Às vezes, indago-me: o que tenho na cabeça? Se outrora estava em Hoenn simplesmente aproveitando um dia corriqueiro de um andarilho, com pinceladas mais especiais, tal Balerdroch alcançar sua forma definitiva ou mesmo estreitar algum tipo de lanço com meus escudeiros, além da relação como um tutor com eles; quiçá, esquecer um pouco daquele sentimento enevoado que nublou por completo meu âmago ao recordar dos flashes lançados por Jirachi em meu subconsciente. Pude fazê-lo graças à presença de Emma, contudo, bastava a mesma distanciar — mesmo que infimamente — e, mais uma vez, vagava perdido, tal uma penada alma do Hades em busca do que de fato sou.
Em meu itinerário túrbido, desci de Xatu na cidade de Cherrygrove, uma pacata e pequena vila litorânea de Johto. Como anunciado na internet ou mesmo em alguns canais de televisão, um evento de combates fora promovido naquele recinto, com o intuito de reunir alguns novatos, impondo condições para monstrinhos participantes; o atrativo estava na tabela de prêmios, claro. Caso dissesse que não houvesse algum que fosse de meu agrado, estaria mentindo, entretanto, não iria perder o meu tempo com principiantes ou aquelas regras chulas.
Não me leve a mal: estou longe de ser um treinador de elite, isto é, se posso considerar-me um bom aventureiro. Era apenas que aquelas condições eram... controversas demais.
A princípio, não estou nem ao menos ligando para o evento em si. O que me trazia à Cherrygrove eram aquelas visões de Jirachi. Meu consciente fora nublado de jeito maneira, em que mal enxergava um passo à frente, com a possibilidade — ou certeza? — de Henderson ter se unido àqueles vermes e declarado uma guerra pessoal a mim, jurando me matar. É impossível de entender como que alguém que tanto me fora terno estava em um extremo inexplicável.
Argh, droga... Sempre pensei que quanto menos sentimentos cultivássemos, mais fortes seríamos. E em meio à minha cruzada para não apenas me entender, como ser alguém perfeito, apenas sentia o amargo sabor da derrota, do fracasso.
Procurava Hendo em meio às multidões. Era improvável que estivesse ali. Tenho ciência de que os lendários como Jirachi gozavam da onisciência, entretanto, o que é que posso fazer, se ainda estou amarrado em esperanças remotas e estou longe de ser perfeito como o julgo? No final das contas, sou apenas mais um mero idiota, homiziado sobre uma falsa casca resiliente.
Como pensava, nada encontrei.
Um pouco mais à frente, a entrada para o hall onde jaziam alguns competidores. Para a minha infelicidade, aquela ruiva insuportável e aquele ranger insignificante estavam entre os competidores. Ainda haviam mais alguns da guilda competindo, mas grande bosta. Como algumas batalhas estavam acontecendo, não teria de me preocupar com encontrá-los, afinal, como de costume, estou sem paciência para nada. De todo o modo, não sabia se apenas os competidores, e não me darei ao trabalhar de perguntar.
Simplifiquei a tarefa: materializei Shiranui, o Xatu recém batizado.
— Me teleporta lá pra dentro, pra além de onde os seguranças vejam. Não quero essa escória me enchendo o saco — pedi, quase como um desabafo; sensitivo como era, minha impaciência e mau humor era quase palpável.
Obediente como era, com pinceladas de tenacidade, o psíquico levou-me além dos limites onde transeuntes podiam passar. Agora, estava nos corredores onde jaziam alguns camarins onde ficam os competidores, presumia. Sem ninguém para me atrapalhar, quem sabe não conseguiria uma ínfima faísca para reencontrar aquele idiota, isto é, se ele está aqui.
Onde você foi parar, hein, James?