[EVENTO] - Um sonho que acabará antes do Ano Novo

Sonho bão... Ou não

Hmmm... Creio que era assim que o roteiro foi escrito paras as coisas acontecerem, mas ok então.

-Continuo sem entender nada do que eles tão falando.

Puxei Karen para o canto e começamos a discutir o que fazer. Cortar as pernas? Perder a voz? Nada disso fazia sentido, muito menos afetar a gente de alguma maneira. Então... o que a gente podia fazer a partir de agora? Sussurrei pra ela de costas pra aquela turma estranha.

-Então. O que vai ser? Você pega o Minccino na porrada e o Arthur pega o restante enquanto eu dou suporte moral? Ou... a gente sacrifica a voz do Arthur em troca? Ele nem fala nada mesmo.

É isso. Não tinha mais nenhuma sugestão.. Ou será que tinha?

-Ou vocês podem sacrificar o coco também. Ele vai ficar seguro fora do mundo dos sonhos.

Espera. Cocos sonham? Não sei. Não sou um... Ou sou?

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A situação se tornava cada vez mais confusa. Essa coisa de cortar pernas e silenciar vozes soava doida demais! Será que era algum tipo de analogia? Gente, eu odeio analogia. Quem faz charada hoje em dia? Isso é brincadeira de quem não tem internet ou tá no trânsito!

– Eu não posso pegar o Minccino na porrada, poxa. – Sussurrei para Ty, dando uma rápida olhada para ele, e voltando minha atenção para o Ranger.  – Ele é fofo, mas o pior de tudo é que ele me lembra a Sunshine.

Mesmo que eu odiasse Minccinos ou achasse eles muito fracos e inúteis (o que nunca vai ser o caso. Eles são adoráveis), o Daisuke provavelmente conseguiria me colocar numa gaveta se soubesse que fiz algo do gênero! Já viu o tamanho dele? Sabia que ele sabe LUTAR?

– E o pior de tudo, né! Ele decapitou uma menina que ele DEFENDEU! O que ele não faria COMIGO?! – Olhei para Ty, que parecia confuso. Talvez meu monólogo tenha saído do controle e acabei falando em voz alta.

Arthur deu de ombros e estufou o peito, passando o dedo indicador sobre sua garganta, e depois apontando para aqueles figurões estranhos.

– Ele... Ele está sacrificando a voz para que tenhamos nossas pernas, Ty!

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Sonho de Creme

 



Estava confusa. Perdi um pouco a noção de tudo o que aconteceu. Lentamente abri os olhos e cocei a cabeça. Minha visão tinha ficado turva por alguns segundos, mas logo consegui me recompor. Ah, sim. O sonho idiota.

– ♡♡... ♡♡♡♡. ♡♡♡♡ ♡♡♡♡♡ ♡♡♡?! – Engoli em seco.

Existe algo muito estranho sobre forçar sua garganta e simplesmente não ouvir nada. A sensação, somada ao fato de que eu já estava um pouco desnorteada, me fez olhar para os lados, em busca de... Bem, de qualquer face familiar. – ♡♡?!

Por alguma razão, estava abraçada com Ty. naquela situação bizarra. Aquilo imediatamente me lembrou da situação da mansão, em que eu tinha me transformado em Passimian, enquanto ele se transformou em coco.

– ♡♡, ♡♡♡♡ ♡♡ ♡♡♡♡♡♡♡ ♡ ♡♡♡ ♡♡. – Disse, me esquecendo do fato de que não saia voz de minha boca. Minha garganta tinha decidido tirar férias... Eu espero. Se isso não fosse um suposto sonho, eu provavelmente estaria muito mais desesperada.

Olhei para os arredores, tentando me localizar naquele quarto idiota, naquela situação ainda mais idiota...

– ♡♡♡♡ ♡ ♡♡♡ ♡♡ ♡♡♡♡♡ ♡♡♡♡♡! – Repeti algo semelhante ao pedido anterior, sem sucesso.

– RETIRE SUAS MÃOS DAS NÁDEGAS DELA! – Enquanto eu tentava me mexer e me comunicar, sem muito sucesso, parece que alguém podia abusar do seu poder de falar.

Que inveja...

Espera, de quem é essa voz madura e feminina, estranhamente encorpada?

Olhei para o lado e vi Arthur, segurando seu coco, com o semblante fechado. Talvez minha expressão tenha sido o suficiente, de modo que não precisei (tentar) falar para que ele entenda o que se passou pela minha cabeça.

POR QUE ELE-

– Por que estou conseguindo me expressar em idioma humano?

– ♡♡♡♡♡!

Espera, por que a voz dele era daquele jeito? Ele era um Passimian fêmea esse tempo todo?! Não pode ser! Sério? Espera, como eu vou saber?! Eu não entendo de biologia Pokémon, a culpa não é minha!

– Acho que, como este é um coma induzido, você ou a drupa proveniente do coqueiro me imaginam com uma voz assim. Talvez seja até mesmo uma mistura do subconsciente de ambos. Não sei explicar. Eu provavelmente não tenho um dialeto tão rebuscado em situações mais ordinárias, também. Enfim, no momento, não se atente aos pormenores. Temos que, de algum modo, arranjar uma forma de escapar deste devaneio sem sentido.

Uau! Eu não faço ideia do que é uma drupa! Isso com certeza é obra da cabeça do Ty.

– ♡♡, ♡♡♡♡ ♡♡♡♡♡ ♡♡♡♡ ♡♡♡♡♡ ♡ ♡♡♡ ♡♡♡ ♡ ♡♡♡♡♡♡! – Ah, eu esqueço que não posso falar. Eu gosto muito de falar, sabe. Todo mundo sempre me chamou de tagarela. Não sei o que é suposto eu fazer! Vou continuar falando, uma hora a voz volta!

Eu acho...

– Isso, no momento, é indiferente. No momento, precisamos que este moçoilo devasso, de atos deploráveis, cesse de uma vez com seus atos libidinosos e tire as mãos de seus glúteos. Temos coisas de muito maior relevância no presente momento!

Nossa... Essa voz, com essas frases cheia de palavras chiques... Não sei, eu nunca imaginei o Arthur sendo assim. Achei que ele só falava coisas chulas e idiotas. Estou surpresa.

Mas é, o Ty podia parar de me apalpar agora, a gente tá numa situação complicada no momento.

O problema é que não consigo acordar ele, já que não consigo gritar. Nem falar, na verdade...

– Tente algum artifício, Madrepérola! Não permita que o mancebo continue regojizando desta deplorável situação para satisfazer seus fetiches. Caso contrário, me sentirei na obrigação de revelar de uma vez por todas seu no-

Antes que Arthur pudesse sequer terminar a frase (sim, eu já sei onde ela termina. Punchline com meu nome. Haha, que original!) comecei a assoprar o nariz de Ty. No mínimo, a coceira iria atormentá-lo ao ponto de acordar!

Arthur contou os posts e depois decidiu fazer uma faculdade de Letras, aparentemente! escreveu:+23

Sonho de Creme

Sonho bão... Ou não

As coisas pareciam estar uma maravilha. Não lembro direito o que havia acontecido bem recentemente, mas minha mente estava limpa e vaga, era como se eu tivesse ultrapassado qualquer cosmo e atingido o ponto espiritual mais alto.

O mundo à minha volta nada fazia comigo... Até que finalmente senti algo que minha mão tocou. Era tão macio e fazia uma curva... era como se fosse uma bola de tênis bem fofa. Digo, até apertando um pouco dava pra sentir sua firmeza. Talvez me aproveitar disso foi um erro, pois comecei a ouvir um timbre fino bem destante que ficava cada vez mais perto. Quando pensei em abrir os olhos...

-☆☆☆☆☆?

Minha namorada... Me acordou... Assoprando meu nariz. Isso é alguma brincadeira d ecasal que ela viu na internet? Seria melhor se ela não tivesse com hálito de quem acabou de acordar. SIM! ELA ESTAVA COM BAFO!

Levantei rápido, mas ainda sentado na cama. Acordei com o cabelo bagunçado. Exalei todo o ar no pulmão e respirei o ar puro para me livrar daquele cheiro repetindo o processo umas três vezes até me sentir confortável de novo.

Enquanto as memórias não voltavam, cocei os olhos, olhei pra um lado, olhei pro outro... Oh! Entendi! Karen deve ter me levado pra casa dela depois de toda aquela confusão! Mas não imaginei que ela fosse rica desse jeito.

-☆☆☆☆ ☆☆☆ ☆☆ ☆☆☆☆☆ ☆☆☆ ☆☆☆☆☆☆ ☆☆☆ ☆☆☆☆☆☆☆ ☆☆☆☆☆☆☆☆!

Bzzt! Você não me disse que mora num castelo, princesa! Foi isso que meu mestre disse

Isso aí, foi o que ela disse... ESPERA AÍ!

Eu sou Alexa! Bzzt! Sua assistente virtual e Rotom Phone. Foi assim que meu mestre me batizou quando disse "Alexa, play Despacito!"

Por que é que você tá repetindo o que eu disse? E por que você tá aqui?

É simples. Agora que você não pode falar, sua mente criou minha imagem para representar sua fala. Isso é um sonho, afinal... Bzzt!

Sonho? Oh! É verdade! A gente encontrou um pessoal mó nadavê naquele jardim. Depois disso, Arthur resolveu sacrificar sua própria voz.

-☆☆☆☆ ☆☆☆ ☆☆☆☆?

Simples! A voz de vocês foi toda pra esse macaco aí. Estranhamente, a sua foi pro coco, mas ele não consegue falar a não ser que vocês o Arthur batuque ele. Meu mestre também acha que a "princesa" tem mó baf-

E Alexa voou na parede. Ela deveria ficar quieta em relação a coisas que não deveria dizer. Rapidamente, voltou flutuando toda desengonçada pra perto de nós.

Bzzt... Bzzt... Recalculando rota (+_+)...( ；∀；)... ♪～(´ε｀ )... Dados restaurados... Bzzzt. A sugestão é explorar a área e tentar sair daqui. Vai que o castelo começa a desmoronar?

Ok. Ela.tinha razão. Era melhor a gente ir logo e sair daqui... Eu não estava muito calmo pra alguém que perdeu a voz pra um coco? Provavelmente minha focha iria cair em breve, hehe. Pois bem! Segurei o pulso de Karen e apontei para a porta.

-☆☆☆☆☆☆☆☆☆!

Ele disse pra vocês seguirem por ali! Bzzt!... E por favor, evitem pegar na bunda um do outro, não estamos num local adequ-

E ela foi parar na parede outra vez. Saímos do quarto enquanto Alexa se recumpunha entre um Bzzt e outro.

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Estamos nos divertindo com nossa incapacidade de falar, de certa forma. Como era um sonho, eu não me importei muito. Até porque, era a hora perfeita para brincar de adivinhação e mímica! E o melhor de tudo, já que estávamos realmente mudos, ninguém poderia soprar dica ou resposta!

O problema seria que ninguém ia conseguir responder, também... A menos que eu fizesse mímica da minha resposta. Mas ai o Ty teria que fazer mímica da análise da resposta, o que me levaria a ficar na dúvida e fazer mímica pedindo um esclarecimento... Acho que você já entendeu onde isso vai chegar.

Do nada, uma figura baixinha apareceu de relance. Supus que era, logicamente, um Pokémon (Tá... Ainda pode ser, tecnicamente falando, um anão. Mas não acho que existam anões nesse mundo fictício sem fantasia medieval). Fiquei boquiaberta com sua dança tão delicada e com coordenação e destreza invejáveis. Minha mãe já me colocou em um curso de balé, mas eu honestamente parecia que estava dançando com pés de Psyduck (sim, aqueles de natação) de tão estabanada que era.

Bati algumas palminhas, mas... Do nada ela decidiu que não era tão fofinha e graciosa assim, e me convidou para brincar. Mas não parecia aquele convite de brincar convencional. Parecia que era uma pergunta retórica. Ironia, talvez?

Sem tempo para responder, ela mesma se respondeu com um sonoro "Run" que, particularmente, supus que era um "Humphf!", mas quando a música começou a rodar no fundo, entendi que era para correr.

– Σ(°ロ°)! – Como não consigo falar ou expressar minha surpresa por meio da fala, acabei fazendo uma careta de surpresa e medo semelhante a essa.

Olhei para Ty, Olhei para Arthur. Eu sabia o que fazer. Espero que eles também!

– ε=ε=ε=ε=┌(;￣▽￣)┘

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Sonho de Creme

Sonho bão... Ou não

Aquela foi a caminhada mais silenciosa que eu tive. Alexa voltou para a mochila, precisaria se recuperar depois de voar na parede algumas vezes, já o macaco ficava em total silêncio. Karen também não falava nada e assim andamos, andamos e andamos até que...

-?????

Era isso. Uma bailarina apareceu do nada. Ela mandada muito bem na dança e me perguntava se Karen conseguia fazer uns movimentos assim ou se ela parecia que estava com pés de Psyduck. Do jeito que ela é estabanada, aposto mais na segunda opção.

Ela era fofinha e tudo mais, só que do nada ela resolveu ficar amedrontadora igual um adolescente otaku quando chamam anime de desenho, mesmo sendo a mesma coisa. Provavelmente ela escreveria nossos nomes no Death Note, então era melhor corrermos. Eu estava pronto pra lutar com ela a qualquer hora.

-(ง︡'-'︠)ง

Mas... olhei pro lado e Karen já tava metendo o pé. A única opção que sobrou foi essa então.

-(╥︣﹏᷅╥)

Não acredito que ela me abandonou. Fui correndo atrás dela.

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Correr não adiantou! Como assim?!

Sempre aprendi que o importante era manter o físico para corridas. Você não precisava se preparar para lutar, pois seu oponente jamais iria conseguir te alcançar. É assim que é - ou deveria ser - a lógica de brigas de rua.

Mas, acho que entendi. Estávamos em um filme de terror. Era algo mais slasher do que, necessariamente, lutar. Eu sempre me perguntei: por que os mocinhos só fogem? O que faz deles incapazes de tentarem retaliar o grandão com machado, faca, serra elétrica, em um momento de fraqueza, ou em uma janela de distração?!

Aquilo era um sonho, afinal! Eu tenho certeza de que, se eu me concentrar, posso dar um golpe poderoso e jogar esse bicho magrelo no chão!

Dei meia volta e parei de fugir. Decidi tentar um golpe de judô; aquele mais clássico, que você puxa o braço da pessoa e, do nada, ela já está de costas no chão! Eu poderia te dizer o nome do golpe, mas acho que todo mundo já sabe qual é.

Me concentrei e mirei em seu bracinho. Era agora ou nunca!

– (╬ Ò﹏Ó) – Provavelmente estava fazendo alguma careta engraçada, proveniente de tentar focar, aliado a tentar usar toda minha força. Você vai ver, Dançarica! Vou te ensinar a dança das ruas que não é delicada como o balé, mas que até uma pata desengonçada como eu consegue fazer!

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