03 - Caça ao Pistoleiro
Feitiços Proibidos. Eram tão problemáticos que os livros que os continham foram queimados, mas isso não importou quando os usuários de magia que os conheciam continuaram vivos e preencheram novos grimórios com os poderes que outros tentaram deixar no esquecimento. No total, há doze tipo de Feitiços Proibidos, um deles é o Feitiço Proibido Número 7: Culinária de Rua que foi usado pela bruxa da floresta contra Karen. Esse é um belo exemplo de como eles podem causar um problema enorme. Afirmo nenhum feitiço quando é criado é banido pelo povo, mas apenas quando ele é usado para causar o caos neste mundo. Como o feitiço Número 7 entrou nessa lista? Quando um rei, que ganhou a alcunha de Reclamão, humilhou os cozinheiros reais sendo essa a última gota para se livrarem da realeza. Dias após, solicitaram os serviços de uma bruxa que encantou um pote de tempero com um feitiço desconhecido que foi usado sem poupar na comida real e graças a isso todos os que comeram junto à majestade naquela refeição acabaram virando um tipo de comida diferente. Naquele dia, o reino havia perdido a família real gerando uma guerra política para ver quem assumiria o trono evoluindo para uma guerra civil enquanto cada parte apoiaria seu soberano. Quando descobriram a verdade sobre o ocorrido, o feitiço foi proibido de ser usado em todo o mundo, mas há feiticeiros que não seguem regras...
-Então deixa eu ver se eu entendi. Você tem um ex-namorado pistoleiro, ele é tóxico e você mandou ele embora após achar ele “brincando” com seus frascos e pra fechar com chave de ouro ele acabou levando embora seu Cristal de Invocação de Serpe achando que era de serpente?
-Você entendeu direitinho, okay? Não precisa ficar repetindo em voz alta! Será que uma bruxinha como eu sempre tem que ter alguém me lembrando das vezes que sou humilhada?
-Mas… foi você que começou a falar sobre isso…
-CHEGA! – a bruxinha se exaltou um pouco. Acho que não é bom você provocar ela, Flora, vai que ela te transforma em um Milkshake? Você vai aceitar o acordo ou não? Se não quiser, eu vou apenas fazer um lanchinho com sua amiga.
-Tá bom. Eu não posso deixar nada acontecer com ela. Meu irmão ficaria meio tristinho se o rolo dele acabasse assim.
-Sábia escolha, colega. Nossa tarefa vai ser ir aos arredores do Reino Primordial para onde ele fugiu. O corvo de um amigo meu descobriu a localização dele, então podemos só chegar lá, dar uma surra no desgraçado e pegar meu cristal de volta.
-Nós?
-Sim. Eu vou com você. Agora que estamos fazendo uma trégua temporária, melhor eu me apresentar. Meu nome é Artemísia, Bruxinha exilada do Reino primordial.
A bruxinha pegou seu grimório, ergueu e fez sua pose de apresentação. Incrivelmente era tão baixinha que por pouco o livro em sua mão estendida não passou a altura de Flora. A escudeira teve a ousadia de comentar sobre isso de imediato bem na frente de sua vítima. Não posso deixar de mencionar que isso irritou profundamente Artemísia.
-Prazer! Eu sou a Flora, a única Escudeira do Reino de Pietas. Nós estávamos indo em direção ao Reino Primordial para levar mais Bife a Cavalo pro Rei, mas acabamos encontrando sua cabana e você transformou minha amiga em um prensadão.
-Dia mais normal na Planície do primórdio. Outro dia, transformei um vendedor em um frango assado depois de bater na minha porta me oferecendo roupas de baixa qualidade. O gosto estava horrível.
-Esses caras são chatões, né? Outro dia...
E assim elas ficaram jogando conversa fora. Lembram que estava de dia? Elas se distraíram tanto nessa brincadeira que já estava anoitecendo. O sol se pondo e quase ficaria impossível de andar naquela floresta sem correr risco de vida. As criaturas noturnas não perdoavam sua presa e ainda havia o risco de marginais procurarem vítimas. Você pode pensar que temos uma garota que não sente dor e uma bruxa com poderes quebrados, mas também vale lembrar que esse tipo sempre anda em bandos e sabem se camuflar em seu próprio território sendo o maior problema das garotas fofinhas em sua viagem. Por sorte…
-O esconderijo dele não fica muito longe daqui. Uma ou duas horinhas a pé e a gente chega.
-Mas não é melhor esperar até amanhecer? Nem escureceu direito e já não enxergo muito longe daqui...
Flora estava certa. Por mais que Artemísia quisesse se apressar e se aproveitar de sua nova ajudante para recuperar seu cristal mágico, viajar no escuro só faria os problemas citados anteriormente se tornarem realidade, a não ser que elas dessem uma maneira de saber o que está à sua volta. Por sorte, Artemísia tem preparo e segurou ambas as mãos da escudeira recitando algumas palavras mágicas para depois lançar sua magia.
-Luz Fantasma.
O corpo de ambas ficou iluminado. Flora se assustou enquanto para sua mais nova colega era só mais um dia normal. Nossa escudeira estava perplexa com a situação e comparou a luminosidade de seu corpo com a da Floresta. Diferente da vegetação, ela estava clara como o dia no deserto.
-Ma-ma-mas… como você fez isso?
-Não sei. Talvez eu seja uma bruxa, né, meu bem?
-Hmmmm. Faz sentido… ehe… mas isso não vai expor a gente?
-Essa é a graça da magia, querida. Só quem foi envolvido por ela consegue se enxergar no escuro e ao seu redor. Quem está de fora não vai ter ideia de que estamos passando. Mas não abuse disso pra bater nos outros, ou eu vou ter que bater em você.
Elas riram. Elas partiram. E foi exatamente como descreveu, dava para enxergar claramente o que acontecia á sua volta. Animais dormindo, feras passando fazendo elas andarem mais devagar, evitar o barulho e desviar do caminho algumas vezes. Ninguém quer se cansar antes de chegar em seu objetivo, não é? Por sorte, não encontraram nenhum marginal no caminho até que a mata foi abrindo cada vez mais até as árvores darem espaço a um grande campo aberto, dava até para ver os morros à distância. Diferente da floresta, a luminosidade estava boa. Não havia nuvens no céu, era lua cheia o que garantiria uma das noites mais claras naquele ciclo lunar.
Artemísia respirou fundo.
-Cessar magia – elas pararam de brilhar -Não precisamos mais disso pra enxergar e eu vou economizar magia. Vou precisar disso pra dar uma surra naquele canalha!
-Ah… então foi pra isso que você veio? – Flora perguntou enquanto coçava a bochecha com uma cara sem graça. Era retórica, claro.
Então elas andaram mais um pouco procurando pelo esconderijo do pistoleiro enquanto também conversavam. Artemísia resolveu puxar assunto.
-Ei, Flora. Pensando bem naquela conversa mais cedo, até que você é legal. Eu me diverti falando mal dos outros por horas com você. Por causa disso, eu não vou te transformar em um milkshake de morango com chocolate ralado.
-Que isso? Esculhambar os outros é uma das coisas que eu mais gosto de fazer no tempo livre. Quando a gente voltar, vamos jogar mais conversa fora, Mísia!
De repente, a bruxinha parou. Virou de costas para Flora e juntou as mãos.
-Do… do que você… me chamou? – sua voz estava trêmula, baixa(igual a ela) e demonstrava um pouco envergonhada. Flora não conseguia ver, mas o rosto da garota estava vermelho.
-Mísia, ué? Gostei de você, então te dei um apelido. Pode ter certeza que até o final dessa missão eu vou fazer você virar uma de minhas melhores amigas. Assim podemos esculhambar os outros por meio de cartas quando estivermos separadas.
Isso foi demais pra bruxinha. Ela andou de um lado, para o outro, dava uma espiada rápida em Flora vez ou outra, mas seu rosto não voltava ao normal. Parece que ela estava envergonhada. No final, parece que essa garota é uma pessoa normal, afinal, talvez um pouco tímida, apesar da postura ameaçadora. Ela respirou fundo algumas vezes enquanto a escudeira segurava para não rir(ela não quer virar um milkshake). Enfim, chegou o momento que Artemísia conseguiu se controlar e se aproximou de sua companheira temporária.
-Então… se você conseguir, eu prometo que deixo vocês duas bem alimentadas para seguirem viagem. E... – eu quero ser sua amiga, quis dizer a bruxinha, mas ela achou melhor segurar um pouco antes de conhecer a garota direito. Ela não quer se arrepender por causa de alguém com quem conversou por uma tarde -E agora temos que continuar andando. Vem comigo, Florinha.
Ela percebeu muito tarde que deixou escapar um nome fofo para Flora e fingiu que não aconteceu pelo resto do caminho. Elas finalmente avistaram uma cabana, parecia um depósito de lixo da Capital, claramente não era ali, né?
-É aqui.
Ah.
-Parece que esse imbecil não tomou jeito mesmo. Tá vendo porque ele é ex?
-Tá. Eu apoio usar o método de bater primeiro e perguntar. Qual é o plano, Mísia?
-Conhecendo ele, o cristal deve estar… em qualquer lugar – deu a triste notícia com a mão no rosto. Nem ela conseguiria prever o lugar mais fácil de achá-lo -Depois de brincar, aquele idiota costuma jogar as coisas de lado no lixão que ele acumula, então fica complicado de saber onde achar as coisas que ele descarta, a única certeza é que tá por aqui. O cafajeste também é preguiçoso demais pra se livrar de qualquer coisa. Plano A: revirar o lixo.
-Ainda bem… que o lago de Pietas purifica...
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Última edição por Tyrant em Dom Set 08 2024, 21:28, editado 2 vez(es)