclinando o corpo e a cabeça – Gostaria que treinasse a defesa especial do meu Rhyperior, se for possível. Eu não estou com ele aqui, mas se me permitir pegá-lo...

Will fez questão de acompanhar o treinamento e tomar notas sobre a metodologia. Como um treinador-criador voltado para o Trainning, não conseguia parar de pensar que aquele seria o seu destino com os seus 45 anos - treinar Pokémon de jovens treinadores no Dojô de seu avô que passaria a ser seu.

- Aqui está o dinheiro! – Pagou quando o treinamento terminou e fez questão de apertar a mão do Mestre. - Muito obrigado pela ajuda, só acho que talvez tenha treinado o Pokémon errado. – Olhou de relance para o Zweilous notando o quão entediado ele parecia esperando o término do treino do Brutus.

Saindo dali era hora de encarar a fila na Tenda da frente para descolar alguns TRs.

Entusiasmado, ele se aproximou da barraca de TRs surpreso com a quantidade exposta. Aquilo parecia a terra dos TRs, só passando o olho ficava notório a grande variedade de tipos e técnicas. Contudo, duas coisas deixaram Will cauteloso, a primeira delas foi a arrumação dos produtos que o fazia recordar dos camelôs de Vermilion, a segunda era a pessoa vendendo os discos, ela não só se vestia estranha como também tinha gíria de malandro.

Tudo bem, a cobiça falou mais alto, mas o Carateca se apoiou no fato da Tenda estar ali com autorização do parque. Então, aqueles produtos deviam ser lícitos.

- A vontade é levar tudo ha ha ha – Brincou sem saber para onde olhar - Mas tenho poucos shards comigo, sempre fui pobre de pedrinhas. Vou ter que selecionar alguns. – A indecisão foi grande, tinha tantas técnicas que queria pegar, tantos Pokémon para deixar no seu estilo. Mas com poucos recursos, teve que se valer de algumas prioridades. – Vou ficar com esses três, esse aqui e esse também... – Depois de muito demorar ali, ele pagou o rapaz de sotaque diferente, guardou seus novos TRs e se afastou caminhando com Zweilous. – Vamos procurar um sorvete pra gente, depois dar uma volta naquela roda gigante... Aí acho que podemos encerrar por hoje. – Falou em sorvete, Algol e Kron logo mudaram de postura, antes entediados, agora pareciam predadores caçando uma presa.

Saindo da barraca de TRs o trio caçou um sorveteiro até achar, comprando três tigelas da maior unidade vendida. Enquanto Will saboreava o seu sorvete sentando em um banco, Algol e Kron competiam para ver quem terminava primeiro. Quando percebeu, eles já haviam acabado e o encaravam com as bocas toda enlambuzadas – Tá bom, podem ficar com o meu. – Dividiu o seu sorvete entre os dois quase chorando, mas ele não conseguia resistir ao “olhar de pidão”.

O dia no parque estava se encerrando para eles, mas Will fez questão de passar em alguns brinquedos antes de ir embora para que o seu Pokémon pudesse se divertir, pois até então, ele tinha mais trabalhado do que brincado. Zweilous possuía uma anatomia diferente, o que poderia ser um problema, mas ele procurou as atrações que fossem compatíveis com o quadrupede de duas cabeças, terminando com a maravilhosa vista proporcionada pela Roda Gigante.

- É linda, não é? – Os dois estavam tão encantados com a vista que nem se importaram quando Will afagou suas cabeças. – Aproveitem, mas não se preocupem, logo poderão curtir uma vista dessa quando quiserem. Descobri que quando evoluírem, poderão voar! – Sua Pokédex não sabia dizer se o seu Pokémon era cego ou não. Contudo, ele sabia que de uma maneira diferente ou não, aqueles dois tinham uma maravilhosa percepção do mundo ao seu redor.

Foi nesse momento, enquanto admirava o parque de cima que um fato curioso ocorreu. A chocadeira presa em seu ombro começou a tremer anunciando que o Pokémon ali estava pronto para nascer. Will foi rápido em apoiá-la na superfície firme do brinquedo só para sentir que sua mochila encostada no banco também tremia. Desesperado pelo lugar apertado, ele organizou as três chocadeiras de forma segura instantes antes dos Eggs chocarem. As três criaturinhas que nasceram eram lindas e saudáveis (o que era o mais importante), mas apesar da sua felicidade em testemunhar aquele nascimento em massa, ele só podia ficar com um Pokémon no parque. Por isso abraçou cada um deles se apresentando e dando as boas-vindas, recolhendo-os rapidamente para suas Pokébolas. – Ufa! Esse Slugma é um perigo. – Por mais que soubesse que os Pokémon nasciam quando quisessem, era inegável o poder do Flame Body. Quem diria que os três Eggs chocariam só com um dia de passeio.

- Foi divertido! Conseguimos um novo amigo para o time e ganhamos bons brindes, mas agora está na hora de ir... – Com o fim do passeio na Roda Gigante, o trio se dirigiu para a saída do parque. Seu dia ali chegara ao fim, no entanto, a jornada continuava.