Treinamento Lupino das chamas

Abrimos então a misteriosa porta trancada, e um novo salão se apresentava a nós. Era grande, com sepulturas maiores e bem trabalhadas, possivelmente a morada eterna daqueles com maior poder aquisitivo. Porém a análise do local foi interrompida por um feixe de luz bem forte direto em nossas caras. - Kin… - antes que pudesse comandar minha Weavile para atacar, por trás do feixe de luz um rapaz exclamou, aliviado, pela nossa presença ali.

Acredito que a expressão de desconfiança de Gaulvi era bem condizente com minhas próprias desconfianças. Ele me chamou em um canto e as expôs. - De acordo. Deixa comigo. - terminamos de acordar os detalhes que seguiram e me aproximei do homem, já tomando uma postura de autoridade. - Bom dia, sou o recruta Vitale da Guarda Nacional Ranger. Precisa de primeiros socorros? Aceita uma água? - oferecia algum atendimento antes de começar o interrogatório - Antes de seguirmos, preciso que responda algumas perguntas, tudo bem? Tem algum documento de identificação em mãos? Dados da PokéDex ou da PokéNav, por gentileza. - era melhor conferir a documentação que perguntar diretamente e me perder em uma informação falsa e conferi-las no RangerPad assim que disponibilizadas - O que estava fazendo antes de ficar preso nesta câmara? - esperei que respondesse a pergunta - Por que quer chegar no topo do Mt. Pyre? - novamente, aguardei a resposta antes de continuar - Presenciou algum evento estranho ou incomum enquanto subia o monte? - mais um tempo para a resposta - Agora preciso que fique parado. Elune, venha cá garota. - chamei minha parceira lupina - Fareje este bom homem, e me informe se detectar rastros do odor presente na chave. Minha Rockruff não vai atacá-lo a menos que sua integridade ou a minha sejam comprometidas, entendido? - deixava bem claro que não era para ele tentar nenhuma gracinha ou se daria muito mal. Então, esperei minha pequena loba analisar o sujeito, para ver se este teve contato com as garotas.                                                                        

Tanto Gaulvist quanto Galvanis desconfiam demais daquela cena. Galvanis por sua vez resolve usar da sua autoridade para entrevistar o rapaz. Este preocupado até ficava ereto em forma militar e entregava seu documento de registro, soando frio.
Aparentemente não parecia ter nada de errado com "Henry Enzo Hernandez, 22 anos, original de Lilycove, Hoenn.". Sua pokedex este não havia, então parecia ser um treinador de jornada que auxiliava algum professor de laboratório. Quantos as perguntas:
_ E...Eu só queria encontrar alguém. Dizem que existe uma senhora aqui no Mt. Pyre, que se a achar, ela pode te ajudar a comunicar com aqueles que se foram. Eu queria saber se era lenda urbana ou não. Me desculpem, eu não sou treinador. Eu só tenho meu Mightyena que vem lutado bravamente ao meu lado a noite inteira e sendo recuperando com Potions, mas estamos exaustos e quando tentamos dar meia volta, descobrimos que estávamos presos. E... Não sei o que você diz com estranho. É um cemitério cheio de fantasmas, nada de normal acontece por aqui.

Henry parecia bem nervoso com os questionários. Enquanto isso Rockruff ia até o rapaz para cheirar suas vestes. Sentia o forte odor de alguém que estava a um tempo sem tomar banho, e talvez o cheiro de seu "Mightyena", mas não parecia nada relacionado ao cheiro empregnado na chave. Riolu também tentava ajudar, tentando enxergar a aura do rapaz, e este confirmava que ele estava sendo sincero.

_ Eu só queria... Só queria saber se era um rumor ou não. Talvez eu tenha sido bobo de acreditar em algo trivial assim? _ O rapaz pareceu bastante triste e exausto.
O que faria a dupla de treinadores? Considerariam ajudar o rapaz, ou pediriam para que ele fosse embora?

Ouvi cada uma das respostas com os braços cruzados e o semblante mais sério. As informações eram poucas, mas condizentes. Henry E. Hernandez, 22 anos, aparentemente sem passagem criminal. Riolu nos ajudava confirmando todas as informações do sujeito, como um detector de mentiras astral. Elune, por fim, confirmava a não existência de traços do odor das garotas com aquele homem. Ao menos eles não tiveram contato recente. Ao menos ele estava “limpo”. Não no sentido físico ou fisiológico, mas limpo de suspeitas.

Mas uma informação que Henry disse me chamou muito a atenção. Não tinha ainda ouvido falar da existência dessa mulher, essa médium que vive no Mt. Pyre. Será isso que tem atraído tanta atividades estranhas para cá? Ou isso seria somente parte natural da existência do monte? Enquanto refletia sobre aquilo, levei as mãos até o peito, até o pingente de concha dado por minha mãe. Será minimamente possível?

Balancei a cabeça levemente para espantar aqueles pensamento. - Certo, mantenha-se ao nosso lado, Sr. Henry, para garantir sua segurança. Vamos seguir com nossa investigação. - sem perceber meu tom de voz parecia mais vago e distante. Pelo visto, essa ideia não se dispersava da minha mente com tanta facilidade.                                                                            

O rapaz ficou muito agradecido com a presença dos rapazes os ajudando entra mais afundo naquele peculiar landmark e resolve seguir na frente mostrando o caminho que já havia reconhecido.
_ Tá, antes de vir eu fiz uma pequena pesquisa sobre o Mt. Pyre. Existem seis salões, sendo este o terceiro. Como podem perceber são túmulos e sepulturas bem feitas, pois parecem ser de gente e pokémons importantes. Quanto mais alto, mas antigos e a importante são os mausoleis. Existe um sexto salão, na qual fica um memorial à todos pokémons que estão enterrados aqui no Mt.Pyre, mas eu não consegui chegar até ele. _ Explicava, de nariz em pé que poder compartilhar aquilo.
Andaram normalmente até o lance de escadas que os levaria ao próximo salão, e quando chegam neste Rockruff começa a grunir como se tivesse alguém suspeito aos observar. Todos então puderam ver vulto de pessoas correndo para fora do salão. Riolu tenta os acompanhar enxergando suas auras, mas por algum motivo os perdia de vista.
Henry fica bastante assustado com aquilo e tenta se esconder atrás de Galvanis.
_ O... Que foi isso? Eu vi muitos fantasmas pregando peça em mim, mas esses são com certeza humanos. _ Afirmava o homem, assustado com a situação.
Weavile vai até o local onde as suspostas pessoas estavam e encontra uma fotografia, aparentemente de um máquina polaroid que revela foto na hora. Parecia ser de uma mulher loira e vestido rosa amarrada, de costas para a parede. Ao seu redor cinco velas acesas e a sombra do que parecia ser um pokémon pato segurando algum tipo de planta. O que poderia ser aquilo? Uma pista ou uma provocação?

Seguimos enfim para a próxima câmara, acompanhados por uma explicação um tanto detalhada da disposição das salas do  monte, dadas por Henry. Aparentemente ele era muito mais que um desses “mythbusters” da internet, ele realmente conhecia o local. Avançamos do terceiro para o quarto salão, onde segundo nosso palestrante as sepulturas ganharam mais notoriedade.

Assim que nos aproximamos, Elune indicou que não estávamos sozinhos. Vultos espreitando nas sombras, e se movimentavam rapidamente. Henry logo se escondeu atrás de mim, amedrontado. Kinney seguiu para a área e voltou com uma fotografia de uma mulher em situação de cativeiro, sendo vigiada por um vulto semelhante a uma ave segurando uma espécie de planta. Gaulvi comentou algo e pareceu bem animado com aquilo tudo, já eu estava preocupado. Isso talvez estava muito além de tudo que experimentamos até hoje.

- Pode me dar um pouco desse sal grosso, Gaulvi? - pedi um punhado para o líder alfa da alcateia - Henry, pode acompanhar Gaulvi naquele lado do salão, vou purificar este daqui. - disse para o rapaz assustado, queria ficar um pouco a sós para processar melhor aquilo tudo. Não entendia absolutamente nada de rituais de purificação, mas já tinha ouvido falar das propriedades sobrenaturais do sal grosso. - Uwu mu bu gai fei de tao… - pronunciava uma espécie de mantra que ouvi há muito tempo, na verdade da boca de Edgar ainda no Corpo de Lavaridge. Ele era o mais “nerd” dentre todos, e tinha um grande acervo da chamada “cultura inútil”.

Enquanto espalhava o sal grosso, dava alguns passos para dentro do salão e analisava a área. Bem, vamos aos fatos e pistas: A) Encontramos uma mensagem dentro de uma garrafa representando uma mulher cativa em uma torre, uma alusão a princesas e torres; B) Eventos fantasmagóricos acontecendo para além do normal; C) Fomos atacados por uma dupla de garotinhas trajando preto e lidando com Pokémon tipo psíquico com maestria; D) Henry afirma estar preso na terceira câmara desde o dia anterior; E) Continuamos sendo vigiados e espreitados por vultos; F) Uma fotografia, aparentemente do alto do Mt. Pyre, registrando uma cena de ritual envolvendo uma mulher cativa e um provável Farfetch’d. Os Pokémon fantasmas são ariscos e evitam a aproximação, ainda mais com todo esse sal grosso, e não podemos ter apoio aéreo, nem para sondagem ou averiguação. Estamos cegos e surdos em meio a um nevoeiro. Literalmente.

- Tudo limpo por aqui. - disse, voltando para junto dos outros dois rapazes - Eis minhas suspeitas: 1) Um grupo ocultista está, neste momento, realizando um tipo de ritual. Há uma mulher cativa, precisamos resgatá-la, e rápido. 2) Um criminoso tentando afastar curiosos com lendas urbanas e truques com Pokémon psíquicos para esconder suas atividades criminosas e está tentando nos atrair para uma armadilha. 3) Há algum movimento incomum do sobrenatural agindo por aqui, sem intenções reveladas até o momento. De qualquer forma, precisamos subir o monte. Pelo sim e pelo não, alguém pode estar em perigo. - ergia os dedos para indicar cada uma das possibilidades que visualizava e erguia a foto com a outra mão. Há uma mulher em posição de cárcere privado, e isto era alarmante demais para não fazer nada sobre.                                                                                  

Galvanis havia muitas suspeitas e teorias sobre o que estava acontecendo por ali. Henry por sua vez continuava assustado em seu canto, engolindo a seco. Gaulvist sugere a estes continuarem caminho e o rapaz resolve os guiar.
Quando estes saem para fora se deparam com uma forte neblina, tão densa que não os permitia ver o mar abaixo.
_ Não deveria estar tão neblinado assim por aqui. Mas eu reconheço o caminho, se seguirmos a parede, chegaremos num lance de escadas.
Henry foi na frente, e estava certo. No entanto Rockruff, Weavile e Riolu ficaram bravos, e avançaram na frente, tentando enfrentar algo, ou alguém. Mas de repente aquilo que eles ladrilhavam sumia e estes ficavam muito confusos.

_ S...SAIÃO D.#@QUI! _ Expressava, uma voz robótica, como se fosse de um radio amador tendo interferência.
Não dava para saber o que era, e de onde vinha. Os pokémons não identificavam uma alma viva, mas a voz era perceptível e a densa neblina não os permitia enxergar o palmo em sua frente. Tentaria os rapazes tentarem conversar com aquela voz?

Depois dessa pequena sessão de purificação milenar, seguimos para o caminho externo em direção a outro salão, o quarto na lista de Henry. Mas algo estava muito estranho. A névoa estava muito mais densa, até Henry mencionou que aquilo era bem incomum. Além da clara dificuldade de enxergar em meio àquela neblina toda, também havia o risco de uma queda. Por sorte o carinho era bem largo e estaremos seguros se seguíssemos pelo paredão.

Porém, como tudo parecia tender ao caos completo naquela subida, algo de muito estranho surgiu em nossa frente, atiçando nossos Pokémon e fazendo-os saltar para nos defender. No entanto, não havia nada. Só a densa névoa à nossa frente. Foi então que uma voz, parecendo ser projetada por um aparelho eletrônico, ecoou, nos ordenando a recuar. Seja lá o que for não quer que continuemos nossa subida, e toda essa situação já estava me deixando apreensivo. - Quem é você e por que quer nos impedir de continuar subindo? - lancei a questão para a voz misteriosa, sem saber se obteria resposta. Mas ainda tínhamos que fazer algo com relação àquela névoa. Talvez… - Gaulvi, lembra do novo movimento que Apolo estava aprendendo? Ele necessita acumular uma grande quantidade de calor para ser executado, certo? - voltei-me para o lider alfa da alcateia, com um plano mirabolante em mente - Neblina nada mais é que gotículas de água suspensas. Esta região é inundada por ela por conta da proximidade com o mar. Se usarmos uma fonte de calor forte o bastante, talvez possamos evaporar ao menos a parte que encobre a estrada! Isso nos daria mais visibilidade, além de impedir quaisquer truques de uma das hipóteses que levantei lá atrás. - tentava explicar meu plano, mesmo sem saber se surtiria efeito ou não. Ao menos, valeria a pena tentar.