[GYM BATTLE] Vs. Janine #02

A realidade era uma esfera muito frágil e assim facilmente corrompida para se fragmentar em diversos cacos de realidades outras. São inúmeras as formas de se quebrar essa esfera. Você pode todo dia dar um peteleco até que em algum ao acaso ele quebre ou acertar com uma marreta e ver os milhares de caquinhos se dividirem do objeto primeiro. Eu sou a consequência de um trauma. Uma grande ilusão somada a diversas outras menores fizeram com que a esfera de Matthew se chocasse contra o chão e ele perdesse o controle da própria vida. Sendo assim, minha realidade era que eu não existia. Não tinha vida própria. Servia apenas para cumprir a um desejo da realidade do primário. Eu tinha consciência e agia como achasse melhor para proteger Matthew e vingar a memória de nosso pai, independente das consequências.

Ainda assim, honra e respeito significavam algo para mim. Eu, Matte, não fazia questão de entender conceitos como certo e errado, porque, como já disse, há muitas realidades e, nelas, verdades. Nada é absoluto para ser 100%. Com exceção da sua palavra, onde você escolhe depositar 100% de verdade nela, assim, estabelecendo um código de conduta e respeito com aqueles que fossem dignos.

Naquele ginásio, eu honrava e respeitava a casa ao tirar os sapatos pelos velhos costumes. Matthew tinha apresso pelo tradicional, não atoa os quartos do restaurante eram decorados em estilo oriental numa cidade que carregava história em suas ruas (Ecruteak). No entanto algo inesperado acontecia e fazia com que meu cerne de sobrevivência fosse ativado, mas se lutasse contra aquilo talvez não saísse do dojo com vida.

- Matthew Monclar, natural de Goldenrod, Johto. Tenho 5 insígnias de Hoenn e estou de passagem por Kanto.

Realizava uma pequena introdução para ela ter alguma dimensão do poder que tínhamos, com exceção do transtorno de personalidades. Pessoal demais.

Nunca tiraria o mérito da força de Matthew e seu bom coração, pois criou além de criaturas poderosas, eram extremamente leais a ele, conseguindo sentir até quando eu assumia a persona e ele estava ausente. No entanto, apenas o poder da amizade não seria necessário para descobrir o que aconteceu com nosso pai e vingar sua morte. Eram necessárias outras habilidades e talvez poderia aprender um pouco com a líder de Fuchsia.

- Antes de qualquer coisa eu queria deixar o desafio mais interessante com uma proposta além da insígnia.

Permanecia imóvel e inexpressivo, aguardando o objeto ser retirado da reta.

- Li que Janine é uma das ninjas líderes do clã Takushi. Não entenda isso como deboche, ou desmerecimento da sua cultura, por favor. Muito pelo contrário! Eu estou para iniciar a missão da minha vida e venho reunindo força e coragem para executa-la, mas entendo que seja necessário mais que valentia para isso. Por isso compreendo que minhas habilidades podem ser melhor aproveitadas com uma mestra como você. Venho aqui, humildemente - ajoelho neste instante em sinal de respeito e também em vulnerabilidade - para pedir que se eu me provar digno de valor e vencer esse desafio, que possa me ensinar alguns talentos do seu clã.

Não restava outra ação que não aguardar pela resposta. Iniciar aquele embate já lançando um Pokémon sem um acordo não colocaria nossa honra em jogo. O desafio se tornaria algo maior que uma mera prova para a Liga Pokémon de Kanto que Matthew havia vencido o ginásio da cidade. Aquela seria a chave para o conhecimento milenar das artes ninjas.

OFF: Oie RafaquemedeusorteLuck!!
O que peço é para desenvolvimento pessoal da trama do personagem e pode ser feito no final com um post de skip time dizendo que fizemos um intensivão de uma semana ou algo do gênero para fazer sentido quando eu narrar meu personagem em missões furtivas na E.R. :)

Meus olhos quase falharam ao identificar Janine. A verdadeira. Estava surpreso, mas não chocado com as habilidades dela. Mais por ela ter se esforçado para pesquisar minimamente por Matthew antes de nós adentrarmos o dojo. Isso já era considerado um ensinamento. Ter uma vantagem sobre o inimigo, de preferência conhecimento, pois parecia bastante poder nas mãos de um influenciador.

Certo de que era exatamente isso que buscava, as palavras da líder e talvez minha futura sensei, apenas confirmavam o que já sabia.

- Eu já fui ao Limbo e voltei - respondi com sinceridade quando ela mencionou que seria mais fácil no inferno, com um leve sorriso de canto. - Pode acreditar. Estou pronto.

Agora estava de pé e diante do primeiro desafio. Weezings, assim como Electrodes, tinham movimentos auto destrutivos. Isso seria um enorme problema para alguns Pokémon, principalmente com defesas baixas e pouca vitalidade. Do time principal de Matthew, o único que parecia enfrentar com vantagem larga era o ígneo lutador apelidado de Mister Pig.

- Certo, meu primeiro pokémon será um Emboar - avisava, já lançando a esfera do dito cujo em campo.


Assim que era permitido, lançaria os comandos ao grandão:

- Pig, inicie com Scald e em seguida esmague-o com Heat Crash!

Poderia ser uma surpresa iniciar daquela forma, no entanto, caso Weezing sofresse uma queimadura devida alta temperatura do movimento não usual do Fire-type, poderia retardar golpes como o super estimado Self-Destruct. E ao imaginar o peso da bota de gás em comparação ao de um Emboar, o dano de Heat Crash seria realmente esmagador.

O Emboar tinha começado bem, apesar dos espinhos no chão. Garbodor tinha aquele movimento e entendia as palavras da líder ao saborear a dominação da quadra por terra - como ela sabia que eu não tinha nenhum voador? - só que não esperava por Pain Split. Não, aquele era um movimento insano! Agora entendia o riso frouxo do Weezing. Ele sabia que a mestra viria com algo assim.

- Então acho que vou ter que sobreviver. - dizia ao trocar Emboar pelo Electivire, sabendo das consequências. - Hércules, use Thunder Wave.

Janine era diferente de Wattson. Não tinha aquela zombaria e não se preocupava tanto em receber danos logo no início do combate, mas a situação da qual me nos puseram aqueles espinhos o chão afetaria todo o desenrolar da batalha. Poderia significar que ela tinha o desafio nas mãos, mas caberia a mim provar o contrário.

Não parava de pensar que a Pinsir poderia lidar com a situação de maneira melhorada, mas faltava um golpe super efetivo em seu set.


Kinobori.

Uma palavra nova em meu dicionário. A problemática era "resolver consigo mesmo". Não cabia a mim a resolução de todos os problemas de Matthew, muito menos os dramas que Thito arrumava. Eu estava em sintonia com minhas energias. Não havia remorso. Culpa. Rinha. Amor. Paixão. Apenas um desejo: completar minha missão, e permanecer vivo no processo.

Entendia que as energias dos outros atrapalhavam o meu processo. Procurava respirar fundo e concentrar o pensamento nas áreas onde precisava canalizar, mas era complicado forçar... Era complicado usar a força. Então entendia que não havia "meu". Era tudo "nosso". E apesar de termos cada um uma característica que nos tornava personalidades únicas, ainda éramos contra partes de um só.

- Se eu penso, logo eu existo. Eu habito esse corpo... Eu sou o meu próprio eu dentro de nós... - respirava profundamente e procurava caminhar.

Aos poucos começava a entender que precisava realmente conversar com os outros para prosseguir, como se necessitasse de uma chave. Uma senha. Um controle!

- Quando eu estiver no controle... EU irei comandar... - mais um respiro era necessário e eles entendiam que apenas eu era capaz de realizar certas coisas e ainda continuar em paz. - Preciso de livre acesso...

Terminava por fim aquela conversa na busca interior - literalmente - e procurava tentar cumprir a missão de caminhar sobre uma superfície, acreditando que era possível.

Se Hércules era o todo poderoso, que realizasse esse trabalho no lugar do Emboar. O veneno era apenas um contra-tempo que deveria ser superado, ao menos ao passo de deixar Weezing com a menor vitalidade possível.

E naquela altura da batalha, Pain Split iria demorar para ser usado uma nova vez, portanto poderia continuar atacando com força.

- Electric Terrain e Thunder Punch.


Diferente de Matthew ou Thito, eu era cético. Não acreditava em forças além da explicação, como amor e afins. No entanto, acreditava na natureza. Sabia que sua força era real e possível de partilhar. E acredita em Janine. Se ela estava liderando um aprendizado como aquele, não haveria porquê duvidar que não fosse possível atravessar a superfície de água sem afundar, mas é claro, haviam sacrifício e foi necessário romper com alguns internos para poder prosseguir como se todos fôssemos parte da mesma coisa.

No momento que me senti unido às águas, foi uma sensação parecida com aceitar que éramos nós com os outros dois. Uma completude que me causava algo estranho, quase como uma dependência. Foi aí que consegui pegar a toalha e tudo se dissolveu. A concentração se esvaía com o misto de sentimentos que não me eram familiares, sendo de certa forma conflitantes com o restante da tarefa, mas agora já sabia que era possível e como realizar.

Janine surgia e passava uma lição a mais. Aquela palavras pareciam querer me ensinar sobre humildade. Entendia que era preciso estar sempre atento e a seguia para o jantar, me secando como podia.

A vitória estava comendo meu cú com sabão e rindo da minha cara de perdedor. Entenda como quiser, caro leitor.

Aquele Weezing é cria de laboratório, treinado e preparado por uma mestra de respeito. Janine com apenas um Pokémon já me fazia questionar as chances de levar meu "primeiro" desafio ao ginásio. Ficou tão óbvio que não me preparei para ela e só tinha vindo como se fosse um Brock da vida? Bem, mais uma vez ela me ensinava uma coisa ou outra sobre subestimar adversários. Saber o básico era importante. Se fosse realizar um outro desafio contra a líder, era certeza de que me prepararia melhor contra o tipo e as principais estratégias que outros treinadores usavam contra.

Bem, agora não adiantava correr atrás. O desafio precisava continuar.

- Taunt.

Em seguida trocaria pelo Emboar. Não parecia ser a melhor estratégia, mas permanecer em campo naquelas condições era humilhante. Para todos nós.


Janine demonstrava que tinha um espírito ardente, assim como em batalha, mas fazia questão de ser séria quando tratava de assuntos que achava merecedor de respeito.

Entendia todas suas questões e nada me parecia absurdo. Também não era como se eu tivesse amigos ou como se Matthew fosse estúpido para comentar da vida secreta, já que fazia questão de esconder até a parte artística.

Prometia à Janine em um pacto silencioso de que não diria nunca a ninguém nada sobre aqueles ensinamentos ou algo que pudesse revelar ela como mestra desse processo.

Procurava descansar e acordar às 4:30h para me preparar pelo que estava por vir.