Alpha Saphire Squad - Exploração Abyssal

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Inspirava fundo e aprisionava o ar nos pulmões por alguns segundos antes de soltá-lo ao expirar.

Fuuh!

Em parte era para acalmar meu ser e em outra para sentir a brisa leve que vinha do mar. Era como estar de volta ao lar. Isto porque filho de gyarados, magikarp era! Na verdade passei as últimas horas no prédio da sociedade que ficava no coração de Slateport. A divisão de ouro tinha um quarto decorado em estilo tradicional com vista para esse mesmo azul hoenniano pelos últimos andares. De certa forma tinha aprendido a gostar daquela vista e daquele aroma fresco pela manhã e do som cansado da maré de ressaca pela noite. Era diferente do oceano de casa, com toda certeza, mas tinha um poder semelhante sobre mim.

Estava agora nas areias da praia mirando o horizonte, caminhando lentamente para a localização que Raissa tinha me mandado. Muitas coisas passavam em minha mente, dentre elas alguns temores de problemas inacabados. A expedição nas ilhas redemoinho terminaram de maneira... inesperada. Ainda não sabia como Daisuke estava, mas descobri que Matte não era confiável para tomar conta de pessoas. E isso me deixava profundamente preocupado com a menina ruiva que era apenas uma adolescente e talvez não tivesse maturidade para entender um distúrbio de personalidades. Isso vinha mais devido ao fato de a única pessoa a quem mais confiava não ter lidado muito bem e a constante insegurança perto de Winnie.

Fuuh!

Suspirava desta vez tentando não deixar me contaminar por reflexões que deveriam estar me ajudando.

Chamei o Feraligatr para caminhar ao meu lado e brinquei um pouquinho com ele de pega até me cansar e rir. Eu não tinha chances alguma contra ele. Só que minha animação terminou ao lembrar do motivo de ter chamado ele. Queria conversar algo sério.

— Fera, nós estamos indo para uma outra viagem como aquela que fizemos até a ilha de Lugia... Eu não posso prometer que vou conseguir manter o controle o tempo todo então quero te pedir um favor... Se você perceber que eu fiquei diferente, de qualquer forma, tipo, na fala ou até no olhar, cuida da Raissa. Não quero viver com a culpa de ter deixado algo acontecer com ela. Pode fazer isso por mim, amigão?

O crocodilo azul me encarava com olhar preocupado, talvez imaginando o que eu quisesse dizer por trás daquilo tudo. Ele não era idiota. Sabia que existiam faces diferentes do mesmo treinador das quais ele não conhecia tão bem. Thito era bom em fingir, mas Matte... Ele não se preocupava muito com as opiniões que não podia manipular, como as dos mais fiéis. Era por isso que fazia um pedido ao meu inicial. De ser um herói, se necessário, mesmo que isso coloque a minha pessoa em apuros. Dava para ver que ele não gostava muito da situação, mas assentia, afirmando que o faria se necessário. Esbocei um sorriso de canto e dei um soquinho no ombro dele.

— Não precisa ficar tão tenso. É só por precaução. — Disse, mas ele respondeu com um rugido meio de resmungo como se dissesse "aham, sei".

Aquilo não precisava se estender por muito mais. EU não queria dar muito enfoque praquilo.

Encontrar a ruivinha não foi problema. Era quase como procurar um foco de incêndio no mar. Só tinha ela, acompanhada do casal Lanturn. Já estava com meu traje de mergulho por baixo da roupa, que agora ia para dentro da mochila. Passava o filtro solar - quem mandou criar um personagem tão branco? - enquanto chamava a atenção da pequena sentinela.

— Bom dia Raissa, espero que esteja empolgada para descobrir as maravilhas escondidas nas profundezas dos mares de Hoenn!

Assim que o protetor secasse minimamente, saltaria na água junto do grandão que me acompanhava chegando mais perto dela para entender como funcionaria aquele aparelho que nos diria o caminho ao nosso destino. Enquanto procurava entender aquilo, dava uns docinhos pro meu amigão, junto de um item poderosíssimo.

Fera entendia meu dilema. Ou quase. Ao menos procurava me apoiar incondicionalmente, como sempre.

Raissa também estava animada. Ainda não tinha percebido se ela estava ciente dos perigos das profundezas, mas não estava afim de deixar ela pilhada com isso agora. Se a ficha caísse em um péssimo momento... bem, aí veríamos de voltar se desse. Minha prioridade era com o compromisso de retornar a salvo. Eu e ela. E depois vinha o objetivo de desvendar os segredos daquele mar. E, claro, para isso ela precisava de um pokémon capaz de usar o dive. Nós tínhamos capturado e treinado Jayna e Zan, mas o movimento estava comigo.

— Pode sim! Eu comprei ele exclusivamente pra gente usar nessa expedição. Aliás eu trouxe toda minha coleção de TMs, são mais de 50!! Então fica a vontade se quiser usar outros.

Deixava ela a vontade. Tanto para agora quanto para o futuro, afinal, era a única tralha que me orgulhava de carregar.

Agora o problema mesmo era com a tecnologia. Eu já disse que sou bem bruto quando o assunto são apetrechos, né? Equipamentos inteligentes facilitam minha vida, mas quando o salto é muito distante do habitual como hackear um sistema ou usar algo analógico... Ferrou! E aquela espécie de "mapa" que Raissa encontrou quando requisitei um agente para a missão não era de fácil leitura. Tanto era que nem mesmo ela conseguia entender aqueles pontos. Seria próximo a um GPS ou Bússula? Hmm...

— Essa velharia é nova pra mim. Acho que vale a pena testar. — Subia nas costas de Fera, segurando nas espinhas avermelhadas e afirmava — Pode ir na frente que estou logo atrás.

Segurava firme e me preparava para surfar, agarrado ao aquático. Ela tinha um plano e parecia interessante. Geralmente era isso que eu fazia quando estava perdido e tinha algo pra me orientar. Caminhava observando os detalhes da tela pra tentar compreender como funcionava. "Tomara que dê certo, porque não tenho IDEIA do que fazer caso contrário" - pensava comigo mesmo.

Como eu disse, amém tecnologias que facilitam minha vida. Aquela mochila hi-tech que cabia um mundo era a prova disso, mas eu também fazia questão de mantê-la organizada. Todos os TMs estavam numerados e dispostos numa caixa que reduzia o espaço na mochila, sendo até mais fácil para localizar.

Só que essa mesma expertise não se aplicava àquele aparelho. Alguns conhecimentos prévios eram necessários e como minhas áreas eram matemática aplicada e artes, as ciências gerais riam de mim com frequência. Contudo, latitude e longitude eram fáceis de reconhecer, afinal, era assim que o GPS funcionava... Agora o outro ponto... O dúvida cruél! Quer dizer, não para Raissa porque ela dava um palpite de primeira, que fazia muito sentido. Chegava até a ficar envergonhado, mas procurava não pensar que era uns 5 ou 6 anos mais velho, e dava o mérito que ela merecia.

— Muito bem, Zan, está preparado? — Chamava o Lanturn para fora e saltava das costas de Fera para o dorso do peixe elétrico. Colocava a máscara e dava o sinal que estava pronto — Quando quiser!

Então mais uma vez nadaríamos sem um rumo, apenas com o intuito de entender mais sobre o aparelho que seguiríamos.

A água estava bem gelada, mas de uma forma boa, já que era um dia de sol. Achava curioso como o manto d'água poderia se adaptar com o tempo. Ele começa sempre frio mais quando se acostuma ela te abraça e não mais se sente essa temperatura. Na maioria das vezes era possível esquecer. Com exceção quando se mergulha fundo. Aí não era tão fácil esquecer da sensação de frio, pois a luz do sol não alcançava os pontos mais fundos. Nem a luz nem o calor. Em parte era por isso que capturamos Zan e Jayna com a habilidade Illuminate, e em outra a necessidade dos trajes especiais de mergulho.

Deixando os sentidos de lado, o aparelho finalmente dava um sinal de que a teoria de Raissa era correta. O terceiro ícone simbolizava a profundidade! Mas... E agora? Mesmo com os 3 parâmetros nós não tínhamos as coordenadas para poder seguir... Sacava o  pk-nav, agradecendo por ser a prova de água e olhava o mapa da rota marítima tirada via satélite e imaginava onde poderia ter um bom acesso às profundidades da região...

— Que tal nadar na direção de Dewford? — Mostrava o mapa para ela explicando o que pensava.

— Li que nessa horizontal principal muitos navios afundaram sem explicação! E mais acima da caverna de Dewford tem uma cordilheira curiosa. Podemos nadar nessa direção e ver se pelo oeste o sensor indica alguma coisa.

Era uma ideia não muito bem fundamentada. Partia da teoria de que não descobriríamos se não tentássemos, como o dowsing machine. Era preciso andar para descobrir onde tinha um item. Talvez fosse minimamente parecido. Só apitaria quando nos aproximássemos. Quer dizer, a menos que Raissa tivesse uma ideia melhor.