got me thinkin' nonsense ~

Os pés se moveram, vagarosamente, tentando transitar de um poste-morto para uma preparação de sebo-nas-canelas.

...E a julgar as primeiras reações de ameaça de movimento dos dois treinadores, ele notou que não conseguiria fazê-lo de graça.

Dada a situação, a primeira coisa que fez foi se arremessar na direção do maquinário, os punhos batendo com toda a força em um BOTÃO VERMELHO GRANDÃO que eu não tenho a menor ideia de como ninguém reparou antes. Dentro da máquina, um barulho altíssimo de engrenagens movimentando ecoou, as "pernas" pra fora começando a se levantar. Uma coisa estranha, porém, era a maneira com a qual faziam isso.

...como se fossem...
Braços?

O garoto não parou pra ver o que ia acontecer. Os calcanhares giraram imediatamente em 180º e dispararam na direção do interfone; Não que tenha ido muito longe, o pobrezinho. A primeira coisa que o interceptou, logo que estava já BOTANDO A MÃOZINHA, foi a chave de boca. O pedaço de aço voou com força e, apesar de não exatamente bater nas costas, deu uma sapecada no ombro que já foi suficiente para fazê-lo gritar. Não houve tempo para se lamentar da dor, considerando que o papoco da Energy Ball arrebentou o aparelho em mil e um pedacinhos logo a seguir, o rosto virando imediatamente para evitar que os destroços, de alguma maneira, piorassem a situação.

...Você deve imaginar que não foi muito legal quando reabriu os olhos apertados e deu de cara com um morcego gigante, né?

— AH! — A exclamação pulou de imediato de garganta, os pés se atrapalhando em um recuo rápido demais - dois, três passos antes que perdesse o equilíbrio e fosse direto de bunda no chão. Ele ainda tentou se arrastar um pouco mais pra longe, mas teve um pouquinho de trabalho considerando que ALGUÉM tentou ESTOURAR o ombro desse coitado.

O gemido sofrido veio de acordo, então, assim que a mão tentou se apoiar no chão e empurrar TODO o peso para trás. Isso não o impediu que o fizesse mesmo assim, rastejando de muito mal jeito até conseguir se distancias mais ou menos daquele BICHO FEIO que, vamos combinar, obedecia à algumas pessoas não exatamente amigáveis.

Que isso, gente. É só uma criança.

Inclusive, sequer é a maior preocupação de vocês, e digo isso de forma extremamente literal. Caso não lembrem, havia algo se arrastando pra fora do maquinário e, apesar de ter tomado (quase) todo o tempo do mundo, posso dizer que já se erguia um pouco antes de toda essa cena de filme se desenrolar aqui em cima. Com algumas partes faltando que revelavam circuitos internos, a enorme besta se endireitou do lado de fora - ainda que seu finíssimo tronco tenha se curvado quando o teto não suportou a altura de quase dez metros.

Os olhos avermelhados brilharam na direção dos invasores.

Além dela, existia mais alguém. Um alguém que teve sua sonequinha (?) atrapalhada quando Bley se aproximou. Debaixo da ESTAÇÂO DE TRECOS, duas mãozinhas se agarraram na perna do móvel, uma cabeça escura escapando das sombras - semiescondido por detrás do "miniposte" de madeira, o animal encarou o casal e, ao contrário do espécime GRANDÃO, sem emitir um único som.

...hm.

Spoiler:

VEJA BEM............
...Tá, eu perdi o argumento.

Mas uma coisa que nem eu, nem o garoto perdemos foram as ordens do Ranger a respeito do sequestro relâmpago. Tampouco Timid, que movimentou as asas e se preparou para o rasante do SÉCULO: Em contrapartida, o pobre assustado só pôde se encolher no chão e colocar um braço na frente do rosto, apertando os olhos com toda a força possível.

— LINEÈ! — Berrou, por fim chamando a atenção também da gigante de aço. Aqui eu digo que o colosso parecia pesar umas noventa toneladas, mas se movimentou como se fosse um quilo só: O braço se esticou instantaneamente, interceptando o caminho de Noivern que até tentou frear e desviar, mas não teve tempo antes que o punho se fechasse contra seu corpo em uma imobilização imediata. Um chiado de reclamação foi o que escapou enquanto a voadora se debatia e, devagar, o animatrônico a trazia para bem próximo do próprio rosto.

Analisou-a em silêncio, os leds avermelhados que eram os olhos brilhando em sequência linear. Foi possível assistir bem de pertinho (ou tanto quanto possível) quando os dedos metálicos apertaram o corpo fino da morcego, um guincho altíssimo e tortuoso escapando de sua garganta ao mesmo tempo que o barulho de ossos se partindo era abafado pelo berro do animal. O fato em momento algum pareceu abalar o titã, que esmagou a dragoa como se fosse um inseto - então, suave, a mão se abriu, e a Noivern desceu em queda livre como uma simples mariposa que havia acabado de levar um tapa.

...Só que um pouco pior.

Foi Zhár que intercedeu: A pobrezinha acabava de deixar um Elfman bonitinho perto do freezer (afinal, se precisasse LUTAR, não podia ter um PESO MORTO nas costas, né?) quando se deu conta da situação. As vinhas imediatamente se atiraram em socorro da não-mais-voadora, enlaçando-a e a puxando para o seu lado da sala, atitude que nenhum dos dois robôs pareceu interessado em impedir. Eu posso te dizer que Kenma até chegou a ser liberado, mas a única coisa que ele tem pra apertar agora é uma morcega inutilizada. Espero que essa sirva, eu odiaria deixar nosso galinho triste, afinal.

Pfft.

Pois foi mais ou menos após esse momento de silêncio e não-captura que nossa pobre vítima finalmente criou coragem de abrir os olhos - que, àquela altura, já estavam mareados -, a respiração se soltando de uma vez só ao perceber que ainda estava semi-são-e-salvo. Claro, a bonita ali do outro lado resolveu descontar o ombro do namorado em alguém que não tinha nada a ver com a história e isso era um problema, mas antes só um ombro que efetivamente virar refém, eu acho.

Num bambear bem torto, ele levantou. Afetadíssimo, mas não dá pra culpar esse coitado. Entretanto, eu devo admitir que todo aquele temor... Bem, tá, ele não EVAPOROU instantaneamente, mas deu pra perceber que foi tentativamente deixado mais ou menos para trás quando o olhar bateu no albino ainda amarrado ali no cantinho, abandonado à própria mente inerte e sem sequer saber onde estava.

— ...v- — Hesitou. Mordeu a parte interna das bochechas e a mão do braço bom se apoiou na mesa para que pudesse sustentar as pernas trêmulas do infeliz. — ...O que é que vocês querem?! Devolvam o Elf! — Gritou. Essas foram as palavras que pareceram acordar mais uma vez o colosso de metal, que virou o pescoço vagarosamente na direção do desacordado; A mãozona se esticou na direção do rapaz, avançando em uma óbvia intenção de tomá-lo para si - foi impedida, porém, por umas chicotadinhas bem cartunescas de Venusaur, que ainda montava guarda á frente do nosso birutinha.

Por incrível que pareça, foi suficiente para que o grandão recuasse.
Ele ficou olhando, olhando - ou pelo menos pareceu fazê-lo, considerando que não era fácil definir quaisquer emoções naquela expressão "despressionada" (?). Apesar dos pesares (e do SOLDADO FERIDO), não parecia lá tão agressiva assim...

Mas isso não durou muito tempo, considerando que a paz foi demolida pelas ordens de combate.

O primeiro que acordou ao se dar conta da intenção de ofensiva foi o bichinho ali embaixo. Podia até estar escondido, mas saiu voando como um rato desgraçado e saltou em uma bica repentina no meio de focinho de Ivy assim que ela ameaçou dar um passinho pra frente - uma velocidade tão absurda que deixou a dragoa completamente atordoada. Ele também aproveitou o fato para usá-la de impulso e voltar para o lado do colosso, que apontou o dedão e disparou uma esfera faisquenta que pulsou por cada um dos músculos da pseudo, o que minou de vez qualquer oportunidade de avançar naquele turno. O caso não foi o mesmo para Hope, porém, que sendo absolutamente 0 alvo de qualquer um, foi livre para lançar uma corrente de ar contra o baixinho piruleta.

O próximo turno, por sua vez, foi um pouco diferente. Primeiro, o pequeno pegou uma pedrinha - que eu não sei de onde tirou - e jogou na pança de Ivy. A dragoa, coitada, até foi olhar, toda inocente... E, quando olhou pra cima de novo, foi simplesmente ESMAGADA por Lineè no processo. Não vou dizer que virou papelão porque tinha muita pança pra impedir (e também porque Hope deu uma forcinha TUNDOROSA pra poder fazer o robô se mexer e levantar de novo) e, bem, pelo menos as asinhas ainda funcionavam pra dar uma batidona no baixinho...

...mais ou menos.

PROJECT B: Fake Out (8 - Dragonite, Multiscale)
Dragonite: FLINCHED
Lineè: Thunder Wave (Dragonite - HIT)
Vikavolt: Air Slash (31 - Project B)

PROJECT B: Rock Tomb (39 - Dragonite | -1 Speed)
Lineè: Body Press (27 CRIT - Dragonite)
Vikavolt: Thunderbolt (29 - Lineè)
Dragonite: Dual Wingbeat (75 | Miss - Project B)

Enquanto isso, havia alguém lá atrás, ainda. ISSO MESMO, a criança que vocês quase mataram. Bem, ele não podia fazer muito naquela situação, mas puxou um controle e mirou na direção da tal garagem, apertando um botãozinho. Em um ranger sonolento, o portão começou a se enrolar, subindo e abrindo passagem - para o quê?

Não sei, mas ela estava aberta.
É isso aí.

Acho que é natural que uma pessoa fique com o pé atrás quando, repentinamente, sente todas as acusações das circunstâncias sendo jogadas sobre si.
Você, você, você - o que pode até fazer sentido, de certa forma, considerando que havia sido o primeiro a cair nas graças da visão dos dois após a pequena escapada.
Uma infelicidade de timing dessas não é pra qualquer um.

— ELF NÃO É MEU CACHORRO!. — Foi a primeira coisa imediata que retrucou, após o breve desnorteio da enxurrada odiosa que havia recaído sobre si. Respirou uma, duas vezes. — ...Vocês não sabem do que tão falando. — O tom, entretanto, virou a atmosfera acusatória contra os dois. — ...Se soubessem, não diriam isso. Se tivessem tão irritados com ele preso, ele não estaria. — Pontuou, o olhar desviando-se de jeito curto na direção da camisa de força ainda no lugar. — ...e, se fosse verdade, você teria aparecido a muito mais tempo. — Cuspiu as palavras que, naquele momento, tinham um peso enorme de implicação - em vários sentidos. — Eu não acredito em vocês. Não tão aqui por ele, nem aqui nem em Sinnoh! — Essa parte era verdade, mas aí é apenas detalhe.

No fim das contas, Maru ter sido contida provavelmente havia sido para o bem.

A única coisa que tirou mais ou menos a seriedade da situação foi quando Project B imitou a exata pose de luta de Bley que, cá entre nós, era praticamente a própria com pequenas modificações. O fato arrancou um sorriso curto do menino, que tomou fôlego e voltou a atenção para o campo. Não era como se ele precisasse se concentrar - afinal, sequer estava lutando! -, mas era claramente uma situação de vida ou morte e, bem, não tinha certeza de como a balança pesava para qualquer um dos lados.

Seus robôs eram a única coisa que o distanciavam das garras de um casal furioso, afinal.
...mesmo que, quero repontuar, todo o desenrolar tenha sido simples ação e reação.

Quando a batalha se iniciou, ela não o fez de fato. A primeira coisa que aconteceu foi uma redoma de energia que pulsou e envolveu os entornos do pequeno lutador e, então, ele avançou... Mais ou menos. O projeto de rato zuniu em dianteira diagonal, ignorando momentaneamente a batalha para se empoleirar em cima do freezer, entrando em um território que não era mais seu. Os olhos alaranjados se mantiveram fixos no casal quando a mãozinha puxou a porta e ele se inclinou para agarrar uma latinha trincando na prateleira superior, fechando vagarosamente o eletrodoméstico e recuando tão rápido quanto veio. O robô, então, ignorou a batalha para entregar o refresco para seu... ...crianço, que murmurou um agradecimento suave, cansado.

Tudo isso para dizer que não tinha gelo, mas que poderia pender o macacão e tentar aliviar a dor do ombro com um refri gelado.

A segunda coisa que se desenrolou foi a movimentação de Lineè. Era até um pouco engraçado o delay que o colosso tinha para se mover mas, quando o fazia, era capaz de simplesmente fazê-lo de uma vez só. Imagino que tenha sido por isso que, quando a mãozona se levantou e movimentou na direção de Hope, o coitado não pôde fazer muita coisa quando tomou um tabefe-de-matar-mosquito. Até amassou um pouco a asinha, o que fez com que o inseto pousasse em um atordoar de... Bem, de quem acabou de levar um tapa. Por causa disso, não atacou: O mesmo não ocorreu com Ivy, que só precisou dar uma viradinha pra dar um SOCÃO naquele braço e o retirar de cima de seu companheirinho.

Mas saiu um, e entrou outro. Bem, mais ou menos: O que entrou foi uma pecinha de parafuso que o baixinho lançou contra a carapaça de Vikavolt. E isso nem foi tão ruim, considerando o TAPÃO repetido que ele tomou - a parte boa foi que o fato pareceu FINALMENTE acordá-lo e, num movimentar rápido, uma lâmina de ar voou na direção de Project B. Quando a atingiu, não pareceu acontecer nada, em um primeiro momento; Entretanto, de uma hora pra outra, o bicho desapareceu. Digo: Ele fugiu pra baixo da mesa de onde veio, e se enfiou sabe-se lá onde. Sozinha em campo, restou que Lineè tomasse o tranco do punho eletrificado de Ivy.

PROJECT B: Protect
Lineè: Smack Down (15 - Vikavolt | Grounded)
Vikavolt: Air Slash (PROTECTED - Project B)
Dragonite: Thunder Punch (36 - Lineè)

PROJECT B: Rock Tomb (46 - Vikavolt | -1 Speed)
Lineè: Smack Down (15 - Vikavolt)
Vikavolt: Air Slash (31 - Project B - K.O)
Dragonite: Thunder Punch (36 - Lineè)

Era um a menos, mas não realmente. Digo isso pois Karinna tinha lá sua razão: Quando o ratinho se foi, dois olhinhos minúsculos brilharam no interior da garagem. Isso por si só não era um problema, claro! Entretanto, esses olhinhos saíram da escuridão, passos pesados se arrastando sem pressa nenhuma.

...E, no fim das contas, os olhinhos eram a única coisa pequena daquela aberração fisiculturista.

Spoiler: