WHIRL ISLANDS DUNGEON #2

— ...O que diabos é um pré-pokémon? — Foi a primeira pergunta que escapou da garganta, o cenho se franzindo imediatamente diante do comentário do rapaz. — Isso não faz nem sentido. Até os fósseis são chamados de, bem, pokémons! Como pode existir um pré se tão todos na mesma bacia? — Quis saber, espiando de cantinho as pupilas da loira se transformarem em duas azeitonas após ter mencionado a probabilidade das megas. — ...Acabou de descobrir o que é uma, acabou de descobrir a sua, e já tá assim com elas, é? — Gargalhou, balançando a cabeça em negativa.

VEJA BEM, NOBRE NARRADOR:
Eu não tenho culpa. Não foi nem a coitada da Natalie que mandou atacar, tá? O Eelektross só queria brincar. E ele não tem culpa se a brincadeira acabou sendo um tanto quanto mortal pros coitados dos selvagens, e também não tem culpa de não entender totalmente quando os pais vieram fulos da vida querendo uma vingança.

— ...EEL! — Foi a primeira reação quando se deu conta do estardalhaço elétrico que se espalhou pela superfície do rio. Sinceramente, até podia ter deixado de lado, mas a) Bley queria um bichinho e b) tinha quase a certeza que não ia conseguir dar as costas pra dois cavalos marinhos putos da vida que saboreavam o doce sabor da vingança. — Ugh... Você realmente acha que dá? — Reclamou com o policial, revirando os olhos com sutileza. — Tanto faz, não demora, não. Eel, Discharge! — Enfim, ordenou. PELA PRIMEIRA VEZ, VIU??? E já que vieram os pais brabos, então não fazia mal jogar uma Pokéball se eles caíssem, hein? Que tal?

Depois disso, podiam seguir seus caminhos. Yey!

— ...Nem me fala. — A ruiva reclamou, balançando a cabeça em negação diante do comentário de Karinna. — Eu acho que todo o universo tá tentando me falar que eu devia tar com o Ariel desde que a gente pisou no mar de Olivine. — Suspirou, um encolher de ombros tímido que veio com discrição. — Depois vou botar ele pra dar uma mordidona na tua cabeça. — Brincou com a mais velha, dando-lhe uma cotovelada discreta enquanto... Bombril... ficava espiando com seus olhinhos vidrados. E foi com uma alegria genuína que ele balançou sua mangueirinha e emitiu um barulho de estática ao seu condecorado como Sobrinho Nº1 do Mundo Todo, pode acreditar!

— ...Tá. Vamo, vamo, xô, a gente tem que ir embora. — Decidiu, empurrando de leve as costas da companheira e não tão de leve as do policial. — Antes que a gente tenha que sair correndo de novo, que não tô pra aguentar outra rodada dessas não. — Reclamou, balançando a cabeça em negativa. — Balt, se liga! — Chamou, indicando o outro lado do rio. — Usa um Thunderbolt pro lado de lá. Vamos ver se isso despista eles da gente. — Pediu. Não era muito, mas... Talvez fosse suficiente?

+2Sp.A/Atk Eelektross

Cá entre nós, eu admito que foi com certa preocupação que a ruiva abandonou aquele ponto do rio. Não pelo fato de que poderiam ser rastreadas pelos nativos, mas por ter tido a impressão de enxergar uma chama crescente entre um dos galhos de árvore que começava a ficar para trás: Esperava que os coquinhos tivessem cabeça e recursos suficientes para que pudessem apagar aquilo rápido o suficiente para que um incêndio não se espalhasse e acabasse dando muito, muito problema...

Apesar das preocupações, foi o próprio ~ciclo da vida~ que tratou de tirar um pouco de suas preocupações quando, mais à frente, encontraram um preguiçoso Slowpoke tentando pescar em uma represinha. Um sorriso discreto se pincelou no canto dos lábios ao que enxergou o esperto Shellder se lançar e dar uma mordiscada no rabo do rosado assim que ele deu o primeiro sinal de distração, as pálpebras se apertando um pouquinho enquanto observava a inevitável metamorfose que acontecia pela união de ambos.

— Dois? — Perguntou, devagar. Ia até questionar o motivo da criatura ter dois Slowkings (não que tivesse muita moral pra isso, mas enfim), mas bastou o complemento da frase para que compreendesse a situação. — Tem um de Galar? Eu nunca nem vi! — Torceu a ponte do nariz, afagando o dorso da loira com gentileza em uma tentativa de arrancar a frustração latente de seu coração. — Eu não tive taaanto contato com os bichos de Galar, na verdade. Acho que ainda são todos meio... Recentes, né? — Murmurou. Pretendia continuar o raciocínio, mas a impressão de enxergar um movimento um pouco mais agitado nas águas a fez estreitar o olhar para a correnteza, tentando detectar se alguma coisa se escondia ali por baixo e... Bem, digamos que a explosão de duas conchas enormes na água foi mais que suficiente para fazê-la perceber que não estava doida, não.

— ...Você dizia? — Debochou, espiando a loira pela grande ironia daquilo tudo ter acontecido justo quando ela já estava começando a tagarelar de paz. — Já sabe que não pode falar, zica o negócio todo... — Riu, a atenção voltando imediatamente para a enguia elétrica que, espertinha, já ia minhocando para frente, consciente de que teria mais uma dose de "choques" para desferir. — Duplo Discharge! — Disse, simplesmente. Aliás, devo mencionar que achou graça na hipocrisia da loira sobre "bater à toa nos outros", mas... Fazer o quê? A gente pode ser hipócrita quando bem entender.

Principalmente quando essa hipocrisia faz a gente ignorar totalmente um Ranger que as tratava como se fossem alunas de patrulheiros ambientais.

— Se eu fizesse isso com todos os meus pokémons trabalhosos... — Suspirou, balançando a cabeça em negativa. — Virou justiceira, Shu? — Provocou, espiando a treinadora de canto. Tinha consciência de que aquela era uma das, senão a, pior palavra possível para descrever a outra, mas... Acontece!

Olha, eu não vou te dizer que era algum tipo de colecionadora compulsiva, porque é óbvio que não era. Mesmo quando usou uma de suas belíssimas Friend Ball para tomar aquele Slowbro para si - quer dizer, só estava querendo ajudar e tirá-lo de um ambiente que obviamente não seria bom pra ele, entende? Era claro que era por isso que tinha capturado aquele psíquico, nada a ver com ser alguma maníaca condecorada por capturas ou algo assim.

— Eu tenho quase a certeza que já falei que você tem que parar com essa mania de sair socando tudo. — Uma exclamação resmungada veio ao receber o beliscão, e a moça instantaneamente deu um empurrãozinho na mão da outra. — Sai! Deboche, sei disso não, sei nem o que é isso. Eu só tenho quatro anos. — Fez bico, espiando-a de rabo de olho...

Claro, tudo isso antes que os nativos resolvessem aparecer (GENTE, VAI CUIDAR DO INCÊNDIO ALI ATRÁS, EU HEIN) com uma belíssima lançada que só não empalou bonitinho o coitado do policial porque não teve ângulo pra isso. Na real, admito que só ouviu o som de alguma coisa atravessando e só olhou porque ele parou de falar na hora e, pelo que tinha percebido, ele era bem do reclamão. Enfim, saiba que não foi uma visão muito agradável ao ver o infeliz que, de algum jeito esquisito, tinha conseguido cair de bunda com uma arma enfiada no bucho.

A parte boa: Nem precisou pensar a respeito porque, sabe como é, Karinna o fez antes. E em momento algum a ruiva tentou reclamar ou protestar contra o puxão da loira, se deixando levar e tropeçando os dois primeiros passos antes de criar ritmo e voltar a correr (diabo!) para longe daquela tribo maníaca que, pelo visto, ainda tava rancorosa por terem estragado o Mc Roger Feliz deles.

— ...Rotom, Hydro Pump! Não deixa eles virem atrás da gente! — Gritou, na esperança que a força do eletrodoméstico fosse capaz de "varrer" as frutas pra dentro do rio. — Ramen, Rock Slide! Pode descer uma avalanche nesses bichos! — Foi a instrução que lançou para Braviary. Que saco, será que eles não cansavam as pernas não? Eram tão pequenas!