Re: 009 - PAEDOR

por **Food** Sáb Abr 10 2021, 19:50

offtopic escreveu:Muito obrigado! Me amarrei na sua escrita tbm.

Eu me sentia meio.... "Indesejada" naquela cidade. Se antes eram apena sentimentos, quando me xingaram em alto e bom som acho que eu me toquei do que estava acontecendo ali. Deviam pensar que eu estava sendo uma das causadoras daquela poluição, o que é um absurdo, porque estou fazendo a bondade de limpar para esse bando de incompetentes.

Não de graça, é claro!

Enfim, não achei caçambas de lixo. Suspirei, meio cansada desse pique-esconde. Bem, eu só tenho uma outra opção: ver se existe algum tipo de telefone para ligar para um caminhão de entulho aqui de Aztlán. Como ninguém da cidade parece querer conversa comigo, eu acho que o único jeito é ver na internet, no meu Rotom Phone, o número desse serviço, para ligar para eles.

Enquanto caçava pelo número, eu e Scraggy mordomo continuávamos andando pela rua, desta vez voltando para o canal em que estávamos trabalhando. Tomei bastante cuidado para não encostar em ninguém, pois estava ciente do meu estado meio sujinho.

— Scraggy, será que vamos conseguir uma ajuda da prefeitura pra jogar esse monte de dejetos fora...? Se não eu vou tacar fogo nesse lixo. Sem brincadeira! — Disse para ele.

O Pokémon franziu o cenho e balbuciou algumas coisas, provavelmente " Scra" ou "Gy!".

Ele é meio caladão.

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por **Pacify** Dom Abr 11 2021, 13:52

Aztlán, a metrópole independente de Hoenn que unia tradição e tecnologia, que permitia tantas manifestações culturais diferentes, abraçava tantas religiões, agora deixava uma garota estrangeira com esse sentimento de "culpa" por estar ali. E pior: Karen ajudava a cidade, mesmo que mediante pagamento. Não era responsável pelo estado deplorável que os rios da cidade se encontravam. Não fazia parte do grupo ao qual os cidadãos atribuíam a quantidade massiva de lixo existente. Mas - mesmo assim - era veemente repudiada pelas ruas da cidade. Que situação!

Sem encontrar onde descartar o lixo adequadamente, a garota se viu obrigada a ligar para o serviço de coleta da cidade. Vasculhou a internet por alguns instantes até encontrar o número de telefone certo. Depois, ligou para a tal central de atendimento, no que um homem atendeu bastante mal humorado, sua voz ríspida rasgava no ouvido da garota um tom bem estressado. Karen explicou o problema rapidamente, no que foi respondida com um:

- Olha aqui, garota, não é só você que tá com problemas na cidade não! Tem uma força tarefa tentando filtrar os rios do lado de fora dos muros, então estamos muito ocupados! Larga os sacos de lixo na calçada da rua do canal 6 que eu mando um carro de lixo passar ao final da tarde.

E desligou, sem nem dar tchau. Aparentemente, o serviço de limpeza pública da metrópole estava ocupado com a manutenção dos aquedutos que abastecem a cidade pelo lado de fora. Talvez por isso fora tão difícil encontrar qualquer ajuda que seja. Aztlán estava sofrendo de verdade com o emporcalhamento do canal central, e por isso precisavam tanto de um forasteiro para limpá-lo: os Aztlantes temiam o subterrâneo da cidade, tendo de se contentar a trabalhar somente na superfície. Ironicamente, o povo daqui parecia bastante insatisfeito com os estrangeiros. De mãos atadas, só restava à Karen voltar com o pequeno Scraggy mordomo, que agora a encarava polidamente como se esperasse a treinadora explicar o que ouvira no seu Rotom Phone.

por **Food** Dom Abr 11 2021, 17:27

A última vez que alguém gritou comigo com tanta fúria... Eu acho que foi quando meu pai descobriu que eu vendi aqueles ternos velhos e feios dele para comprar uma bolsa LINDA que eu tinha visto. Argumentação: ele não usava os ternos, eu uso a bolsa até hoje. Acho justo!

— Ele nos disse para largar os sacos de lixo na calçada do canal, Scraggy. O que você acha? — Indaguei para o pequeno, que assentiu com a cabeça.

Bem... É isso, então. Segurei o pequeno Scraggy mordomo com força em meus braços e comecei a me direcionar de volta para o canal. Acho que Arthur e Lancelot devem estar fazendo um bom trabalho separando o lixo! É o lado bom de ser uma especialista em Lutadores, na minha opinião. Eles são muito fortes fisicamente, e isso é bem útil em diversas situações.

... Sabe, eu costumo ignorar opiniões alheias com frequência, mas o fato de tantas pessoas estarem me encarando (e o motivo não ser minha beleza) acabam me incomodando um pouco. Eu SEI que não estou com o melhor dos cheiros, mas eu não faço isso por querer! Eu estou deixando sua cidade mais limpa, poxa!

Pense no dinheiro, Karen...

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por **Pacify** Dom Abr 11 2021, 18:31

Não estava sendo um dia fácil para a treinadora de cabelo rosa. A princípio, já sabia do trabalhão que teria, afinal, limpar lixo e desentupir canais não era bem o que ela pensou que faria quando decidiu seguir carreira com seu time. Mas ser repudiada em público e lidar com gente grossa via celular não estava no contrato!

Pelo menos seu time trabalhava incessantemente. Os Lutadores de fato são uma adição esplêndida para qualquer time: sua força bruta, agilidade e disciplina eram indispensáveis. Karen pensava nisso quando finalmente voltou para o canal 6, esperando ver seu time trabalhando duro; entretanto, o que encontrou a surpreenderia.

O canal parecia razoavelmente limpo. Tinham sim alguns pedaços de objetos não identificados boiando na superfície, mas era pouca coisa, esforço de cinco minutos no máximo sanaria tal problema. A água ainda cintilava em cores enjoativas, mas isso só se resolveria ao liberar o canal central, aparentemente. Os sacos de lixo se empilhavam aos montes na calçada estreitinha, o que impediria que Karen passasse sem ter que pisar no lixo. Porém o que a surpreendeu mesmo não foi a presença de nada, e sim a ausência: Nem Artur, nem Lancelot estavam ali. Até mesmo Gawain, que anteriormente dormir um sono tranquilo e despreocupado, não estava por ali. O que poderá ter acontecido? Os sacos estavam todos empilhados certinho conforme eles tinham organizado antes, mas nem sinal do time lutador de Karen. A primeira vista, não tinha sinais de luta nem nada do tipo. Tudo estava em seu devido lugar como a garota tinha visto antes de partir a procura de uma caçamba. Até o cheiro podre era o mesmo. Que será que acontecera com seu time?

por **Food** Dom Abr 11 2021, 22:31

Bem, a caminhada foi bem e finalmente havíamos chegado até onde Arthur, Lancelot e Gawain estavam quando fomos caçar as caçambas de lixo.

— Pessoal! Voltei! — Comentei, acenando para... — Pessoal?

Oh-oh... Eu acho que perdi meus Pokémon! E isso inclui meu símio de dois metros, meu besouro azul bípede e meu sapo também azul!

— Isso é ruim, muito ruim! — Meio desesperada, comecei a olhar debaixo das sacolas de lixo. Tateei algumas com as mãos, procurando pelos pelos de Arthur, que eram macios. Comecei a bater palmas e chamar por seus nomes. — ARTHUR! LANCELOT! GAWAIN! — O que mais me impressionava é que eram três monstros musculosos e grandes! O que teria raptado eles?!

Espera, Karen. Vamos seguir uma lógica aqui. Não é possível que eles tenham sido raptados. Você não é uma mãe de crianças pequenas. É uma treinadora de Pokémon musculosos!

Suspirei, massageando a têmpora com os indicadores enquanto pensava sobre isso. Acho que, logicamente falando, o mais provável é que eles tenham ido atrás do Canal Principal, não é?

— Scraggy, vamos tirar esse restinho de lixo daqui e ir investigar um pouco por ali, mas com cuidado! — Eu comentei para o fiel mordomo, que assentiu com seu rosto relativamente indiferente de sempre. Iria ficar de olho nele; não queria mais um Pokémon sumindo! Tenho que manter a calma.

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por **Pacify** Seg Abr 12 2021, 19:51

Karen não teve sucesso em achar pistas que esclarecessem o sumiço repentino de metade de seu time, mas sua lógica mesclada com intuição apontavam para um caminho: o túnel.

A garota sabia que não lidava com pokémons bebê, desamparados e vulneráveis. Arthur mesmo tinha dois metros de altura! Não era nenhum alvo fácil. Eram bem treinados e estavam acostumados com batalhas. Karen então terminou por limpar o canal, que já não apresentava nenhuma quinquilharia boiando em suas águas multicoloridas. Trabalho concluído, decidiram por investigar mais a fundo no túnel que levava até o canal central.

O caminho que levava até o coração do problema do saneamento básico Aztlante era escuro e fétido; Karen teve que levar a mão ao rosto inúmeras vezes, evitando sentir o cheiro pútrido que exalava do esgoto. Era difícil enxergar qualquer coisa naquela escuridão. O ar era denso não só pelas trevas que engalfinhavam o túnel, mas também pelos gases que pareciam circular naturalmente naquele local. Qualquer som que produzido ali era ecoado enormemente, sendo de fácil escuta em qualquer local do túnel. E foi assim que Karen acabou escutando algo que parecia seus pokémons: eram sons de esforço, como se trabalhassem duro em algo. O problema é que o barulho poderia estar vindo de qualquer canto, uma vez que o túnel podia enganar com sua acústica. Karen poderia seguir em frente ou virar a direita numa outra galeria. Do outro lado do rio poluído havia ainda uma terceira entrada. Por hora, era o que a garota conseguia identificar naquela confusão de sons e odores desagradáveis. O que a garota do cabelo rosado e seu pokémon mordomo fariam?

por **Food** Ter Abr 13 2021, 19:14

Acho que essa foi uma péssima hora para Arthur, Gawain e Lancelot sumirem. Me fazer entrar naquele Canal fedido em busca deles, desesperada, era uma situação bem... Desagradável. Já não bastasse o fedor, ainda tinha esse medo de atacarem eles! Se bem que... Fazendo uma rápida análise, podemos perceber que quem está em real perigo sou eu, já que meus Pokémon mais fortes estão distantes!

— Melhor não fazer muito barulho, Scraggy. — Comentei, acenando com a cabeça para a frente. — Ouvi um barulho naquela direção. Espero que sejam eles. — Disse para o mordomo.

Bem... Enquanto caminhava com passos meio desajeitados e cuidados, vi uma espécie de virada para a direita. Cerrei os olhos para ver se estava vendo corretamente o que pensei estar vendo. Como pareceu ser o caso, decidi seguir aquele caminho. Ah, não sem antes pegar meu Rotom Phone e tentar iluminar o local! Espero que isso funcione... Vai que esses gases no ar são densos que nem névoa e a luz é indiferente...? Espero não ser o caso...

Segurei com força o Scraggy em uma mão, e a lanterna na outra.

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por **Pacify** Ter Abr 13 2021, 20:29

A garota estava com sorte: o túnel fétido era tão mal iluminado que mesmo a tenra luz do seu celular agia feito um clarão do farol de Olivine, iluminando até demais. Foi possível então atestar no que Karen estava se metendo: o local estava um lixo. Literalmente! Tinham vários dejetos e objetos não identificados se acumulando pelas beiradas. O chão era pegajoso e parecia envolvido num certo muco escuro, que conforme era iluminado pela lanterna, brilhava de volta, reluzente. O curso d'água piorava sua aparência conforme se aproximavam do canal central. O que antes era colorido e exibia uma imagem nada saudável ou minimamente natural, agora escurecia em cores doentias, roxo, preto e verde-musgo. Sem contar na atmosfera macabra que circundava o ambiente: por algum motivo, muitos pokémons de pelúcia estavam abandonados por ali, boiando ou jogados no concreto sujo, um mais assustador que o outro. Nenhum parecia normal. Era sempre uma Teddiursa sem uma perna, ou um Umbreon manchado, um Larvitar com a barriga rasgada...

Karen seguiu por aquele vale das bonecas abandonadas até virar a direita numa galeria. O ambiente se tornava gradativamente mais claustrofóbico, estreitando suas paredes. Ainda tinha um rio meio seco separando as duas margens, mas uma era tão próxima da outra que Karen poderia facilmente se locomover entre elas. Seguiu por essa galeria até trombar numa parede; era um beco sem saída. A garota já se preparava para voltar quando seu pokémon mordomo apontou algo que ela não notara de primeira: tinha uma escotilha no teto. Era larga o bastante para passar dois humanos de uma vez, porém apertados. Karen até pensou em abri-la por um instante mas notou que tinha um cadeado grande daqueles super reforçados que a impediria. Pra onde será que dava essa porta de ferro? De toda maneira, Karen não poderia seguir por ali. Poderia investigar mais ou voltar por onde veio. Qual seria?

por **Food** Qua Abr 14 2021, 23:16

Ugh... Esse caminho ficava cada vez mais apertado. Eu estava me sentindo meio mal de ficar entre aquelas paredes, mas apenas suspirei e assoprei uma mecha de cabelo que estava no meu rosto. Naquele momento seria complicado fazer qualquer outra coisa; até porque o caminho tinha um fim, e um cadeado reforçava isso.

— Será que escolhemos mal nosso caminho, Scraggy? — Indaguei para o Pokémon, que apenas entortou sua cabeça levemente para o lado, em dúvida. Ele deu de ombros e apontou para o que havia encontrado. — Eu acho que... Vou voltar e ver o que tinha naquele outro caminho.

Não sei se ele pensou que seria uma ideia burra, mas apenas assentiu e começou a me seguir novamente. Desta vez, eu iria me direcionar para o terceiro caminho, aquele do outro lado do rio. Quem sabe não temos mais sorte por ali, eu me pergunto...?

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por **Pacify** Qui Abr 15 2021, 12:46

Karen continuava sua busca silenciosa por seus pokémons. Os sons de esforço que pareciam vir de seu time tinham cessado uns minutos atrás, mas eventualmente algo ecoava através do túnel escuro, algo sinistro e abafado que Karen tinha certeza não pertencer aos seus lutadores. Era um gemido gutural e lamuriento, e como tudo que ecoa naquele túnel, era impossível ter certeza de onde vinha.

A garota seguia naquele clima angustiante, agora se direcionando para a outra galeria do outro lado do córrego. Demorou um pouco para enxergar, mas havia uma pontezinha que facilitava o processo. Parecia improvisada, feito de uma madeira velha de forte odor, mas aguentaria o peso da jovem treinadora e seu mordomo. De todo modo, era melhor do que arriscar pular de uma margem para a outra, mesmo que o caminho fosse estreito [Imagem de Referência]. Alcançaram a outra margem andando aos pouquinhos sobre a madeira descascada, temendo que ela cedesse, o que não foi o caso.

Entraram então na segunda galeria, essa mais larga que a outra. As paredes de concreto estavam pichadas com letras ilegíveis, provavelmente um código para quem deixou aquela arte escondida ali. O chão era ainda mais grudento que o lá de fora, cheio daquele muco esquisito e pegajoso que exalava um forte cheiro de esgoto. Conforme Karen se embrenhava mais adentro da galeria, essa gosma aumentava de volume, até chegar numa sala ampla e grande e mal iluminada. O ambiente era abafado - mais do que o comum - e o cheiro de esgoto era quase que insuportável lá dentro, obrigando a garota a proteger as narinas com algo. O muco ali dentro não era tão translúcido como visto lá fora, mas sim de um tom roxo escuro repugnante. Mas o pior não era isso. O mais assustador mesmo era o que estava no fundo da sala: grandes quantidades desse muco se acumulavam nas quinas das paredes, servindo de ninho para o que parecia ser restos de ovo de alguma coisa. As cascas de ovo eram de um magenta reluzente que assustava, e pareciam abertas a alguns dias... Apesar disso, nem sinal de vida na salinha fétida. O que Karen faria?

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