[GYM Battle] Vs. Brawly #33

Ainda que houve um imprevisto, Xatu ainda conseguira derrotar Poliwrath. No fim das contas, o feérico tinha ferimentos em demasia, resistindo por muito pouco. Minha única muleta no momento eram ambas as paredes erguidas para a redução dos danos, e torcer para que o monstrinho resistisse um único ataque, utilizando-me da vantagem de tipos e velocidade exímia de Shiranui.

Brawly não delongou em recolher o seu aquático, tecendo elogios também à ave. Não pude deixar de sorrir com discrição, afinal, Shiranui fora um de meus primeiros companheiros e alguém em que depositava todas as minhas confianças: por mais que fôssemos opostos quando nos tratamos de sensibilidade, o psíquico era deveras centrado e focado, e nunca vi o mesmo relutar quando lhe pedi algo. Sentia como se um laço predestinado se estabeleceu — e sou cético em relação a essas baboseiras, quiçá aquelas palavras suaves do líder despertara essa ínfima chama sentimental em meu âmago.

O líder do ginásio então materializou uma espécie que também era familiar a mim: Machoke. Ora, meu pai trabalhava em construção civil e tinha um Machop de estimação para auxiliá-lo em seu ofício; ademais, não era muito difícil ver aventureiros andarem mundo afora com a espécime lutadora. Dotado de ataque exacerbado — ainda que suas defesas e velocidade não fossem o seu ponto forte —, a essa altura do combate, poderia ser crucial para Brawly, enfim, derrubar Shiranui.

Teria a insígnia e as demais recompensas de qualquer modo, contudo, preocupo-me em demasia com o estado do psíquico. Entretanto, tinha de pensar friamente: substituí-lo agora apenas renderia danos que podem ser evitados a qualquer um dos demais que levo comigo, além de não existir a possibilidade de os mesmos nocautearem Machoke logo em seguida.

De qualquer maneira, era mais prudente manter Shiranui no combate e torcer para que o mesmo mantivesse seu desempenho impecável como contra os demais.

— Psychic duplo — pedi ao psíquico, dessa vez com as vistas fixas sobre os monstrinhos combatentes. Quem arrisca, não petisca, huh?

Se dizer que já não contava com isso desde quando ordenei os ataques a Xatu, estaria mentindo. A ideia de mantê-lo em campo era para causar o máximo de dano possível, criando uma abertura para o meu próximo escolhido terminar de exaurir as energias de meu adversário. Por um infortúnio, uma estática impediu Shiranui de se movimentar, ficando à mercê de ambos os ataques de Machoke, finalmente estatelando sobre a lona depois de uma performance impecável.

Por mais que gostaria que o psíquico derrotasse todos, não posso deixar de reconhecer sua importância para me garantir mais uma vitória sobre desafios oficiais na Liga de Hoenn. Como legado, deixara as duas telas protetivas erguidas — ainda que durarão pouco tempo —, entregando-me certa vantagem na sequência. Não obstante, fora Shiranui quem derrotou dois adversários poderosos, e quiçá por isso, não teve forças o suficiente para derrubar o último.

Recolhi o psíquico para a sua cápsula, guardando logo a seguir.

Arqueei uma segunda, e dessa vez, fitei o líder de ginásio. Os lábios abriram-se em presunçoso sorriso enquanto brincava com a esfera bicolor em minhas mãos. Com este escolhido, não precisava de cerimônia alguma: a vitória estaria garantida logo a seguir.

— Você lutou bem, Brawly, mas isso acaba aqui. Quero que conheça o meu trunfo — coloquei o braço destro a frente do corpo, em movimento brusco para evocar o feixe de luz alvo. A energia tomava uma forma reptiliana com suntuosas asas, e assim que se esvaiu, Charizard era materializado no campo de batalha. Com os punhos cerrados, o ígneo encarava Machoke com a determinação quase chamuscando seus orbes. — Balerdroch, ataque com Air Slash duplo.

Caso esteja tudo de acordo, esse seria o último comando daquele embate — claro, se Brawly não retirar alguma carta do baralho que não tenha em consideração. De todo o modo, a única coisa que me restava era aguardar o que o líder faria a seguir.

Tudo funcionou conforme pensei. Bastou um único ataque de Balerdroch para que o poderoso Machoke sucumbisse, estatelando contra o tatame com o corpo já inerte. Charizard ficou observando por alguns segundos, impressionado até mesmo com a sua performance relâmpago: um ataque, um nocaute. Abri ainda mais os lábios em emaranhado de presunção e júbilo: não apenas derrotei-o conforme no tempo que planejara como os dois escolhidos mostraram que tinham bom repertório para o futuro.

Balerdroch voltou-se para mim, grunhindo e sorrindo, jocoso com o seu poderoso ataque. Apenas estiquei o punho cerrado para o mesmo, que bateu contra meu membro, suave, antes de recolhê-lo para a sua cápsula.

O líder de Dewford viera à minha direção, tecendo alguns elogios e entregando a insígnia. Tomei-a em mãos, repousando o objeto em um estojo oficial que recebi de Birch assim que recebi Balerdroch quando o mesmo era um pequeno e simpático Charmander. Fitei Brawly, ainda não desmanchando por completo meu cenho austero.

— Ah, obrigado. Foi uma boa luta — retruquei, não delongando muito em eventuais conversas paralelas.

Desse modo, acompanhei o líder até a sala de recepção, onde retiraria todos os demais prêmios assim que venci o líder. Agora, quem sabe não tenho força para seguir e desafiar Wattson em Mauville, huh? Entretanto, ainda tinha algumas pendências para resolver com meu time antes de ir ao seu encontro; não perderia muito tempo.

E pouco a pouco, galgo os patamares para, quem sabe, ser um treinador forte. Assim que me julgar poderoso, poderei, enfim, cumprir minha promessa a vocês dois, papai, mamãe...

Só... me esperem.