[CONTO] Camilla
3 participantes
Página 1 de 1
[CONTO] Camilla
Históricos Semanais:
Semana 19: Histórias de Pescador
Semana 20: Nós Gatos Já Nascemos Pobres, Porém, Já Nascemos Livres
Semana 19: Histórias de Pescador
Semana 20: Nós Gatos Já Nascemos Pobres, Porém, Já Nascemos Livres
Última edição por Camilla Hyades em Qua Dez 29 2021, 09:24, editado 2 vez(es)
Camilla Hyades- Treinadora
- Alertas :
Semana 19: 19/12/21~25/12/21
Sentado sobre um banquinho acolchoado, o jovem pescador comia uma barrinha de cereal enquanto permanecia com olhos atentos na clara água em sua frente. Os raios de Sol formavam um pequeno espelho luminoso, mas o líquido era tão límpido que dava para se ver através dele. Feebas, magikarps e barboaches nadavam para todos os lados, ignorando a isca solta pelo jovem, que também não se interessava, tinha paciência, sabia que cedo ou tarde alguém iria morder.
Enquanto observava a linha folgada, alguns treinadores passaram por si, avistaram-no enquanto caminhavam com seus próprios pokémons, alguns com os famosos iniciais acompanhando-os, outros com alguns mais diferenciados como vulpix ou oddishes. Já estavam acostumados em batalhar com estranhos pelas rotas e ao verem aquele pescador apenas sentado sem sua própria barriga enquanto comia um tablete energético e caçava seu próprio time de magikarps, alguns riam da situação e o ignoravam, nunca chamando-o para uma batalha. Outros viam que estava ocupado (de certa forma) e preferiam não incomodá-lo, passando por longe, evitando-o. Era impossível não sentir um pouco de exclusão, esse sentimento que fora tentado ignorado ao máximo, olhando para a vara e procurando o mínimo de movimento.
Passavam treinadores com bulbasaurs e charmanders, orgulhosos de suas escolhas, enquanto o jovem lembrava de dias já há muito passados, onde estava num barco com seus pais, caçando alguns shellders e cloysters, tanto para alimentação quanto para procura de itens a serem revendidos. Havia uma tormenta que se formou no decorrer do dia e pensaram que seria apenas alguns momentos de chuva, comum no verão e por se formar tão rápido (um pouco de água não iria machucar os pescadores), porém não sabiam que na verdade aquilo não era natural. Um grupo de gyarados estavam batalhando ali por perto, atacando um wailmer que se perdeu de seu grupo e agora encontrava-se, não apenas em um ambiente desconhecido, como também atacado por criaturas agressivas. Se apressou em ligar o motor do barco e ir na direção daquela baleia antes que fosse tarde demais, talvez o barulho viesse a assustar aquelas serpentes, porém o efeito fora outro. Giraram e fizeram um turbilhão aos céus, que já chovia com gotas grossas que machucavam o corpo como pedras, enquanto wailmer se defendia como podia, evitando mordidas e caudadas com seu gordo corpo ou usando ataques para repelí-los, um começou a carregar um hyper beam e o garoto atirou o balde de iscas na face do monstro que cancelou seu ataque e o olhou com ódio, atirando-se e quebrando o barco pelo meio e fazendo-o afundar lentamente. A família do garoto não sabia o que fazer quanto àquilo, então começaram a se jogar no mar, os outros gyarados começaram a atacar o resto da embarcação para que os humanos ficassem totalmente abaixo d'água, trocando o foco e permitindo que o wailmer viesse e abocanhasse os membros daqueles que vieram salvá-lo e puxá-los para águas mais rasas como agradecimento. Entretanto, estar mais próximo de praias ficava ruim para gyarados e wailmers nadarem, pois era muito raso e podia encalhá-los, pelo menos a criatura agradeceria pela coragem do jovem. Não houve uma perseguição muito longa, então conseguiram chegar na praia mais próxima, esta onde os pais do garoto o retiraram da boca do wailmer e socorreram-no, revivendo ali mesmo após ter engolido água pela distância e velocidade em que passava, não conseguindo segurar a respiração tanto tempo, seus pais já tinham uma certa técnica pelos anos de experiência. O wailmer não estava em boas condições, então os mais velhos foram atrás de cuidados de um centro pokémon enquanto o menino ficou com o pokémon na praia.
Outros passavam e o evitavam, não apenas o circulando, mas preferindo mudar sua rota como se tivesse a aparência de algum meliante ou coisa parecida. Olhava-os e abanava, mas não recebia os acenos de volta, então olhava novamente para a superfície da água, cuidando de sua própria vida e deixaria que aquelas pessoa cuidassem da delas. Isso o fazia se lembrar do dia em que conseguiu capturar um wishiwashi. Ele era pequeno, ou pelo menos, mais que o normal. Fraco, parecia ter nascido prematuro ou fora atacado enquanto ainda estava no ovo. Não achava que ia sobreviver, então colocou-o dentro do seu balde de pesca com um pouco de água e o levou para casa. Levou a um aquário em seu quarto (só, pois assim ficaria longe de predadores) e por muito tempo, controlou os horários para lhe dar o que comer, muitas vezes ficando em cima da criatura, colocando um pouco de uma ração especial esfarelada em uma seringa e encostando na água, mas não apertando, esperando chamar a atenção do pequenino, apertando-a apenas quando se aproximasse o suficiente, instigando-o à curiosidade, espalhando comida ao redor e mostrando que era confiável. Dava um remédio envolto de pedaços de uma proteína que o fariam crescer ou pelo menos, deixá-lo mais resistente. Os momentos que saía de casa para pescar ou demais afazeres, foram reduzidos para que pudesse cuidar do pequeno wishiwashi. Fora por cerca de um ano e meio que cuidou da pequena criatura quando notou uma decaída em sua movimentação, justo agora que parecia maiorzinho e mais resistente. Tentou algumas técnicas, mas nada. Conversou com o pai e este disse para desistir, mas não fora de grande ajuda. Fora até a cidade mais próxima e ligou para um laboratório, recebendo informações sobre, vendo que talvez ele só estivesse se sentindo excluído e sozinho, que seria melhor devolvê-lo para o corpo d'água em que fora encontrado. Impossível dizer que não houve um apego ao pequenino nesse tempo em que passaram juntos, ainda mais cuidando dele todos os dias, mas faria o que era melhor para ele. Retornando para casa, colocou-o num balde e o levou até a beirada de onde o tinha capturado, e lá, liberou-o. Inicialmente, apenas se deixou levar pelas ondas, sem vontade ou força de nadar por si, mas assim que viu que haviam outros pokémons do tipo peixe por perto, começou a vir vida para si, nadando numa velocidade que nunca houvera visto antes. Sorriu e fora embora após perdê-lo de vista. Demorou cerca de um ano para que encontrasse o pequeno de novo, que vinha lhe assustar junto de outros de sua espécie, apenas para se desfazer de sua forma monstruosa e cair dentro do bote em que pescava, indo até o balde já conhecido por ambos. Ali fora um momento de verdadeira captura, sendo solto todos os dias nas águas para divertir-se com seus similares.
Os que debochavam ao vê-lo ali sentado, talvez o vissem como um desesperado procurando pelo seu inicial "de forma fácil", ouvia-os falando como se fosse pescar um gyarados ou relicanth e derrotaria o mundo com seus peixinhos, os demais riam. Não era por isso que pescava, mas também não tinha vontade de dar satisfação para desconhecidos, então apenas instintivamente se encolheu e focou no seu pulso, para ver se estava firme enquanto segurava todos os seus utensílios de pesca, nunca sabendo quando fosse receber uma puxada. Perdeu um pouco o foco ao lembrar-se da época em que tirou férias em outra região e como descanso, resolveu fazer o que fazia de melhor: pescar. Estava em alto-mar em um pequeno barco quando viu ao longe um pedaço de gelo desgarrado. Não deu bola, então seguiu pescando, pois parecia que tinha pego algo. Puxou a linha e percebeu que era apenas um tentacool, algo que para si era sem valor e o devolveu para o mar com uma isca a mais para que o animal comesse e saísse dali. O bloco de gelo tomou um pouco mais de forma agora que colocava uma nova isca na ponta da linha e percebeu que era um lapras que nadava lentamente. Achou estranho o animal não estar tão vivo, com seu majestoso pescoço erguido, cuidando das marés e seu próprio caminho. Resolveu se aproximar, deixando o motor no mínimo para não assustar a criatura. Ao chegar em aproximadamente uns 20 metros, percebeu com horror que aquele lapras parecia estar acompanhado, mas não de um treinador. Embaixo de si, saindo levemente da água (algo imperceptível pela coloração da água do mar, ondas, distância e movimento da lapras em si), haviam 3 tentacrueis e alguns tentacools que não conseguiam se prender, então se grudavam e eram dispersados enquanto nadavam, levados pelo repuxo d'água, porém logo mais vinham se penduravam no lapras. Aparentemente fez uma leitura ruim do ambiente e ali deveria ser um ninho de tentacools, difícil pegar algum peixe que já não esteja envenenado e coincidentemente, talvez o lapras também tenha feito uma decisão errada ou de alguma forma, fora coagido a ir para lá. O animal parecia envenenado e sem forçar para lutar, então colocou mais força no motor e se aproximou quase como se fosse atropelar a criatura, porém era apenas para que os "parasitas" o soltassem, fazendo com que a intimidação fizesse dois soltar e desistir de levar a lapras para o fundo. Pegou a vara de pesca e começou a bater nos tentacools para retirá-los e evitar que voltassem, pois agora o monstro água/gelo encostava a cabeça no barco e ali descansava um pouco, parecendo ter desistido de si. Pegou seu famoso balde e se atirou na água, raspando do corpo da lapras os tentáculos que a amarravam e aos poucos desgrudando o último tentacruel, que era levado pelas águas. A lapras não parecia muito bem, então amarrou em seu casco uma corda e gentilmente a levou até a praia, onde um salva-vidas lhe ofereceu uma pokébola para capturar a criatura e levá-la às pressas para um centro pokémon. A captura fora fácil e ainda recebeu carona na bicicleta do salva-vidas para que chegasse com velocidade onde queria.
Oh.
Antes que seguisse em seus devaneios sobre o passado, sentiu uma puxada na linha. Puxou de volta e a briga pareceu desigual. Seus braços não eram exatamente fortes, mas já estavam acostumados com esse tipo de "cabo de guerra". Um magikarp saía da água e caía na grama, se debatendo para voltar para onde estava. Não tinha interesse na criatura e o iria devolver em instantes.
- Moço... Vamos batalhar? - Dizia uma voz atrás de si, da qual olhou primeiro e via um pequeno garoto com botas para a chuva e chapéu que lhe cobria quase que toda a cabeça (era de um adulto, talvez).
Bem, não havia o interesse mesmo, mas talvez por agora estar sendo visto como uma pessoa e um treinador que era, sorriu e pegou uma pokébola de seu cinto, ao lado de outras três, escondidas com a palma e dizia:
- Pode ser contra meu magikarp? - Colocava a esfera no corpo da carpa e não havia muita resistência, sacudindo apenas uma vez a esfera antes de dar um famoso "click". - Capturei agora, então é o que tenho no momento. Vamos nos esforçar, ok? - A alegria da criança era contagiante, assim como o próprio pescador se divertia com seu mais novo pokémon enquanto humildemente elogiava as habilidades do pequeno e seu companheiro.
Enquanto observava a linha folgada, alguns treinadores passaram por si, avistaram-no enquanto caminhavam com seus próprios pokémons, alguns com os famosos iniciais acompanhando-os, outros com alguns mais diferenciados como vulpix ou oddishes. Já estavam acostumados em batalhar com estranhos pelas rotas e ao verem aquele pescador apenas sentado sem sua própria barriga enquanto comia um tablete energético e caçava seu próprio time de magikarps, alguns riam da situação e o ignoravam, nunca chamando-o para uma batalha. Outros viam que estava ocupado (de certa forma) e preferiam não incomodá-lo, passando por longe, evitando-o. Era impossível não sentir um pouco de exclusão, esse sentimento que fora tentado ignorado ao máximo, olhando para a vara e procurando o mínimo de movimento.
Passavam treinadores com bulbasaurs e charmanders, orgulhosos de suas escolhas, enquanto o jovem lembrava de dias já há muito passados, onde estava num barco com seus pais, caçando alguns shellders e cloysters, tanto para alimentação quanto para procura de itens a serem revendidos. Havia uma tormenta que se formou no decorrer do dia e pensaram que seria apenas alguns momentos de chuva, comum no verão e por se formar tão rápido (um pouco de água não iria machucar os pescadores), porém não sabiam que na verdade aquilo não era natural. Um grupo de gyarados estavam batalhando ali por perto, atacando um wailmer que se perdeu de seu grupo e agora encontrava-se, não apenas em um ambiente desconhecido, como também atacado por criaturas agressivas. Se apressou em ligar o motor do barco e ir na direção daquela baleia antes que fosse tarde demais, talvez o barulho viesse a assustar aquelas serpentes, porém o efeito fora outro. Giraram e fizeram um turbilhão aos céus, que já chovia com gotas grossas que machucavam o corpo como pedras, enquanto wailmer se defendia como podia, evitando mordidas e caudadas com seu gordo corpo ou usando ataques para repelí-los, um começou a carregar um hyper beam e o garoto atirou o balde de iscas na face do monstro que cancelou seu ataque e o olhou com ódio, atirando-se e quebrando o barco pelo meio e fazendo-o afundar lentamente. A família do garoto não sabia o que fazer quanto àquilo, então começaram a se jogar no mar, os outros gyarados começaram a atacar o resto da embarcação para que os humanos ficassem totalmente abaixo d'água, trocando o foco e permitindo que o wailmer viesse e abocanhasse os membros daqueles que vieram salvá-lo e puxá-los para águas mais rasas como agradecimento. Entretanto, estar mais próximo de praias ficava ruim para gyarados e wailmers nadarem, pois era muito raso e podia encalhá-los, pelo menos a criatura agradeceria pela coragem do jovem. Não houve uma perseguição muito longa, então conseguiram chegar na praia mais próxima, esta onde os pais do garoto o retiraram da boca do wailmer e socorreram-no, revivendo ali mesmo após ter engolido água pela distância e velocidade em que passava, não conseguindo segurar a respiração tanto tempo, seus pais já tinham uma certa técnica pelos anos de experiência. O wailmer não estava em boas condições, então os mais velhos foram atrás de cuidados de um centro pokémon enquanto o menino ficou com o pokémon na praia.
Outros passavam e o evitavam, não apenas o circulando, mas preferindo mudar sua rota como se tivesse a aparência de algum meliante ou coisa parecida. Olhava-os e abanava, mas não recebia os acenos de volta, então olhava novamente para a superfície da água, cuidando de sua própria vida e deixaria que aquelas pessoa cuidassem da delas. Isso o fazia se lembrar do dia em que conseguiu capturar um wishiwashi. Ele era pequeno, ou pelo menos, mais que o normal. Fraco, parecia ter nascido prematuro ou fora atacado enquanto ainda estava no ovo. Não achava que ia sobreviver, então colocou-o dentro do seu balde de pesca com um pouco de água e o levou para casa. Levou a um aquário em seu quarto (só, pois assim ficaria longe de predadores) e por muito tempo, controlou os horários para lhe dar o que comer, muitas vezes ficando em cima da criatura, colocando um pouco de uma ração especial esfarelada em uma seringa e encostando na água, mas não apertando, esperando chamar a atenção do pequenino, apertando-a apenas quando se aproximasse o suficiente, instigando-o à curiosidade, espalhando comida ao redor e mostrando que era confiável. Dava um remédio envolto de pedaços de uma proteína que o fariam crescer ou pelo menos, deixá-lo mais resistente. Os momentos que saía de casa para pescar ou demais afazeres, foram reduzidos para que pudesse cuidar do pequeno wishiwashi. Fora por cerca de um ano e meio que cuidou da pequena criatura quando notou uma decaída em sua movimentação, justo agora que parecia maiorzinho e mais resistente. Tentou algumas técnicas, mas nada. Conversou com o pai e este disse para desistir, mas não fora de grande ajuda. Fora até a cidade mais próxima e ligou para um laboratório, recebendo informações sobre, vendo que talvez ele só estivesse se sentindo excluído e sozinho, que seria melhor devolvê-lo para o corpo d'água em que fora encontrado. Impossível dizer que não houve um apego ao pequenino nesse tempo em que passaram juntos, ainda mais cuidando dele todos os dias, mas faria o que era melhor para ele. Retornando para casa, colocou-o num balde e o levou até a beirada de onde o tinha capturado, e lá, liberou-o. Inicialmente, apenas se deixou levar pelas ondas, sem vontade ou força de nadar por si, mas assim que viu que haviam outros pokémons do tipo peixe por perto, começou a vir vida para si, nadando numa velocidade que nunca houvera visto antes. Sorriu e fora embora após perdê-lo de vista. Demorou cerca de um ano para que encontrasse o pequeno de novo, que vinha lhe assustar junto de outros de sua espécie, apenas para se desfazer de sua forma monstruosa e cair dentro do bote em que pescava, indo até o balde já conhecido por ambos. Ali fora um momento de verdadeira captura, sendo solto todos os dias nas águas para divertir-se com seus similares.
Os que debochavam ao vê-lo ali sentado, talvez o vissem como um desesperado procurando pelo seu inicial "de forma fácil", ouvia-os falando como se fosse pescar um gyarados ou relicanth e derrotaria o mundo com seus peixinhos, os demais riam. Não era por isso que pescava, mas também não tinha vontade de dar satisfação para desconhecidos, então apenas instintivamente se encolheu e focou no seu pulso, para ver se estava firme enquanto segurava todos os seus utensílios de pesca, nunca sabendo quando fosse receber uma puxada. Perdeu um pouco o foco ao lembrar-se da época em que tirou férias em outra região e como descanso, resolveu fazer o que fazia de melhor: pescar. Estava em alto-mar em um pequeno barco quando viu ao longe um pedaço de gelo desgarrado. Não deu bola, então seguiu pescando, pois parecia que tinha pego algo. Puxou a linha e percebeu que era apenas um tentacool, algo que para si era sem valor e o devolveu para o mar com uma isca a mais para que o animal comesse e saísse dali. O bloco de gelo tomou um pouco mais de forma agora que colocava uma nova isca na ponta da linha e percebeu que era um lapras que nadava lentamente. Achou estranho o animal não estar tão vivo, com seu majestoso pescoço erguido, cuidando das marés e seu próprio caminho. Resolveu se aproximar, deixando o motor no mínimo para não assustar a criatura. Ao chegar em aproximadamente uns 20 metros, percebeu com horror que aquele lapras parecia estar acompanhado, mas não de um treinador. Embaixo de si, saindo levemente da água (algo imperceptível pela coloração da água do mar, ondas, distância e movimento da lapras em si), haviam 3 tentacrueis e alguns tentacools que não conseguiam se prender, então se grudavam e eram dispersados enquanto nadavam, levados pelo repuxo d'água, porém logo mais vinham se penduravam no lapras. Aparentemente fez uma leitura ruim do ambiente e ali deveria ser um ninho de tentacools, difícil pegar algum peixe que já não esteja envenenado e coincidentemente, talvez o lapras também tenha feito uma decisão errada ou de alguma forma, fora coagido a ir para lá. O animal parecia envenenado e sem forçar para lutar, então colocou mais força no motor e se aproximou quase como se fosse atropelar a criatura, porém era apenas para que os "parasitas" o soltassem, fazendo com que a intimidação fizesse dois soltar e desistir de levar a lapras para o fundo. Pegou a vara de pesca e começou a bater nos tentacools para retirá-los e evitar que voltassem, pois agora o monstro água/gelo encostava a cabeça no barco e ali descansava um pouco, parecendo ter desistido de si. Pegou seu famoso balde e se atirou na água, raspando do corpo da lapras os tentáculos que a amarravam e aos poucos desgrudando o último tentacruel, que era levado pelas águas. A lapras não parecia muito bem, então amarrou em seu casco uma corda e gentilmente a levou até a praia, onde um salva-vidas lhe ofereceu uma pokébola para capturar a criatura e levá-la às pressas para um centro pokémon. A captura fora fácil e ainda recebeu carona na bicicleta do salva-vidas para que chegasse com velocidade onde queria.
Oh.
Antes que seguisse em seus devaneios sobre o passado, sentiu uma puxada na linha. Puxou de volta e a briga pareceu desigual. Seus braços não eram exatamente fortes, mas já estavam acostumados com esse tipo de "cabo de guerra". Um magikarp saía da água e caía na grama, se debatendo para voltar para onde estava. Não tinha interesse na criatura e o iria devolver em instantes.
- Moço... Vamos batalhar? - Dizia uma voz atrás de si, da qual olhou primeiro e via um pequeno garoto com botas para a chuva e chapéu que lhe cobria quase que toda a cabeça (era de um adulto, talvez).
Bem, não havia o interesse mesmo, mas talvez por agora estar sendo visto como uma pessoa e um treinador que era, sorriu e pegou uma pokébola de seu cinto, ao lado de outras três, escondidas com a palma e dizia:
- Pode ser contra meu magikarp? - Colocava a esfera no corpo da carpa e não havia muita resistência, sacudindo apenas uma vez a esfera antes de dar um famoso "click". - Capturei agora, então é o que tenho no momento. Vamos nos esforçar, ok? - A alegria da criança era contagiante, assim como o próprio pescador se divertia com seu mais novo pokémon enquanto humildemente elogiava as habilidades do pequeno e seu companheiro.
Camilla Hyades- Treinadora
- Alertas :
Semana 19: 19/12/21~25/12/21
O membro 'Camilla Hyades' realizou a seguinte ação: Lançar Dados
'[CONTO] Recompensas' :
'[CONTO] Recompensas' :
Semana 20: 26/12/2021~01/01/2022
Mesmo que o mundo seja quase que totalmente voltado à convivência de pokémons, há ainda lugares em que não são aceitos. Alguns deles, claro, são spas onde algumas dessas criaturas podem trabalhar como aquecedores de água ou cortadores de pepino e mesmo, criadores de lama, mas um treinador ou apenas um portador de um monstro de bolso deve deixar seus pertences ou pagar a mais por serviços inexistentes para a criatura, visto os diferentes biotipos ou mesmo, aqueles que poderiam causar desastres no ambiente, sendo o menor dos problemas apenas alguns clientes incomodados.
O shopping era um local comum para todos irem, mas mesmo assim não fora convidado pois poderia se perder em meio ao movimento. Seus donos queriam fazer compras em paz, sem ter seu mascote de colo incomodando outros pokémons, ditos "inferiores" ao seu nível, que no caso, era do poder aquisitivo mesmo. Experimentar roupas, andar para um lado e para o outro, subindo e descendo elevadores, empurrar carrinhos, saborear iguarias... Talvez fosse lembrado e recebesse algum petisco quando enfim retornassem ao quarto do hotel em que estavam hospedados.
Isso era um dia cheio, mesmo que as férias sejam feitas para se livrar de compromissos e desacelerar o passo. A viagem de avião também fora algo um tanto estressante para um período de descanso. Paradas em Kanto, Sinnoh, Unova, Hoenn... Não havia onde não tivessem escalado ou parado mesmo para passar alguns dias antes de irem para o aeroporto e gastar o tempo precioso em filas, comidas requentadas desnecessariamente caras e check-ins demorados.
Aquele meowth de pelo branquinho com uma coleira azul escura estava realmente entediado. Era um mascote, mas talvez fosse apenas um símbolo para seus donos, visto que a moeda que carregava na testa sempre fora visto como um símbolo de boa sorte e grandeza econômica. Não poderia reclamar de sua vida, claro, tinha tudo que queria. Ou o que pensavam que era de seu interesse. Minccinos de borracha, castelos móveis e sempre as melhores rações premium, feitas por contrato com um grupo extremamente profissional que voltavam suas vidas para aquela prática, aperfeiçoando sabores e nutrientes que deixavam o felino com uma pelagem que parecia veludo, o corpo malhado e era simplesmente impossível recusar o horário de almoço e janta.
Suspiros.
Queria mesmo era seus donos. Talvez sair em uma jornada como os treinadores que via nos deslocamentos que faziam. Pareciam sujos, sim, mas ao mesmo tempo em que não se importavam com isso, aparentavam muita diversão. Viajar a pé, enfrentando a natureza e o mundo artificial, talvez fosse uma experiência de vida mais gratificante do que pagar por elas.
Nunca entrou em uma batalha, nem sabia o que fazer com suas garras aparadas. Nasceu numa ninhada cuidadosamente escolhida para sair com os melhores dotes dentre os demais, estes que eram totalmente desperdiçados ao ficar dentro de um quarto de hotel ou apartamento alugado para férias, pulando na mobília, se lambendo, comendo e dormindo.
O vento que vinha das janelas era gostoso e trazia consigo cheiros que apenas estimulavam a imaginação do meowth, criando aventuras em sua pequena cabeça que ajudavam o tempo passar. Ficava parado, sentado junto à janela, apenas olhando o movimento, porém estava em um andar tão alto que era impossível distinguir pokémons e treinadores nos andares inferiores.
Isso foi, até na caída da terceira noite em que ali se encontrava, quando a Lua se mostrava pálida como sempre, porém um tanto rechonchuda. As luzes estavam apagadas do cômodo, seus donos dormindo satisfeitos pelas refeições fartas e pelos dias agitados e que mesmo assim não criava um escuro perfeito, pois a cidade era viva e parecia nunca relaxar. Sons dos mais diversos como gritos, buzinas, alguma coisa batendo no metal... Tudo ressoava até os ouvidos atentos do meowth. Ficava atento em meios as espreguiçadas que dava eventualmente, cansado pelo horário e sem conseguir dormir por ainda ter energia a ser gasta.
Do alto, conseguiu ouvir algo extremamente semelhante, como se algo o chamasse. Olhou para trás para ver se não era da televisão do quarto de seus donos, todavia a mesma se encontrava desligada. Abriu bem os olhos e girou as orelhas em seu eixo, procurando a origem do som, chegando a sentar-se e erguer o tronco, as patas dianteiras encolhidas enquanto prestava atenção e tentava localizar aquele canto de sereia que o hipnotizava a segui-lo. Com certeza vinha de baixo.
Já havia visto algumas vezes seus donos chamando o serviço de quarto e pensou que isso seria sua deixa. Chegou até o pequeno computador que havia na sala -longe dos roncos dos humanos - e lá simplesmente bateu com as patas na tecla, pedindo qualquer tipo de coisa. Não havia contato ou comprovantes, apenas seria colocado na conta um pedido de sanduíches com o dobro de maionese.
Enquanto o pessoal do hotel se mobilizava, o pequeno pegou um pouco de ração e depositou em uma sacola pequena, carregando na boca e ainda deu tempo de lamber-se um pouco, afinal, ia em sua primeira aventura sozinho, desbravar o mundo fora daquela prisão de luxo, precisava estar bem apresentável.
Em cerca de quinze minutos já batiam na porta e o pokémon começou a miar incansavelmente, avisando os donos de que havia alguém atrás da porta. Houve algum tempo a mais até que enfim se levantassem e fossem ver o que era. Grogues de sono, arrastando os pés em que apenas um estava coberto por uma pantufa. Abriu a porta sem entender muita coisa e menos ainda quando recebeu os sanduíches, entendendo erroneamente que aquilo era uma cortesia ou coisa assim, estranho para o horário, mas não recusariam. Ha! Sorte grande! Não estavam com fome exatamente, porém comeriam algo leve antes de voltar a se deitar, apenas para forrar a barriga enquanto reorganizavam o que iriam fazer no dia seguinte, um sentado na sala enquanto ligava a televisão sem muita pretensão de assistir algo, apenas para criar um som que não fosse deles mastigando, já que o outro ficou sentado próximo a mesa, observando o computador e o pedido.
Nisso o meowth já estava descendo o elevador com a mesma tranquilidade de quem comia um lanche antes de aceitar o sono que vem enquanto se faz digestão. Não precisava seguir o atendente que veio trazer, podia agilizar o processo e correr para o elevador e depois correr para as escadarias, talvez passando o mais discretamente que conseguia, isso quando não corria ao ser visto. Os humanos iam fazer o que contra sua velocidade felina? Segui-lo? Com o pacote de ração enrolado na boca, fez o seu caminho para as ruas.
Sua primeira impressão fora da mudança de ares. Os odores eram mais azedos, não tão doces e perfumados como era pelos corredores. A sujeira logo encardia a pelagem branca das patas, poupando o resto do corpo dele. Os sons aqui eram até palpáveis, pois mesmo que não falassem consigo, conseguia participar da conversa que quisesse, intrometendo-se sem querer e ficando de curioso na vida alheia, porém antes que se maravilhasse demais com essa liberdade, parou e prestou a atenção, procurando as vozes que o chamavam.
Correu para um beco.
Haviam muitas lojas abertas ainda naquele horário, porém não pareciam do tipo que agradava a todos os públicos. Havia bastante barulho de músicas em alguns, outros eram mais reservados e para entrar nesses estabelecimentos era necessário subir ou descer um lance de escadas, passando por seguranças e portas a mais. O que com certeza eram os mais vivos e vibrantes, eram os bares, onde muitos humanos e alguns pokémons se divertiam e juntavam-se, assistiam coisas em televisões muito mais humildes das que sempre conhecera, comiam bolinhas de carne molhados por condimentos que escondiam ou mesclavam-se com o óleo que pingava. O cheiro dali era forte, impregnava facilmente e mesmo que não estivesse com fome, percebeu que salivava, rasgando uma beirada da sacola em que seus dentes pressionavam com desejo.
Vacilou e perdeu. Fora ajeitar na boca enquanto engolia a saliva, apenas balançando a cabeça enquanto e percebia previamente que um vulto passara por ele, pegando a sacola e correndo para mais fundo na noite, na cidade. Demorou alguns segundos para raciocinar direito no que houvera ocorrido, apenas observando o ladrão tomando distância e na verdade, era como se permitisse que houvesse esse vão entre eles. Era forte e a vida inteira, comera as melhores rações de treinamento, seus músculos eram fortes.
Saltou para pegar impulso e logo se pôs a perseguir o bandido, que mesmo estando já há alguns metros, percebia com certo terror que essa distância diminuía consideravelmente, começando a se arrepender de ter escolhido aquele alvo fácil. O corpo parecia pesado comparado ao do branquinho, mas tinha uma vantagem sobre ele: conhecia as ruas.
Dobrou numa esquina, depois em outra, subiu numa lixeira, agarrou-se em uma fachada e se balançava numa tentativa inútil de fintar o adversário, então apenas se jogou como quem joga uma pedra num lago, caindo num terreno baldio atrás de um bar. O ladrão sorriu, mostrando os afiados dentes enquanto os olhos amarelados eram um misto de excitação da caçada com desespero de ser pego. Não queria cantar vitória, porém desacelerou e abriu o pacote, encontrando a famosa ração premium, colocando a bruta mão que forçava mais ainda a sacola e ao fechar a palma ao redor dos grãos, rasgou de vez o recipiente, deixando cair no chão, o que não era um problema, talvez nem ao menos tenha percebido, pois levava a comida até a boca, pressionando contra os dentes afiados e não permitindo passagem para que enfim pudesse mastigar e comer, e sim, usando da força para quebrar entre os dentes e assim que esfarelasse, abria levemente a boca para aspirar e comer. Enfiou a pata uma segunda vez na sacola, mas nada encontrou, percebendo agora os grãos no chão e se abaixando para pegá-los para guardar na sacola rasgada.
Seria um esforço infinito se não fosse parado pelo meowth que o perseguia. Sua coleira azul já estava bem encardida de pó e terra pelos lados que houvera corrido e criado seu caminho, subindo em mesas de bar, saltando numa parede para pegar impulso e se jogar contra cerca, dando utilidade para as garras e com certo esforço, jogar-se até o terreno baldio. Olhava para o rosto do ladrão e percebia que era até mais semelhante à sua própria.
Aquele gato metálico parecia ter uma barba, estava sempre alegre e tinha uma mente um tanto movida a impulsos. Os grandes olhos amarelos observavam a sua contraparte de Kanto e ele dava um passo para trás, tentando retomar na fuga, porém o captor saltava e se agarrava nele, emaranhando-se enquanto arranhava o ser, não parecendo trazer muitos problemas, iniciando uma corrida onde carregava o agressivo meowth de colo, entrando na primeira briga de sua vida.
Logo um miado mais forte, porém delicado, longo e que parecia um canto ou uma sirene com um metrônomo. O galariano olhou para cima e o kantoniano seguiu o movimento, percebendo a presença de mais um da espécie, mas de uma região diferente. A pelagem azulada que se unia a escuridão da cidade com a palidez da Lua, parecia mais um céu noturno sem estrelas. Ela era graciosa, tinha um andar de modelo em que as pernas se entrelaçavam para simplesmente caminhar. Seu salto da cerca para o chão era tão suave que parecia que pesava nada, contrastando com o bruto e pesado em quem o aventureiro de primeira viagem atacava, logo tratando de soltar-se e ir para o chão, ao lado do ladrão.
Não mostrou as garras, ficou olhando e nem ao menos eriçou os pelos. Havia algo naquela felina que trazia uma sensação de segurança, algo que enganava totalmente, pois logo fora empurrado e dominado, ficando abaixo da fêmea que o observava de cima, usando de seu peso para impedi-lo de correr dali, mesmo que suas macias patas pareciam derreter nas do branquelo. Ele não lutou e o galariano aproveitou que não tinha mais ninguém o arranhando, então foi comer a ração do chão.
A de Alola logo miou para ele, percebendo que o branco não iria trazer problemas, era "domesticado demais" e por isso, ele parou de comer e juntou uma quantia, separando a terra e deixando o mais limpo possível, trazendo para ela, que parecia ser a dona do sorridente. Logo o pálido meowth se levantou e sacudiu-se para tirar a poeira do pelo sujo, não tendo muito sucesso, mas também sem tempo para lamber-se, ficou prestando atenção em ambos que comiam a ração como nunca tivessem visto algo daquela qualidade. Mesmo a delicadeza da noturna desaparecia, deixando mostrar a voracidade em que se alimentava e por um segundo, sentiu como se a culpa fosse sua, que deveria ter trazido mais ração para eles.
Aproximou-se vagarosamente e ambos o olharam desconfiados, ele abriu a boca para miar e fora mal interpretado, pois agora um grupo de outros meowths de alola apareciam e o cercavam. Não o batiam ou criavam uma barreira entre a dupla estrangeira (ou era ele quem era o de fora dali?), apenas cuidavam de seus movimentos. A noturna logo deu um miado alto e todos os demais imitaram, porém mais desafinados ou não tão em ritmo. Ela andava delicadamente como se tivesse medo de machucar o solo ou pisar em um grão de ração, deslocando-se até uma parede que tinha uma janela que filtrava a luz da Lua, criando seu próprio holofote e lá ela cantou, permitindo que os demais comessem. Os ronronados e miados de satisfação criava o coro que ela queria, o que infelizmente não tinha para todos e por isso, eles mataram a fome cantando para a Lua, agradecidos pela noite ao menos ter dado a eles o que comer.
O kantoniano se aproximou da de Alola com olhos atentos dos demais e logo miou de volta, que após verbalizar o que pensava, sentiu um pouco de vergonha de si próprio, afinal, diante de uma musa, sua voz parecia arranhada e grosseira, fazendo o galariano rir enquanto já confundia pequenas bolotas de terra como grãos de ração, pressionando contra os dentes que trituravam facilmente.
Não era um noturno ou um abandonado que cresceu nas ruas, portanto sentia fome agora após toda aquela perseguição. Sua barriga roncou e chamou a atenção de todos os felinos ali presentes. A líder olhou-o de forma semicerrada, fechou os olhos por dois segundos que criou um pequeno clima de suspense e logo em seguida abriu-os sem muito interesse, olhando logo em seguida para alguns membros de seu grupo que logo ficaram com as orelhas erguidas e corriam dali. Ela enfim dava a iniciativa e se aproximava do inexperiente aventureiro da noite, esfregando seu corpo ao dele, percebendo a diferença da maciez do pelo de quem tomava banhos e recebia perfumes, além de escovações regulares. Mesmo tendo tido um gosto do que era a rua, ele ainda tinha um cheiro agradável que a fez ronronar. O de Galar apenas os observava com os olhos arregalados como um tarado, não permitindo o de Kanto a entrar totalmente no clima.
Logo em seguida, caía uma carcaça fedorenta no chão, totalmente carcomida por rattatas, pois dava para ver a marca típica dos dentes de roedores nas partes faltantes. Aquilo deveria ser os restos descartados de um bar, jogado no lixo e já comido por outra espécie. Basicamente, lixo. O meowth observou com surpresa e não soube o que fazer com aquilo. O tempo passava e ele nada fazia, então a fêmea deu um miado e os ajudantes tinham a permissão de comer aquelas sobras sujas.
O choque de realidade para o kantoniano fora demais e ele simplesmente ficou parado os observando comendo, não saboreando, mas engolindo apenas para encher o estômago vazio. A de Alola teve que acordá-lo, mordendo seu cangote e logo eles começavam a se deslocar dali, indo para as ruas em um grande grupo que se protegia dos carros e predadores.
Quase todos noturnos, a noite para eles era momento de agitação, mas para os dois que não eram de Alola, começavam a ficar exaustos de acompanhar aquele grupo. Era perceptível, então apenas foram para um pequeno campo de batalha, marcas de giz no chão, mostrando o amadorismo dos treinadores mais pobres que lutavam com o que tinham (literalmente). Alguns pontos a grama era alta, outros, haviam marcas dos embates.
Ali, eles se separaram mais. Alguns dormiam amontoados, outros ficavam arranhando postes de luz ou paredes dos prédios próximos, sem se preocupar com anda, apenas afiando as garras. Haviam aqueles que iam caçar ou que guardavam uma reserva de lixos ou comidas mais frescas. Os filhotes brincavam com uma perigosa lata aberta como se não houvesse problema algum no mundo. Eles eram felizes, apesar dos pesares. Talvez não fosse o ideal, mas o senso de comunidade que tinham entre si, uns ajudando os outros, conseguia entender o galariano que sentou na própria barriga e começou a cochilar.
Uma cantoria teve início, agora acompanhava quem quisesse. O ritmo era mais seguido, mascaravam tudo com a alegria da música e o cansaço fazia-os dormir e ignorar a fome ou qualquer dureza da vida que tivessem. Se viu obrigado a miar em cantoria com eles também.
Assim ficou até de manhã, cerca de cinco da manhã, quando o Sol ainda preparava-se para aparecer no horizonte, clareando levemente as ruas vazias onde o pequeno meowth esbranquiçado corria de volta para o hotel, cansado e com fome, mas satisfeito de ter "fugido de casa". Tinha um plano: iria correr para dentro e pegar mais ração, talvez alguns brinquedos ou qualquer mordomia que tinha só para si e trazer para seus semelhantes. Era motivação o suficiente para que corresse o mais rápido que pudesse.
Ao aproximar-se da entrada, logo o segurança fechou a porta e a segurou. O pokémon olhou-o com inocência e confusão, miando levemente para que ele permitisse que passasse, mas o mesmo apenas o enxotou, chamando-o de vagabundo e que não era bem vindo ali. Miou mais algumas vezes, enfurecendo o homem que começou a chutar o ar para assustá-lo e logo se distanciou dali, correndo para a esquina e lá sentou-se, observando e tentando entender o que acontecia. Porque não era mais bem-vindo no hotel? O pelo desgrenhado, sujo e mal cheiroso não parecia ser tão presente para aquele que já tinha se acostumado.
Ele apenas avistava a entrada do hotel.
Quieto.
Logo um corpulento meowth de Galar vinha e sentava-se ao lado dele, após ter encontrado um grão de ração e entregando para que ele comesse. O de Kanto olhou para ele meio incrédulo, pois mesmo depois de tanto tempo, ele ainda queria se redimir do roubo, mesmo após tudo que houveram passado naquela noite. O grandão apenas riu e mostrou as navalhas que eram os dentes, espumando um pouco pelas beiradas dos lábios na medida em que seus olhos tremiam com o movimento do dia que se iniciava (parecendo que queria seguir a movimentação de tudo ao mesmo tempo e lhe dando uma imagem de louco). Ele pegou o grão de ração e fechou a pata, logo sentindo um toque macio ao seu outro lado, percebendo que agora vinha a de Alola. Olhou-a e ela sorriu, deixando-o um pouco perplexo.
Todavia, sorriu também. Pegou a ração e colocou na boca, mastigando algumas vezes e engolindo como se fosse o final de um banquete. Saltou, ficando na frente dos novos companheiros e miou apenas uma vez, sonoro e forte, ergueu o rabo e saiu correndo dali, parecendo estar brincando com ambos que se entreolhavam e corriam logo em seguida.
Se antes não tinha seus donos e tinha o mundo em sua palma, agora era o mundo que o tinha e com ele, os melhores amigos que um gato de rua poderia querer, Senhora, Senhorio e os Gatos de Rua.
"Senhor" agora estava livre.
O shopping era um local comum para todos irem, mas mesmo assim não fora convidado pois poderia se perder em meio ao movimento. Seus donos queriam fazer compras em paz, sem ter seu mascote de colo incomodando outros pokémons, ditos "inferiores" ao seu nível, que no caso, era do poder aquisitivo mesmo. Experimentar roupas, andar para um lado e para o outro, subindo e descendo elevadores, empurrar carrinhos, saborear iguarias... Talvez fosse lembrado e recebesse algum petisco quando enfim retornassem ao quarto do hotel em que estavam hospedados.
Isso era um dia cheio, mesmo que as férias sejam feitas para se livrar de compromissos e desacelerar o passo. A viagem de avião também fora algo um tanto estressante para um período de descanso. Paradas em Kanto, Sinnoh, Unova, Hoenn... Não havia onde não tivessem escalado ou parado mesmo para passar alguns dias antes de irem para o aeroporto e gastar o tempo precioso em filas, comidas requentadas desnecessariamente caras e check-ins demorados.
Aquele meowth de pelo branquinho com uma coleira azul escura estava realmente entediado. Era um mascote, mas talvez fosse apenas um símbolo para seus donos, visto que a moeda que carregava na testa sempre fora visto como um símbolo de boa sorte e grandeza econômica. Não poderia reclamar de sua vida, claro, tinha tudo que queria. Ou o que pensavam que era de seu interesse. Minccinos de borracha, castelos móveis e sempre as melhores rações premium, feitas por contrato com um grupo extremamente profissional que voltavam suas vidas para aquela prática, aperfeiçoando sabores e nutrientes que deixavam o felino com uma pelagem que parecia veludo, o corpo malhado e era simplesmente impossível recusar o horário de almoço e janta.
Suspiros.
Queria mesmo era seus donos. Talvez sair em uma jornada como os treinadores que via nos deslocamentos que faziam. Pareciam sujos, sim, mas ao mesmo tempo em que não se importavam com isso, aparentavam muita diversão. Viajar a pé, enfrentando a natureza e o mundo artificial, talvez fosse uma experiência de vida mais gratificante do que pagar por elas.
Nunca entrou em uma batalha, nem sabia o que fazer com suas garras aparadas. Nasceu numa ninhada cuidadosamente escolhida para sair com os melhores dotes dentre os demais, estes que eram totalmente desperdiçados ao ficar dentro de um quarto de hotel ou apartamento alugado para férias, pulando na mobília, se lambendo, comendo e dormindo.
O vento que vinha das janelas era gostoso e trazia consigo cheiros que apenas estimulavam a imaginação do meowth, criando aventuras em sua pequena cabeça que ajudavam o tempo passar. Ficava parado, sentado junto à janela, apenas olhando o movimento, porém estava em um andar tão alto que era impossível distinguir pokémons e treinadores nos andares inferiores.
Isso foi, até na caída da terceira noite em que ali se encontrava, quando a Lua se mostrava pálida como sempre, porém um tanto rechonchuda. As luzes estavam apagadas do cômodo, seus donos dormindo satisfeitos pelas refeições fartas e pelos dias agitados e que mesmo assim não criava um escuro perfeito, pois a cidade era viva e parecia nunca relaxar. Sons dos mais diversos como gritos, buzinas, alguma coisa batendo no metal... Tudo ressoava até os ouvidos atentos do meowth. Ficava atento em meios as espreguiçadas que dava eventualmente, cansado pelo horário e sem conseguir dormir por ainda ter energia a ser gasta.
Do alto, conseguiu ouvir algo extremamente semelhante, como se algo o chamasse. Olhou para trás para ver se não era da televisão do quarto de seus donos, todavia a mesma se encontrava desligada. Abriu bem os olhos e girou as orelhas em seu eixo, procurando a origem do som, chegando a sentar-se e erguer o tronco, as patas dianteiras encolhidas enquanto prestava atenção e tentava localizar aquele canto de sereia que o hipnotizava a segui-lo. Com certeza vinha de baixo.
Já havia visto algumas vezes seus donos chamando o serviço de quarto e pensou que isso seria sua deixa. Chegou até o pequeno computador que havia na sala -longe dos roncos dos humanos - e lá simplesmente bateu com as patas na tecla, pedindo qualquer tipo de coisa. Não havia contato ou comprovantes, apenas seria colocado na conta um pedido de sanduíches com o dobro de maionese.
Enquanto o pessoal do hotel se mobilizava, o pequeno pegou um pouco de ração e depositou em uma sacola pequena, carregando na boca e ainda deu tempo de lamber-se um pouco, afinal, ia em sua primeira aventura sozinho, desbravar o mundo fora daquela prisão de luxo, precisava estar bem apresentável.
Em cerca de quinze minutos já batiam na porta e o pokémon começou a miar incansavelmente, avisando os donos de que havia alguém atrás da porta. Houve algum tempo a mais até que enfim se levantassem e fossem ver o que era. Grogues de sono, arrastando os pés em que apenas um estava coberto por uma pantufa. Abriu a porta sem entender muita coisa e menos ainda quando recebeu os sanduíches, entendendo erroneamente que aquilo era uma cortesia ou coisa assim, estranho para o horário, mas não recusariam. Ha! Sorte grande! Não estavam com fome exatamente, porém comeriam algo leve antes de voltar a se deitar, apenas para forrar a barriga enquanto reorganizavam o que iriam fazer no dia seguinte, um sentado na sala enquanto ligava a televisão sem muita pretensão de assistir algo, apenas para criar um som que não fosse deles mastigando, já que o outro ficou sentado próximo a mesa, observando o computador e o pedido.
Nisso o meowth já estava descendo o elevador com a mesma tranquilidade de quem comia um lanche antes de aceitar o sono que vem enquanto se faz digestão. Não precisava seguir o atendente que veio trazer, podia agilizar o processo e correr para o elevador e depois correr para as escadarias, talvez passando o mais discretamente que conseguia, isso quando não corria ao ser visto. Os humanos iam fazer o que contra sua velocidade felina? Segui-lo? Com o pacote de ração enrolado na boca, fez o seu caminho para as ruas.
Sua primeira impressão fora da mudança de ares. Os odores eram mais azedos, não tão doces e perfumados como era pelos corredores. A sujeira logo encardia a pelagem branca das patas, poupando o resto do corpo dele. Os sons aqui eram até palpáveis, pois mesmo que não falassem consigo, conseguia participar da conversa que quisesse, intrometendo-se sem querer e ficando de curioso na vida alheia, porém antes que se maravilhasse demais com essa liberdade, parou e prestou a atenção, procurando as vozes que o chamavam.
Correu para um beco.
Haviam muitas lojas abertas ainda naquele horário, porém não pareciam do tipo que agradava a todos os públicos. Havia bastante barulho de músicas em alguns, outros eram mais reservados e para entrar nesses estabelecimentos era necessário subir ou descer um lance de escadas, passando por seguranças e portas a mais. O que com certeza eram os mais vivos e vibrantes, eram os bares, onde muitos humanos e alguns pokémons se divertiam e juntavam-se, assistiam coisas em televisões muito mais humildes das que sempre conhecera, comiam bolinhas de carne molhados por condimentos que escondiam ou mesclavam-se com o óleo que pingava. O cheiro dali era forte, impregnava facilmente e mesmo que não estivesse com fome, percebeu que salivava, rasgando uma beirada da sacola em que seus dentes pressionavam com desejo.
Vacilou e perdeu. Fora ajeitar na boca enquanto engolia a saliva, apenas balançando a cabeça enquanto e percebia previamente que um vulto passara por ele, pegando a sacola e correndo para mais fundo na noite, na cidade. Demorou alguns segundos para raciocinar direito no que houvera ocorrido, apenas observando o ladrão tomando distância e na verdade, era como se permitisse que houvesse esse vão entre eles. Era forte e a vida inteira, comera as melhores rações de treinamento, seus músculos eram fortes.
Saltou para pegar impulso e logo se pôs a perseguir o bandido, que mesmo estando já há alguns metros, percebia com certo terror que essa distância diminuía consideravelmente, começando a se arrepender de ter escolhido aquele alvo fácil. O corpo parecia pesado comparado ao do branquinho, mas tinha uma vantagem sobre ele: conhecia as ruas.
Dobrou numa esquina, depois em outra, subiu numa lixeira, agarrou-se em uma fachada e se balançava numa tentativa inútil de fintar o adversário, então apenas se jogou como quem joga uma pedra num lago, caindo num terreno baldio atrás de um bar. O ladrão sorriu, mostrando os afiados dentes enquanto os olhos amarelados eram um misto de excitação da caçada com desespero de ser pego. Não queria cantar vitória, porém desacelerou e abriu o pacote, encontrando a famosa ração premium, colocando a bruta mão que forçava mais ainda a sacola e ao fechar a palma ao redor dos grãos, rasgou de vez o recipiente, deixando cair no chão, o que não era um problema, talvez nem ao menos tenha percebido, pois levava a comida até a boca, pressionando contra os dentes afiados e não permitindo passagem para que enfim pudesse mastigar e comer, e sim, usando da força para quebrar entre os dentes e assim que esfarelasse, abria levemente a boca para aspirar e comer. Enfiou a pata uma segunda vez na sacola, mas nada encontrou, percebendo agora os grãos no chão e se abaixando para pegá-los para guardar na sacola rasgada.
Seria um esforço infinito se não fosse parado pelo meowth que o perseguia. Sua coleira azul já estava bem encardida de pó e terra pelos lados que houvera corrido e criado seu caminho, subindo em mesas de bar, saltando numa parede para pegar impulso e se jogar contra cerca, dando utilidade para as garras e com certo esforço, jogar-se até o terreno baldio. Olhava para o rosto do ladrão e percebia que era até mais semelhante à sua própria.
Aquele gato metálico parecia ter uma barba, estava sempre alegre e tinha uma mente um tanto movida a impulsos. Os grandes olhos amarelos observavam a sua contraparte de Kanto e ele dava um passo para trás, tentando retomar na fuga, porém o captor saltava e se agarrava nele, emaranhando-se enquanto arranhava o ser, não parecendo trazer muitos problemas, iniciando uma corrida onde carregava o agressivo meowth de colo, entrando na primeira briga de sua vida.
Logo um miado mais forte, porém delicado, longo e que parecia um canto ou uma sirene com um metrônomo. O galariano olhou para cima e o kantoniano seguiu o movimento, percebendo a presença de mais um da espécie, mas de uma região diferente. A pelagem azulada que se unia a escuridão da cidade com a palidez da Lua, parecia mais um céu noturno sem estrelas. Ela era graciosa, tinha um andar de modelo em que as pernas se entrelaçavam para simplesmente caminhar. Seu salto da cerca para o chão era tão suave que parecia que pesava nada, contrastando com o bruto e pesado em quem o aventureiro de primeira viagem atacava, logo tratando de soltar-se e ir para o chão, ao lado do ladrão.
Não mostrou as garras, ficou olhando e nem ao menos eriçou os pelos. Havia algo naquela felina que trazia uma sensação de segurança, algo que enganava totalmente, pois logo fora empurrado e dominado, ficando abaixo da fêmea que o observava de cima, usando de seu peso para impedi-lo de correr dali, mesmo que suas macias patas pareciam derreter nas do branquelo. Ele não lutou e o galariano aproveitou que não tinha mais ninguém o arranhando, então foi comer a ração do chão.
A de Alola logo miou para ele, percebendo que o branco não iria trazer problemas, era "domesticado demais" e por isso, ele parou de comer e juntou uma quantia, separando a terra e deixando o mais limpo possível, trazendo para ela, que parecia ser a dona do sorridente. Logo o pálido meowth se levantou e sacudiu-se para tirar a poeira do pelo sujo, não tendo muito sucesso, mas também sem tempo para lamber-se, ficou prestando atenção em ambos que comiam a ração como nunca tivessem visto algo daquela qualidade. Mesmo a delicadeza da noturna desaparecia, deixando mostrar a voracidade em que se alimentava e por um segundo, sentiu como se a culpa fosse sua, que deveria ter trazido mais ração para eles.
Aproximou-se vagarosamente e ambos o olharam desconfiados, ele abriu a boca para miar e fora mal interpretado, pois agora um grupo de outros meowths de alola apareciam e o cercavam. Não o batiam ou criavam uma barreira entre a dupla estrangeira (ou era ele quem era o de fora dali?), apenas cuidavam de seus movimentos. A noturna logo deu um miado alto e todos os demais imitaram, porém mais desafinados ou não tão em ritmo. Ela andava delicadamente como se tivesse medo de machucar o solo ou pisar em um grão de ração, deslocando-se até uma parede que tinha uma janela que filtrava a luz da Lua, criando seu próprio holofote e lá ela cantou, permitindo que os demais comessem. Os ronronados e miados de satisfação criava o coro que ela queria, o que infelizmente não tinha para todos e por isso, eles mataram a fome cantando para a Lua, agradecidos pela noite ao menos ter dado a eles o que comer.
O kantoniano se aproximou da de Alola com olhos atentos dos demais e logo miou de volta, que após verbalizar o que pensava, sentiu um pouco de vergonha de si próprio, afinal, diante de uma musa, sua voz parecia arranhada e grosseira, fazendo o galariano rir enquanto já confundia pequenas bolotas de terra como grãos de ração, pressionando contra os dentes que trituravam facilmente.
Não era um noturno ou um abandonado que cresceu nas ruas, portanto sentia fome agora após toda aquela perseguição. Sua barriga roncou e chamou a atenção de todos os felinos ali presentes. A líder olhou-o de forma semicerrada, fechou os olhos por dois segundos que criou um pequeno clima de suspense e logo em seguida abriu-os sem muito interesse, olhando logo em seguida para alguns membros de seu grupo que logo ficaram com as orelhas erguidas e corriam dali. Ela enfim dava a iniciativa e se aproximava do inexperiente aventureiro da noite, esfregando seu corpo ao dele, percebendo a diferença da maciez do pelo de quem tomava banhos e recebia perfumes, além de escovações regulares. Mesmo tendo tido um gosto do que era a rua, ele ainda tinha um cheiro agradável que a fez ronronar. O de Galar apenas os observava com os olhos arregalados como um tarado, não permitindo o de Kanto a entrar totalmente no clima.
Logo em seguida, caía uma carcaça fedorenta no chão, totalmente carcomida por rattatas, pois dava para ver a marca típica dos dentes de roedores nas partes faltantes. Aquilo deveria ser os restos descartados de um bar, jogado no lixo e já comido por outra espécie. Basicamente, lixo. O meowth observou com surpresa e não soube o que fazer com aquilo. O tempo passava e ele nada fazia, então a fêmea deu um miado e os ajudantes tinham a permissão de comer aquelas sobras sujas.
O choque de realidade para o kantoniano fora demais e ele simplesmente ficou parado os observando comendo, não saboreando, mas engolindo apenas para encher o estômago vazio. A de Alola teve que acordá-lo, mordendo seu cangote e logo eles começavam a se deslocar dali, indo para as ruas em um grande grupo que se protegia dos carros e predadores.
Quase todos noturnos, a noite para eles era momento de agitação, mas para os dois que não eram de Alola, começavam a ficar exaustos de acompanhar aquele grupo. Era perceptível, então apenas foram para um pequeno campo de batalha, marcas de giz no chão, mostrando o amadorismo dos treinadores mais pobres que lutavam com o que tinham (literalmente). Alguns pontos a grama era alta, outros, haviam marcas dos embates.
Ali, eles se separaram mais. Alguns dormiam amontoados, outros ficavam arranhando postes de luz ou paredes dos prédios próximos, sem se preocupar com anda, apenas afiando as garras. Haviam aqueles que iam caçar ou que guardavam uma reserva de lixos ou comidas mais frescas. Os filhotes brincavam com uma perigosa lata aberta como se não houvesse problema algum no mundo. Eles eram felizes, apesar dos pesares. Talvez não fosse o ideal, mas o senso de comunidade que tinham entre si, uns ajudando os outros, conseguia entender o galariano que sentou na própria barriga e começou a cochilar.
Uma cantoria teve início, agora acompanhava quem quisesse. O ritmo era mais seguido, mascaravam tudo com a alegria da música e o cansaço fazia-os dormir e ignorar a fome ou qualquer dureza da vida que tivessem. Se viu obrigado a miar em cantoria com eles também.
Assim ficou até de manhã, cerca de cinco da manhã, quando o Sol ainda preparava-se para aparecer no horizonte, clareando levemente as ruas vazias onde o pequeno meowth esbranquiçado corria de volta para o hotel, cansado e com fome, mas satisfeito de ter "fugido de casa". Tinha um plano: iria correr para dentro e pegar mais ração, talvez alguns brinquedos ou qualquer mordomia que tinha só para si e trazer para seus semelhantes. Era motivação o suficiente para que corresse o mais rápido que pudesse.
Ao aproximar-se da entrada, logo o segurança fechou a porta e a segurou. O pokémon olhou-o com inocência e confusão, miando levemente para que ele permitisse que passasse, mas o mesmo apenas o enxotou, chamando-o de vagabundo e que não era bem vindo ali. Miou mais algumas vezes, enfurecendo o homem que começou a chutar o ar para assustá-lo e logo se distanciou dali, correndo para a esquina e lá sentou-se, observando e tentando entender o que acontecia. Porque não era mais bem-vindo no hotel? O pelo desgrenhado, sujo e mal cheiroso não parecia ser tão presente para aquele que já tinha se acostumado.
Ele apenas avistava a entrada do hotel.
Quieto.
Logo um corpulento meowth de Galar vinha e sentava-se ao lado dele, após ter encontrado um grão de ração e entregando para que ele comesse. O de Kanto olhou para ele meio incrédulo, pois mesmo depois de tanto tempo, ele ainda queria se redimir do roubo, mesmo após tudo que houveram passado naquela noite. O grandão apenas riu e mostrou as navalhas que eram os dentes, espumando um pouco pelas beiradas dos lábios na medida em que seus olhos tremiam com o movimento do dia que se iniciava (parecendo que queria seguir a movimentação de tudo ao mesmo tempo e lhe dando uma imagem de louco). Ele pegou o grão de ração e fechou a pata, logo sentindo um toque macio ao seu outro lado, percebendo que agora vinha a de Alola. Olhou-a e ela sorriu, deixando-o um pouco perplexo.
Todavia, sorriu também. Pegou a ração e colocou na boca, mastigando algumas vezes e engolindo como se fosse o final de um banquete. Saltou, ficando na frente dos novos companheiros e miou apenas uma vez, sonoro e forte, ergueu o rabo e saiu correndo dali, parecendo estar brincando com ambos que se entreolhavam e corriam logo em seguida.
Se antes não tinha seus donos e tinha o mundo em sua palma, agora era o mundo que o tinha e com ele, os melhores amigos que um gato de rua poderia querer, Senhora, Senhorio e os Gatos de Rua.
"Senhor" agora estava livre.
https://www.youtube.com/watch?v=u07Td4VPWgA
Camilla Hyades- Treinadora
- Alertas :
Semana 20: 26/12/2021~01/01/2022
O membro 'Camilla Hyades' realizou a seguinte ação: Lançar Dados
'[CONTO] Recompensas' :
'[CONTO] Recompensas' :
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos