Eiserne Drossel | Blimbou — Vou te Sacanear

Oawwwnnn... que sono! Espera ai onde que eu tô? Rattata? Rattata! — Eiserne estava bolada com a situação, onde estava seu Rattata? Eles haviam tomado tanto refrigerante na sexta passada que entraram em coma diabético.

A garota com maquiagem exagerada e saltos finos sondava pelo pequeno beco procurando pelo rato fedorento — Achei você seu filha da puta! O que você tá fazendo ai? — Puxava a ratazana pelo rabo, a criatura chiava na língua dos roedores. Abraçava o pequeno rato com muita alegria enquanto soluçava com gases.

— A gente zoou muito ontem... misericórdia... foi engraçado pra caramba. — Ia em direção a única saída que encontrava, dando adeus a uma noite muito... muito louca.

Encontravam um simples ponto de ônibus, o único veiculo disponível tarde da noite e que traria segurança para ambos. Desengonçada, Drossel remexia em sua bolsa procurando pelo cartão de passagem. Obviamente não encontrava nada. A situação ficava mais complicada, o veiculo estava cada vez mais próximo e eles não tinham nenhum dinheiro — Calma porra, a gente vai embora.

Dava o sinal em desespero, aquele imenso ônibus parava de supetão — Você tá indo pra Pallet né? Irmão?! — Perguntou sem nenhum pingo de vergonha, o rapaz confuso respondia acenando a cabeça.

Tá certo. Não tenho grana e preciso ir embora, vou ficar na frente. — Apenas adentrava o ônibus deixando o motorista desconfortável. Rattata aproveitava a calmaria da situação para tirar um cochilo já que a viagem seria longa.

Ela se deitava encostada na janela com seu Pokémon no colo. Fechava seus olhos deixando a noite passar, estava exausta demais para fazer algo. Só queria chegar em algum lugar. Seu subconsciente tentava alertar sobre alguma coisa, mas a dor de cabeça era tanta que todo pensamento era barrado. Sentia muita sede, mas não tinha muito o que fazer. A lua era trocada pelo sol, e eles chegavam em Pallet Town. Desciam pela porta de frente sem se despedir do motorista bundão. Os olhos de Rattata e da garota queimavam com a luz solar, quantas horas eram? Uma pergunta que vagabundos não tinham a resposta. Mas com toda certeza, naquela hora... se passavam das dez da manhã. Sucumbindo a ressaca doce, Eiserne se debruçava em acento e arremessava Rattata em qualquer lugar. Lá ficava dormindo durante o resto do dia.

Acorda... acorda... acorda... acorda! — Nunca se meta com o corpo de uma mulher gostosa desacordada, sério.

Acidentalmente Eiserne enfiava sua mão direita dentro da cara do cientista bonitinho, ele ia ao chão e ela se assustava — Que corda porra? — Observava o guri que estava no chão, imagina que ele fosse mais um otário em seu caminho. Apenas se levantou e chamou pelo seu Pokémon. O rato surgia de uma moita roendo um osso fedido.

Aquele cara se levantava do chão, passava as mãos em seu rosto sentindo o caroço que crescia em sua testa. Via que a estranha apenas seguia o seu caminho não dando muita bola pro ocorrido, não pedindo nem se quer desculpas pelo acidente. Pegava do chão todos os seus documentos junto de sua pasta, deixava com que a garota se distanciasse um pouco pela bagunça que ela fez. Depois, ele pegava apoio no banco que lá estava e se levanta emputecido. Perseguia a trombadinha com uma corrida leve alcançando-a rapidamente.

Qual é o seu problema?! — Disse ele com um tom mais agressivo mas com uma voz jovial. Não era muito intimidador, na verdade parecia ser mais um mala sem alça.

Argh! Me desculpa por meter a porrada em você. Agora, eu preciso ir tô com tanta fome. — Rattata que ficava no ombro da briguenta, puxava a gola de sua camiseta avisando que também estava faminto. Ele observava o bolso do cientista que os enchia o saco, via que lá estava algo brilhante e ao mesmo tempo tecnológico. Parecia um celular ou uma calculadora avermelhada, ele deslizava das costas a cintura da menina com um giro furtivo. Se equilibrava no quadril de Eiserne e depois saltava para dentro do bolso do homem. A ratazana trapaceira chiava o mais alto que podia, avisando sua treinadora que teria pego alguma coisa. Nada bobo, o rato saltava para fora junto do item e corria para algum lugar.

Seu Pokémon! Aquele Rattata tentou... digo, ele me roubou! — Ele segurava com força nos ombros de Eiserne, o olhar desespero era um deleite para a palhaça.

— Putz, que pena! — Vislumbrava todo o corpo do homem vendo que em sua pasta além de arquivos importantes, também possuíam slots com Pokéballs novinhas em folha. Pisoteava o pé do otário, depois dava um peteleco em sua testa derrubando-o no chão. As bolas rolavam feito batatas, e Eiserne aproveitou a oportunidade para pegar todas para si.

Ladrões! Voltem aqui! — Dizia o homem triste recém feito de trouxa. Dava até pena, mas Drossel achava um máximo.

A ladrazinha continuava sua maratona pelas estradas de terra, notava que poderia ter corrido até demais. Assobiava entre seus dedos tentando entrar em contato com o seu rato, como o esperado, o Pokémon aparecia em meio ao nada carregando a Pokédex. A dupla maldosa gargalhavam com o pequeno furto, mas tinham em mente que aquilo poderia chamar a atenção de muitas pessoas. Eiserne usava o matagal que a envolvia para trocar de roupa e se disfarçar, além disso passar um pouco de perfume pois estava fedendo a uma defunta. Não demorou muito para que notasse que seus looks possuíam muito a cor verde, e a atenção seria algo que ela não podia evitar. Rattata escalava seu corpo e se mantinha preso em seu ombro, ele ainda conseguia se esconder dentre os cabelos azulados da garota. Agora como estavam disfarçados, podiam adentrar Pallet sem muitos problemas.

Puta que pariu, que roça do caralho. — Com uma frase muito poética, Drossel deu o primeiro passo cidade adentro. Mergulhando-se em uma sopa repleta de oportunidades e muita sacanagem. Pallet era tão chata quanto seu nome, Pallet Town. A vila era pacata, não existia lojas, as casas eram de madeiras as pessoas pareciam não ter dinheiro nem nada do tipo. Cada pisada no chão era um suspiro de tédio.

Treinadores Pokémon são o novo ramo milionário no Mundo. — Uma voz eletrônica aparecia do nada. Vinha da casa de uma velha vagabunda e provavelmente surda, tendo em vista que som estava estourando para o lado de fora. Dinheiro era algo muito bom, e Drossel gostava muito de dinheiro. Se agachava próxima da janela ouvindo toda noticia.

Porra! Quanto dinheiro, quer virar cadelinha de batalha rato?! Não me interessa! A gente vai ser os fodões desse mundo, a gente rouba, bate, rouba de novo e explode coisas. É o povo ainda vai gostar da gente! Sério, vai ser muito legal! — A animação de Eiserne era contagiante. Rattata gostava de ideia só que já imaginava um futuro recheado de boas porradas.

Com as cinco Pokéballs roubadas e uma Pokédex, Eiserne decidiu de ultima hora se tornar uma Treinadora. Viver uma vida de crimes repleta de aventuras e Pokémon. Tudo que ela devia fazer naquele momento era aprender ao máximo sobre as criaturas. Sua falta de experiência no assunto com toda certeza traria certos desafios, mas no fim, ela faria tudo pelo dinheiro mesmo. Algo estava prestes a começar em Pallet Town.