Semana 2 | 22/08/2021 ~ 28/08/2021
(Re)Start - Ato II
Tudo está escuro, como sempre esteve. Não porque estamos no breu, afinal a luz da lua não encontra empecilhos para chegar até aqui com o céu limpo. Na realidade, a única barreira realmente é o dossel da floresta muito densa, que deixa tudo abaixo dela mais escuro do que um humano gostaria. Porém, humanos não vivem por aqui.
Há muito vento por essa noite e o mar está tão agitado que o som de colisão das ondas chega a ressoar por muitos metros desde a costa da grande ilha. A ventania anuncia a tempestade que virá do continente, cedo ou tarde, mas não hoje.
A essa hora da noite, muitas criaturas já buscaram em seus ninhos a segurança necessária para o sono, já outras saem dos seus para agirem, enquanto a chuva não chega. Precisam comer, beber, reforçar seus abrigos. Outras precisam fugir... Ou pelo menos é esse o clima que encontramos num ninho em particular.
Aqui nesse cenário, encontramos um grupo de Pokémon peculiar. Estrangeiros, vindos de um continente distante e que passaram por muitas desventuras. Contudo, talvez ainda estivessem longe de encontrar a tranquilidade que desejavam.
As Swoobat que aqui estão tentaram fazer das florestas densas de Cianwood seu novo lar. São duas fêmeas, libertas acidentalmente de um zoológico de Kanto quando a inundação encontrou o continente. Vem daí o trauma das morcegas com o clima caótico que as tempestades naturalmente trazem.
À época, eram ambas pequenas Woobats, mas os perrengues que passaram foram tantos que a própria lei natural as fez evoluir. Viajaram por quilômetros, buscando um novo lar entre cavernas e florestas que tivessem se mantido por Kanto. Mas, de novo, eram estrangeiras, então a adaptação não foi das mais fáceis, sobretudo quando muitas outras espécies lutavam pela sobrevivência depois do caos; espécies essas que já estavam em seu lar de origem e nele pretendiam permanecer.
Entre tantas dificuldades, uma das mais notáveis era competirem por espaço com Zubats e seus afins, morcegos como elas. A comida e o abrigo eram escassos, então não foi nem um pouco fácil. Raros eram os grupos de morcegos que as recebiam como iguais - até certo tempo - e foi aí que a natureza se encarregou de agir e se aproveitar de tais encontros fortuitos.
Então voltamos para o hoje, neste ninho feito numa antiga e larga árvore na floresta de Cianwood. As Swoobat tinham feito aqui não apenas um abrigo, mas também um lugar seguro para seus ovos: três ao todo. Chocaram cada um deles com zelo pelos dias que se seguiram, revezando a proteção e a busca por alimento como duas mães protetoras que compartilhavam a mesma história e o mesmo destino.
Infelizmente, os traumas e os gatilhos ainda estavam ali, as impedindo de se sentirem seguras na menor ameaça de tempestade. O rigor da sobrevivência as fez temer. Assim, decidiram partir. Não dá para dizer para onde foram, só que usaram seus instintos para irem o mais longe que poderiam daquilo, o mais alto, ou o mais profundo no coração da primeira caverna que encontrassem.
Para todas as criaturas, a natureza dá e ela também tira. Assim, em fuga as morcegas de Unova partiram mais uma vez. Não sabiam por quanto tempo e quantos metros teriam que voar, por isso toda demanda era muito. Daí, cada uma levou consigo apenas um ovo da ninhada, deixando o terceiro para trás, entregue à própria sorte, naquele tronco agora frio, em algum lugar da densa floresta de Cianwood. Está escuro como sempre esteve, porque esta criatura ainda não teve a oportunidade de ver a luz. E terá?