Treinamento Lupino das chamas

Kinney recuperou sua energia, mas as queimaduras ainda estavam causando um incômodo muito grande. - Kinney, de novo, venha cá! - retirei um doce, o Castelia Cone, que possuía efeitos curativos. Isso resolveria seu problema com movimentação e força nos golpes. - Kinney, salte sobre esse Crobat e finalize com um Ice Punch! Bahlok, devore aquele sarcófago com seu Crunch! - comandava meus parceiros para mais um turno, sentindo que a batalha já estava entrando em seu clímax.

Eu não cometeria o mesmo erro novamente, deixando qualquer espaço para fuga para aquela mulher. Retirei uma corda de escalada de minha mochila e rapidamente fiz um nó de vaqueiro, desses que caubóis usam para capturar o gado nas fazendas. Não era nada difícil para alguém acostumado com nós de escalada. - Apep, paralise esse Mr. Mime com seu Glare! Paarthurnax, dê o seu melhor com Ancient Power e Bite! Elune, lance quantas pedras conseguir com seu Rock Throw! Leona, mande quantos Disarming Voice puder! - dei mais comandos para meus parceiros que investem contra as barreiras criadas por Mr. Mime, e comecei a girar o laço no alto, me preparando para lançar na loira assim que seu último Pokémon cair.                                                                                

Henry surgia logo atrás de mim com um Full Heal, me auxiliando e evitando que utilizasse mais recursos. Sorri, em agradecimento, seguido de um gentil grunhido de Kinney. Logo depois disso, percebi um comportamento totalmente novo de minha parceira. Ela levou uma das patas ao ombro e balançou o pescoço, de onde emanou um sonoro estalo. Não consegui ver sua expressão, mas a surpresa no semblante do Crobat já dizia tudo! Em um salto, nocauteou o pobre morcego com um belo cruzado de esquerda! Bahlok, Gloom e Kleen davam um certo trabalho a um cansado Cofagrigus, que agora estava sozinho contra o quarteto.

A loira então inicia suas provocações, e como esperado, os anões surgem atrás dela, prontos para teletransportar. - Não dessa vez! - mesmo com as barreiras de Mr. mime ainda de pé, tinha que fazer algo, então girei o laço mais forte e estava pronto para lançar. Mas tudo, de repente, ficou congelado com a voz da Sra. Nora ecoando. Ela estava muito diferente, com uma aura poderosa, intimidadora. Um arrepio tomou conta do meu corpo, e vi cada um dos malfeitores caindo por terra, desmaiados, assim como a dupla que ela e Henry estavam lidando mais atrás. Olhei para Gaulvi, confuso e sem palavras, olhos arregalados. Depois de se acalmar, ela nos comandou a terminar o serviço, depois encontrá-la dentro do salão ao qual viemos. Assenti lentamente com a cabeça, ainda incrédulo com aquilo tudo. Olhei para o Pokémon fantasma da loira, mais confuso que todos ali. - Olha, não é nada pessoal, ok? Kinney, finalize-o com Throat Chop! - comandei Kinney para encerrar a contenda. Assim que Cofagrigus caiu, ainda estava baqueado com aquela manifestação de poder. - Er… Henry, me ajude a retornar os Pokémon deles para as pokébolas, vou amarrá-los bem firme. - pedi ajuda ao homem e reuni todos os bandidos em grupo, utilizando um nó bem específico, um que fica mais forte com resistência. - Apep e Paarthurnax, me ajudem a levá-los conosco. Não quero dar nenhuma chance para eles acordarem e fugirem enquanto falamos com Sra. Nora. Mas tentem não arrastá-los, estão sob nossa custódia e também não quero dar chances para que fujam dos processos… - olhei para o bando com frieza e ajudei a colocá-los sobre meu Arbok e meu Aerodactyl, e então segui junto com todos para o salão onde Sra. Nora nos aguardava.                                                                                

Com os devidos nós dados, garanti que todas as pokébolas do grupo ficassem fora de alcance destes, todo o cuidado era pouco com aquelas pessoas lisas como quiabo! Infelizmente o túnel era estreito demais para meus Pokémon trazerem os meliantes conosco. Por sorte, o sinal retornou ao meu Ranger Pad, visto que estava recebendo uma chamada da central! - Ranger Vitale para base! Estamos no cume do Mt. Pyre. Com auxílio do líder da The Wolves e um pesquisador local neutralizamos um grupo de arruaceiros perturbando o local com uma filmagem de longa metragem ilegal. Solicitando apoio para remoção dos apreendidos, uma mulher e quatro homens adultos, dois deles portadores de nanismo… - franzi o cenho, jamais imaginaria dizer aquela última frase. Contato feito com a base, restava ter a tão aguardada conversa com a Sra. Nora. - Apep, Paarthurnax e Elune, tomem conta destes aqui, já volto. Vamos esperar o reforço chegar. - dei as instruções para meus três parceiros, e pude ver um olhar malicioso no semblante de Apep. Ele realmente gosta destas situações!

Ela estava de costas, nos aguardando próxima ao grande monumento. Logo ela foi nos questionando sobre o que estávamos fazendo por ali, já que era um local do descanso eterno de tantos. - Nos perdoe, Sra. Nora. - fiz uma longa reverência - Viemos aqui para treinar, mas não pretendíamos subir  até o cume para isso. Encontramos uma mensagem em uma garrafa, uma isca para aquele pessoal atrair desavisados para ter um material para suas filmagens. Por fim acabamos por frustrar seus planos. - cruzei os braços, pensativos. Será que foi só o acaso que nos trouxe até ali, ou havia alguma influência externa nos pedindo ajuda? Talvez nunca saiba…

Depois de Henry se explicar e a surpresa da Sra. Nora ao saber que havia se tornado uma lenda, ela então nos revela que consegue se comunicar com os mortos. Levei a mão ao meu pingente de concha e encarei o chão. Kinney logo se aproximou, segurando minha outra mão. - Eu… eu preciso pensar… - dei alguns passos em outra direção. Kinney e Leona me encaravam, me encorajando. Bahlok parecia perdido. - Eu… eu não sei o que dizer a ela. Ela se foi tem tanto tempo e… - Leona puxou minha mão para baixo, como uma criança pedindo que me abaixasse. Ajoelhei-me na frente dos três, então minha fadinha tomou o pingente em mãos e sorriu. - Será que ela… ela tem orgulho de mim? - perguntei olhando para baixo. Senti o toque de Kinney em meu ombro, e ela esticou o braço mostrando sua cicatriz. Leona deu um rodopio cantarolante e Bahlok começou a saltar, batendo seus bracinhos, como se quisesse voar. - Heh… tenho muitas promessas em aberto com vocês, né? - cocei a nuca - Bom, esta é uma chance única, certo? Vamos a isso… - respirei fundo e me coloquei de pé.

Me aproximei de todos, percebi que Henry tinha se afastado, recolhido e chorando em um canto. Não ouvi o que ele disse para a senhora, mas possivelmente era algo profundo. - Bem, eu… - voltei a segurar meu pingente - Não sei bem o que dizer a ela. Só… - senti meus olhos ficando marejados - Diga a minha mãe, Raela, que seguirei os passos dela e de meu pai. Que serei um ótimo resgatista e vou dedicar minha vida a salvar o máximo de vidas possível. Peça pra ela me olhar de onde ela estiver, e que eu sinto saudades dela todos os dias… diga que achei ótimos parceiros, humanos e Pokémon, que gostaria que ela conhecesse Kinney e todos os outros… - quando dei por mim, meu rosto estava inundado em lágrimas. - Hehe… acho que exagerei um pouco, né? - enxuguei o rosto, sem graça e rindo de nervoso, mas me sentindo um pouco mais leve. E sentia um calor diferente próximo de mim, e o cheiro da brisa do mar invadiu minhas narinas. Pode ser pela proximidade do mar, mas gostei de imaginar que era o aroma da encosta de Olivine, a encosta que minha mãe dedicou sua vida a amar e proteger.