007 — Nadando

Charlie ficava bem surpreso com a pesquisa profunda que o homem fez para montar aquele local, mas depois notou o quão estranho foi cogitar que alguém não faria aquilo. Além disso, ele anotou num Bloco de Notas virtual sobre alguns dados que a mulher lhe dava: 16 anos estava a alguns meses de distância do garoto, então era bom saber que teria uma maior "liberdade" por ali.

Além disso, localizando a Arena do Ginásio ele fazia um minuto de silêncio pelas crianças de 10 anos que teriam que passar por aqueles bares até chegar no objetivo. Talvez estivessem certos de que, hoje em dia, as crianças estão crescendo mais rápido, porém ainda assim era necessário pensar no assunto. E considerando os belos estudos realizados pelo Líder e sua equipe, eles deviam ter uma maneira de desviar os menores.

- Almoço? Eu vi a hora passar - comentou, mas já começava a sentir um vazio. - Muito bem então, assim podemos prosseguir com a papelada que vocês exigem

O ruivo não sabia se teria que pagar pela comida, mas tinha uma pequena reserva na conta para esses tipos de situações, então estava despreocupado inicialmente. Ao mesmo tempo, pensava que teria que comer pouca coisa: os brinquedos que tinha visto não eram nada fáceis de gerir enquanto estivesse de barriga cheia.

Carona de moto apenas sofria por piloto inexperiente, mas o ruivo tinha que confiar nela, afinal, ele era o ajudante contratado. O restaurante que ele foi levado possuía coisas que o lembrava sobre tudo o que ocorreu naquela região e em Johto. Fechando os olhos e ficando em silêncio, inclusive mental, por um tempo, ele continuou a seguir Thalia.

Aparentemente aquele era um ponto comum para ela, pois muitas pessoas a saudavam e alguns pareciam até flertar. Mas o que chamava a atenção era mesmo o cardápio enorme e o melhor: estava tudo por conta da mulher. No entanto, como ele havia pensando antes, não iria abusar para não dar um novo design para os brinquedos.

- O mesmo hamburguer que o dela, porém apenas um e um suco de Pinap, por favor - solicitou aproveitando que a mulher já estava pedindo. - Necessidade. Um pouco de reconhecimento dentro da Sociedade. A aventura em uma região nova em geral - respondeu a primeira pergunta. - Testado e efetivado como Criador pela Universidade de Rinshin - continuou, mostrando o certificado virtual pelo Rotom Phone. - Bom, tecnicamente eu me ofereci para o serviço. A Sociedade estava ocupada pois os demais membros haviam feito diversos trabalhos por ela, então estavam numa pequena folga para investirem no crescimento pessoal. Depois de três meses sem fazer nada por eles, decidi aceitar o trabalho para mostrar que não sou peso morto - contou, corando logo em seguida. - Mas devo admitir que não me atentei aos detalhes da missão. No entanto, levo o ensinamento escolar: "Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar". Apesar de eu estar fora da faixa etária que vocês exigiram, talvez eu possa colaborar com algo

Após terminar, o garoto faria uma análise da situação: caso o pedido chegasse, ele aproveitaria para degustar dos sabores de Kanto e faria a pergunta só depois que tivessem terminado. Caso o pedido ainda estivesse em preparo, ele já emendaria:

- E quanto a você, trabalha como Secretária por escolha ou necessidade? Você é nativa dessa região, considerando que o Líder é de Galar?

- Perdoe-me, eu não tinha intenção de ofender - respondeu sobre ela ser uma Aprendiz, não Secretária. Aparentemente a força superior que mandava fazer suas ações não prestou muita atenção na leitura. - Tudo estava delicioso, mas acho que vou cortar o doce por enquanto

O garoto se preparava para sair, mas era pego por uma proposta possivelmente indecente da mulher: um remédio que cura enjoo. Talvez funcionasse, mas o Criador não sabia se era real. Apesar de conhecer tudo sobre farmácia Pokémon, quando precisava de farmácia humana ele ligava para a mãe e rezava para ela saber a resposta.

Além disso, seu pai disse para nunca aceitar coisas de estranhos. Mas, ela realmente era uma estranha para ele? Faria uma pegadinha? Maldade? Ele não sabia.

- Eu passo, obrigado. Prometo me esforçar para manter a comida que você pagou aqui dentro - finalizou, alisando a barriga e sorrindo.

Charlie igualmente não ficava ofendido com o comentário da garota pois as pessoas tendem a querer humilhar as outras depois de receber um não. Mas no fim, o ruivo estava satisfeito com sua própria decisão. Além disso, ele se esforçou para ignorar o papo nada family friendly da Aprendiz com o atendente. De volta aos negócios, ele refletia alguns segundos antes de falar.

- Bom, já que somos os primeiros a testar tudo, creio que a melhor forma seja realmente tirarmos foto da reação espontânea, da primeira vez que subirmos em cada brinquedo. Se o brinquedo tiver algum problema, podemos cortar essa parte e aproveitar o restante - começou. - Quanto ao brinquedos que vamos visitar: acho que se visitarmos do último ao primeiro que você me apresentou, poderei me adaptar melhor com os altos e baixos de cada brinquedo - disse, levemente nervoso, porém retornou rápido para si. - E por fim, mas não menos importante: colocarmos os Pokémon para testarem também. Podemos fazer um vídeo no maior brinquedo também, focando apenas nossos rostos para montar a propaganda. De resto, acho que podemos ver a publicidade quando possuirmos os materiais em mãos - concluiu.

O ruivo ficava contente com a reação positiva da mulher e não escondia ao dar um radiante sorriso. "PokePro", pensou o garoto, "Essas são bem caras, porém a imagem é tão nítida". Com isso, Charlie se preocupava: e se o zoom em seu rosto o fizesse feio? E se já fosse feio? Isso realmente importa na propaganda de um parque?

Retornando para o mundo real, ele encarava aquelas pílulas ainda mais suspeitas do que quando eram apenas um rumor. Talvez ele devesse contatar a polícia após tudo aquilo, mas também deveria apenas ficar longe. Thalia não parecia uma pessoa ruim e não parecia fazer mal a ninguém.

- Eu tenho algumas ideias em mente, mas considere isso uma surpresa. Espero que você não seja uma pessoa ansiosa - concluiu sobre os Pokémon, depois ouviu a proposta. - Aceito uma carona até o parque, depois vou dar uma olhada nos arredores enquanto não bate nosso horário

O ruivo se preparava para ser levado para o parque com coisas na mente. Se o remédio realmente é para afastar o medo, Thalia tem medo dos brinquedos? Por que a tristeza na fala sobre os próprio Pokémon? Todos eram questionamentos válidos, mas teriam que ficar para uma próxima oportunidade, quem sabe quando ele revisitasse o lugar após a abertura oficial do GYM. Por agora, era melhor apenas deixar que ela contasse o que queria e mais nada.