[Tsuki Amane] #1 - Theorem

Theorem

E aqui estou, de volta com a vida de andarilha. Quer dizer, sou oficialmente uma Treinadora Pokémon... eu acho. O velho tinha deixado além do Pokémon, uma Pokédex e suprimentos básicos como Pokébolas e Poções. Como ele arranjou uma Pokédex e um Pokémon tão exótico para a região de Hoenn está além da minha compreensão e é melhor eu nem pensar sobre isso.

E falando sobre o tal Pokémon, apesar de não ser um agente do caos puro que nem um Fire type, ele era um pouco problemático. Só de tirá-lo de sua pokébola eu já fico com areia em todo lugar, não sei se é porque ele ainda não consegue controlar seus poderes, se sente ameaçado perto de mim ou só quer me zoar ou todas as anteriores.

Mas, como eu disse, sou uma Treinadora Pokémon, seja lá o que isso quer dizer, e acho que esses treinadores não ficam com seus bichinhos confinados em pokébolas por toda a eternidade. Eu deveria começar a conhecer meu pokémon, ter um vínculo com ele. Mas como eu faria isso?

Sem saber o que fazer, trazia o hipopótamo marrom para fora outra vez e segundos depois uma nuvem de areia já começava a surgir, me fazendo tossir e talvez até engolir alguns grãos de areia. Ele tá tentando me matar ou algo do tipo? Ou eu tenho que domá-lo? Onde está o manual de instruções.

- Ei, ei, ei! Para com isso por favor. - Acho que eu já tinha perdido o pokémon de vista, achando até que ele poderia ter fugido se ele não fosse uma criatura aparentemente lerda. Porém, lerdo ou não, eu finalmente conseguia encontrá-lo. Eu tentava aproximar minhas mãos dele, talvez o toque seja algo que o faça se sentir a vontade.

- Me escute, não sou uma ameaça. Na verdade, sou sua companheira. - Sem pensar muito eu conseguia aproxomar minhas mãos, só que em uma área bem perigosa no focinho. Hippopotas tem uma mordida forte, então eu acabei arriscando a minha mão ali. Mas ele começava a ficar dócil, até parando a tempestade de areia.

- Me chamo Tsuki e olha, acho que seríamos mais próximos se eu tiver um nome para te chamar. Hmm... já sei. Já que você vai mudar a minha vida, que tal eu te chamar de Newton? Não há nome melhor para alguém que traz mudanças tão impactantes, que recria a nossa visão de mundo e... - Meu entusiasmo sobre o nome era cortado quando eu via um simples aceno não muito expressivo do Pokémon. Ok, não acho que a maioria dos Pokémon iriam saber matemática. Melhor controlar meu entusiasmo. - Enfim, vamos?

E então eu finalmente saía da praia e ia em direção para a cidade propriamente dita com Newton ao meu lado, ainda soltando areia, mas não causando uma tempestade. A cidade de Slateport me lembrava de onde nasci: Veilstone e era ao mesmo tempo uma antítese do lugar. Uma cidade grande, sempre acordada mas ao mesmo tempo quente e tropical, cheia de turistas comparada com a temperada e comercial Veilstone.

Um pequena garota perdida em uma grande cidade. Esse contexto por si só traria mais infinidades que as possibilidades de galáxias no universo em expansão, mas o universo de Tsuki era um pouco menor. Claro, segundo o princípio da entropia, quanto mais desordem menos energia o sistema possui, porém é possível constatar que de entrópico seu sistema não tem nada. Toda a desordem na vida pregressa da jovem a levou até aqui, e sua determinação não caiu um jaule sequer. Bem, se considerarmos o objeto como sendo Tsuki e também considerarmos sua aceleração constante…

Tá, ok, ok. Chega de contextualizações usando grandezas físicas para ilustrar a situação atual dela. Tsuki era uma sobrevivente, acima de tudo. A pouca idade e a aparência inofensiva escondem bem a boa competidora que é. Porém, como um espécime resgatado e recém reintroduzido à natureza, sua capacidade real de sobrevivência não foi colocada, ainda,  à prova. Sim, agora estou usando conceitos da biologia. Ciência também pode ser lúdico, sabia?

O primeiro desafio era colocado: interagir positivamente com seu parceiro inicial, Newton. Claro, não era nada fácil, principalmente porque o terrestre insistia em ativar sua habilidade mesmo não estando em risco real. Poderia ser pela inexperiência ou simplesmente pela falta de confiança em sua treinadora. Laços de confiança, será Tsuki capaz de forjá-los depois de tudo que passou? Primeiro desafio à mesa.

O segundo era a selva de pedra. Como filha de um casal abastado, sempre viveu no patamar mais alto do capital. Sua experiência no orfanato e com o casal de idosos lhe deu um vislumbre da realidade da maioria das pessoas… bem, as pessoas normais. No entanto, era a primeira vez que ela estava por si só. A vida de andarilha, aventureira ou peregrina, chame do que for, tem esse pequeno grande detalhe: provavelmente ninguém vai se preocupar se você tomou banho, mas todos vão se incomodar com seu mau cheiro. Graças ao mundo moderno existem os Centros Pokémon, mas a vida de treinador de estrada pede por acesso a certos recursos, como pokébolas e poções, que não são distribuídas de forma gratuita. Logo, a competição pelo recurso principal, fundos, também é posto à mesa.

O terceiro veio depois de sua interação com Newton: as consequências de seus atos. Dentro daquele vendaval de poeira e areia, ela não percebeu, mas outras pessoas e coisas foram afetadas pela habilidade. Ao acalmar seu Pokémon, Tsuki talvez perceba alguns olhares reprovadores, como o de um homem com seu terno sujo, uma mãe revoltada com sua criança chorando em um carrinho, um policial tentando manter a ordem nas ruas e um ou outro treinador afoito por um desafio. É, por mais que ela não tente chamar a atenção com sua aparência, as ações de seu Pokémon o fizeram. Holofotes virados, desafio para sobremesa.

No mais, a brisa quente e úmida, carregada de sal do mar trazido do oceano dança por entre os carros, ônibus, caminhões e prédios da grande cidade litorânea. Todo um mundo de possibilidades se mostra diante de Tsuki. “O bater de asas de uma borboleta causa um furacão do outro lado do mundo.”. Como a garota escreveria as primeiras linhas de sua história?                                                                    

Theorem

Muito bem querido narrador, de fato minha vida não é nada entrópica, eu já sobrevivi a tanto caos, o que é irônico para uma garota que prega tanto pela ordem ter uma vida completamente fora do comum. Bem, se eu pudesse escolher, eu certamente não estaria nessa situação, mas eu estou e sobrevivi cerca de sete anos desse jeito. E pelas minhas escolhas recentes, leia-se, tornar-se treinadora pokémon, minha vida não vai voltar para uma maneira ordenada, pelo menos não em muito tempo.

E falando em falta de ordem, era o que eu estava presenciando no momento. Não seria fácil, não sabia como cuidar de um Pokémon e muito provavelmente Newton não teve muito contato com humanos, ou apenas desconfia de mim. De novo, me perguntaria de onde ele veio, mas não conseguiria achar resposta nenhuma e por mais que minha mente "matemática" goste de deduzir resposta não apenas para problemas matemáticos, mas como para as mais diversas questões, eu sabia que não chegaria a lugar nenhum. Enfim, eu estava lidando com uma literal tempestade de areia e havia um pequeno. detalhe que eu estava esquecendo.

Um detalhe bem pequeno como o fato de que eu trouxe uma tempestade de areia para a cidade grande. É, literalmente um ínfimo detalhe, tão ínfimo quanto um sinal errado na resolução de uma equação que leva a um resultado inesperado. Mas meu ponto é, tinha pessoas me observando e não só me observando, mas como também afetadas pela areia e nenhum pouco felizes com isso. Contei tanto com parecer com uma garota ordinária que no fim eu joguei esse aspecto fora no meu primeiro dia.

- Ehhh... Newton, volte para a pokébola por um momento. - Tive que retornar o "deserto ambulante" para evitar que mais pessoas se irritem comigo. Mas agora o que eu faria? Eu não acho que conseguiria lidar com aquelas pessoas, então, eu simplesmente fingiria que nada aconteceu e tentaria sumir de cena. Eu sou mais inteligente do que isso, conseguiria pensar em algo mais elaborado, ou pelo menos pensava que conseguiria. Lidar com pessoas é algo complicado, algo que eu nunca soube como fazer, depois que minha vida virou de cabeça pra baixo, eu sempre fui uma forasteira, até mesmo quando acolhida pelo casal de idosos de Pacifdlog.

No fim, essa era a única coisa que eu podia fazer. Tentar passar pelos olhares penetrantes e julgadores e ir para um canto mais quieto da cidade. Eu tinha um forte pressentimento de que isso não funcionaria, na verdade, era óbvio que eu ia ser interrompida por pelo menos uma dessas pessoas e muito provavelmente todas elas. No fim eu teria que pensar em uma solução de verdade mesmo... mas não por enquanto.

De fato, querida narranda, de entrópica vossa vida não tem nada. Agora, de caótica… podemos dizer que poderia ser seu nome do meio!

A reação das pessoas à volta no meio da rua foram mistas. A jovem mãe tomou sua criança no colo para acalmá-la e olhou com reprovação para a treinadora. O policial cerrou os olhos e por um momento pensou em abordar Tsuki e talvez lhe dar uma bronca, mas respirou fundo e apenas seguiu com suas obrigações. Talvez não valesse tanto a pena assim se desgastar em um sermão para esse tipo de coisa. Já o homem com seu terno sujo não se conteve, e lançou umas meia dúzia de desaforos na direção da garota, não se preocupando com status moral ou coisas do tipo. Era só o puro e simples rage.

Tsuki então tomou os primeiros passos na direção da saída daquela situação toda. Abaixou a cabeça e tentou voltar para sua meta de não chamar atenção. Porém seu trajeto fora interrompido por uma já prevista intervenção de um dos presentes no pequeno incidente. Eram três pares de pés trajando coturnos adornados com peças de metal. Ao subir os olhos, Tsuki percebia mais detalhes. As calças eram de um jeans mais reforçado, algumas bem surradas, as vezes rasgadas de uma força não estética, e também com espinhos e correntes. O torso era revestido de coletes de couro e camisas com estampas de heavy metal. Um deles era legitimamente um corpo feminino. E então, os rosto. À frente do trio, um homem com talvez dois ou três anos a mais que Tsuki. Ele possuía cabelos longos e pretos, passando dos ombros. Seu porte físico era atlético, mas não trabalhado. E o rosto era estampado com um sorriso que misturava confiança e malícia. Atrás dele, do lado esquerdo, havia um homem maior, mais forte mas não muito mais velho. O corte de cabelo era diferente: raspado nas laterais e mantido na parte do topo com uma trança única estilo viking. A lateral da cabeça possuía tatuagens que seguiam até para trás do crânio. Diferente do outro rapaz, ele ostentava um rosto fechado, sobrancelhas cerradas. Para finalizar o trio, do outro lado havia uma bela garota, que rivalizava em altura com o viking ao seu lado. Seu cabelo era tingido de violeta nas pontas, com uma mecha se estendendo da fronte da franja até a altura do nariz. Porém o corte como um todo era mais curto, repicado e mais moderno. Ela usa uma sombra pesada nos olhos e batom escuro, e mantinha um olhar mais voltado para o acaso, para o desinteresse.

O jovem à frente do trio, então, encara Tsuki. - Sabe o que dizem quando treinadores cruzam os olhares? - e ergue uma sobrancelha - É hora da batalha, garota! Tem um campo bem ali atrás! Vai encarar ou vai correr, garotinha? - o desafio clássico entre treinadores era lançado, mas aparentemente estes três pertenciam a algum tipo de gangue ao estilo dos motoqueiros mal encarados. E então, o que Tsuki faria?                                                                          

Theorem

Um detalhe é que eu tinha notado que a minha Pokémon inicial, a qual eu apelidei de Newton se tratava de uma fêmea, um detalhe que veio a minha cabeça enquanto eu pensava em como sair da situação. Bem, os Hippopotas tem uma diferença bem clara nos sexos que no caso é a coloração bem diferente do macho e da fêmea. Enfim, apesar dessa ironia, Newton é um sobrenome apesar de tudo, meh, não tem problema, ela não mostrou desaprovação do apelido, pelo menos não tão aparente quanto a provável desaprovação que ela está tendo de mim no geral.

Enfim, deixando esses pensamentos de lado, eu finalmente tentava me esgueirar por aquele grupo de pessoas que se agrupavam por ali, incomodadas pela areia. E estava sendo mais fácil do que eu imaginava, tendo apenas o homem com o terno sujo de areia disparando uma rajada de insultos que não me incomodam, bem, deixá-lo falando sozinho provavelmente vai irritá-lo mais ainda, mas ainda não sei a parte na qual isso é o meu problema. Só continuava a seguir em frente, sem ser incomodada com as pessoas que ficavam para trás de mim.

Mas, quando tudo parece fácil, é porque tem algo de errado e não seria diferente aqui. Três figuras imponentes apareciam na minha frente. Apesar da aparência, não eram ameaçadores a princípio, provavelmente a aparência deles vinham apenas do que eles achavam estiloso e legal. Tendo em vista que eu passei na minha vida, estou longe de ser uma covarde que se assusta com qualquer grandalhão que me aparece, mas eu sei pensar se estou me metendo em uma situação ruim. E ao ouvir as primeiras palavras que vinham do moço que aparentemente liderava o trio, ou só foi apenas o primeiro a falar, eu não me sentia preocupada.

- Uhh... é claro. Mas, acho que vocês perceberam que eu só acabei de começar né? Vocês me viram passando sufoco com a minha pokémon? - Um convite para uma batalha, coisa que pra mim é algo novo, inexplorado, mas que para treinadores veteranos, não, até mesmo treinadores de nível intermediário, é simplesmente rotina. Eu tinha que me acostumar com isso, mesmo que isso termine com Newton tomando uma surra e sua aprovação com sua treinadora caindo mais ainda. Mas eventualmente eu teria que fazer uma batalha, então é melhor que eu comece o mais cedo possível.

Newton realmente não ligou para o gênero do apelido que sua mestra lhe conferiu. Pelo contrário, aparentemente ela não ligava muito para nada que a garota lhe dizia ou fazia. É aquele velho embate sobre laços de confiança. Mas também, era tudo muito novo para ambas, então não há necessidade de se afligir por isso. Como a garota bem vivida apesar da pouca idade já sabe, o tempo é o único fator preponderante nessa equação. Ou melhor dizendo, era o único fora de seu controle. Os demais como atenção, paciência, cuidado, perseverança, estes sim estão no controle da garota.

Falando em controle da situação, talvez aquela fugisse ao seu controle. Ou não, ainda não dava para saber ao certo. Mas aquelas três figuras estavam diante de jovem, tendo como interlocutor o rapaz ao centro. A garota não demonstrava recuo ou intimidação diante da abordagem. Sabia que esse tipo de coisa acontece sempre no mundo dos treinadores, então mais cedo ou mais tarde aconteceria. No caso, aconteceu no mais cedo. Ajeitando as longas madeixas, o rapaz continuou com uma expressão desafiadora. - É, eu vi sim. - e soltou uma risada - Só relaxa, todo mundo começa dando uns vacilos. - ele então maneia a cabeça para o lado, para o sentido do tal campo de batalha que mencionou. - Eu sou o Ted! o grandão aqui é o DJ, e essa é Liv. - ele fez as apresentações, enfim. O maior só assentiu com a cabeça. - E ai. - disse a garota de cabelos coloridos, de uma forma bem seca e indiferente.

Caminharam um pouco até um terreno mais afastado das ruas. Haviam dois garotos batalhando ali, mas assim que viram o quarteto se aproximando, recolheram seus respectivos Pokémon e, apressadamente, saíram do lugar. Ted soltou um estalo de língua com o ato, mas não fez ou disse nada para aquela dupla. - Vamos ver se essa Hippopotas sua é algo a mais do que uma causadora de problemas! - ele então se posiciona em uma das extremidades do campo, lançando uma esfera bicolor ao ar. O objeto toca o chão e revela, em um vislumbre avermelhado característico das pokébolas, um Zigzagoon!

                                                                           

Theorem

E de fato não tinha motivos para me sentir preocupada, aquele trio parecia bastante amigável, apenas jovens se vestindo da maneira que acham ser "descolada", eu mesma não via nada demais nas roupas dele, inclusive achava uma bela falta de praticidade e conforto por causa daqueles espinhos. Sério, você não usaria coisas daquele tipo se não quisesse machucar alguém e se você quisesse, era melhor usar uma arma propriamente dita como uma faca ou até mesmo um soco inglês, sei lá. Mas bem, eu não posso questionar muito a vestimenta dos outros, já que minha escolha de vestimenta é um uniforme escolar, que eu visto por causa dos meus traumas.

Ted, DJ e Liv. Saber o nome das outras pessoas é importante, evita possíveis desavenças por motivos irrelevantes. Sendo honesta, se eu não fosse uma garota desiludida, eu provavelmente acabaria tendo uma quedinha por esse Ted, por mais desconfortável que o estilo dele aparenta ser, ainda era estiloso, simplesmente o seu cara popular padrão que se dá bem com todo mundo. Aproveitaria a hospitalidade do trio, eles não estavam tentando me causar problemas e eu mesma queria começar uma vida sem causar problemas aos outros, então os seguia até o local onde iríamos ter nossa batalha.

- E aí pessoal. Me chamo Tsuki. - Dizia me introduzindo à eles. Fora Ted, os outros dois não tinham muitas palavras, no caso de DJ, nenhuma palavra saía da boca dele. Ótimo, eu não sou uma pessoa muito fácil de fazer conversa fiada, então quanto menos palavras melhor. Quando chegamos ao terreno, a presença do grupo fazia dois garotos que estavam ali se retirarem rapidamente. O motivo disso me intrigava, mas não era problema meu. Não iria esquentar a cabeça com isso.

- Eu acho que é um problema ainda maior cuidar de um pokémon quando ele simplesmente causa uma tempestade de areia, hehe. - Eu complementava o comentário de Ted com um risinho leve. Enfim, eu teria que cuidar do elefante, ou no caso, hipopótamo na sala: - Ok, Newton, preciso que você me ouça. Afinal de contas, vamos estar um com o outro por um longo tempo. - Dizia para a Hippopotas assim que ela saía da pokébola. Bem, ela já não começava a soltar areia para todo o lado, então era um avanço.

O oponente da minha primeira batalha seria um dos pokémon mais característicos de Hoenn, Zigzagoon. Um desafio bastante adequado para uma novata como eu, isso é, se Newton concordar em cooperar comigo: - Ok, o que você pode fazer? Umm... - Eu olhava a Pokédex, na esperança de ter alguma ideia, apesar de que batalhas iniciantes assim não tem muito segredo: - Certo, parta para cima com o Bite duas vezes. Você pode fazer isso, certo? - A minha incerteza provavelmente não passava confiança para ninguém que estava ali, nem para minha Pokémon, para o meu oponente, para quem estava vendo a batalha e até mesmo para mim mesma. Mas eu dava as ordens para a Pokémon e esperava que ela cooperasse.

Tsuki estava bem à vontade com suas novas companhias, mesmo que elas despertam certas reações estranhas de algumas pessoas à volta, vide a dupla de garotos que saiu do campo de batalha público. E também ela não se importou com o modo que Ted reagiu. Talvez ela tivesse somente lido como uma reação de revolta diante de uma ação mal interpretada, como… a aparência deles? Aparência essa que este narrador esqueceu de complementar com um detalhe deveras importante. Ao se virarem de costas, Tsuki percebeu algo muito além de um saltar de olhos. Encarando-a agressivamente, a figura de um Magnezone sobre um tipo de veículo de duas rodas com feição de poucos amigos, com raios desenhados com um amarelo mais escuro e um roxo acentuado estampava as costas dos coletes. Junto da imagem, uma inscrição em letras bem estilosas: Road Thunders.

Depois desse engano devidamente reparado, era a hora de encarar o Zigzagoon de Ted! Newton voltava para o lado de Tsuki, fora de sua pokébola novamente. Ela até ensaiou recomeçar com a tempestade de areia, mas ouviu as palavras de sua treinadora antes. A terrana, então, balança suas orelhas junto de sua cauda e assente com a cabeça. Ela tinha concordado com os “termos” de Tsuki, e de fato elas estavam juntas nessa viagem, e agora diante de seu primeiro desafio! Era um momento único na vida de treinadora e Pokémon, nada mais justo estarem na mesma página, certo?

Ted ajeita seus cabelos com aquele charme que Tsuki já mencionou existir. - Vai na boa que estamos em casa! - as palavras vinham em resposta à aparente insegurança da garota diante do embate. Ou era só um nervosismo da estréia. Bom, ele enviava os comandos em seguida. - Beleza Zig, vamos para cima também! Duplo Tackle!

O pequeno guaxinim era o mais ágil, e logo tomou a dianteira para cima de Newton! Mas daquela vez a Hippopotas estava livre de restrições, e assim que seu oponente iniciou o movimento, convocou para o campo a tempestade de areia que causou tantos problemas para Tsuki, agora de uma forma concentrada e controlada! (Sand Stream on) Mesmo cercado por areia, o pequeno tipo normal correu para cima do tipo terra, acertando um belo encontrão! (Hippopotas -1) Newton era bem resistente e não sofreu muitos danos, ao contrário de seu adversário que sofreu quando os poderosos dentes da gigante cravaram seu corpo! (Zigzagoon -6) Uma nova rodada tinha início, com um novo esforço não recompensado de Zig contra o corpo resistente de Newton (Hippopotas -1) e uma nova dentada dolorida como resposta! (Zigzagoon -6) Ao final dessa turno, o pequeno guaxinim sofre com os efeitos do clima hostil! (Zigzagoon -2) - Caraca! Dura na queda essa ai! Zig, resista garoto! Growl, depois mais um Tackle! - não havia muito o que Ted pudesse fazer diante daquele desafio, mas ele não iria recuar!


Campo: Campo de batalha amador com chão de terra batido, medidas equivalentes às oficiais
Sandstorm eterna                                                                            

Theorem

Eu notava um certo detalhe na jaqueta de Ted e também dos outros, um certo símbolo interessante, bastante chamativo e acompanhado de um nome: "Road Thunders", definitivamente um nome que me remete à gangues, talvez o motivo de olhares estranhos em direção ao trio. além da aparência. E não qualquer tipo de gangue, o "Road" no nome me faz pensar em gangue de motoqueiros, embora eu não os vi acompanhados de nenhum veículo. Enfim, não sou de me intimidar por pessoas com uma tendência para o "submundo", até porque eu mesma já estive em tal situação e não tenho nenhum tipo de remorso ou algo do tipo em relação a esses dias.

Já sobre o que importa, o que ditaria o ritmo da minha vida como treinadora Pokémon, isto é, a primeira batalha, estava indo surpreendentemente bem. Talvez eu tenha conquistado Newton com palavras ou ela era simplesmente inteligente e sabia da condição que se encontrava. Provavelmente o segundo caso, eu conheço bem a capacidade dos Pokémon embora não convivi muito com eles, mas contanto que Newton e eu tenham ciência da necessidade de um relacionamento simbiótico entre nós, estaria tudo bem. Ela me oferece proteção, eu a ofereço treinamento e a possibilidade de atingir um alto nível de poder. É bem assim que ser treinador funciona teoricamente.

- Não há motivos para mudarmos o que estamos fazendo. Apenas continue atacando com o seu Bite até o fim. - Batalhas iniciantes realmente não tinham muito segredo, apenas usar algum ataque mais básico até um lado ceder. E o fato da resistência excepcional da ground-type como também a habilidade incomum que é o Sand Stream eram variáveis que estavam ao meu favor. - Bem, Hippopotas é um pokémon famoso por ser bem resistente, só que admito, não esperava que fosse resistir tão bem assim. - Eu tentava puxar conversa com o meu oponente, meio que pensando bastante no que falar, porque eu não tinha lá muita ideia do que falar em si.

No mais, até que ser treinadora é um tanto divertido.

Newton encarava com os olhos cerrados e expressão concentrada seu oponente que ainda tentava entender que tipo de parede estava indo de encontro! Realmente a terrestre era muito resistente, em contrapartida a agilidade do normal, que francamente pouco estava sendo de útil naquele embate. Enfim, o corajoso Zigzagoon tinha a iniciativa, dessa vez uivando na direção de Newton, deixando-a meio desconcertada, como se intimidada. (Hippopotas -1 Atk) Porém o movimento não foi o suficiente para impedir que o próximo ataque o levasse a nocaute! (Zigzagoon -5, fainted)

- Tsc, tem certeza que é uma novata nessa parada? - Ted ajeitava novamente seus cabelos, mas mantinha um sorriso no rosto ao falar com Tsuki - Você foi muito bem! Foi uma batalha e tanto! - ele então vai na direção da garota e lhe estende a mão para um aperto.

- Tá. Minha vez. - DJ quebra o silêncio e se levanta, mantendo a expressão fechada no rosto e indo para a posição que Ted estava, o ponto oposto ao de Tsuki. Newton parecia determinada para continuar batalhando, dando pequenos saltos de um lado para o outro em empolgação. Mas a decisão final era de Tsuki. De qualquer forma, DJ revelava seu parceiro para o desafio: um pequeno e fofo Ralts!



Campo: Campo de batalha amador com chão de terra batido, medidas equivalentes às oficiais
Sandstorm eterna