Um destino rubro

Apesar da pouca fé da narradora, o importante é que no fim ela acertou e ninguém morreu (ainda), né!? Seja por sorte, por uso dos seus próprios neurônios ou qualquer outro meio, a garota chegou à resposta certa - que na verdade era extremamente óbvia, agora que paro pra pensar -, e conseguiu um aparelho essencial para a sua sobrevivência. Com isso eu me refiro à Pokébola. Claro que ela pegou primeiro a máquina de oxigênio - suas vias aéreas já estavam castigadas demais para que ela pudesse tomar decisão diferente -, mas foi a esfera bicolor que mais fez seus olhos brilharem. Naquele mundo, o que é de um humano sem um Pokémon? No máximo um saco de pancadas, a menos que você seja rico o bastante pra contratar guardas que tenham Pokémon. E, por mais que Chimchar já tivesse mostrado que ainda estava longe de ser um bom combatente, Eris sabia muito bem o poder que teria em suas mãos quando esse macaquinho assustado atingisse sua forma final.

Assim que o ar ficou em condições melhores, a ruiva liberou seu inicial da esfera, e deixou escapar um suspiro aliviado ao vê-lo são e salvo. Tivera medo de o pequeno ter se machucado nas garras (literalmente) dos sequestradores, mas de fato ele estava em condições muito melhores ir do que ela própria. Dormindo tranquilamente, sem a menor noção do perigo que estavam correndo… Eris restringiu-se a observá-lo por alguns instantes, até decidir que ele já tinha tido folga suficiente e chacoalhá-lo devagar. - Ei, Chimchar… sei que a soneca tá boa, mas estamos meio encrencados aqui. - O Pokémon de fogo bocejou alto e abriu os olhos, ainda meio alheio à realidade. Bastou seus olhos se focarem na ruiva, contudo, para ele despertar num pulo, literalmente. Saltou para trás com tanta agilidade que nem parecia ter acabado de acordar. Eris respirou fundo, tanta coisa tinha acontecido que ela nem lembrava mais que sua relação com o baixinho ainda estava longe de ser boa. - Olha, desculpa ter te metido naquela luta… mas era a nossa única chance de escapar. E não deu muito certo, como dá pra notar - A jovem deu um passo para o lado, deixando Chimchar ter uma visão melhor da sala onde estavam, ainda uma bagunça pelo recente incêndio. Sabia que não ganharia a confiança do primata tão facilmente, no entanto, precisava pelo menos convencê-lo a trabalhar com ela por enquanto. - Estamos presos aqui, e eu ainda não achei um jeito de sair. Preciso da sua ajuda pra isso. Sei que você não vai com a minha cara, mas a gente precisa um do outro pra dar o fora daqui. Não tô nem um pouco a fim de apodrecer nesse lugar, e aposto que você também não, né?

Chimchar hesitou por um momento. A primeira coisa que Eris fez quando se conheceram foi mentir para ele, então não era de se surpreender que desconfiasse dela. Entretanto, por mais ingênuo que fosse, era um Pokémon inteligente, e um breve olhar ao redor era o suficiente para deduzir que a ruiva não estava de brincadeira quando falava do quão encrencados eles estavam. Talvez, talvez, unir forças a ela fosse o melhor por enquanto… pelo menos, até ele dar um jeito de escapar. Não podia ter esperanças de achar seu antigo treinador ou de voltar para a natureza se ficasse trancafiado naquele lugar, fosse onde fosse. Por isso, quando Eris estendeu o punho, Chimchar retribuiu, encostando o seu próprio no dela para outra vez marcar uma aliança. Uma bem frágil, talvez, mas ainda assim uma aliança. - Valeu, agora vamos achar um jeito de sair desse lugar. - Eris sorriu, e mostrou ao macaquinho o último item que ela tinha encontrado no cofre. Um botão. Mais intuitivo, impossível. Sem pensar duas vezes, ela apertou.

A ruiva se sentia tola por ter realmente acreditado que aquele botão faria a porta abrir. Ao invés disso, agora ela se encontrava numa situação pra lá de esquisita: sendo atacada por um holograma, e ainda por cima uma na forma de borboleta! É sério, um cara que tentava de tudo pra ser ameaçador estava mesmo tentando matá-la com uma borboleta!? Eris por um instante quase se sentiu ofendida, aí lembrou da derrota esmagadora que sofreu na sua primeira batalha, e resolveu não reclamar. Pelo menos tinha à sua frente um inimigo que ela tinha completa condição de derrotar dentro dos 9 turnos que Zero lhe deu como prazo. Com um sorriso de canto, a ruiva olhou para Chimchar, que tinha se agarrado à barra da sua calça assim que o holograma tomara forma. - Tá pronto pra outra luta, garoto? - Ele prontamente balançou a cabeça em negação, recuando alguns passos.  É coragem demais pra um macaco só… - Que bom que está, afaste essa Beautifly com um Ember! Não importa se é feita de luz ou não, no fim das contas é só um inseto, você dá conta tranquilo! - Chimchar encarou-a surpreso, provavelmente nem ele próprio tinha notado que aprendera um novo ataque. Mesmo sendo uma iniciante, Eris não era nenhuma novata em batalhas, e já tinha experiência para saber o quanto um Pokémon pode crescer em uma luta, mesmo se tiver sido derrotado. - Use as máquinas como escudo se precisar se defender, depois Ember de novo! Tente acertar numa das asas, isso vai dar uma boa vantagem pra gente!