(019) — solar power

Nada melhor que desafiar as leis locais usando as leis da física, certo? Ivy estava voando, então, não tinha como ser pega pelo Earthquake de Sashimi. Lógica pura! Inclusive, que massacre. Os macacos eram dizimados com ajuda da dragoa, mas o dano absurdo de Lairon era o que me surpreendia. Algo me dizia que ela estava próxima de evoluir, mas ainda não estava pronta. Somente apontei sua esfera bicolor e a retornei, dando um leve beijinho na cápsula antes de guardá-la dentro da bolsa. Dentre os Mankey havia uma pobrezinha Teddiursa que sofreu a fúria das minha pequenas e não podia deixá-la perto daqueles animais... Por mais que ela também estivesse jogando pedras, pra ela o pano estava pronto para ser passado. Pedi para Ivy descer um pouquinho e lancei uma Premier Ball para capturá-la; sendo bem sucedida, guardaria-a dentro da bolsa, caso contrário, deixaria a captura pra lá.

— Vamos, filha? Temos que encontrar uma caverna ainda. — dei um beijinho nas costas da dragoa, sinalizando para que prosseguisse. — Espero que não esteja muito longe.

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Captura feita e com um pouquinho mais de experiência nas costas, seguimos as duas na direção sul da rota, aproveitando a brisa que passava e aliviava um pouco do terrível calor que assolava Kanto nessa época do ano. Ao menos agora não tinha primatas perturbados da cabeça prontos pra nos apedrejar, né? Pelo menos é o q-

— Aquilo é um Onix? — abri a boca espantada, sinalizando para que Ivy se aproximasse aos poucos — Não é que é mesmo? — a dragoa parecia curiosa e sinalizou com a cabeça para a entrada que ficara formada por onde havia saído — Capaz do peso de Sashimi ter incomodado os terrestres por ali, mas pelo menos encontramos uma entrada pra caverna.

Nos aproximamos e, bom, como esperado, tudo era um breu. Por ser uma nova entrada, nenhum humano havia passado por ali ainda, então não havia luz, lampião, indicações, nada. Não que eu conseguisse ver, né, já que literalmente não tem como ver um palmo a frente do rosto. Ivy parecia um pouco preocupada, mas eu conhecia a solução perfeita para conseguirmos enxergar bem.

— Filha, pode nos ajudar com seu Illuminate? — liberei Gyoza de sua esfera bicolor e logo sua joia começava a iluminar o local — Vamos seguir com calma e bem alertas, tudo bem?

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Não tinha muito o que ser feito, né? Lugar escuro, Starmie iluminando com sua joia, ambas monstrinhas atentas para qualquer perigo... Só dava para continuar seguindo em passos lentos até para não cair e acabar morrendo naquele lugar sem encontrar uma saída. Já sou maluca, presa no escuro e sem qualquer esperança de vida, já viu.

— Prestem atenção... Ó. — levei a mão direita até a parede, que vibrava — Isso dever ser algum Pokémon terrestre que está caminhando pelas paredes, vamos torcer pra não nos atropelar. — foi só dizer isso que o rochoso passou mais uma vez — Acho que devemos ir para onde ele veio, né? — Ivy me olhava um pouco duvidosa — Melhor do que ir para onde ele foi e dar de cara com ele lá. Uma porrada dele no teto e a gente cai dura aqui. — suspirei — Vamos, pelo menos tentamos encontrar algo.

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Acho que pela primeira vez na vida eu fazia uma escolha que não me enfiava em uma enrascada de imediato: seguimos na direção de onde Onix veio e não surgia 3456 bichos para me matar ou tentar me sufocar viva. Pelo menos ainda não. Depois de caminhar um pouquinho, demos de cara em um local dividido por andares, mas o que mais me chamava atenção era um pequeno laguinho que se formava em seu centro. Os olhos batiam direto em algo que brilhava entre duas estalagmites, de tamanho não muito absurdo como suas irmãs do teto, mas ainda assim parecendo de difícil acesso.

— O ar aqui está menos seco, então, deve ser mais tranquilo pra vocês. — falei em voz baixa, afinal, sabe-se lá se esses terrestres escutam bem — Gyoza, tá vendo aquilo ali brilhando? — apontei na direção — Tente usar seu Psychic para pegar. Flutue se preferir. Eu e Ivy vamos nos aproximar com cuidado.

Os olhos de Rocket logo brilhavam tão quanto o objeto. Se tem uma coisa que eu gosto é de encontrar coisas de bom valor, seja para mim, pros meus pequenos ou para vender. Certas coisas nunca mudam, né?

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Claro, claaaaaro que eu não daria tanta sorte assim. Quais são as chances de eu encontrar algo valioso no meio dessa caverna maldita escura igual um cacete? Mas tudo bem. Uma caderneta que não vai me ajudar em nada, provavelmente de alguém que foi devorado por um Onix ou algo do tipo. Depois de alcançar Starmie, peguei o item, dedilhando-o para ver se encontrava alguma página com identificação. O folheei por inteiro, aproveitando para arrancar uma folha em branco e secar o suor na testa.

— Ao menos aqui está mais fresquinho. — suspirei, ajeitando o coque que começava a cair — De quem vocês acham que isso é? — folheei mais uma vez, mas nada, até que Ivy apontou para as contas com seu chifrinho — Ah, é mesmo. — "Steve Stone" — Vish...

Agora só falta ele ter morrido por aqui, cara. Não só vou ficar sem descobrir pra que serve essa bolinha de gude, como também vai ter que ser eu a dar a notícia que o neto morreu pro velho lá do museu de Pewter. Quer dizer... Isso se eu conseguir sair com vida, né? O homem lá disse que Steve era um dos treinadores mais fortes do mundo e, se ele morreu aqui, qual será o destino de uma pobre coitada criminosa que nem eu?

— Okay, sem desespero. — estiquei os braços e as pernas, estalando-os no processo — Se vamos morrer, que ao menos seja lutando. — os olhos de Dragonair estavam arregalados e Starmie simplesmente balançava o corpo negativamente para lá e para cá; ela conhece a treinadora que tem — Não é drama, Gyoza. Bom, parece que tem uma espécie de mapa, mas não diz nada. — a dragoa então chamava atenção para alguma pegadas, as quais claramente deveriam ser do homem — Vamos seguir.

E lá vamos nós de novo, me enfiando em lugares que não deveria estar e que muito provavelmente quase vai me matar. Caminhamos um pouquinho e demos de cara com um túnel soterrado de areia, muito provavelmente derrubada pelo próprio Steve ou algo que estava atrás dele.

— Gyoza, use seu Psychic em ondas psíquicas para fazer uma abertura. Sei que quando parar a areia vai soterrar tudo de novo. — parei para respirar, analisando o deslizamento — Ivy, você vai usar seu Ice Beam para congelar, mesmo que momentaneamente, essa passagem. E vamos passar correndo por ela, tudo bem?

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