OFF :
Olá querido, pronto pra queimar uma ponta?
Dava pra dizer que Arborville estava longe de uma cidade convencional. Escondida entre as maiores árvores de Johto numa ilhazinha pequena, ao norte de Cianwood; era definitivamente um lugar exótico, e por isso, a líder do ginásio local não poderia ser nada menos do que excêntrica. Dava pra ver isso pela estrutura do ginásio, encaixado dentro de uma das maiores árvores do lugar, pintado com cores do arco-íris extremamente chamativas e brilhantes, até parecia que tinha glitter, mas era literalmente o pó dos seres que circundavam o local. Os mais diversos insetos poderiam ser vistos por ali, desde aranhas menores á grandes seres amedrontadores, e isso até poderia confundir qualquer um que chegasse perto, mas as cores diziam o contrário.
Na grande portaria por onde Gabriel passara, mais cores vibrantes, dessa vez em desenhos claramente feitos delicadamente e com muito esmero, representando diversas coisa. Alguns eram apenas paisagens, facilmente reconhecíveis para o garoto que viveu em Johto por tanto tempo; outros, Pokémon que claramente não eram da região tropical, que vinham de outros continentes e que gritavam o tipo da especialista local: o fada. Era incrível imaginar que havia um ginásio tão bem feito e muito bem decorado como esse no meio do nada que era Arborville; não me entenda mal, a cidade é um antro cultural, mas sua beleza estava longe de ser no design de interiores, era algo mais natural. Mina conseguia trazer os dois dentro de seu edifício, e era facilmente notado pelo protagonista.
Depois de demonstrar seu interesse por se tornar um aprendiz da líder para a recepcionista - uma garota de cabelo vermelho forte, daqueles que pareciam ter saído diretamente de um anime - ele fora obrigado a esperar. A garota que comandava o local, aparentemente, estava ocupada com uma sessão sabe-se lá de qual cerimônia espiritual, Passaram-se cerca de vinte minutos antes de Gabriel ser chamado novamente pela ruivinha (que se identificou como Rosalía), indicando que Mina estava preparada para recebe-lo; então, ele foi conduzido por uma sessão de salas bem decoradas e com cores nem tão bonitas quanto as de fora, mais experimentais, até chegar num grande galpão cercado de raízes da árvore que abrigava o prédio,
Ali, além de diversos Pokémon Fairy-type livres, haviam também cavaletes, alguns já pintados, outros pela metade, mas todos com algum resquício de que alguém passara por ali. No centro do lugar, sentada no chão, estava a líder, uma mulher em seus vinte e poucos anos, com os cabelos levemente sujos de tinta e roupas que acompanhavam a trend; um óculos pairava em seu nariz quase caindo, e diversos lanchinhos estavam sobre uma toalha grande o bastante para abrigar ela, seu lanche da tarde, e o próprio garoto. Ela convidou para que ele se aproximasse, e trocaram então, as primeiras palavras.
Depois que Paiva aceitara o chá, Mina serviu-o com atenção, e ficou prestando atenção no garoto com bastante cunho; se Paiva encarasse ela por tempo suficiente, poderia ver que os olhos da garota estavam levemente vermelhos, talvez por conta do incenso que queimava ali, ou por quem sabe o que fosse. Esticou então a xícara para o garoto, e voltou a se sentar, ouvindo ele falar enquanto tomava de seu próprio líquido.
- Hmm... Isso daria uma bela pintura... O garoto dragão apaixonado pelas fadas. - Ela divagava, pensando sozinha, antes de falar com o garoto sobre o que ele realmente viera fazer ali.
- Isso não é suficiente. Quero saber do verdadeiro motivo, o que te moveu a vir até aqui, porque tomar essa decisão?Ela perguntava, claramente interessada, e sem tirar os olhos dos olhos do loiro.
- Se tornar aprendiz é um grande passo, me lembro quando estudei com Valerie, lá atrás em Kalos. Ela era rigorosa, e incrivelmente, me fazia reprimir a maior parte dos desejos artísticos; mas era uma ótima professora. Sabe, pra um trabalho como esse nós temos que ser como um canvas em branco, completamente disposto a ser pintado por alguém que sabe mais, permitir que outras pessoas tenham essa liberdade sobre nós pode não ser bom em todos os casos. - Ela falava tão tranquilamente, que mal dava pra prestar atenção e identificar a seriedade do assunto. Até alguns sorrisinhos eram soltos aqui e ali, para descontrair.
- Eu não sou muito rígida, prefiro que as pessoas que trabalham comigo tenham liberdade para se expressar e tentar fazer as coisas sobre seu próprio meio de enxergar o mundo. Quero que tenha isso em mente, caso queira realmente continuar. - Comentou, dando outra bebericada em seu chá, e dando então espaço para que o garoto respondesse. Ela falava muito, isso dava pra ter certeza.