VI. Bird Set Free

Aiden ficou meio receoso de ver que o garoto era completamente insensível quando se referia ao Pokémon metálico, sem receio algum de mostrar seu apreço pelo próprio Pokémon do rapaz, em contrapartida. É natural que crianças falem o que dá na telha, por mais que possa ofender alguém, mas nunca deixava de ser um pouquinho surpreendente quando elas colocavam para fora aquilo que estavam pensando. Bem, de acordo com aquela intimidação, teria que fazer algo a respeito.

- É Mateus... Lucas Mateus da Silva Pinheiro!!! - Respondia, tal qual uma criança que aprendera a recitar seu nome completo sem errar não fazia muito tempo. Era fofo. Bem, quando o garotinho viu que Delano se meteria em uma batalha pra tirar o Magnemite, se afastou, mas o elétrico manteve a posição, como se tentasse protegê-lo. Disparou outra descarga elétrica, como se dissesse 'Fuja, enquanto é tempo!'.

Bem, Apollo não perdeu tempo para disparar mais uma de suas ondas de calor contra o metálico, que sofria danos muito altos pela vantagem de tipo que o canídeo tinha, e era muito empolgante para Mateus ver o golpe sendo desferido pelo Growlithe. O Magnemite devolveu com mais uma descarga elétrica, essa de verdade, que causava danos reais ao ígneo, especialmente porque ele tinha se envolvido em outra batalha não havia muito e sua vitalidade já havia sido afetada antes.

O cachorro concentrou mais uma vez o calor para atravessar o robótico, lhe causando danos que seriam suficientes para o nocaute, mas ele resistiu no lugar e continuou de pé, graças ao seu dom natural da Robustez. Aproveitou aquela oportunidade para disparar outra onda elétrica na direção do Pokémon de Aiden, o deixando paralisado, o que podia dificultar os seus movimentos. O combate parecia bem encaminhado, mas será que o inusitado protetor de Mateus tinha alguma carta na manga?


Campo: Beco atrás do campo de batalha do Centro Pokémon em Fortree. Não é muito bem iluminado. A criança de antes assiste o duelo não muito longe.

Foi difícil para o treinador não deixar escapar um riso bobo com a forma daquele garoto de se apresentar para os outros, e seu Growlithe ia bem no combate, mesmo com o dano prévio sofrido. Magnemite disparou outra descarga elétrica contra o cachorro, que acabou tendo seus movimentos incapacitados devido a sua paralisia. Ele o fez de novo, deixando o Pokémon de fogo em situação crítica, mas, com alguma sorte, ele foi capaz de usar um último Ember, e a chama disparada foi suficiente para dar cabo do Metálico de uma vez.


Campo: Beco atrás do campo de batalha do Centro Pokémon em Fortree. Não é muito bem iluminado. Mateus assiste o duelo não muito longe.

Após aquele último golpe, o robôzinho caiu no chão, incapacitado para continuar lutando. Parou de flutuar como um objeto eletrônico que perde as baterias, mas ainda havia sinal de vida ali, só estava bastante cansado. Parecia mesmo ser um Pokémon selvagem, então talvez houvesse a possibilidade de uma captura? Restava ao rapaz tentar fazer isso.

- Ainda bem que você conseguiu ganhar! Muito bem, cachorrinho - Mateus se aproximou de Apollo, acariciando a sua cabeça e brincando com o bichinho, que lambia sua mão, levando-o a rir. Ele farejou a mão do garoto e até começaria uma busca, mas estava muito cansado após aquele combate, não tinha lá muitas condições de fazer isso naquele momento, ainda mais devido a paralisia causada por Magnemite. Talvez fosse uma boa oportunidade de visitar o Centro Pokémon outra vez?

Depois de finalmente dar cabo do Magnemite que tentava proteger Mateus, Aiden decidiu que iria tentar a sua captura. Ora, não podia deixar um Pokémon como aquele largado, fora de combate, depois daquela situação, certo? Sendo assim, tacou uma das suas Pokébolas na direção do metálico, o atingindo com a esfera e o encapsulando. Resistiu um pouco, fez a Pokébola girar um bocado... Mas cedeu, e lá estava, sendo teleportado magicamente para o sistema de armazenamento do rapaz.

Depois de arranjar um belo exemplar metálico para a coleção, explicou para Mateus que precisaria levar seu Growlithe ao Centro Pokémon nas proximidades para recuperá-lo de seus ferimentos, e perguntou se ele não gostaria de segui-lo. O garoto não demorou em responder:

- Claro! Vamos lá. O cachorrinho precisa melhorar, né? - Claramente ele andava bem vislumbrado com Apollo, não demorou pra tentar tomá-lo em mãos para carregá-lo até o Centro Pokémon. Imaginou que ele gostaria de ser carregado, já que tinha cansado daquele combate (e ele já tava procurando uma desculpa pra fazer isso fazia algum tempo). Bem, sendo assim, podiam ir até o ponto de encontro dos treinadores sem maiores preocupações.

Quando voltaram até a rua onde o Centro Pokémon ficava, ele ainda estava lá, com sua aparência e estrutura inabaláveis. Alguns treinadores ainda ficavam nas proximidades, e, bem próximo a entrada, uma moça com uma camisa social azul e um colete mais escuro por cima, uma calça longa preta, botas de mesma cor, cabelos em um tom que ficava entre o azul e o verde, além do chapéu característico da classe, azulado com uma aba preta e uma insígnia no topo. Talvez fosse uma oficial de polícia aguardando alguma ocorrência ou coisa do tipo? Podia ser útil pra Aiden e seu pequeno protegido.

Depois da captura com sucesso, Apollo aproveitou para ligar o seu modo 'cachorro bobão' nos braços de Mateus, revelando a cara de bobão e os trejeitos de pet tradicionais, curtindo o carinho oferecido pela criança no trajeto. Ele ficou bem quietinho, aproveitando a caminhada até o Centro Pokémon de Fortree.

Quando se deparou com a moça policial em frente ao centro, decidiu recuperar seus Pokémon e voltar depois, enquanto seus bichinhos tinham as energias regeneradas. Ela ficou um pouquinho surpresa quando teve a atenção chamada por Aiden, junto com aquele garotinho. Quando ouviu sua solicitação, lembrou de alguma história familiar que tinha ouvido mais cedo, se voltando para ambos com mais atenção.

- Mateus, hein... - Pensou um pouco, seu Arcanine sentadinho ao seu lado direito, aguardando alguma orientação da mulher. - Eu recebi uma ocorrência dessas mais cedo, uma mãe que está aguardando uma busca na delegacia. Não quer me acompanhar com o Mateus pra ver se é a mãe dele lá? - Perguntou, amistosa, enquanto oferecia uma piscadinha para a criança, tentando a fazer confortável. Mateus parecia gostar da ideia e gostava ainda mais de ver o Pokémon da policial, abraçando ele por impulso. Ora, achou um cachorrinho ainda maior! Bem, a oficial aguardou uma resposta de Aiden.

Aiden não tardou em aceitar o convite feito pela policial para levar Mateus até o lugar, e ele aproveitou pra curtir o Arcanine da moça. Quando começaram a se deslocar até o lugar, o Pokémon de fogo acabou se oferecendo para servir de montaria para o pequeno, que ficou completamente deslumbrado com a oportunidade. Ainda bem que Apollo estava bem guardado em sua Pokébola, pois ele certamente sentiria ciúmes daquela cena.

- Aqui, não é muito longe - A moça apontou com o dedo em riste para um prédio bem grande, característico de uma delegacia, com entradas com portas de vidro e muita gente transitando lá dentro. Eles tinham andado uns cinco minutos ou coisa assim desde o Centro Pokémon, o suficiente para a criança ficar satisfeita com a viagem no Arcanine. Chegando lá, desceu do Pokémon que foi retornado para a sua esfera pela oficial de polícia enquanto entravam no recinto.

Ela os direcionou por entre uns poucos corredores do local, onde havia uma sala de espera. Chegando lá, depararam-se com duas mulheres; uma garota que vestia roupas mais casuais, uma camisa preta de uma banda qualquer com uma calça de moletom acinzentada, também tinha cabelo preto e curto, a sua expressão era meio desanimada. Além disso, num banco ao lado, sentava-se outra mulher de cabelo longo da mesma cor, com um vestido em tons de verde, e essa sim tinha uma expressão deveras desesperada. A face das duas se iluminaram ao ver a presença de Mateus com Aiden e a oficial da polícia.

- Meu Arceus Mateus!!! Onde foi que você se meteu? - A mãe correu para abraçar seu filho, o soluço de choro que não se continha de uma mulher aliviada. Sua filha mais velha, por outro lado, sorriu, mas a sua reação foi bem mais contida. Esperou sua mãe terminar o gesto para que pudesse abraçar o menino também, o colocando no colo por um momento. - Olha, Mateus. Quando eu te disse que meu Gengar era bom de se esconder, não quis dizer pra você fazer o mesmo que ele... - Tentou dar um clima mais agradável para o lugar, se pondo a rir com a criança. Depois, voltou-se para Aiden, ainda com seu irmão nos braços.

- Ei, você quem achou ele, né? Onde ele estava? - A treinadora perguntou para o rapaz, enquanto colocava novamente seu irmão no chão, que voltava a ser acarinhado pela mãe.